Morre Zé Mariano, aos 70 anos, o poeta cordelista de Altaneira

 

Morre Zé Mariano, o poeta cordelista de Altaneira. (FOTO/ Reprodução/ YouTube/ Papo Social PodCast).

Por Nicolau Neto, editor

Recebi com muita tristeza na tarde desta terça-feira, 03 de janeiro, a morte Zé Mariano, o poeta cordelista de Altaneira. Segundo informações extraoficiais, ele sofreu um infarto. Familiares e amigos e amigas participaram da missa de corpo presente da Igreja Matriz na manhã desta quarta, 04, onde se despediram de um dos representantes da cultura popular local.

José Mariano de Lima, O poeta Zé Mariano, nasceu em 06 de junho de 1952 no município de Princesa Isabel, no Estado da Paraiba. Com seis anos de idade mudou-se junto à família para Juazeiro do Norte, no Ceará, fugindo da “seca” como ele mesmo descreveu em sua última aparição no Papo Social Podcast, da Fundação ARCA, apresentado pelo educador social Fábio Barbosa.

Seu Zé Mariano relatou que seu pai, Raimundo Mariano, possuía familiares na Baixa Grande e que através deles vieram para Altaneira ainda em 1958. Segundo ele, nesse período vinham participar da feira aqui. “Eram só três ruas. Mas tinha feira, tinha tudo”, disse. A vida estudantil não foi fácil para ele, como também não era para muitos da mesma época. Chegou a andar mais de 8 quilômetros para chegar até a escola. “O ensino era muito decorativo. Eu tinha que ler uma página e decorar para dizer para a professora. Não podia errar uma letra se não palmatória comia de esmola”, destacou.

O gosto pela poesia, pelas rimas veio com o contado com os cordéis que ele via e comprava nas andanças pelas feiras. Ele contava que começou a ler e comprar. E não parou mais. Mas somente depois dos 50 anos é que ele voltou a estudar. “Eu sabia ler e escrever, mas não entendia o que lia”, contou ele no podcast em novembro de 2021. “Então fui incentivado a voltar a estudar pela primeira dama e secretária de educação de Altaneira na época, a Damares Arraes”, frisou. Concluiu o fundamental e o contato com a tecnologia e a internet só veio durante o ensino médio na Escola Santa Tereza a partir do professor de História e Filosofia Fabrício Ferrraz, hoje residente em Brejo Santo – CE. “O professor Fabrício chegou pra mim e disse: seu Zé Mariano, o senhor é poeta e participa de apresentações nos eventos. Então eu vou lhe ajudar”, comentou ao mencionar que por meio de Fabrício aprendeu a digitar suas poesias e as publicar no blog criado para esta finalidade.

Hoje, o blog desatualizado (http://opoetacordelista.blogspot.com/) conta com várias poesias de sua autoria, dentre elas a autobiografia; a que fala sobre o ex-vereador e médico popular Euclides Nogueira Santana (seu Quido), já falecido; a Lagoa Santa Tereza, onde fontes orais destacam ter surgido o município de Altaneira; a riqueza do sertão; elogio do sertão; a 1ª conferência dos idosos de Altaneira e interpretação do Hino de Altaneira.

O poeta deixa uma esposa, quatro filhos, nove netos, um irmão e uma irmã.

Zé Mariano, assim como os já falecidos João Zuba em 24 de fevereiro de 2017 e Dona Angelita em 24 de novembro de 2021, são exemplos de patrimônios histórico-culturais do município.

Minha lembrança de Zé, que ainda não era o poeta, vem da infância. Ainda criança quando morava no Mutirão – e as diversões preferidas eram brincar de pião e jogar bola no beco na casa de Dona Santana – era comum parar a noite e ouvir as histórias que ele contava. A que mais ficou gravada foi a que ele contatava entusiasmado da primeira missa no Brasil. “Frei Henrique Soares de Coimbra”, dizia.

Meus sentimentos à família, amigas e amigos de seu Zé, o poeta cordelista de Altaneira.

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