11 de janeiro de 2023

20 anos da Lei 10.639/03: Acervo digital que incentiva educação antirracista é lançado

 

20 anos da Lei 10.639/03. (FOTO/ Reprodução/ Porvir).

Em novembro de 1996, a Lei 9.394 entrou em vigor para estabelecer as diretrizes e bases da educação no Brasil. Composta por 92 artigos, o objetivo era estabelecer os princípios e finalidades da educação nas instituições de ensino. No entanto, a norma pouco abordava tópicos relacionados à questão etnico-racial no combate a uma aprendizagem antirracista nas escolas.

Assim, em 9 de janeiro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promulgou a Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade de inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo das escolas brasileiras. Em seu aniversário de 20 anos, o regimento ganhou mais um reforço: um acervo digital com mais de 50 experiências positivas para a redução das desigualdades étnico-raciais em sala de aula.

Intitulado “Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisas e Materiais”, os conteúdos reúnem diversos materiais como teses acadêmicas, artigos, livros, atividades lúdicas, jogos didáticos e outros formatos. Tudo fruto de um edital realizado em 2020 pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que procura garantir os direitos da população negra apoiando a luta antirracista.

O CEERT tem se dedicado à formação de pesquisadores/as negros/as na área da educação antirracista. Para isso, temos uma linha de ação que é o edital de pesquisas e artigos científicos sobre o cuidado racial na educação básica. Nesta primeira edição, selecionamos 15 projetos de pesquisas de profissionais da educação que ensinam na Educação Básica e Superior em todas as regiões do Brasil”, explica Graça Gonçalves, consultora da área de educação com equidade racial do CEERT.

Cada pesquisa selecionada pelo edital recebeu um financiamento para que fosse colocado em prática. Com isso, o resultado terminou virando livros, levantamentos, mapeamentos, manuais, aplicativos, jogos, brincadeiras que passam a compor, a partir deste ano, o acervo inédito lançado pela ONG. Segundo Graça, a ideia é que a plataforma seja não apenas um ambiente de aprendizagem, mas também um espaço de interação onde os profissionais da educação e toda a sociedade possam trocar vivências.

Ao acessar o acervo, o internauta tem contato com produtos das diferentes pesquisas realizadas. Jogos e brincadeiras para as crianças, feminismo negro, representatividade na literatura infantil e diversas pesquisas sobre como o racismo está enraizado nas salas de aula são alguns dos temas abordados. Além do CEERT, a iniciativa é do Itaú Social, realizada em parceria com a Fundação Tide Setubal, Instituto Unibanco e Unicef.

Professora da Universidade Regional do Cariri (URCA), Cícera é uma das pesquisadoras que teve seu projeto selecionado pelo edital. Intitulado “O Currículo e os Processos de Formação Docente no Campo das Relações Etnico-Racais na Educação Básica numa Perspectiva Inter e Transdisciplinar”, seu estudo tem como foco no processo de implementação do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira no Ensino Fundamental 2 da educação básica. O trabalho também aborda a formação de professores.

Olhamos para as infâncias negras, potencializando a relação que esses adolescentes constroem com as africanidades que fazem parte da sua vida, da comunidade, de suas experiências vividas. [...] Estamos trabalhando a relação com a África e com as trajetórias das populações negras no contexto brasileiro a partir da relação com lugar, que começa a partir da minha história de vida”, detalha a pesquisadora.

Importância de uma educação antirracista

Além do edital que proporcionou aos estudos financiados um olhar mais atento à implantação do ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo das escolas brasileiras, o CEERT também investe na formação continuada de professores, especialmente dos profissionais que atuam na aprendizagem de estudantes de 0 a 11 anos de idade.

A formação é desenvolvida através de propostas e metodologias pedagógicas que ajudem os professores a tratarem o assunto durante todo o ano letivo e não apenas em dias de datas comemorativas.

Temos um grande percentual de escolas que só investem no ensino da Lei em datas específicas, como, por exemplo, no mês de novembro [mês da Consciência Negra]. Temos que tornar isso um trabalho cotidiano e não pontual. A luta antirracista no ensino em que ser transversal, dentro de todos os campos do conhecimento que a escola trabalha. Gostaríamos que a lei 10.639/03 fosse menos efemérides. Só assim poderemos erradicar o racismo de todos os setores da vida brasileira”, analisa Graça Gonçalves.

Essa é uma realidade sentida pelo pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alan Alves-Brito. Também coordenador do Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), ele explica que muitos professores sentem dificuldade para pensar formas didáticas de abordar o ensino da história e cultura afro-brasileira, especialmente no que tange a educação escolar quilombola, seu objeto de estudo.

Para nós, professores universitários, um dos grandes desafios ainda é levar a Lei 10.639/03 para a formação inicial. Como é que a gente articula a formação de professores em todas as áreas do conhecimento, na Pedagogia, no direcionamento das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Quilombola, de 2012, mas também a de 2004, que é a Educação para Relações Étnicos-Raciais?”, questiona o acadêmico.

A universidade é muito importante para desarticular o racismo institucional porque é a instituição que forma professores e outros profissionais. Se essas pessoas são formadas sem a perspectiva da lei 10.639, não teremos uma educação antirracista. Vamos ter médicos que não vão saber lidar com os corpos negros nos hospitais, por exemplo. Por isso, a importância das universidades de aplicar a lei. A formação continuada de professores que estão já trabalhando e não tiveram essa formação também é importante”, completa Alan Alves-Brito.

Ele também teve seu projeto selecionado pelo edital realizado pela CEERT. Os resultados que mais se destacaram no projeto proposto sobre a educação quilombola foram o Mapa dos Quilombos de Porto Alegre, um Curso de Formação de Professores na temática da ancestralidade e um artigo com críticas às mudanças no Ensino Médio estabelecidas pelo governo do Rio Grande do Sul.

O projeto que eu coordenei se chama Zumbi Dandara dos Palmares. Reuni diferentes pesquisadores porque sou astrofísico, mas convidei colegas historiadores, geógrafos, pedagogos para que o projeto ficasse mais amplo. Nos dividimos em vários grupos de trabalhos para olhar para o banco de dados e analisar pedagogicamente quais eram os planos políticos. Nosso objetivo é desestimular o racismo na estrutura, pensando sobretudo nas questões institucionais”, finaliza.

Anansi Observatório

Além da formação continuada de professores, do apoio aos projetos de pesquisas que serviram de base para o desenvolvimento do acervo digital, o CEERT também conta com o “Anansi Observatório da Equidade Racial na Educação Básica”. A iniciativa nada mais é do que um fruto colhido a partir dos resultados obtidos com as experiências e conclusões obtidas com os projetos desenvolvidos a partir do edital de 2020.

O Anansi Observatório é um ambiente virtual que se pretende monitorar a aplicação da lei nas escolas através de alguns eixos. Este é um projeto que ainda está em construção, mas a ideia é que ele seja o coração do CEERT através dessa biblioteca dinâmica, que vai criar um repositório gigantesco de todos esses materiais que já falamos”, pontua a consultora do CEERT.

Além disso, esse acervo também deve ser um espaço de interação com outros lugares e professores. Assim, teremos materiais de qualquer professor ou pesquisador que queira receber, deixar disponível ou divulgar seu material”, complementa Graça Gonçalves, fazendo menção também a outros eixos prioritários do Observatório, como o “advoga-se”, que acompanha e denuncia a aplicação da lei nas escolas.

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Com informações do Alma Preta.

10 de janeiro de 2023

Câmara de Altaneira repudia ato golpista e terrorista em Brasília


(FOTO/ Reprodução/Mídia Ninja).

Por Nicolau Neto, editor

O Poder Legislativo de Altaneira lançou nesta segunda-feira, 10, uma nota repudiando os atos golpistas e terroristas realizados no último domingo, 08, por um grupo de descontrolados e descontentes com os resultados das eleições presidenciais ocorridas em outubro de 2022 que deram a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a oportunidade de governar o país pela terceira vez.

A nota divulgada nas redes sociais da Câmara e também no perfil do presidente da casa no Instagram, o vereador Deza Soares (PT), classificam os atos como “gravíssimos”, “antidemocráticos” e “criminosos”, além de destacar que “desde o momento da redemocratização do país, os processos eleitorais têm acontecido de forma a fortalecer a democracia, que está frontalmente ameaçada”.

Ao afirmar que é necessário a defesa intransigente da democracia por meio da união de todos os brasileiros e das instituições defendendo a responsabilização e a punição dos envolvidos, o documento também fala que a “liberdade de expressão e manifestação não podem ser confundidas com fanatismo, vandalismo e violência”.

800 professores são empossados na rede pública de ensino do Ceará

 

Governador Elmano de Freitas (PT) deu posse a 800 professores do cadastro de reserva(foto: THAÍS MESQUITA).

Professores que compunham o cadastro de reserva do concurso público da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) realizado em 2018 foram empossados nesta segunda-feira, 9. Os 800 profissionais devem atuar em 491 escolas distribuídas em 169 municípios cearenses.

Os primeiros 1.250 aprovados do concurso foram nomeados em março de 2021. Já a segunda turma, composta por 1.090 docentes, foi nomeada em 30 de junho do mesmo ano. Uma campanha foi realizada pelos aprovados no cadastro de reserva para criação de mais vagas na rede.

De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos lotados nas Secretarias de Educação e de Cultura do Estado do Ceará e nas Secretarias ou Departamentos de Educação e/ou Cultura dos Municípios do Ceará (Apeoc), além dos 800 professores empossados nesta segunda-feira, outros 612 continuam em cadastro de reserva.

A professora de Biologia Daiane Santos Lima, 35, espera que os colegas ainda não chamados possam receber a posse logo. Enquanto esperava a nomeação, Daiane trabalhou na rede pública da Prefeitura de Fortaleza. Agora efetivada, já sabe onde vai dar aula no próximo ano letivo, que começa no dia 30 de janeiro.

Vai ser perto da minha casa, no Pirambu. É uma mudança de vida para mim, para minha família, é ver meu esforço recompensado”, afirma a professora.

A ansiedade pela convocação também chegou ao fim para Jackson Martins, 33, professor de Química, morador de Crateús, no Interior. “Vou trabalhar do lado, em Novo Oriente, a uns 40 km de distância. A gente está feliz, agora é trabalhar”, diz o docente que deve ser lotado em turmas de segundo e terceiro ano do ensino médio.

A secretária da Educação, Eliana Estrela, relembra que o compromisso da posse dos 800 professores foi feito ainda durante a gestão da ex-governadora Izolda Cela (sem partido). “Desde o ano passado já havia acordo para a gente chamar, tinha essa carência. É importante para nós a presença dos professores concursados. Eles brevemente entrarão em exercício”, diz.

Para Elmano, os professores efetivos “ajudam no processo de qualificação” da educação do Estado. Durante a solenidade de posse, o governador afirmou que discutirá com a Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) sobre novas nomeações do restante dos docentes.

O que for possível nós fazermos para ter os professores ingressando e ter o máximo de professores atendidos”, diz.

Escolas em tempo integral

A meta de universalização do tempo integral em escolas de ensino médio da rede estadual deve avançar em 2023. Segundo a secretária da Educação, mais 80 escolas devem ter matrículas na modalidade de ensino. Até o fim do ano, a expectativa do governo é que 80% de todas as escolas de ensino médio sejam integrais.

Defesa da democracia na solenidade

Durante a solenidade, os atos de terrorismo antidemocráticos registrados no domingo, 8, em Brasília, também foram repudiados. O governador Elmano de Freitas, a secretária-executiva do Ministério da Educação, Izolda Cela, os deputados Idilvan Alencar e Evandro Leitão e a secretária da educação, Eliana Estrela, pronunciaram-se contra as ações extremistas e a favor da democracia.

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Com informações do O Povo.

Deus me livre

 

Golpistas invadem sedes dos três poderes em Brasília - EVARISTO SA / AFP.

Por Alexandre Lucas, Colunista

"Invadimos tudo", grita o homem branco de camisa azul. Usa boné amarelo com bordado verde, inscrito B-38, o B pode ser de qualquer bobagem, já o 38 é uma referência a arma de fogo mesmo. "Estamos vencendo a guerra, graças a deus, em nome de Jesus estamos vencendo", continua gritando o homem. No seu entorno, outras pessoas gritam num clima de festa e destruição. O pastor transmite a invasão com entusiasmo e pede para o seguirem nas redes sociais.

Mulheres se ajoelham entre cadeiras quebradas e papéis espalhados. Algumas têm rostos pintados, lembra teatro, mas é real, elas cantam e oram. A oração parece que fortalece a cegueira do ódio e do destroço. Excluíram Jesus da cerimônia e usaram indevidamente o seu nome.

"Deus, pátria, família e liberdade" se repete como eco entre a multidão hipnotizada, que avança sobre os cavalos, as vidraças, as obras de artes e as pessoas, nada deve ficar intacto. Criam uma notícia falsa para o terror, os lobos se dizem cordeiro.

O homem com a bandeira do Brasil, sobe em cima de um quadrado de madeira branco, desses que colocam obras de artes, desce as calças e simula obrar.

Outro pastor Mala, insiste, insiste em vender o ódio como amor. Solta frases aceleradas, sem ponto, vírgula e ar. Incita o caminho da violência pela via do morde e assopra. "Deus tenha misericórdia do Brasil", grita furioso e espumando os beiços de mentira.

Não se sabe ao certo o que esse povo quer.  Uma é coisa certa: não querem que o peixe e o pão sejam divididos, como ensinou um jovem revolucionário, há muito tempo atrás, devia ser comunista, mas foi abandonado por seus falsos discípulos nas rampas conflituosas do poder. 

9 de janeiro de 2023

Alexandre de Moraes determina afastamento de Ibaneis Rocha, governador do DF

 

(Foto | Renato Alves |Agência Brasília).

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na madrugada desta segunda-feira (9) afastar o governador do Distrito Federal do cargo por 90 dias.

No domingo (8), as forças de segurança do DF não contiveram vândalos bolsonaristas que invadiram e depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o prédio do STF.

Moraes tomou a decisão ao analisar um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União.

Moraes disse que os atos terroristas do domingo só podem ter tido a anuência do governo do DF, uma vez que os preparativos para os atos eram conhecidos.

A escalada violenta dos atos criminosos resultou na invasão dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, com depredação do patrimônio público, conforme amplamente noticiado pela imprensa nacional, circunstâncias que somente poderia ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era fato notório e sabido, que foi divulgado pela mídia brasileira", escreveu Moraes na decisão.

O ministro afirmou ainda que os ataques aos prédios e às instituições da Republica foram "desprezíveis" e não ficarão impunes.

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Com informações da Mídia Ninja.

7 de janeiro de 2023

Antonieta de Barros integrará livro dos heróis e heroínas da pátria

 

(FOTO/ Memorial Antonieta de Barros).

Por Nicolau Neto, editor

2023 começou com algumas mudanças. Dentre elas, a ocupação em postos de poder de homens e mulheres pretas. É sabido que é ocupando espaços de decisão junto a luta constante nas ruas que o racismo estrutural no país pode ser combatido de forma mais eficaz.

Valorizar quem antes de nós lutou para uma educação antirracista é um passo importante. Dentro desse movimento, a jornalista, educadora e política Antonieta de Barros, a primeira deputada preta do país integrará o livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Sua luta nas primeiras décadas do século XX incorporou três ideias caras e necessárias e ainda ausentes neste século, a saber: educação de fato para atender a todos, a emancipação e empoderamento feminino e a valorização da história e cultura negra.

Como primeira mulher preta a assumir um mandato popular de deputada estadual em Santa Catarina, ela foi a autora do projeto de lei que criou o Dia do Professor.

A iniciativa de incluir Antonieta no livro é do deputado Alessandro Molon (PSB | RJ). E uma das primeiras ações de Lula (PT) enquanto presidente é esta salutar medida que teve a assinatura da Ministra da Cultura e da Ministra da Igualdade Racial, Margareth Menezes e Anielle Franco, respectivamente.

Antonieta, PRESENTE Sempre. Afinal, como diz a ativista Angela Davis "ao colher o fruto das lutas do passado, vocês devem espalhar a semente de batalhas futuras".

6 de janeiro de 2023

Lula sanciona Dia Nacional de Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

 

Integrantes da caminhada contra a intolerância religiosa em Juazeiro do Norte. (FOTO |Acervo do blog).

Por Nicolau Neto, editor

Foi sancionada nesta sexta-feira, 06, pelo presidente Lula (PT) a Lei 14.519/2023, que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a ser celebrado anualmente no dia 21 de março.

O deputado Vicentinho (PT | SP) é o autor do projeto que deu origem a referida Léo que foi aprovado no último dia 21 de dezembro de 2021 no Congresso Nacional.

Além de Lula, as ministras da Igualdade Racial é da Cultura, Margareth Menezes e Anielle Franco, respectivamente, também assinaram a lei publicada na edição desta sexta-feira, do Diário Oficial da União (DOU).

Morre Zé Mariano, aos 70 anos, o poeta cordelista de Altaneira

 

Morre Zé Mariano, o poeta cordelista de Altaneira. (FOTO/ Reprodução/ YouTube/ Papo Social PodCast).

Por Nicolau Neto, editor

Recebi com muita tristeza na tarde desta terça-feira, 03 de janeiro, a morte Zé Mariano, o poeta cordelista de Altaneira. Segundo informações extraoficiais, ele sofreu um infarto. Familiares e amigos e amigas participaram da missa de corpo presente da Igreja Matriz na manhã desta quarta, 04, onde se despediram de um dos representantes da cultura popular local.

José Mariano de Lima, O poeta Zé Mariano, nasceu em 06 de junho de 1952 no município de Princesa Isabel, no Estado da Paraiba. Com seis anos de idade mudou-se junto à família para Juazeiro do Norte, no Ceará, fugindo da “seca” como ele mesmo descreveu em sua última aparição no Papo Social Podcast, da Fundação ARCA, apresentado pelo educador social Fábio Barbosa.

Seu Zé Mariano relatou que seu pai, Raimundo Mariano, possuía familiares na Baixa Grande e que através deles vieram para Altaneira ainda em 1958. Segundo ele, nesse período vinham participar da feira aqui. “Eram só três ruas. Mas tinha feira, tinha tudo”, disse. A vida estudantil não foi fácil para ele, como também não era para muitos da mesma época. Chegou a andar mais de 8 quilômetros para chegar até a escola. “O ensino era muito decorativo. Eu tinha que ler uma página e decorar para dizer para a professora. Não podia errar uma letra se não palmatória comia de esmola”, destacou.

O gosto pela poesia, pelas rimas veio com o contado com os cordéis que ele via e comprava nas andanças pelas feiras. Ele contava que começou a ler e comprar. E não parou mais. Mas somente depois dos 50 anos é que ele voltou a estudar. “Eu sabia ler e escrever, mas não entendia o que lia”, contou ele no podcast em novembro de 2021. “Então fui incentivado a voltar a estudar pela primeira dama e secretária de educação de Altaneira na época, a Damares Arraes”, frisou. Concluiu o fundamental e o contato com a tecnologia e a internet só veio durante o ensino médio na Escola Santa Tereza a partir do professor de História e Filosofia Fabrício Ferrraz, hoje residente em Brejo Santo – CE. “O professor Fabrício chegou pra mim e disse: seu Zé Mariano, o senhor é poeta e participa de apresentações nos eventos. Então eu vou lhe ajudar”, comentou ao mencionar que por meio de Fabrício aprendeu a digitar suas poesias e as publicar no blog criado para esta finalidade.

Hoje, o blog desatualizado (http://opoetacordelista.blogspot.com/) conta com várias poesias de sua autoria, dentre elas a autobiografia; a que fala sobre o ex-vereador e médico popular Euclides Nogueira Santana (seu Quido), já falecido; a Lagoa Santa Tereza, onde fontes orais destacam ter surgido o município de Altaneira; a riqueza do sertão; elogio do sertão; a 1ª conferência dos idosos de Altaneira e interpretação do Hino de Altaneira.

O poeta deixa uma esposa, quatro filhos, nove netos, um irmão e uma irmã.

Zé Mariano, assim como os já falecidos João Zuba em 24 de fevereiro de 2017 e Dona Angelita em 24 de novembro de 2021, são exemplos de patrimônios histórico-culturais do município.

Minha lembrança de Zé, que ainda não era o poeta, vem da infância. Ainda criança quando morava no Mutirão – e as diversões preferidas eram brincar de pião e jogar bola no beco na casa de Dona Santana – era comum parar a noite e ouvir as histórias que ele contava. A que mais ficou gravada foi a que ele contatava entusiasmado da primeira missa no Brasil. “Frei Henrique Soares de Coimbra”, dizia.

Meus sentimentos à família, amigas e amigos de seu Zé, o poeta cordelista de Altaneira.