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Sobre as falas do Ciro – a postura do PDT e dos demais candidatos majoritários

 

Ivanir dos Santos. (FOTO/ Reprodução/Facebook).

As Políticas Afirmativas, o respeito à Diversidade e o combate à Intolerância Religiosa precisam ser pautas obrigatórias de todos os candidatos em todos os níveis de mandato.

Em julho de 2021, recebi em nossa casa, a visita do, então pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes que me pediu para coordenar sua campanha nas áreas de: “Direitos Humanos e Igualdade Racial. Na ocasião, foi reiterado, também,  pelo presidente em nível federal, Carlos Lupi, o convite para participar de um projeto nacional que se desdobraria na disputa de um cargo majoritário, pelo PDT/RJ.

Como sabem os que acompanham minha trajetória, nenhum dos dois convites se confirmou na prática. E, hoje, com a sabedoria que o Tempo nos dá, passamos a entender os desígnios do Destino, a quem, como sacerdote, chamamos de Ifá.

Contrariando toda história ideológica do PDT, assim como os ideais de Brizola – que já em 1982 dizia: " No meu governo os favelados serão tratados como cidadãos" e ao ganhar o governo elegeu uma bancada legislativa federal e estadual diversa com negros, mulheres, indígenas, homossexual– assim como os ideais defendidos por Darcy Ribeiro, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Idialêda, José Miguel, Caó, Albuíno Azeredo e Alceu Collares.

Surpreendi-me com matérias veiculadas recentemente na imprensa. Cito três:

“Ciro chama de "políticas do papo-furado mulher, índios e negros".[1]

“O Brasil tem comida, diferente do Fundão da África” citado no debate e em outras ocasiões”.[2]

“É um comício pra gente preparada, imagina explicar isso na favela”.[3]

Nasci na favela do Esqueleto e moro até hoje na Mangueira, onde Ciro esteve. Sinto-me na obrigação de lembrar, mesmo fazendo parte da Academia, que nem todo “saber” deriva dela. A cultura popular, urbana ou rural, da favela ou periferia é, também, um dos grandes patrimônios do povo brasileiro.

Só tenho a lamentar, não apenas a postura do candidato Ciro Gomes a temas tão caros à maioria do povo brasileiro, mas, principalmente o silêncio, a omissão e o descaso de outros candidatos principalmente majoritários – à presidência da República e ao governo dos estados.

Segundo o TSE 2022[4] entre os eleitores há 53% de mulheres e segundo o IBGE[5], 54% nossa população é composta por pretos e pardos. A maioria da população não é prioridade no debate. E sequer incluo aqui o respeito e a necessidade de debate sobre as minorias LGBTQI+, como a questão do Estado Laico, diante de ateus, agnósticos ou os religiosos que proclamam a própria fé divergente daquela que, hoje, eu chamaria de mercadológica, religiosos que têm um projeto de poder teocrático e anticonstitucional.

Sob pena de nos transformarmos, cada vez mais, em um país cheio de ódios, divisões, autoritário, teocrata, racista e intolerante; proclamo a todos os candidatos que assumam compromissos sólidos com as parcelas da população abandonadas à própria sorte e esquecida pelos poderosos. Só com a diversidade, construiremos um país saudável, igualitário, democrático, inserido no mundo globalizado e preparado para o futuro.

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Por: Ivanir dos Santos - Pós - Doutor Babalawô Ivanir dos Santos -  Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).

Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva Assessoria de Imprensa

[1]https://revistaforum.com.br/politica/2022/8/2/ciro-chama-de-politicas-do-papo-furado-mulher-indios-negros-121046.html

[2]https://twitter.com/caiocgomes/status/1564731553325932550?t=Cf5xsIakyTEEJFVGRS_WcA&s=08

[3]https://twitter.com/CentralEleicoes/status/1565071697446928386?t=XT2NR45UmxPWgwYa2XxaJg&s=08

[4]https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/wwv_flow.accept?p_context=sig-eleicao-eleitorado/filtros/1586646739749

[5]https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao-brasileira-e-negra/

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ, por Helena Theodoro

Helena Theodoro e Ivanir dos Santos. (FOTO | Rozangela Silva).

A indignação veio após a avaliação de sábado, 23/07, onde o PDT homologou a candidatura de Rodrigo Neves ao Governo do RJ, durante convenção realizada no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O evento também marcou a aliança da legenda do ex-prefeito de Niterói com o PSD, de Felipe Santa Cruz, que será vice na chapa. Durante o ato, Neves afirmou que o acordo entre os partidos pode ser considerado uma ponte para a vitória.

Mas o convenção provocou um desconforto nos movimentos negros e sociais. E desde ontem as redes sociais vem reverberando opiniões. Principalmente pelo fato de ter sido ignorada a pré-candidatura do Dr. Prof. Babalawô Ivanir dos Santos, considerado por muito, e põe muito nisso, como um legítimo representante do movimento negro. Sendo ele uma liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, há 40 anos na luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ainda mais depois de sua filiação ao PDT e a pré-candidatura ao Senado Federal pelo PDT do Rio de Janeiro. O ato foi realizado na sede da Fundação Leonel Brizola, em 1/04, assim como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ - em 28/07. Com a presença de lideranças sociais e políticas, além de apoios declarados de diferentes partidos

Vale dar uma conferida no questionamento da baluarte Helena Theodoro 

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ

Por Helena Theodoro

Dia 23 de julho de 2022, dia marcado para a Convenção Estadual do PDT do Rio de Janeiro. Muita emoção e expectativa de minha parte por ser minha primeira convenção como filiada ao partido. Como mulher preta militante pude acompanhar os progressos deste partido, que embalaram meus sonhos de construção de um Brasil democrático e inclusivo. Vivi a alegria de ver a amiga Dra. Edialeda do Nascimento, uma das fundadoras do PDT, com quem pude estar lado a lado em 1988, na Serra da Barriga, juntamente com Lélia Gonzales e Abdias do Nascimento, se tornar a primeira mulher negra representante da Secretaria de Estado da Promoção Social do Rio de Janeiro no governo Leonel Brizola, que possibilitou conquistas de mulheres negras em diferentes espaços políticos e institucionais. Assim sendo, não posso entender o que ocorreu nesta convenção de hoje, quando se ignorou um candidato como o Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, lídimo representante do movimento negro e liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, além de um dos mais significativos líderes da luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ter uma pré-candidatura como a de Ivanir dos Santos, que lotou a sede do partido em sua primeira apresentação, bem como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ ainda não homologada, é muito estranho! Será que a classe política não quer negros no Senado?

Convenção do PDT. (FOTO | Rozangela Silva).


Será que o PDT de Brizola, que teve Lélia Gonzalez abandonando o PT para se engajar no partido em função de suas propostas e aberturas políticas, mudou de rumo? O que está acontecendo com a direção proposta pelo presidente que nos deu a esperança de representatividade legítima para a comunidade preta com a proposta de Ivanir no Senado? Não podemos mais aceitar que a cidadania da comunidade preta brasileira não seja respeitada. Tivemos uma participação efetiva na construção deste país em todos os setores, sendo aqueles que respondem pela arte, pela musicalidade, pela lavoura, pela educação, enfim, somos a maioria do povo brasileiro que trabalha e produz! Olhar a foto dos candidatos a deputados e demais componentes do partido sentados ao lado do presidente Carlos Lupi e ver o pré-candidato do povo preto em pé, na fila de trás, numa convenção que deveria ser de sua homologação como candidato ao Senado, nos deixa preocupada e perplexa. Acreditamos que os pensamentos autoritários e hierárquicos colocados por Kant e outros filósofos europeus no início do século passado tivessem sido alijados em grande parte de nossas lideranças, mas parece que me enganei. O autoritarismo que considera o povo incapaz de ter soluções para seus problemas ou de possuir pensamentos mais complexos, necessitando sempre de uma tutela de outro grupo vindo de outro lugar que não o seu por incompetência de pensamento e ação, não pode mais ser aceito. Participamos da construção da Constituição de 1988, a primeira constituição cidadã do Brasil e estabelecemos propostas para mulheres, jovens e crianças. Foram as mulheres negras brasileiras que fizeram em Beijin, junto com outras mulheres do mundo, propostas contra a violência e contra a fome em qualquer lugar do planeta.

Num partido como o PDT, de onde frutos incríveis para a melhoria da condição do povo brasileiro em todos os setores do país, possibilitaram a liderança de Leonel Brizola, não se pode permitir atuações como as que ocorreram nesta última convenção. Precisamos honrar a história do PDT e, para tanto, exigimos a candidatura de Ivanir dos Santos para o Senado Federal. Urge termos o fechamento de tal decisão.

O projeto de nação democrática não funciona com o racismo. O genocídio dos jovens negros não nos fará recuar, muito pelo contrário. Se a construção do projeto de nação brasileira não for com o povo preto, não será com ninguém. Nós não vamos recuar.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva, assessora de Imprensa.

Maria Gal entrevista Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos

Ivanir dos Santos. (FOTO/ Divulgação).

A coluna faz uma reflexão sobre a presença e visibilidade de pessoas negras no audiovisual.

“Tenho a coluna há um tempo na Vogue Gente. E de um tempo para cá optei em fazer também entrevistas na coluna. E pela primeira vez entrevistei o Babalawô e professor Ivanir dos Santos, o que foi uma honra. É muito importante ouvirmos quem veio antes de nós. A troca e aprendizado de poder conversar sobre a presença do negro no audiovisual brasileiro desde o início da TV. Tenho certeza que esta entrevista trará muita reflexão”, atesta Maria Gal.

Para o Prof. Ivanir dos Santos: “Temos muito o que falar, nossa representativa precisa ser contada, mas da forma correta. Com narrativas qualitativas, feitos e pensamentos transformadores para a sociedade”, atestou Ivanir.

A atriz Maria Gal é também apresentadora, palestrante, criadora de conteúdo e produtora. Já se apresentou no Brasil e no exterior, com prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema, em Madrid. Com passagens por diversas emissoras é colunista de diversidade na VOGUE e produz para cinema/TV e mídias digitais conteúdos que têm sinergia com a temática racial e feminina, através de sua produtora "Maria Produtora".

Seu entrevistado, atua há 40 anos em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades contra o racismo e a intolerância religiosa, Ivanir dos Santos recebeu o prêmio International Religious Freedom (IRF), em julho de 2019.

Entregue pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. Foi o único líder religioso do Ocidente a ser premiado. Ao olhar para a trajetória de vida e militância, dentro e fora da esfera social, cultural, religiosa, política e acadêmica, o seu nome desponta como uma referência. É interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). Pós-doutorando em História Comparada pela UFRJ (PPGHC/UFRJ). Coordenador de área de pesquisa no Laboratório de História das Experiências Religiosas da UFRJ (LHER). Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN). Conselheiro Estratégia do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), entre outros.

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Texto encaminhado ao Blog por Rozângela Silva, Assessora de Imprensa.