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(FOTO/ Reprodução/ YouTube). |
Documentário humano, narrativo e poético com várias camadas que desvelam o racismo estrutural que está impregnado nas relações familiares, nos ambientes de trabalho e faz parte da subjetividade das pessoas negras e brancas. Herança da escravidão permanece presente até os dias de hoje. O Brasil foi o último país do mundo a abolir o trabalho escravo.
A
espinha dorsal do documentário são as histórias de 9 pessoas comuns, com
diferentes tons de pele negra, que apresentam seu cotidiano na cidade de São
Paulo e compartilham situações de racismo, dos velados aos mais explícitos.
Temos o médico Estefânio Neto, a modelo-performer Rosa Rosa, os estudantes
universitários Wellison Freire e Jennifer Andrade da Faculdade Getúlio Vargas,
a mais importante escola de administração da América Latina, a funcionária
pública e ativista trans Neon Cunha, a trabalhadora doméstica Neide de Sousa, a
corretora de imóveis Marcia Gazza que perdeu o filho assassinado pela Polícia
Militar, e o casal que espera um bebê, a professora do ensino publico Daniela
dos Santos com o garçom Cleber dos Santos.
Usando
da linguagem do documentário de observação acompanhamos os personagens nos seus
espaços habituais, ambientes de dores e superações. Sob luz natural, os
depoimentos intimistas nos colocam em contato com fortes experiências de
racismo vividos na própria pele, trajetórias de resistências e reinvenções.
Toni
Venturi, diretor branco, formado em cinema no Canadá, é neto de imigrantes
italianos que aportaram no Brasil no início do século XX, momento que o governo
oferecia facilidades aos europeus em detrimento a população negra. A ordem era
embranquecer o país. Na ponderação metalinguística do filme, o diretor se expõe
criticamente na narração em primeira pessoa ao falar sobre sua ascendência
italiana e a conscientização de seus privilégios. Val Gomes, socióloga de
descendência indígena e negra, faz sua estreia no documentário assinando a
codireção do projeto. A construção dialética das diferentes camadas narrativas
do filme é resultado da parceria dos dois criadores.
Sem
roubar o protagonismo das histórias pessoais, 6 pensadores negros fazem
reflexões sobre o racismo no Brasil. Num estúdio de fundo preto e sóbrio, sob
luz contrastada, acompanhamos os pensamentos de Cida Bento (psicóloga), Cidinha
da Silva (escritora), Joice Berth (arquiteta), José Fernando de Azevedo
(dramaturgo e pesquisador), Salloma Salomão (historiador e músico) e Sueli
Carneiro (filósofa). Inserções pontuais de 3 cientistas sociais brancos
antirracistas completam as entrevistas, Jessé Souza (sociólogo), Lia Vainer
Schucman (psicóloga) e Adilson Paes (Tenentecoronel da Polícia Militar).
Música
negra contemporânea e slam de jovens periféricos estabelecem os respiros
poéticos entrelaçando as histórias pessoais com as reflexões filosóficas. Num
ateliê de arte e pintura, as cantoras Bia Ferreira e Doralyce interpretam a
canção Cota não é Esmola, Chico César apresenta uma nova versão de Respeitem
meus cabelos, Brancos, Luedji Luna aparece em Iodo, Thaíde com o rap Algo Vai
Mudar, Valéria Houston traz o samba Controversa e Anicidi Toledo com o Batuque
de Umbigada dançam a umbigada Luís Gama. Numa favela do Capão Redondo (SP), os
jovens slamers Bione e Barth Viera comparecem com a poesia de denúncia,
afirmativa, produzida na periferia da cidade.
A complexidade da megalópole São Paulo desponta na visão monumental das tomadas aéreas que se contrapõem às imagens dos super close-ups em slow motion dos detalhes das peles, olhos, bocas e mãos dos personagens negros e brancos. A visão dos drones dos espaços de exclusão da cidade, segregada em classes sociais, contrasta com a visão intimista dos poros e texturas das peles.
A
equipe de criação, produção e técnica do documentário Dentro da Minha Pele foi
constituída inteiramente por profissionais negros. Para a realização dos seus
filmes e séries, a produtora Olhar Imaginário tem investido na composição de
equipes com diversidade de raça e gênero. Entende que as práticas antirracistas
promovem a pluralidade de olhares que enriquecem a obra em produção.
Título
DENTRO
DA MINHA PELE
Intelectuais:
Cida Bento (psicóloga), Cidinha da Silva (escritora), Joice Berth (arquiteta),
Jessé Souza (sociólogo), José Fernando de Azevedo (diretor teatral), Lia
Schucman (psicóloga), Salloma Salomão (historiador e músico), Sueli Carneiro
(filósofa);
Artistas:
Anicide Toledo e Batuque Guaia de Capivari, Bia Ferreira e Doralyce, Chico
César, Luedji Luna, Thaíde, Valéria Barcellos; Slamers: Barth Vieira, Bione
Direção:
Toni Venturi
Codiretora
e Pesquisa: Val Gomes
Roteiro:
Toni Venturi, Val Gomes, Marcus Aurelius Pimenta
Produção
Executiva: Tiago Berti
Fotografia:
Daniel Fagundes
Segunda
Câmera: Aline Juliet
Montagem:
Marcola Marinho, Paulo Alberto
Direção
de Produção: Camila Abade
Assistente
de Produção: Juh Balhego
Assistente de Direção: Monique Rocco
Som
Direto: Evelyn Santos
Trilha
Sonora: Alysson Bruno
Produção
Musical: Felipe Julian
Edição
de Som e Mixagem: Pedro Noisyman
Arte
e Grafismo: Bruno Bayeux
Administração:
Audrey Markutis
Produção:
OLHAR IMAGINÁRIO
Gênero:
Documentário social
Mês/Ano:
Agosto 2020
Duração:
86′
Distribuição:
O2 PLAY
País:
Brasil
Abaixo o trailer:
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