17 de agosto de 2021

IV edição da Mostra do Brincar abordará psicologia histórico-cultural

 

Zoia Prestes. (FOTO/ Divulgação).

Referências nacionais da Pedagogia Histórico-Critica e da Psicologia Histórico-Cultural, como é o de Newton Duarte e Zoia Prestes farão parte da programação da IV edição da Mostra do Brincar realizada pelo Coletivo Camaradas, nos dias 26 e 27 de agosto. Esse ano a Mostra continuará sendo realizada em formato virtual.  Newton Duarte é autor de livros, capítulos de livros e artigos, publicados no Brasil e no exterior. Entre seus trabalhos destacam-se os livros: Sociedade do Conhecimento ou Sociedade das Ilusões? (2003); Vigotski e o Aprender a Aprender (2011, 5ª ed); A Individualidade Para Si (2013, 3ª ed.);  Os conteúdos escolares e a ressurreição dos mortos (2021, 2ª ed); Conhecimento Escolar e Luta de Classes: a pedagogia histórico-crítica contra a barbárie  (2021) em coautoria com Dermeval Saviani. Zoia  Prestes  desenvolve pesquisas na área de Educação, Psicologia e Desenvolvimento da criança com base na teoria histórico-cultural, tradutora do russo para o português, publicou o Livro Imaginação e Criação na Infância de Lev Vigotski, juntamente com Elizabeth Tunes. Zoia é fiha de  Luiz Carlos Prestes e de Maria Prestes, viveu exilada, durante a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964, com seus pais na União Soviética, foi em Moscou que fez sua graduação e mestrado em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou. 

Com o tema “O brincar na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural”, o evento visa promover o debate com os educadores, estudantes e pais, a partir do olhar do teórico marxista Lev Vigotski.  Importante teórico que aborda sobre o brincar, desenvolvimento e a formação humana de caráter emancipacionista. O evento tem como público alvo os professores da rede básica de ensino, estudantes das áreas afins, cuidadores e responsáveis por crianças.

A edição de 2020 teve como tema “O brincar e o direito à cidade”.

Esse ano, a mostra contará com duas conferencias: dia 26 de agosto, às 15h, Psicologia histórico-cultural e pedagogia histórico-crítica em tempos de barbárie, com professor Newton Duarte e mediação da professora Marteana Ferreira de Lima; no dia 27, às 15h,  L. S. Vigotski e o papel da brincadeira para o desenvolvimento infantil, com a professora Zoia Prestes e  mediação da professora Rebeca Baia.  

Serão produzidos vídeos curtos com falas de pedagogos sobre o brincar, além de vídeos com contação de histórias do Coletivo Narradores Cariri que deverão circular entre pais e educadores da rede ensino da região da Metropolitana do Cariri.

A Mostra era realizada no Território Criativo do Gesso e contava com oficinas e brincadeiras que envolviam as crianças da comunidade. Desde de 2020, devido a situação da Pandemia, o evento tem se dado de forma virtual.   

O evento faz parte das ações do projeto Território Criativo do Gesso, aprovado no edital de Prêmio Fomento Arte e Cultura do Ceará, da Secult/CE, através da Lei Aldir Blanc.

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Texto encaminhado à redação do Blog por Alexandre Lucas.

16 de agosto de 2021

I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares prorroga período para proposição de Grupos de Trabalho

(FOTO/ Reprodução / Facebook).

O I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares prorroga o período para proposição de Grupos de Trabalho (GT’s), até o dia 31 de agosto. O evento acontece de 6 a 9 de dezembro em formato virtual, com transmissão pelos canais da URCA e do Ipesc, na Plataforma YouTube. As inscrições podem ser realizadas através do siseventos.urca.br.

O evento é uma realização da Universidade Regional do Cariri (URCA), através do do Instituto de Pesquisa José Marrocos (Ipesc), em parceria com diversas instituições, como a Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

O simpósio tem seis eixos e oito mesas redondas. As abordagens estarão relacionadas a Saberes, vivências e ancestralidades: as artes do sagrado; Fazeres da artesania na teia da tradição; Poéticas populares do corpo e da voz: cantigas, performances e brincadeiras; Narrativas: oral, impressa e cibernética; Cultura popular na formação humana, no cotidiano escolar e nas universidades; e Patrimonialização da Chapada do Araripe, Araripe Geopark e Museus Orgânicos – iniciativas de salvaguarda do patrimônio natural e cultural.

Cada um dos eixos repercute em outros temas geradores que estarão representados em oito mesas redondas com temas como: A religiosidade popular e as artes do sagrado, Vivenciando a cultura popular tradicional: saberes, ofícios e os tesouros vivos”; Patrimônio cultural imaterial e estratégias de salvaguarda: os casos da Literatura de Cordel, da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha e da Xilogravura.

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Com informações do IPESC.

15 de agosto de 2021

Cimi avalia que ‘pelo menos 300 parlamentares são anti-indígenas’

 

Representantes dos povos indígenas se reúnem no Acampamento Levante da Terra, em junho, na luta contra o PL 490. (FOTO/ facebook.com/conselhoindigenistamissionario).

O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário, Eduardo de Oliveira, cita nomes e números relacionados a deputados e senadores eleitos com financiamento do agronegócio, além de apontar ministros e autoridades que promovem destruição da Amazônia e violências contra povos indígenas do país, representadas na atual conjuntura pela tramitação do Projeto de Lei 490 na Câmara Federal. Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), esse PL pretende abrir as terras indígenas para exploração econômica predatória e na prática inviabiliza demarcações.

Ilegalmente, integrantes das bancadas da bíblia, bala, mineradoras, empreiteiras e ruralistas estão dispostos a eliminar cláusulas pétreas da Constituição Federal – o termo retira o “poder constituinte reformador”, ou seja, proíbe parlamentares que compõem as sucessivas legislaturas de alterar o que somente poderia ser modificado se fosse promulgada uma nova Constituição – o que inclui direitos indígenas sobre territórios, organização social e tradições.

Sem diálogo

Parlamentares anti-indígenas rechaçam o diálogo com caciques, e responderam à sua presença na Câmara Federal com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha lançadas pela polícia legislativa, em 22 de junho. Expressão de arrogância, autoritarismo e desumanidade em favor da ganância sobre recursos naturais do povo brasileiro. Avançam garimpos, grilagens de terras públicas e ataques de morte contra índios. Presentes em Brasília desde o dia 8, os índios foram intimidados nos dias 8 e 9, pela Polícia Militar do Distrito Federal na tentativa de impedir o Acampamento Levante pela Terra (ALT), que permaneceu por três semanas ao lado do Teatro Nacional.

No dia 16 também enfrentaram policiais armados e bombas quando tentaram negociar com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier. Cerca de 850 homens, mulheres, velhos e crianças resistiram bravamente. Todos os dias cumpriram caminhadas de três quilômetros de ida em sol quente e mais três de volta, até o Congresso Nacional. Tarefa de guerreiros, com seus gritos de guerra, deveriam ser apenas os 70 Guarani e Kaingang chegados da região Sul para os protestos. Mas logo eles tiveram adesões de todas as regiões do país. Hoje, apenas líderes permanecem na capital, mas voltarão em massa em agosto para acompanhar julgamento decisivo que acontecerá no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira o texto completo.

“As cidades são espelhos das desigualdades”, por Joice Berth

 

Joice Berth. (FOTO/ Reprodução/ Instagram @joiceberth).

Com Joice Berth, arquiteta e urbanista e autora do livro O Que é Empoderamento?, o tema desta edição do Nosso Olhar são as formas de expressão do feminismo, as possibilidades de diálogos em diversas esferas sociais e os papéis das cidades na equidade de gênero.

Berth comenta sobre o despertar de seu entendimento sobre o feminismo, ainda na infância e dentro de casa. “Sempre tive muito contato com as mulheres. Minha mãe, durante um bom período, trabalhou como trancista em casa e muitas mulheres passavam por lá, então eu ouvia muitas histórias. Desde cedo eu tive a percepção de que existia um mundo diferente entre homens e mulheres, pelos próprios casos que eu via dentro e fora da minha família.

A arquiteta traz o tema para o lado profissional, desde o início de seus estudos universitários. “Como arquiteta eu me lembro que eu não estudei nada referente às mulheres na faculdade. Me lembro que a Lélia Gonzalez foi uma autora que me despertou para isso. Ela diz que se você não levar o seu ativismo para dentro da sua profissão, está fazendo alguma coisa errada. Então, essas ocorrências da vida foram me direcionando para esse caminho”, conta.

A conversa segue sobre a segurança das cidades e a importância do urbanismo para uma melhor qualidade de vida às mulheres.

“Em conversas, eu inicio perguntando ‘a cidade que tem gênero?’ E todo mundo fala que não, a cidade é um espaço livre que a gente pode transitar por todos os cantos. Mas não é bem assim, a percepção das pessoas com relação aos espaços da cidade precisam ser provocadas. A gente sabe que existe questões relacionadas ao assédio sexual nas ruas, no transporte público, mas isso é só uma a pontinha do iceberg que tá imerso em muitos outros problemas”, comenta Berth.

Para ela, a função dos arquitetos é fazer a ponte entre a sociedade e os profissionais da área. “Existe um limite da atuação do profissional de arquitetura e urbanismo, né? A gente não tem como dar conta de tudo, mas eu penso que se a gente conseguir efetivar o diálogo da sociedade com o profissional, a gente vai ganhar muito, né? E sobretudo se as mulheres estiverem tendo a as facilitadoras desse diálogo”.

As entrevistas do canal estão disponíveis na página do YouTube da Exame, com vídeos novos às quartas-feiras.

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Publicado originalmente no Exame e reproduzido no Geledés.

14 de agosto de 2021

"Fascistas não nos intimidam e não passarão jamais", diz governador Camilo Santana

 

Governador Camilo Santana (PT) se manifesta em defesa da democracia. (FOTO/ Thais Mesquita).

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), se manifestou neste sábado, 14, defendendo "a luta em defesa da democracia e da vida" como "melhor resposta para golpistas e negacionistas". "Ameaças e Fake News jamais irão suplantar as ações em favor da verdade e do respeito às instituições. São palavras ao vento. Fascistas não nos intimidam e não passarão jamais", escreveu.

O pronunciamento vem após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manifestar neste sábado, 24, a intenção de pedir no Senado Federal a abertura de um processo para investigar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Em postagens no Twitter, Bolsonaro argumenta que a instauração do processo estaria fundamentada no artigo 52 da Constituição Federal, que estabelece como competência privativa do Senado processar e julgar os ministros do STF por crimes de responsabilidade. O presidente é investigado em quatro inquéritos no STF e um no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Políticos reagem 

Em resposta a Bolsonaro, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembra que o inciso que antecede o citado pelo presidente garante a defesa da democracia, estabelecendo o cumprimento do "sufrágio universal, direto, secreto e maioria de votos" para eleição presidencial. "Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no 'Chico', que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o 'Francisco' habita o Inciso I, do mesmo endereço", escreveu a senadora no Twitter.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, pediu que Bolsonaro deixe de lado os "arroubos autoritários que serão repelidos pela democracia" e "vá trabalhar". "Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de covid-19! Vá Trabalhar", afirmou, na rede social.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse que o pedido do presidente não passa de outra "cortina de fumaça" para desviar o foco de suas ações. "Ministros do STF podem e devem ser investigados por fatos concretos, mas o tal pedido de impeachment que Bolsonaro pretende apresentar contra Barroso e Moraes é só mais uma cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio PR (Presidente da República) cometeu", escreveu, também na rede.

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Com informações da Agência Senado e do O Povo.

Biólogo relata ter sofrido racismo durante voo da Gol em que teve carrapato associado a seu cabelo

Biólogo Bruno Henrique denúncia ter sido vítima de racismo durante voo da Gol. (FOTO/ álbum da família).

O biólogo Bruno Henrique Dias Gomes, de 25 anos, relatou ter sido vítima de racismo durante um voo da Gol que seguia de Marabá (PA) para Brasília, no dia 7 de junho deste ano.

"Quando já estávamos voando, eu e a passageira ao lado sentimos algo no corpo. E aí apareceu no encosto de braço um carrapato." Ele disse ter chamado um comissário, que alegou ser impossível a situação relatada. Bruno colocou os fones e voltou a assistir a uma série. Foi quando um carrapato caiu na tela de seu celular. O comissário foi chamado de novo e levou o parasita. Momentos depois, um outro carrapato caiu no ombro da passageira sentada ao lado do biólogo:

- Aí já estava um burburinho danado. O pessoal de quatro, cinco fileiras à frente levantou e começou a falar: "é carrapato, é carrapato!". Nós levantamos o assento para procurar. E, então, nos ofereceram para trocar de lugar. A passageira que estava no meio trocou. Eu não quis trocar porque estava na poltrona do corredor que me acomoda melhor, pois tenho 1,96m. E no meio disso me falaram que os carrapatos poderiam ter vindo numa bagagem, no sapato de alguém. Que poderia até ter caído do meu cabelo.

Bruno foi para casa e contou ter feito uma queixa no site da Gol, no Reclame Aqui e no consumidor.gov.br. O biólogo disse que foram oferecidos R$ 500 para que tivesse "uma nova experiência com a Gol". Ele disse que esse nao era o foco da queixa e, sim, que a equipe fosse instruída melhor.

Ele dará encaminhamento no caso para registrar denúncia dos crimes de constrangimento e racismo.

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Com informações do O Globo e Mídia Ninja.

Novo Bolsa Família e minirreforma trabalhista atacam direitos de crianças e adolescentes

(FOTO/ Arquivo/ EBC).

Com a justificativa de facilitar a inserção de mães e pais no mercado de trabalho, o governo de Jair Bolsonaro incluiu na proposta de reformulação do Bolsa Família um vale-creche, para que as crianças sejam matriculadas em unidades privadas.

O vale-creche, cujo valor ainda não foi definido, será pago ao responsável pela criança de zero a 3 anos e 11 meses, que comprovar emprego formal ou atividade remunerada e inexistência de vaga na rede pública.

Para o professor da Faculdade de Educação da USP e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a proposta vai levar a uma redução ainda maior do investimento na abertura de creches e, no mesmo movimento, escoar dinheiro da educação para unidades privadas, de baixa qualidade, muitas vezes controladas por grupos políticos e religiosos que compõem a base de apoio do governo.

Ainda com a justificativa de criar empregos e combater a pobreza, o governo Bolsonaro conseguiu, nesta semana, a aprovação da Medida Provisória 1045, que entre outros ataques a direitos trabalhistas, promove um desmonte da Lei de Aprendizagem.

Essa lei determina que empresas de médio e grande porte contratem jovens aprendizes no equivalente de 5% a 15% de seu quadro de trabalhadores, garantindo a eles formação profissional e todos os direitos trabalhistas.

A MP cria o Regime Especial de Trabalho Incentivado, Qualificação e Inclusão Produtiva (Requip), voltado para jovens de 18 a 29 anos, cuja contratação não teria vínculo empregatício, direito a previdência, nem salário fixo.

 

Além disso, o texto aprovado na Câmara permite que a contratação de jovens em situação de vulnerabilidade social, como beneficiários de programas sociais e jovens cumprindo medidas socioeducativas, seja contabilizada na cota de aprendizagem.

A secretária-executiva do Fórum Nacional pela Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Oliveira, considera a proposta um dos maiores retrocessos já cometidos contra adolescentes e jovens no Brasil.

Isa aponta ainda que, ao possibilitar que os jovens em situação de vulnerabilidade sejam contratados como cota de aprendizagem, a MP limita muito as oportunidades de adolescentes de 14 a 17 anos conseguirem empregos com base na Lei de Aprendizagem.

O texto da MP aprovado na Câmara ainda deve ser analisado pelo Senado antes de virar lei. Já a revisão do Bolsa Família, com a criação do vale creche, ainda vai ser analisado pelos deputados.

Confira a reportagem completa, a coluna Plenos Poderes com o jornalista Rodrigo Vianna e todos os destaques do dia no áudio acima.

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Com informações do Brasil de Fato.

13 de agosto de 2021

Número de vagas reservadas para quilombolas em universidades é de 0,5%, diz estudo

(FOTO/ Reprodução/ UFCG).

As políticas de ação afirmativa para quilombolas nas universidades públicas são pouco impactantes em termos de vagas disponibilizadas. É o que diz o estudo elaborado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa). A análise identificou que as ações não constituem uma política nacional, pois estão concentradas em poucos estados, além disso seus processos seletivos são pouco divulgados, com regras difíceis de serem compreendidas pelos quilombolas.

O levantamento mostrou ainda que das 3.834.637 vagas ofertadas em 2019 nas universidades públicas brasileiras, apenas 2.035 foram reservadas para quilombolas. Ou seja, as vagas disponibilizadas para este grupo representam somente 0,53% do total.

Para o doutor em sociologia Jefferson Belarmino de Freitas, pesquisador que assina o estudo e subcoordenador do Gemaa, os pontos mais críticos levantados mostram que, em 2019, ano base da pesquisa, em termos proporcionais, a região que mais se destaca quanto à disponibilização de vagas aos quilombolas continua sendo a Norte, seguida de perto pela região Centro-Oeste.

“Nenhuma delas na região sudeste. Os quilombolas sempre simbolizaram resistência por movimentos negros, mas, concretamente, as universidades públicas absorveram pouco os quilombolas via ações afirmativas”, pondera Belarmino.

O doutor aponta ainda que muito da ação política voltada para quilombolas está relacionada a situações agrárias. Além disso, segundo ele, quando se fala de educação, o ponto forte é o ensino básico e pouco se fala sobre o acesso à universidade. “Essas questões são urgentes e demandam muita energia, o acesso dos quilombolas ao ensino superior pela via das ações afirmativas específicas acabou não ganhando muita força”, destaca.

Belarmino pondera ainda que outro ponto importante para o sucesso das ações afirmativas para quilombolas são os auxílios financeiros para que essas pessoas possam se manter na universidade. Sem esse respaldo, o sociólogo acredita que muitos podem abandonar os cursos, ou “sequer chegam a pleitear uma vaga - ou a assumi-la em caso de aprovação no processo seletivo. Isso é especialmente verdadeiro para os quilombolas que vivem em comunidades mais isoladas”, avalia.

Soluções para o futuro acadêmico dos quilombolas

A pesquisa é direcionada por algumas questões principais. Entre elas, os modelos de processos seletivos utilizados para o acesso dos quilombolas ao ensino público superior, que podem ser mais inclusivos se vagas específicas ou cotas forem adotadas pelas universidades.

“Esses processos seletivos direcionados são importantes porque tentam abarcar as desigualdades específicas que atacam o grupo. As comunidades quilombolas são heterogêneas, mas a questão do direito à terra, por exemplo, é uma bandeira política que as unifica”, pontua o pesquisador.

Belarmino, no entanto, destaca que os quilombolas na universidade quebram a ideia de um suposto universalismo do povo brasileiro, o que, para ele, é algo positivo. “Esse fato traz à tona a diversidade desse povo, que possui demandas sociais específicas em um país fortemente marcado pela desigualdade social. As universidades precisam estar preparadas para incorporar essa diversidade”, recomenda.

Como solução, o pesquisador coloca que as políticas específicas ainda se constituem enquanto casos isolados, portanto, precisam ser melhor divulgadas pelas próprias universidades, com regras melhor delimitadas. Desta forma, os quilombolas, considerados potenciais candidatos às vagas, poderiam usufruir desse direito.

“Definitivamente, do modo como essas ações afirmativas estão dispostas hoje nas universidades públicas não se constituem como uma política nacional. Os casos existentes partiram da abertura das próprias universidades, por intermédio de suas resoluções”, explica.

A participação popular e construção da sociedade também poderia contribuir para a melhora do acesso dos quilombolas à universidade. “Entender as ações afirmativas como um direito que tende a diminuir desigualdades historicamente construídas é um passo essencial para o amadurecimento da nossa democracia”, finaliza.

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Com informações do Alma Preta.