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Estudo americano que políticas de ações afirmativas funcionam em universidades do Brasil. (FOTO/ Wikimedia Commons). |
Um
novo estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, está analisando
dados de universidades brasileiras para entender o efeito das políticas de
ações afirmativas, como o sistema de cotas, nas matrículas de grupos
minoritários.
Nos
EUA, as instituições de ensino superior não são obrigadas a divulgar seus
critérios, o que dificulta a avaliação da eficácia dessas políticas. No Brasil,
esses dados estão disponíveis ao público, por isso os estudiosos estão de olho
no que acontece por aqui.
Os
pesquisadores Arends-Kuenning e Renato Schwambach Vieira descobriram que as
políticas funcionam. "Mostramos que essas cotas atingem seus objetivos.
Elas aumentaram a matrícula de alunos dos grupos que deveriam fazer isso. Havia
mais estudantes de origens pobres e de escolas públicas; havia mais estudantes
negros e estudantes sub-representados", dizem os autores, em nota.
Eles
também analisaram se as cotas de critérios socioeconômicos podem substituir os
critérios baseados em raça. O estudo constatou que essa troca não funciona.
"Se você deseja alcançar a igualdade
racial, não pode ter cotas baseadas em antecedentes socioeconômicos; isso não
funcionou para aumentar o número de estudantes negros ou pardos no Brasil",
observa Vieira.
O
Brasil é um dos países mais desiguais do mundo – e não é de hoje.
Historicamente, nosso país é marcado por grandes desigualdades socioeconômicas
e raciais, o que se deve, em partes, à falta de acesso à educação e,
consequentemente, à inserção no mercado do trabalho.
Para
combater essas lacunas, no início dos anos 2000 algumas universidades
brasileiras implementaram políticas de ação afirmativa. Mas o país só
implementou a Lei Nacional de Cotas em 2012, exigindo que metade das vagas de
graduação seja reservada para estudantes de grupos de minorias.
A
pesquisa americana analisou informações sobre matrículas em universidades
brasileiras no período de 2004 a 2012. Os especialistas usaram como base dados
raciais e socioeconômicos que os estudantes forneceram quando se inscreveram no
vestibular. No total, foram avaliados 163.889 estudantes inscritos em mais de
mil programas de 48 universidades federais.
Os
resultados da pesquisa americana apontam melhoras significativas: aumento de
9,8% no número de estudantes negros e pardos em universiades e crescimento de
10,7% de estudantes de escolas públicas e de 14,9% de estudantes de nível
socioeconômico mais baixo matriculados.
Os
experts também perceberam que programas de cotas são mais efetivos em
vestibulares mais concorridos. Arends-Kuenning propõe que as universidades
brasileiras também acompanhem de perto a performance desses alunos ao longo da
graduação, assim como os índices de abandono do curso. "As cotas estão
funcionando há tempo suficiente para analisar isso", afirma a pesquisadora.
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Com
informações da Revista Galileu
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