Lula tem 47% e mantém chance de vitória no primeiro turno, segundo Datafolha

 

Nova edição de pesquisa do Datafolha mostra consolidação da disputa eleitoral. (FOTO |Reprodução |Montagem | RBA).

A pouco mais de dois meses das eleições, novo levantamento do instituto Datafolha, divulgado no início da noite desta quinta-feira (28), mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém vantagem e chance de vencer no primeiro turno. Ele aparece com 47% das intenções de voto, 18 pontos à frente de Jair Bolsonaro (PL), que oscilou dentro da margem de erro, para 29%. O resultado daria ao petista 52,8% dos votos válidos.

Na sequência, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) está com 8%, sem alteração. E a senadora Simone Tebet (MDB) tem 2%. André Janones (Avante), Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU), 1% cada. Outros 6% votariam em branco, nulo ou nenhum dos candidatos, ante 7% há um mês. Os que não sabem são 3% (eram 4%).

Desse modo, Lula supera em 5 pontos percentuais a soma de todos os adversários e pode vencer no primeiro turno. Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuaram.

Pesquisa espontânea

Na pesquisa Datafolha anterior, divulgada em 23 de junho, Lula aparecia com 47%, enquanto o atual presidente tinha 28%. Depois vinham Ciro (8%), Janones (2%) e Simone (1%).

Agora, na pesquisa espontânea, em que os nomes não são apresentados, Lula oscilou de 37% para 38% e Bolsonaro, de 27% para 26%. Ciro permaneceu com 3%. Indecisos são 26% (eram 27% um mês atrás).

Lula confirma vantagem folgada na região Nordeste (27% dos 156 milhões de eleitores), onde tem 59%, ante 24% de Bolsonaro e 8% de Ciro. No Sudeste, o petista está com 43%, o atual presidente fica com 28% e o ex-ministro, com 9%. Bolsonaro se sai melhor no Norte, mesmo assim fica numericamente atrás (39%, ante 41% de Lula).

Homens, mulheres e pobres: vantagem de Lula

O ex-presidente recebe 54% dos votos entre eleitores que ganham até dois salários mínimos. Bolsonaro foi a 23%. Entre as mulheres, que representam 52% da amostra, o petista também está à frente: 46% a 27%. No caso dos homens, 48% a 32%. Bolsonaro cresceu no eleitorado feminino e Lula, no masculino. O atual presidente segue com vantagem no grupo evangélico (43% a 33%).

Por sua vez, Bolsonaro melhorou sua penetração entre a camada mais pobre da população: tinha 20% das intenções de voto e agora, 23%. Mesmo assim, continua distante das intenções de voto em Lula entre este segmento social: o ex-presidente tinha 56% e agora registra 54%.

Essa pequena mudança nas intenções de voto entre os mais pobres vem após o governo anunciar o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, além de auxílios para subsidiar a compra de combustíveis de caminhoneiros e taxistas.

Segundo analistas, os impactos dessas estratégias eleitoreiras do atual presidente ainda não são totalmente conhecidos, já que os benefícios duram apenas até o final deste ano.

O instituto Datafolha ouviu 2.556 eleitores em 183 cidades de 26 das 27 unidades da federação (menos Roraima). A margem de erro é 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01192/2022.

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Com informações da RBA.

Museu Histórico do Crato ainda sem reforma e fechado para visitas

 

Museu Histórico do Crato. (FOTO/ Professor Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

Um prédio secular que já abrigou a Casa de Câmara e de Cadeia do município de Crato, na região do cariri, nos anos finais do período colonial brasileiro, hoje é o Museu Histórico.

Boa parte da História do Crato, do Cariri e do Estado do Ceará está assentada nesse prédio, tanto que é um dos poucos do cariri a ser tombado (se não for o único) - mesmo que não permanentemente ainda – pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A nível local e de Estado, o prédio é tombado a partir da Fundação Cultural José Alves de Figueiredo.

Se essas documentações que permitem lhe assegurar um lugar de relevância enquanto patrimônio histórico e cultural do Estado do Ceará estão bem encaminhadas, falta ainda outro passo de extrema importância. O prédio com mais de dois séculos necessita urgentemente de reformas. Algumas, como melhoramento do telhado e manutenção na parte dos acervos foram feitas.

Em setembro de 2021 foi veiculado no site oficial da prefeitura que havia sido publicado edital de licitação para contratação dos serviços de engenharia para reforma do prédio que abriga hoje também o Museu de Artes Vicente Leite. Isso seria feito mediante contrato de repasse celebrado entre o Ministério do Turismo/Caixa Econômica Federal e o Município de Crato.

Este editor esteve hoje em Crato e registrou o prédio. O Secretário Municipal de Cultura, o ex-vereador Amadeu de Freitas, foi contactado e respondeu que o museu continua fechado para visitas. E ratificou as informações descritas acima ao destacar que “a prefeitura do Crato tenta licitar a reforma desde o ano passado, sem conseguir empresa interessada.”

O Secretário afirmou ainda que está “empenhado para realizar a reforma” visando a reabertura dos dois museus.”

A estrutura do prédio é riquíssima e possui, desde a época em que abrigou a cadeia pública, construções no formato de cunha apoiadas sobre papilares/colunas com a finalidade de prender aqueles considerados “mais perigosos”.

O local tem objetos que remontam aos habitantes indígenas Kariris, tais como machados, urna funerária, mãos de pilão, armamentos para corte, dentre outros que foram encontrados durante o processo da reforma da Praça da Sé que precisou ser escavada. Outros documentos que contam parte da História do Cangaço  podem ser vistos por lá.

Localizado na Rua Senador Pompeu, no entorno da Praça da Sé, o Museu está com suas estruturas bem comprometidas, o que explica está fechado para visitas. É preciso um trabalho em equipe envolvendo profissionais de várias áreas para que o processo de restauração deste importante espaço da memória e da História cearense não seja destruído. As aulas de História do Cariri, principalmente, precisam dele.

Oficializada como candidata, Tebet se impõe e ataca a polarização

 

(crédito: Flickr)


Em vitória contra a ala lulista do MDB, a senadora Simone Tebet teve a candidatura à Presidência oficializada, ontem, na convenção nacional do partido. Apoiada pela federação formada com PSDB e Cidadania, a parlamentar recebeu 262 votos a favor e apenas nove contrários. A escolha do vice, porém, foi adiada.

No evento, Tebet fez defesa veemente da democracia, criticou os governos do PT e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e acenou ao eleitorado feminino.

"Como candidata, coloco neste momento a minha vida a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro", discursou Tebet, na sede do MDB, em Brasília. "A minha responsabilidade é de saber que um partido com a grandeza do PSDB, que tradicionalmente sempre lançou candidato à Presidência da República, abre mão para somar conosco neste campo."

As tentativas de adiar a convenção e articular apoio do MDB ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda no primeiro turno, não vingaram. Líder da ala lulista do partido, o senador Renan Calheiros (AL) não compareceu ao evento.

Após a convenção, Tebet agradeceu ao presidente do MDB, Baleia Rossi, por não ter cedido aos dissidentes. "Não aceitou pressão, não aceitou conchavos. Não aceitou, como disse Roberto Freire (presidente do Cidadania), negociatas ou negociações não republicanas", afirmou a candidata.

No discurso na convenção, Tebet enfatizou a crise econômica que assola o país, disse que o cenário teve início nos governos do PT, mas que foi "multiplicado" na gestão Bolsonaro.

A candidata também criticou a polarização entre o chefe do Executivo e o ex-presidente, embora não tenha citado o nome de nenhum dos dois. "Infelizmente, o Brasil vive um dos momentos mais sensíveis. Nossos alicerces democráticos estão abalados, pela fome, pela miséria, pela desigualdade social, pelo desemprego, mas estão abalados, principalmente, por essa polarização ideológica, esse discurso de ódio, do nós contra eles, que está levando ao abismo", frisou.

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As informações são do Correio Braziliense.

‘Carta aos Brasileiros’ em defesa da democracia tem 100 mil adesões em 24 horas

 

(FOTO | Wikimedia)

Em 24 horas, a nova edição da Carta aos Brasileiros, manifesto em defesa da democracia, reuniu mais 100 mil adesões. Os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Francisco Resek, Joaquim Barbosa e Nelson Jobim estão entre os mais novos signatários. Além deles, a presidenta da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, e a atriz Fernanda Montenegro, também da ABL, endossam a carta. O documento será lido em evento na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no dia 11 de agosto.

Os novos apoios estão sendo registrados no site Estado de Direito Sempre!. O manifesto havia sido divulgado ontem (26), já com 3.069 signatários. Entre eles, os também ex-ministros Carlos Ayres Britto, Carlos Velloso, Cezar Peluso, Ellen Gracie, Eros Grau, Marco Aurélio Mello, Sepúlveda Pertence e Sydney Sanches. Líderes do setor financeiro, como Roberto Setubal e Pedro Moreira (co-presidentes do Itaú Unibanco), também apoiam a iniciativa. Além de banqueiros, como o ex-presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, e o CEO da Natura, Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander.

A nova edição da Carta aos Brasileiros não cita nomes, mas é considerada uma resposta às ameaças golpistas do presidente Jair Bolsonaro. O documento critica “ataques infundados e desacompanhados de provas” em relação ao processo eleitoral, à democracia e ao Estado de direito “tão duramente conquistado pela sociedade brasileira”. E considera “intoleráveis” as ameaças a outros poderes e a setores da sociedade, além da “incitação da violência e a ruptura da ordem constitucional”.

‘Presidente menor’

O ex-ministro do STF Celso de Mello faria a leitura do documento no Pátio das Arcadas, mas cancelou sua participação por questões de saúde. Em carta ao ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, Celso de Mello insistiu para que seu nome aparecesse no documento e reforçou críticas a Bolsonaro, a quem chamou de “presidente menor”.

A nova carta resgata a resistência à ditadura civil-militar (1964-1985), reforçando que o país já passou por oito eleições seguidas para presidente da República. No entanto, agora o Brasil revive tentativas de desestabilização, que não terão sucesso, asseguram os autores. “Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.”

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Com informações da RBA. Clique aqui e leia a íntegra da carta.

Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens completa 34 anos

 

(FOTO |Professor Nicolau Neto). 

Por Nicolau Neto, editor

O Museu de Paleontologia Prof Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri e, hoje sob os cuidados da Universidade Regional do Cariri (URCA), completou nesta terça-feira, 26, 34 anos.

O professor da URCA, Francisco Lima Junior, foi um dos primeiros a mencionar a data. Em suas redes sociais ele destacar que o espaço se configura como um "rico patrimônio paleontológico de raridade e grande diversidade" e que agora esta "justaposto à missão da grandiosa Universidade Regional do Cariri de promover cientificamente o seu território de atuação".

Lima Junior lembrou do legado do professor, ex-reitor da URCA e ex-prefeito de Santana do Cariri, Plácido Cidade Nuvens:

Neste encontro o legado de um extraordinário intelectual, Prof. Plácido Cidade Nuvens, que arregimentou gerações para defender este patrimônio pela pesquisa e gestão acadêmica incessantes. Hoje esta ação ganha novas mãos e forças fortalecendo a história de um dos mais importantes museus da ciência brasileira, com o apoio do Governo do Estado do Ceará e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE).

Na mesma linha, o professor do Departamento de História da Universidade, Darlan Reis Jr, mencionou que "o Plácido foi o verdadeiro intelectual orgânico, que entendia seu povo, seu lugar e as relações disso com o mundo".

O Museu durante a pandemia fechou as portas para visitantes, mas reabriu ano passado quando da passagem dos 33 anos.

Fundado por Plácido, ele decidiu repassar à Universidade a missão de administrar o espaço. O Museu acabou recebendo seu nome logo após o falecimento.

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ, por Helena Theodoro

Helena Theodoro e Ivanir dos Santos. (FOTO | Rozangela Silva).

A indignação veio após a avaliação de sábado, 23/07, onde o PDT homologou a candidatura de Rodrigo Neves ao Governo do RJ, durante convenção realizada no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O evento também marcou a aliança da legenda do ex-prefeito de Niterói com o PSD, de Felipe Santa Cruz, que será vice na chapa. Durante o ato, Neves afirmou que o acordo entre os partidos pode ser considerado uma ponte para a vitória.

Mas o convenção provocou um desconforto nos movimentos negros e sociais. E desde ontem as redes sociais vem reverberando opiniões. Principalmente pelo fato de ter sido ignorada a pré-candidatura do Dr. Prof. Babalawô Ivanir dos Santos, considerado por muito, e põe muito nisso, como um legítimo representante do movimento negro. Sendo ele uma liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, há 40 anos na luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ainda mais depois de sua filiação ao PDT e a pré-candidatura ao Senado Federal pelo PDT do Rio de Janeiro. O ato foi realizado na sede da Fundação Leonel Brizola, em 1/04, assim como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ - em 28/07. Com a presença de lideranças sociais e políticas, além de apoios declarados de diferentes partidos

Vale dar uma conferida no questionamento da baluarte Helena Theodoro 

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ

Por Helena Theodoro

Dia 23 de julho de 2022, dia marcado para a Convenção Estadual do PDT do Rio de Janeiro. Muita emoção e expectativa de minha parte por ser minha primeira convenção como filiada ao partido. Como mulher preta militante pude acompanhar os progressos deste partido, que embalaram meus sonhos de construção de um Brasil democrático e inclusivo. Vivi a alegria de ver a amiga Dra. Edialeda do Nascimento, uma das fundadoras do PDT, com quem pude estar lado a lado em 1988, na Serra da Barriga, juntamente com Lélia Gonzales e Abdias do Nascimento, se tornar a primeira mulher negra representante da Secretaria de Estado da Promoção Social do Rio de Janeiro no governo Leonel Brizola, que possibilitou conquistas de mulheres negras em diferentes espaços políticos e institucionais. Assim sendo, não posso entender o que ocorreu nesta convenção de hoje, quando se ignorou um candidato como o Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, lídimo representante do movimento negro e liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, além de um dos mais significativos líderes da luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ter uma pré-candidatura como a de Ivanir dos Santos, que lotou a sede do partido em sua primeira apresentação, bem como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ ainda não homologada, é muito estranho! Será que a classe política não quer negros no Senado?

Convenção do PDT. (FOTO | Rozangela Silva).


Será que o PDT de Brizola, que teve Lélia Gonzalez abandonando o PT para se engajar no partido em função de suas propostas e aberturas políticas, mudou de rumo? O que está acontecendo com a direção proposta pelo presidente que nos deu a esperança de representatividade legítima para a comunidade preta com a proposta de Ivanir no Senado? Não podemos mais aceitar que a cidadania da comunidade preta brasileira não seja respeitada. Tivemos uma participação efetiva na construção deste país em todos os setores, sendo aqueles que respondem pela arte, pela musicalidade, pela lavoura, pela educação, enfim, somos a maioria do povo brasileiro que trabalha e produz! Olhar a foto dos candidatos a deputados e demais componentes do partido sentados ao lado do presidente Carlos Lupi e ver o pré-candidato do povo preto em pé, na fila de trás, numa convenção que deveria ser de sua homologação como candidato ao Senado, nos deixa preocupada e perplexa. Acreditamos que os pensamentos autoritários e hierárquicos colocados por Kant e outros filósofos europeus no início do século passado tivessem sido alijados em grande parte de nossas lideranças, mas parece que me enganei. O autoritarismo que considera o povo incapaz de ter soluções para seus problemas ou de possuir pensamentos mais complexos, necessitando sempre de uma tutela de outro grupo vindo de outro lugar que não o seu por incompetência de pensamento e ação, não pode mais ser aceito. Participamos da construção da Constituição de 1988, a primeira constituição cidadã do Brasil e estabelecemos propostas para mulheres, jovens e crianças. Foram as mulheres negras brasileiras que fizeram em Beijin, junto com outras mulheres do mundo, propostas contra a violência e contra a fome em qualquer lugar do planeta.

Num partido como o PDT, de onde frutos incríveis para a melhoria da condição do povo brasileiro em todos os setores do país, possibilitaram a liderança de Leonel Brizola, não se pode permitir atuações como as que ocorreram nesta última convenção. Precisamos honrar a história do PDT e, para tanto, exigimos a candidatura de Ivanir dos Santos para o Senado Federal. Urge termos o fechamento de tal decisão.

O projeto de nação democrática não funciona com o racismo. O genocídio dos jovens negros não nos fará recuar, muito pelo contrário. Se a construção do projeto de nação brasileira não for com o povo preto, não será com ninguém. Nós não vamos recuar.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva, assessora de Imprensa.

Professor altaneirenses Bilica Demones recebe título de cidadania de Quixadá

 

Bilica Demones com o certificado de cidadania quixadaense. (FOTO | Reprodução | Instagram).

Por Nicolau Neto, editor

O professor altaneirense Erisvan Demones Tavares, conhecido popularmente por Bilica, foi agraciado com o título de cidadania no município de Quixadá, no Sertão Central do Ceará.

Em suas redes sociais, o professor que passou a infância e toda a juventude na Taboquinha, zona rural de Altaneira, externou a alegria:

Agradeço a todos aqueles que conhecem e valorizam minha história, assim como aqueles que contribuíram diretamente nas conquistas, escreveu.

Bilica citou algumas. Seu amigo e "mentor" Cristiano; sua companheira Fabiana de Holanda; a seus familiares e ao poder Legislativo na pessoa de Jessyca Severo.

Bilica que estudou a vida toda em escolas públicas de Altaneira há anos mora em Quixadá. La ele atua como professor efetivo de Educação Física na rede estadual, além de ministrar aulas no Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

Saiba reconhecer e denunciar trabalho análogo à escravidão

 

Mão de uma idosa de 84 anos em abrigo, no Rio; ela foi resgatada de condições análogas à escravidão após 72 anos em maio deste ano - Reprodução Globonews - 14.mai.22.

Uma denúncia é a porta de entrada para revelar casos de trabalho análogo à escravidão ligados a serviços domésticos, que ocorrem dentro de residências e envolvem vítimas em situação de vulnerabilidade social, com baixa escolaridade e pouco acesso aos canais de investigação.

Segundo o auditor Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, é difícil identificar as situações que envolvem atividade doméstica se não for por meio de um relato. “Geralmente a denúncia não é feita pela vítima, é alguém que está fora e observa, então chegar essa informação é extremamente importante.”

“Às vezes, [a vítima] não tem acesso a pessoas ou a lugares nos quais a denúncia pode ser feita. Às vezes, não tem nem sequer consciência do grau de exploração a que é submetida, porque o trabalho escravo afeta principalmente pessoas em grande situação de vulnerabilidade social, afirma Medina.

O tema ganhou mais debate e espaço, nas últimas semanas, com o podcast A Mulher da Casa Abandonada, produzido pela Folha. Ele retrata a história de uma brasileira que manteve uma empregada doméstica em condições análogas à escravidão durante 20 anos nos EUA.

O trabalho análogo à escravidão pode estar presente em qualquer setor, no meio urbano ou rural. Segundo Italvar Medina, procurador do MPT (Ministério Público do Trabalho), a maior parte dos resgates de 2021 foi feita de lavouras de café, no meio rural, e dos setores de construção civil e trabalho doméstico, no meio urbano.

As condições que caracterizam o trabalho análogo à escravidão estão previstas no artigo 149 do Código Penal. Trabalho em condições degradantes, trabalho forçado, jornada exaustiva e situações que configuram escravidão por dívidas são recorrentes.

Não é necessário que todos os aspectos estejam presentes; qualquer uma destas situações já pode configurar trabalho análogo à escravidão e, em caso de suspeita, a denúncia pode ser feita por meio de Sistema Ipê.

VEJA COMO IDENTIFICAR UM CASO DE TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO

CONDIÇÕES DEGRADANTES

Há negação dos direitos básicos para a dignidade do trabalhador. “Ele não tem garantida uma alimentação digna, muitas vezes não tem acesso a água potável, a um alojamento com a mínima qualidade e conforto, acesso a medidas de saúde e segurança do trabalho, não há respeito ao repouso, não há às vezes até mesmo pagamento de remuneração”, explica Medina.

Há situações em que trabalhadores do meio rural são resgatados em barracos de lona, obrigados a buscar a própria comida e a beber água de riachos e açudes.

TRABALHO FORÇADO

Ameaças, agressões físicas, restrição de uso de meios de transporte e retenção de documentos, como passaportes de trabalhadores imigrantes, são medidas usadas para impedir ou dificultar a saída da vítima do local de trabalho.

JORNADA EXAUSTIVA

A jornada exaustiva tem longa duração e é tão intensa que pode levar ao total esgotamento das energias e ao adoecimento.

ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS

O empregador leva o trabalhador a constituir dívidas de forma fraudulenta. O funcionário nunca consegue quitar a falsa dívida que teria contraído.

Então o empregador, por exemplo, cobra os próprios instrumentos de proteção, cobra os mantimentos para o trabalhador por preços superfaturados, cobra o meio de transporte para o trabalhador ir à fazenda, e com isso praticamente todo o dinheiro que o trabalhador ganha reverte de volta ao empregador.”

QUANDO E COMO FAZER UMA DENÚNCIA?

Caso desconfie de que alguém está sendo submetido a trabalho análogo à escravidão, denuncie a situação no formulário do Sistema Ipê: www.ipe.sit.trabalho.gov.br ou presencialmente, nas unidades do Ministério Público do Trabalho ou em Superintendências Regionais do Trabalho, por telefone das unidades ou por meio do Disque 100.

A pessoa não precisa nem usar a palavra ‘trabalho escravo’ se ela não quiser, ela precisa descrever os fatos”, diz Medina.

É possível fazer a denúncia de forma anônima, mas Krepsky ressalta a importância de deixar ao menos um telefone de contato: “Muitas pessoas têm medo de denunciar e se identificar, mas precisamos entrar em contato com o informante em algum momento, até para garantir a eficiência da ação fiscal, às vezes ter algum detalhe que a pessoa não citou e a gente precisaria saber.”

Os dados do denunciante são sigilosos e não são divulgados, assim como a própria existência da denúncia e seu conteúdo.

Por obrigação legal, a gente não pode nem mesmo dizer se a ação fiscal é objeto de denúncia, quanto mais revelar a fonte”, explica o auditor Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo.

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Por Natalie Vanz Bettoni, da Folha de S.Paulo e reproduzido no Geledés.