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JORGE AMADO (ATEU E COMUNISTA) |
A luta pela liberdade de crença e
de não possuí-la em um ser sobrenatural vem se tornando uma das mais árduas
tarefas da humanidade. Combater a intolerância religiosa em um país
essencialmente amarrado nos ditames ora do catolicismo, ora do protestantismo
e, na maioria das vezes nos dois viés, é doloroso e difícil de lidar.
Diversas
pessoas já perderam a vida tentando viver sem as amarras religiosas. Os métodos
empregados tanto pelo catolicismo quanto pelo protestantismo para impedir que
se tivessem pensamentos que fugissem aos seus controles eram os mais variados e
repugnantes e que se constituíram em um verdadeiro massacre humano. Não nos esqueçamos
jamais do tribunal da inquisição.
E na semana de Combate à Intolerância Religiosa, vale lembrar um fato significativo que jamais pode se apagar da memória deste país. Foi Jorge Amado, ateu convicto, que garantiu a liberdade de crença na Constituição Federal quando deputado federal na Constituinte de 46. O objetivo de Jorge Amado era proteger o Candomblé e demais religiões de matriz africana da perseguição por parte do Estado.
Até
então, pais e mães-de-santo, assim como capoeiras, eram perseguidos e
enquadrados pelas "delegacias de jogos e costumes". Jorge Amado,
embora ateu convicto, era Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro
comandado hoje pela ialorixá Stela de Oxóssi. Os terreiros de Candomblé
esconderam muitos comunistas no período em que estes eram caçados e cassados
pelo governo Vargas.
Foi
a partir da relação de Jorge Amado, ateu e comunista, com as religiões de
matriz africana que Caetano Veloso compôs "Milagres do povo".
"Quem é ateu e viu milagres, como eu não, sabe que os deuses sem Deus [os
orixás] não cessam de brotar nem cansam de esperar...", CV.
"Sobrevivente de um navio, quem descobriu o Brasil foi o negro, que viu a
crueldade bem de frente e ainda produziu milagres de fé", CV. Onde quer
que você esteja, Jorge Amado, Ojuobá do Ilê Axé Opô Afonjá, receba nossas
homenagens neste dia! Axé!
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