Fase aguda da pandemia pode acabar em 2022 se 70% do mundo estiver vacinado

 

Tedros Adhanom Ghebreyesus. Foto: Denis Balibouse / Reuters

Nossa expectativa é do fim da fase aguda da pandemia este ano, desde que 70% da população mundial seja vacinada até o meio do ano, por volta de junho, ou julho”.

A declaração é do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, à imprensa, durante visita à África do Sul. “Está em nossas mãos. É uma questão de decisão” , afirmou na sexta-feira (11).

Na média mundial, 62% da população recebeu ao menos uma dose. Nos Estados Unidos são 76% e na União Europeia, 75%. O Brasil tem mais de 80%. Já no continente africano há meros 17% de vacinados.

O chefe da OMS estava visitando os laboratórios da empresa de biotecnologia Afrigen, com sede na Cidade do Cabo, que fabricou a primeira vacina de RNA mensageiro contra a Covid-19 na África. O projeto Afigen é apoiado pela OMS e pelo mecanismo Covax de acesso a vacinas e está desenvolvendo uma vacina que não exija o congelamento imprescindível para preservar os imunizantes da Moderna e da Pfizer, portanto mais adaptável à realidade dos países da África.

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Com informações da AFP e da Mídia Ninja.

TSE e redes sociais firmam acordo para combater fake news nas eleições

 

(FOTO/ CC0/Domínio Público).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e plataformas de redes sociais assinaram, nesta terça-feira (15), acordo com para combater a disseminação de fake news durante as eleições de outubro. Participam do compromisso o Google, WhatsApp, Facebook, Instagram, YouTube, Twitter, TikTok e Kwai.

Os memorandos, que fazem parte do Programa de Enfrentamento à Desinformação, iniciativa instituída pelo Tribunal em 2019, listam as ações, medidas e projetos que serão desenvolvidos em conjunto pela Corte Eleitoral e por cada plataforma, conforme as respectivas características, funcionalidades e público-alvo. Por meio desse acordo, todas as plataformas se comprometem a priorizar informações oficiais como forma de mitigar o impacto nocivo das fake news ao processo eleitoral brasileiro.

As medidas, apesar de voltadas para o período eleitoral, devem valer até 31 de dezembro. O TSE informou que os termos de cooperação pactuados com as organizações não envolvem troca de recursos financeiros e não acarretam qualquer custo ao tribunal.

Nosso objetivo é desenvolver ações para coibir e também neutralizar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições deste ano. Paz e segurança nas eleições de 2022. Por isso, juntos, mais uma vez, vamos realizar, como sempre temos feito, eleições limpas, livres e seguras”, afirmou o vice-presidente do TSE, ministro Edson Fachin.

Redes sociais e fake news

No evento on-line, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que parcerias firmadas não impedem que novas ferramentas sejam a ser agregadas no futuro. De acordo com ele, há uma preocupação em preservar um ambiente de “debate livre, amplo, robusto, mas que preserve regras mínimas de legalidade, e de civilidade”. “Portanto, estamos empenhados em combater o ódio, a criminalidade difundida online e teorias conspiratórias de ataque às democracias. É impossível exagerar no mundo contemporâneo a importância que assumiram as mídias digitais. E consequentemente é impossível exagerar a importância de uma parceria como esta que estamos aqui celebrando”, disse Barroso.

Nas medidas que serão entabuladas pelo WhatsApp, há a previsão de que o TSE tenha um canal direto para se comunicar com os eleitores, além de um canal de denúncias contra disparos em massa. “Com o WhatsApp, por exemplo, teremos um canal de comunicação para a denúncia de uma prática que queremos repelir, que são os disparos em massa ilegais vedados pela legislação. Nós conseguimos avançar com ferramentas que ajudam o TSE e as plataformas a servirem melhor à democracia brasileira”, detalhou o magistrado.

Após a fala de Barroso, representantes das redes sociais anunciaram algumas medidas que serão adotadas. Natália Paiva, líder de políticas públicas do Instagram, afirma que, para reduzir as desinformações, será aprofundada uma parceria com agências de checagem. “Além disso, vamos ter um canal de denúncia dedicado ao TSE, com parte do trabalho colaborativo. Os conteúdos serão analisados pela nossa equipe e, se violarem as políticas da plataforma, serão removidos”, acrescentou.

Wanderley Mariz, diretor do aplicativo de vídeos curtos Kwai, disse que a desinformação é “um risco aos valores da sociedade, além da democracia”. “A tentativa de desacreditar o processo eleitoral e o direito ao voto são exemplos disso. Por isso, fazemos questão de somar nesse processo e desenvolver um conjunto de ações. Esse enfrentamento precisa ser um esforço permanente das plataformas contra a disseminação de informações falsas. Nós protegemos a liberdade de expressão, mas não toleramos informações enganosas e que prejudicam a democracia”, alertou.

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Com informações da RBA.

Avesso do milho

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista

A casa estava vazia, algo corriqueiro para quem mora só. A rede balançava no quarto, luzes apagadas, ainda era dia, o quarto tinha que ter o aconchego do escuro e uma bandeja imensa de pipoca. Quando inventaram a pipoca, a televisão era improvável de existir. Tantas coisas são improváveis, até que existam.

Pipoca por exemplo, só existe, porque inventaram uma forma de pipocar o milho. É com a quentura que o milho se avessa e o amarelo se torna branco.  Isso parece óbvio, quem disse o óbvio era desnecessário? Só temos o óbvio, a partir da descoberta, obviamente. 

Na tela do computador procurava descobrir algo novo, quase tudo era desconhecido. Era como o milho, antes da descoberta da sua junção com a quentura.

Filme escolhido, depois uma série de dúvidas. Entre risos, lágrimas e duas bandejas com pipocas, aquele filme não parecia ser real, era do tipo mentiroso. Tem mentiras que só vivem por desconhecer a verdade.

Era muito estranho, cada cena e sem intervalos, do início ao fim, apareciam multidões desmascaradas, abraços apertados, distribuição de beijos e conversas ao pé do ouvido. Sem nenhuma máscara, não era o sinal dos novos tempos. Já não se sabia de que tempo era aquele filme, muito menos qual era o filme do futuro.

O filme acaba. A única coisa que sobrou foi a descoberta da pipoca.  

Caso Monark: por que Alemanha e outros países proíbem o nazismo?

 

Em podcast, apresentador Monark disse que deveria haver um 'partido nazista reconhecido pela lei'. (FOTO/ Divulgação).

Ao argumentar que foi um "erro" a criminalização do nazismo pela Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) tocou em um dos maiores desafios para as democracias liberais contemporâneas: qual a linha que separa a liberdade de expressão e a apologia ao crime? Quando a garantia à liberdade de expressão de um grupo representa dar-lhes os instrumentos democráticos para destruir a própria democracia? Por que, afinal, a Alemanha, um dos países mais democráticos do mundo, criminaliza até hoje o discurso nazista?

A fala de Kim Kataguiri - que em janeiro anunciou que se filiará ao Podemos - aconteceu na última segunda-feira (7/2), durante a participação do integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) no programa de podcast Flow, conduzido pelo apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark.

"O que eu defendo, e acredito que o Monark também defenda, é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco o que o sujeito defenda, isso não deve ser crime porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória é você dando luz àquela ideia, pra que aquela ideia seja rechaçada socialmente", disse Kataguiri no podcast.

No mesmo programa, Monark afirmou que "deveria existir um partido nazista legalizado no Brasil" e que "se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser anti-judeu".

O 'falso' paradoxo da liberdade

Nesta terça (8/1), o apresentador disse que estava "muito bêbado" durante o podcast e se desculpou pelas palavras. Afirmou que foi "insensível" e que pareceu defender "coisas abomináveis" quando na verdade queria argumentar a favor da liberdade de expressão. O podcast Flow anunciou que Monark havia sido retirado da apresentação da atração e deixado a sociedade que gerencia o produto.

Alguns anunciantes do programa, que tem quase 4 milhões de inscritos no Youtube, divulgaram que romperiam seus contratos com o Flow. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou, em nota, "a defesa da existência de um partido nazista" e até a Embaixada da Alemanha no Brasil soltou nota em que afirmou que "defender o nazismo não é liberdade de expressão".

Um dia após o episódio, a Procuradoria Geral da República abriu investigação contra Kataguiri e Monark por eventual crime de apologia ao nazismo. No Brasil, divulgar o nazismo pode resultar em pena de 2 a 5 anos de cadeia e pagamento de multa.

O deputado federal foi às redes sociais argumentar que sua defesa era da liberdade de expressão e não do nazismo. Em nota, afirmou que vai "colaborar com as investigações pois meu discurso foi absolutamente anti-nazista, não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que as atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente".

Especialistas em democracia e fascismo ouvidos pela BBC News Brasil, no entanto, veem no argumento pró-liberdade de expressão absoluta de Kataguiri e Monark um falso - e perigoso - paradoxo.

"Uma ideia que tem circulado cada vez mais é a de que numa democracia as pessoas devem ter o direito a expressar e fazer coisas que destruam a própria democracia", afirma o historiador Federico Finchelstein, especialista em fascismo da New School, em Nova York.

Finchelstein apela para uma metáfora futebolística para explicar por que a lógica de Kataguiri e Monark é incorreta.

"Imagine que a democracia é um jogo de futebol, com todas as regras do jogo, como só jogar com os pés. Todos podem jogar, desde que sigam as regras. Ao defender que alguns têm o direito de expressar e aplicar ideias que destroem a democracia, essas pessoas estão dizendo que parte dos jogadores vai jogar futebol com a mão, o que destrói o jogo. É algo perigoso e típico do fascismo, uma manipulação para causar confusão com a noção de liberdade, como se a liberdade na democracia incluísse ser livre para contaminar os outros, para eliminar grupos sociais, para cassar vozes alheias", diz Finchelstein.

O suposto paradoxo da democracia - de garantir liberdades que podem destruir a própria democracia - não é uma ideia nova na filosofia e na política. Em 1945, o filósofo liberal Karl Popper publicava o seu "A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos", escrito ainda durante a Segunda Guerra Mundial. Na obra, ele afirma que "a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles".

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Clique aqui e confira a integra do texto na BBC News Brasil.

PSOL cria comissão com Boulos, Talíria e Juliano para negociar frente com Lula

 

Lula e Boulos: Psol vai debater programa de governo para aliança nas eleições - ©Nelson Almeida/AFP

O PSOL definiu nesta sexta-feira (11) a formação de uma comissão que irá negociar com o ex-presidente Lula (PT) o programa de governo que será apresentado nas eleições de outubro. O partido avalia a composição com o ex-presidente, mas possui alguns pontos chave para formalizar esse apoio já no primeiro turno.

O PSOL assume como sua principal e mais urgente tarefa a derrota de Bolsonaro. Durante seu governo, lutamos pelo impeachment e por uma frente das esquerdas que pudesse convocar mobilizações unitárias pelo ‘Fora Bolsonaro'”, afirma o partido em nota divulgada após a reunião da Executiva Nacional.

Sabemos que Bolsonaro não está vencido e tampouco deve ser considerado carta fora do baralho nas eleições de 2022. Por isso, a necessidade de unidade das esquerdas mantém-se imperativa, inclusive nas eleições presidenciais deste ano”, aponta o PSOL.

Com isso, o partido definiu a formação de uma comissão para dar início às negociações formais com o PT. Esse grupo contará com Juliano Medeiros, presidente da legenda, com o líder do MTST, Guilherme Boulos, e com a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Vencer as eleições é só o primeiro passo. Além disso, precisaremos de um programa que derrote, ao mesmo tempo, o neoliberalismo e a extrema-direita. Para ser implementado, esse programa enfrentará a resistência de setores poderosos, o que vai exigir disposição para o conflito e a mobilização popular”, afirma Medeiros.

Os principais itens programáticos aprovados para basear as negociações com o PT e apoio à candidatura de Lula foram o apoio à revogação das medidas implementadas após o golpe de 2016 (reforma trabalhista, reforma da previdência e Teto de Gastos); o enfrentamento à crise climática com medidas para financiar a transição energética, defesa de um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia, desmatamento zero, garantia de direitos aos povos indígenas, tradicionais e quilombolas; e a proposição de uma reforma tributária que diminua a taxação no consumo de bens essenciais e populares e foque na taxação de renda e propriedade, incluindo a criação de impostos dos super-ricos/bilionários.

Além dos pontos programáticos, o PSOL que discutir com o PT qual será seu papel na campanha de Lula, a composição da chapa e a busca por uma frente de esquerda.

Na resolução, o partido reforça sua posição contrária à composição de chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin na vice e ainda critica uma posição aliança com o PSD de Gilberto Kassab. “PSOL defende a formação de uma frente das esquerdas, composta pelos partidos, movimentos e lideranças que têm enfrentado o governo Bolsonaro, foram contra o golpe parlamentar e lutam pela ampliação de direitos do povo trabalhador. Por isso reiteremos nossa posição contrária à formação de uma chapa que admita a presença de lideranças como Geraldo Alckmin e partidos como o PSD, por seu histórico de sustentação às medidas adotadas nos governos Temer e Bolsonaro, não são aliados de um programa que enfrente o neoliberalismo e supere o legado do golpe”, afirma.

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Com informações do Brasil de Fato.

Iraicsa Unias: “Uma mulher negra, pobre e de uma cidade pequena pode conquistar um título de beleza”

 

Iraicsa Unias. Look preliminar usado na premiação. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais de Iraicsa).

Por Nicolau Neto, editor

Com duas faixas no peito e um misto de emoções e de dever cumprido. Foi assim que a universitária do curso de História Iraicsa Unias voltou para seu torrão natal, a cidade de Altaneira, no cariri cearense, depois de participar em Fortaleza da premiação “Miss Ceará Terra 2022” no início deste mês.

Em entrevista ao Blog Negro Nicolau, Iraicsa - que também participa de concursos de modelo – falou sobre como recebeu o convite e quais as razões que a levaram à aceita-lo. “Eu recebi um convite da coordenação do Miss Ceará Earth em Julho de 2021, já conhecia a franquia pois participei do Miss cariri em 2019”, disse ela. Mesmo já tendo participado de eventos dessa natureza, ela conta que recebeu com surpresa, pois, “representar uma cidade requer muita responsabilidade, então, me sentei com minha família, falei sobre o convite e decidimos que eu ia participar”, complementou a universitária.

O Blog quis saber por que ela resolveu participar do evento e se o resultado foi uma surpresa pra ela. Iraicsa que já tem na conta o título de Miss Altaneira Earth 2021 + 3, conquistou esse mês os títulos de Miss Ceará Cosmo Word 2022 e Miss Multimídia dentro da premiação do Miss Ceará Terra. “Eu decidi participar porque era uma oportunidade de mostrar que uma mulher negra, pobre e de uma cidade pequena pode conquistar um título de beleza”, asseverou a jovem altaneirense.

Quanto ao resultado, ela o viu como uma surpresa. E explica afirmando que era “a única com poucos recursos e ter conseguido ficar em uma colocação que eu pudesse representar o Ceará em um concurso maior me deixou com uma mistura de sentimentos”.

Devemos tirar nossos sonhos do papel e colocá-los em prática, pois independente de suas origens você pode conquistar o mundo. Terá dificuldades no caminho, porém devemos erguer a cabeça e seguir em frente, pois os obstáculos sempre iram existir e você é mais forte do que eles, frisou ao responder o questionamento do Blog sobre que recado ela deixaria para quem quer participar de uma premiação como essa.

Quem é Iraicsa Unias?

Iraicsa Unias conquista duas faixas no Miss Ceará Terra 2022. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais de Iraicsa).

Segundo ela, é uma jovem sonhadora que quando quer uma coisa, não desiste fácil. “Levo comigo o ensinamento da minha mãe, avó e tia, por onde andar sempre ser humilde e tentar ver o lado bom das coisas”.

Acadêmica em história, técnica em redes de computadores e modelo, ela carrego consigo vários títulos durante a trajetória de passarela, a exemplo da Garota destaque 2020, Rainha das cabeleireiras em Assaré, Garota Comerciária Cariri-oeste, dentre outros. “Sou filha de agricultores, negra, do sítio e criada por três mulheres maravilhosas”, finalizou.

Escola Menezes Pimentel, em Potengi, ofertará ensino em tempo integral

 

Escola Menezes Pimentel, em Potengi, ofertará ensino em tempo integral. Imagem por ocasião do anúncio das novas escolas em tempo integral. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais).

Por Nicolau Neto, editor

Na última sexta-feira, 11/02, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), fez o anúncio da ampliação da rede pública de ensino em regime de tempo integral. Ao todo, 68 escolas do ensino médio passarão a ofertar a partir deste ano uma jornada mais prolongada. 60 destas são Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTIs) e 08 são Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs).

Segundo Camilo, a nova realidade permite que o Ceará ultrapasse a meta de 50% que era para ser atingida em 2020. Agora, o Estado já conta com 60% de sua rede de ensino em tempo integral.

Dentro desse contexto, está a Escola Menezes Pimentel, no município de Potengi, que passa a ser Escola de Ensino Médio em Tempo Integral. Uma semana antes do anúncio oficial, a escola reuniu pais e mães de estudantes para apresentar a proposta que contará com um currículo expandido com formação geral básica e os itinerários formativos (eletivas e projetos de vida) para alunos e alunas que estão chegando no ensino médio.

A reunião foi a primeira de forma presencial desde o início da pandemia e obedeceu todos os cuidados sanitários contra o contágio do vírus e foi mediada pela diretora em exercício Aila Simão e pelo coordenador pedagógico Roberto Cláudio e contou com a participação de professores e professoras da escola.

No encontro realizado no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, e que oficializou essa ampliação, a Menezes Pimentel foi representada por dois estudantes do 1º ano (José Carlos e Iasmin Nunes) e por Aila Simão, diretora em exercício. O prefeito Edson Veriato (PT) também se fez presente conforme imagem acima que ilustra esse texto.

A Menezes contará com três turmas de primeiro ano que já irão vivenciar essa nova realidade.

Já a 18ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 18) passará a contar agora com mais 4 escolas em tempo integral. Além da Menezes, terá o Santa Tereza (Altaneira), a Antônio Mota (Antonina do Norte) e o Teodorico Teles (Crato). Em todo o Ceará, já são 392 escolas com ensino expandido.

Veja também: Escola Santa Tereza, em Altaneira, funcionará em tempo integral

Desafios da cultura no Crato: Uma tarefa coletiva

 

Desafios da cultura do Crato. Na imagem, Raimundo José da Silva, mais conhecido como Raimundo Aniceto. (FOTO/ Samuel Macedo).

Por Alexandre Lucas, Colunista

O Crato tem grandes desafios a serem superados no âmbito das políticas públicas para a cultura. Não cabe aqui receitas pré-determinadas, até mesmo para não correr o risco desconsiderar os esforços e avanços, muito menos podemos desprezar os retrocessos, nem cair no simplismo que desconsidera as estruturas econômicas, políticas e burocráticas em que se contextualiza a gestão pública.

 A situação não é confortável. Não podemos analisar a situação do Crato, de forma localizada ou a partir do calor do momento. A conjuntura política nacional interfere diretamente no âmbito local. A extinção do Ministério da Cultura e a descontinuidade das políticas para cultura, em especial com o desmonte do Sistema Nacional de Cultura e do Cultura Viva apontam cenários de instabilidades, junto a essa gravidade vivenciamos uma crise sanitária que afeta diretamente o setor da economia da cultura. Mesmo diante deste caos, o setor teve  redução dos impactos econômicos, a partir de  ampla articulação política nacional que reuniu trabalhadores e trabalhadoras da cultura, gestores e parlamentares, o que   que resultou na aprovação da Lei Aldir Blanc, representando   descentralização de recursos com repasse  da união para estados e municípios, premissa prevista no  Sistema Nacional de Cultura, concomitantemente a isso impôs que os entes federados estruturarem minimamente, os seus mecanismos de gestão, tendo como norte, os Sistemas Municipais de Cultura. Se a Lei Aldir Blanc serviu como política emergencial, a Lei Aldir Blanc 2, se apresenta como política permanente e tramita em urgência na Câmara dos Deputados, juntamente com a Lei Paulo Gustavo que tem caráter mais momentâneo. Ambas são importantes para o enfrentamento da crise e têm efeitos diretos nos municípios.

A política estadual de cultura também teve reflexos no Crato, diversas foram as organizações que movimentaram a economia do Município neste período pandêmico, o que abrange uma cadeia que compreende profissionais, serviços e empresas dos mais diversos setores. A manutenção das atividades e dos espaços culturais são essenciais para o processo de resistência, acalento afetivo e comunitário.

No mesmo rumo, a gestão da cultura no Crato, apesar das críticas, a maioria relacionadas a burocratização, conseguiu desenvolver editais que abrem brechas para inclusão de novos atores no circuito estético, artístico e cultural do município. Isso possibilita também o aperfeiçoamento na política de editais, inclusive, no sentido de compreensão das demandas e particulares do setor cultural.        

Quando observamos por outro lado os equipamentos culturais do Município: Museus, bibliotecas, teatros, auditórios, escola de música, praças e outros espaços, podemos perceber precarização, necessidade de adequação e de mecanismos republicanos de ocupação. O que impõe restabelecer o seu uso em condições adequadas e vinculadas às práticas de ocupação contemporâneas dos equipamentos culturais que prevê editais de programações. Mas como fazer isso?  Essa resposta talvez não esteja diante de um olhar externo, mas que passa também por ele. As engrenagens do setor público são bem mais complexas, às vezes, a chamada “vontade política”, não é o único elemento realizador. As condições objetivas são sempre os elementos para serem considerados, como recursos disponíveis, equipe, compreensão política, capacidade de articulação, aspectos jurídicos e correlação de forças políticas.           

Por outro lado, o Crato tem dois grandes marcos legais, a Lei do Sistema Municipal de Cultura ( Lei 3.070, de 18 de dezembro de 2014) e a Lei Municipal do Cultura Viva ( Lei 3.799, de 30 de junho de 2021), importantes instrumentos jurídicos para pensar uma política estruturante para o município.  Não basta apenas ter os marcos legais, é preciso consolidar (“culturalizar”) enquanto política pública.

O Sistema Municipal de Cultura apresenta um conjunto de mecanismos que apontam para a necessidade de planejamento participativo a partir aspecto da diversidade e pluralidade cultural, estética e artística e a transversalidade da cultura, controle e participação social e garantia de recursos, a Lei do Cultura Viva, voltada para os Pontos de Cultura envereda na mesma perspectiva, resguardadas as suas peculiaridades.

Consolidar esses dois marcos legais, talvez seja o grande e o principal desafio, tendo em vista, que eles são responsáveis por atender a totalidade das demandas da gestão da política pública do Município.  Mas isso não acontece num toque de mágica! 

Neste sentido, é preciso colocar que os dois marcos legais colocam para a gestão pública dispositivos democráticos para execução da política pública, o que é um avanço, mas ao mesmo tempo, requer mais trabalho e inevitavelmente mais conflito.  Marcos legais que propõem participação e controle social, não estão isentos da contradição, do conflito, da disputa de narrativas e dos diálogos (quase impossível existe apenas diálogos). Romantizar a democracia como espaço apenas de diálogos é fugir da realidade, acolher  um lado da história e desconsiderar a dinâmica social (ou dialética).    

Neste sentido, o Sistema Municipal de Cultura e Cultura Viva é um avanço e ao mesmo tempo um pesadelo para os que têm descompromisso com a democracia, ou para aqueles, que desconhecem o seu significado político e acabam romantizando o seu conceito, principalmente numa sociedade antagônica, onde os conflitos são mais evidentes.    

No Crato, especificamente, os dois marcos legais, servem para desconstruir uma compreensão mofada, equivocada e elitizada que  é  eleger o município como “cidade da cultura” ou “capital da cultura”, historicamente essa compreensão só serviu para excluir as camadas populares do acesso à produção cultural, estética e artística e refletir um pensamento da elite econômica, tendo incidência ao longo dos anos nas políticas públicas para cultura. O Crato com os dois mais legais passar a ser reconhecido como “cidade das culturas”, a evidenciar a escavação de lugares, territórios e sujeitos soterrados pelos discursos estreitos de cultura e ao mesmo tempo evidencia a necessidade de construir uma engenharia complexa, delicada e estruturante de cidade, onde a cultura está na transversalidade e na centralidade da política pública.   

Quem disse que era fácil?  Existe uma intenção de construir essa engrenagem, estão sendo criados os espaços de escuta, ainda temos um longo caminho, talvez de poucos beijos e abraços, é bem possível que tenhamos fartura de dores de cabeças e lágrimas. É preciso insistir na consolidação do Sistema Municipal de Cultura e no Cultura Viva e ao mesmo tempo continuar defendendo a criação de um percentual mínimo de investimentos, no mínimo 2%  do orçamento do Município.             

Essa tarefa só pode ser coletiva, deve unir os mais diferentes sujeitos, as vozes mais discordantes, os desejos utópicos, as compreensões estruturantes e emancipatórias de sociedade. Esse é o desafio, construir no conflito.