20 de junho de 2025

O genocídio do povo negro no Brasil é também uma história do presente, diz Clayton em peça “Macacos”

 

Clayton Nascimento em peça “Macacos”. (FOTO | Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

O Centro Cultural do Cariri (CCC), equipamento da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) e  gerido em parceria com o Instituto Mirante Ceará, e sediado no município de Crato, recebeu neste quinta-feira, 19, várias atividades. Dentre elas, a peça “Macacos”, de Clayrton Nascimento.

A peça, encenada no formato de monólogo pelo Clayton, homem negro, denuncia o racismo cometido contra os povos pretos, que tem resultado em constante genocídio. Ele usa o recorte da história do país e traz relatos do presente em diversas situações de violência.

Macaco é o xingamento mais utilizado no mundo quando se refere aos objetivos racistas. Se nós sabemos como tem acabado a vida do preto e da preta no Brasil, nós sabemos como esse espetáculo vai acabar essa noite. Se nós sabemos como tem acabado a vida do preto e da preta no Brasil, então, aqui, no palco do Centro Cultural do Cariri eu vou refutar o xingamento de macaco”, destaca Clayton.

Ao falar do genocídio negro, ele afirma ... “depois algumas dessas mães morrem. Depois alguns dos irmãos desses meninos que são assassinados morrem depois. Os pais dessas famílias muitas vezes abandonam essas mães. Ai eu falei rá-tim-bum, eu cheguei onde precisava. Era ali. O genocídio negro não é a contabilização da morte de um jovem. O genocídio negro brasileiro deve ser a contabilização do que acontece com todo mundo que circula aquele jovem.”

Na peça, Clayton faz algumas reflexões, principalmente em relação a cobertura midiática. “Quantas vítimas o genocídio brasileiro faz? Será que não é uma, três, sete vezes maior do que se coloca nos jornais? E eu comecei a pensar: meus Deus quem tá falando das mães do genocídio negro no Brasi. Todo estado que eu vou pra estudar, pra fazer a peça Macacos, que conheço uma mãe do genocídio negro brasileiro. Quem tá cuidando dessas mulheres? Se o Estado mata e o Estado fecha, elas não tem suporte nenhum. Depois a vida é só isso?”, pergunta.

De forma contundente, Clayton traz relata uma dura, mas visível situação no Brasil. “O povo brasileiro está provando. Ele já não se importa mais com tanta notícia de xingamento de macaco. Ele já não se importa mais com tanto adolescente sendo morto e criança na porta de casa, no caminho da escola, dançando festa junina. Ele já não se importa mais com tanto número de mulher que é espancada diariamente. Ele não se importa mais que o país inteiro  xingue outra região do pais só porque tem cultura diferente.”

Segundo ele, isso ocorre porque o povo brasileiro está cristalizado. O povo brasileiro não participou da república. E afirma que a peça é um chamado para reação, pois a vida é a gora. Afinal, o genocídio do povo negro no Brasil é também uma história do presente. “Em 1500”, diz ele, “pretos eram mortos e assassinados injustamente só por serem pretos no Brasil e em 2025, ainda seguem sendo mortos e presos injustamente só por serem pretos no Brasil” e pergunta: “até quando o Brasil vai assistir jovens morrendo, crianças morrendo a caminho da escola? Até quando o Brasil não vai fechar todos os comércios, ninguém vai sair de casa pra dize que não se mata mais crianças no Brasil?”

Para ele, a paz custa. “A paz é estar para quem pode comprar e quem não pode, a paz simplesmente abandona. Os meninos de periferia preta no Brasil inteiro mora aqui ó. E destaca que é necessário aprender o valor da palavra memória. Para o povo preto, povo pobre no Brasil a palavra memória tem um valor grande.”

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