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ESTÁTUA DE NOSSA SENHORA DE SANT'ANA NEGRA TERIA SIDO ESCULPIDA POR ESCRAVOS |
MONTES CLAROS – Rico acervo
estatuário foi descoberto pela pesquisadora e artista plástica Felicidade
Patrocínio de Oliveira nas mãos de famílias montes-clarenses. São
aproximadamente 80 peças, algumas centenárias, espalhadas por residências da
cidade.
Uma
imagem em madeira de Nossa Senhora de Sant’Ana negra, por exemplo, teria sido
esculpida por escravos há dois séculos. Hoje, pertence a uma colecionadora que
pede anonimato por não saber exatamente a origem da estátua e ter medo de
ladrões.
Altar particular
Pesquisadora
do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, Felicidade acredita que
haja mais peças sacras de grande relevância em casas de família do que em
igrejas.
O
interesse pelo assunto começou há oito anos, quando ela estudou a obra “Via
Sacra”, do artista plástico búlgaro Konstantin Christoff. Radicado no Norte de
Minas, Christoff diz que oratórios perderam espaço, nos lares, para aparelhos
de televisão.
A
crítica levou Felicidade a visitar famílias tradicionais prestando atenção não só
aos oratórios, mas também às imagens sacras. Daí nasceu o projeto “Estatuária
Sacra Domiciliar de Montes Claros”, que busca patrocinadores.
Sigilo
Por
questão de segurança, o nome dos donos de acervos de grande relevância
histórica e emocional é mantido em segredo.
A
proposta é convencer muitos deles a doar as peças, permitindo a criação do
Museu Sacro do Norte de Minas. A unidade deverá ser instalada no Palácio
Episcopal de Arquidiocese de Montes Claros.
Matéria-prima
Um
aspecto observado pela pesquisadora é que as imagens de madeira estão sendo
substituídas pelas de gesso. As primeiras, segundo Felicidade, têm maior
relevância histórica, pois eram esculpidas conforme uma técnica portuguesa.
O
inventário das peças foi feito com a ajuda de alunos da pesquisadora, que é
professora de estética de um curso de Artes Plásticas. O próximo passo é levar
a Montes Claros especialistas para identificar a autoria, o estilo e o período
das obras, fazendo o registro documental e consolidando o catálogo sacro do Norte
de Minas.
“A
Comissão de Arte Sacra de Montes Claros, formada por arquitetos, historiadores
e artistas plásticos, se esforça desde 2009 para registrar esse acervo. Chegou
o momento”, diz a pesquisadora.
O
trabalho que pretende desenvolver, se conseguir patrocínio, será de pesquisa de
campo com mapeamento das peças nos bairros mais antigos e no centro histórico.
“Esse
acervo de valor inestimável está à beira do desaparecimento e à margem do
alcance público, por isso despertou nos pesquisadores o interesse pelo resgate
e reinserção na sociedade”.
Crédito:
Hoje em Dia
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