Nesta
terça-feira 12, o Tribunal Regional Federal da 4ª região marcou para 24 de
janeiro o julgamento em segunda instância do ex-presidente Lula sobre o caso do
tríplex. Mais cedo, o desembargador Leandro Paulsen havia pedido para a Corte
marcar o julgamento.
Em
julho, Lula foi condenado por Sergio Moro a nove anos e meio de prisão pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente obter
benefícios irregulares da empreiteira OAS na forma de um apartamento no
Guarujá.
O
caso tem tramitado em tempo recorde no TRF4. Foram 42 dias entre a condenação
por Moro e o início da tramitação do processo na segunda instância. Relator do
processo, o desembargador João Pedro Gebran Neto levou 36 dias para concluir
seu voto. Revisor da ação, Paulsen finalizou seu voto em apenas seis dias
úteis. Falta ainda o voto de Victor Laus, que completa a 8ª turma do tribunal.
Caso
Lula seja condenado no segundo grau, uma batalha jurídica promete se estender
ao longo do próximo ano. Se o TRF4 ratificar a decisao de Moro, o ex-presidente
pode em tese ser preso e se tornar inelegível, pois o Supremo Tribunal Federal
autorizou recentemente que os efeitos de uma condenação passem a valer a partir
da decisão em segunda instância.
Ocorre
que a Corte pode rever o posicionamento, estabelecido após um julgamento
apertado. Antes defensor da prisão a partir da segunda instância, Gilmar Mendes
tem se manifestado contra a medida. Caso o tema seja novamente analisado pelo
STF, pode haver uma reviravolta.
Se
Lula for condenado, ele deve apelar às instâncias superiores. O ex-presidente
pode ser favorecido ainda caso a decisão do TRF4 não seja unânime, o que tende
a facilitar a apresentação de recursos da defesa e adiar os efeitos da
condenação.
O perfil dos integrantes da 8ª turma
Os
responsáveis por decidir o destino do ex-presidente Lula são João Pedro Gebran
Neto, Victor Laus e Leandro Paulsen, desembargadores da 8ª Turma do TRF-4,
sediado em Porto Alegre.
O
trio é responsável por revisar as sentenças do juiz de primeira instância
Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que condenou Lula a nove anos e
meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em julho.
Analistas
consideram que o perfil do trio de desembargadores foi essencial para o sucesso
da Lava Jato. Eles referendaram, por exemplo, diversas sentenças de prisão
cautelar (antes da condenação) por períodos longos. Esse tipo de prisão divide
a comunidade jurídica. Elas são duramente criticadas por alguns especialistas,
mas vistas como uma das fórmulas do sucesso da operação.
A
defesa do ex-presidente protagonizou
inúmeras brigas com Moro ao longo do processo e chegou a pedir a
retirada de um dos desembargadores da 8ª Turma da análise de uma ação
relacionada ao ex-presidente.
Em
2016, os advogados de Lula levaram ao TRF4 uma ação na qual pediam a suspeição
de Moro para julgar Lula, mas o caso foi rejeitado. Na sequência, a defesa de
Lula alegou também a suspeição João Pedro Gebran Neto, alegando que o
desembargador é amigo de Moro. O TRF negou ambas as ações.
Gebran
Neto, que é relator da Lava Jato no TRF-4 e iniciou sua carreira como promotor
no interior do Paraná, já externou admiração pelo juiz da Operação Lava Jato.
Nos agradecimentos de um livro publicado em 2008, chamado A Aplicação Imediata
dos Direitos e Garantias Individuais, o desembargador escreve: “Desde
minhas primeiras aulas no curso de mestrado encontrei no colega Sergio Moro,
também juiz federal, um amigo”. (Com informações de CartaCapital).
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Caso TRF4 ratifique a decisão de Moro. 2018 será palco de uma batalha jurídica. (Foto: Ricardo Stuckert/ Fotos Públicas). |
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