O
calote aos cofres públicos passou de R$ 304 bilhões, mostra o placar online da
sonegação fiscal no Brasil, instalado hoje (25) perto do Congresso Nacional.
Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz),
o valor daria para construir 10.566.231 postos de saúde equipados. O leitor que
quiser consultar a ferramenta em tempo real e ver alguns exemplos do prejuízo
que o país tem deve acessar o endereço www.sonegometro.com na internet.
Segundo
os procuradores, se o Sonegômetro fosse um estado brasileiro, e o valor
sonegado fosse colocado como seu Produto Interno Bruto (PIB), estaria em quarto
lugar no ranking, perdendo apenas para São Paulo (R$ 1,248 trilhão), Rio de
Janeiro (R$ 407 bilhões) e Minas Gerais (R$ 351 bilhões).
O
Sinprofaz destaca que não é só o volume do prejuízo que importa, mas a relação
direta entre sonegação fiscal e corrupção. Por isso, a categoria considera
importante esclarecer a população sobre o problema. A ação faz parte da
Campanha Nacional da Justiça Fiscal "Quanto custa o Brasil pra
você?", criada pela entidade em 2009.
O
valor estimado de sonegação tributária é superior a tudo que foi arrecadado em
2011 de Imposto de Renda (R$ 278,3 bilhões). Para chegar ao índice de
sonegação, o estudo selecionou tributos que correspondem ao 87,4% do total da
arrecadação tributária no Brasil, entre eles os impostos de Renda, sobre
Produtos Industrializados (IPI), sobre Operações Financeiras (IOF) e ,sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); as contribuições ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins) e sobre o Lucro Líquido (CSLL), além do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).
Para
os procuradores, existem duas situações: em uma delas, encontra-se a grande
maioria dos cidadãos, que precisa trabalhar até quatro meses por ano só para
pagar impostos. Na outra, "muito bem camuflada" está uma minoria que
se beneficia das diversas brechas da legislação tributária, do sucateamento da
Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
(PGFN), fazendo fortuna e alimentando os caixas da corrupção, da lavagem de
dinheiro e do crime organizado, explicam os procuradores.
“Indiferente
e acomodado, o governo prefere repassar a conta para o cidadão, que suporta uma
das maiores cargas tributárias do mundo”, destaca o Sinprofaz.
O
secretário adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, no
entanto, garante que existe um esforço, pelo menos por parte do Fisco, para
mudar tal realidade. “Não trabalho com esses números, que são do âmbito da
Procuradoria da Fazenda Nacional, uma fase seguinte da cobrança dos créditos
tributários. A visão da Receita Federal, sim, é que nós aperfeiçoamos os instrumentos
de cobranças aos grandes contribuintes”, disse Nunes.
O
secretário lembrou que foram criadas delegacias especializadas e preparadas
para trabalhar com os grandes contribuintes para combater a sonegação. “Então,
há, sim, cobrança de impostos dos assalariados, da classe média, mas também
foram aperfeiçoados os instrumentos de cobrança em relação aos grande
contribuintes.”
Luiz
Fernando Nunes lembrou que o Fisco tem pessoas treinadas e capacitadas, que
procuram atuar firmemente em relação a esses contribuintes. “Há delegacias
especializadas no Rio de Janeiro e em São Paulo apenas para trabalhar com os
chamados grandes contribuintes."
Via
Agência Brasil