Viva
a intervenção militar!
Chegamos
a tal ponto que só o Exército vai pôr fim à roubalheira. Só não entendi por que
ela começou no morro do Rio de Janeiro.
Em
Brasília, um terço dos congressistas está às voltas com a Justiça. De todas as
favelas do Rio, nenhuma tem uma porcentagem tão grande de criminosos quanto o
Congresso. Não somente em quantidade, mas em qualidade: duvido que a quantia
total de furtos no Rio seja maior que a verba encontrada no apartamento de
Geddel.
-
Catarina Bessel
"Sim,
mas o problema do Rio é o tráfico de drogas." Se o problema fosse
exclusivamente esse, também deveriam começar por Brasília. Nenhuma favela do
Rio jamais esconderá tanta cocaína quanto o helicóptero daquele senador do
PSDB.
Há
quem diga que a intervenção no Rio se dá por causa de um clamor popular.
Pesquisa feita em 24h pelo governo federal afirma que 83% da população carioca
é favorável à intervenção, noticiou o "Globo". Ora, se Temer se
importasse, de fato, com o clamor popular, se retiraria imediatamente do cargo.
Espanta que o presidente menos popular da história ainda esteja interessado em
saber o que o povo pensa. Se a população for consultada, fica muito claro que a
metástase a que ele se refere tem nome e sobrenome: o seu.
Depois,
resta saber se algum favelado foi ouvido nessa pesquisa. Acho que não se
encaixam na categoria "cidadãos" nem "cariocas". Vale
lembrar que até o IBGE, um instituto muito mais sério que o governo Temer,
ainda sustenta que a Rocinha tem 69 mil habitantes, enquanto a Light registra
120 mil e a Associação de Moradores estima em 200 mil. Se nem o censo subiu a
favela, pode ter certeza de que Temer fez essa pesquisa que nem as plásticas da
sua cara: a toque de caixa, pagando pra algum amigo.
A
estratégia é batida. Assim como nas guerras americanas "ao terror", o
governo inventa um adversário para unir a população. No caso dos americanos,
escolhe-se um inimigo externo, de preferência bem longe, pro sangue não
respingar. O Brasil não faz cerimônia: escolhe os iraquianos aqui mesmo, pela
renda e cor de pele. Temos a sorte de ter uma parcela sub-humana da nossa
própria população, de quem a morte não comove muito. Em tempos de crise, isso
ainda gera economia em passagens aéreas.
Enquanto
isso, o inimigo em comum continua sentado na cadeira presidencial. Já que Temer
tá interessado em ganhar popularidade, fica a dica: seu desaparecimento é mais
popular do que qualquer intervenção. (Por
Gregório Gregório Duvivier em sua coluna da Folha de São Paulo. Texto
disponibilizado por Manuela D'Ávila em sua página no Facebook).
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Gregório Duvivier - "Nenhuma favela é tão criminosa quanto o congresso". (Foto: Divulgação). |
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