10 de outubro de 2014

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Vovô do Ilê


Fundador do primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, conhecido como Vovô, tem como principal preocupação resgatar e divulgar a cultura negra e lutar pelo combate ao preconceito. Desde a criação do bloco em 1981 dedica-se exclusivamente a sua administração.

Antes, fez cursos técnicos de Patologia Clínica e, depois, de Engenharia Eletromecânica. Entre 1976 e 1981, trabalhou no Polo Petroquímico da Bahia. Hoje, é responsável pelo Projeto de Extensão Pedagógica e pela Escola Profissionalizante do Ilê, que desenvolve ações comunitárias e pedagógicas no bairro da Liberdade, onde está concentrada a maior parte da população negra de Salvador.

Com o Ilê Aiyê teve a oportunidade de conhecer diversos países, levando a cultura afro-baiana para muitos lugares do mundo. Contudo Vovô, apelido que lhe foi dado desde os 9 anos de idade, revela-se um homem simples, batalhador, determinado em suas convicções e bastante apegado às suas origens. A prova está no carnaval onde o bloco se destaca por suas cores, trajes que relembram os ancestrais africanos, contando através das músicas e danças a história de um povo forte, guerreiro.

Filho de Mãe Hilda, Vovô se mostra sempre como um mestre de garra, otimismo e determinação. Em seu discurso, ressalta que é necessária atenção quanto as formas atuais de discriminação. “Antes criticava-se o cabelo de trança, a roupa, a atitude. Hoje os afrodescendentes tem dificuldade de encontrar emprego, porque algumas empresa querem pessoas de “boa aparência”, uma forma branda de preconceito.


9 de outubro de 2014

EEEP Wellington Belém promove debate sobre impactos tecnológicos no estilo de vida


A Escola de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, a partir da Disciplina de Educação Física, ministrada pelo Professor Jhon Wille, promoveu entre os dias 20 e 26 de setembro debate junto aos alunos que compõem os cursos técnicos em Redes de Computadores, Finanças, Agronegócio e Edificações.

Desde o despontar do século XXI, nossa sociedade tem e vem vivendo um aumento considerável dos avanços tecnológicos, acarretando em mudanças significativas na forma como nos comportamos e agimos. Note-se que são essas tecnologias que permite que tenhamos novas relações sociais, muitas vezes ensejando o afastamento das pessoas e desabrochando a formação em cada um, de um mundo particular, um isolamento social. São essas mesmas Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC que afetou e vem afetando nosso estilo de vida de várias maneiras e sob diversos ângulos”, destacou Jhon.

Ainda de acordo com o professor, a educação também é alvo desses avanços, na medida que as aulas tradicionais estão aos poucos coexistindo com a presença de datashows, notebook e demais adereços. “Sem falar do despontar da educação on-line”, argumentou ele. “Por isso julgamos salutar inserir os alunos nesse debate. Acreditamos, outrossim, que é a partir da promoção de debate sobre temas importantes e poucos discutíveis que contribuiremos na educação de alunos e alunas que possam se tornar, de fato e de direito cidadãos formadores de opinião, sendo capazes de intervir de forma positiva no meio em que convivem”, frisou.

Alunos do curso de Redes de Computadores em roda de
conversa antes do debate.
O debate foi estruturado em forma de assembleias onde havia os mediadores, os que defendiam que os avanços tecnológicos influenciam de forma positiva na sociedade, assim como também aqueles que argumentaram sobre o poder de destruição e dependência (se não bem usado) das TICs.

A interdisciplinaridade marcou o debate, na medida em que a cada argumento do alunado se percebia que eles perpassaram por conceitos históricos, sociológicos, filosóficos, geográficos, biológicos, matemáticos e até mesmo na área da saúde. A área proporcionadora do debate foi contemplada além de outros fatores como aqueles que coloca em xeque os efeitos positivos e negativos da tecnologia nas atividades físicas.

Os discentes foram norteados por intermédio dos eixos temáticos “Doenças da Modernidade”, “Impactos das Novas Tecnologias no Meio Ambiente” e “Atividades Física e o Estilo de Vida”. 




























Carta para Marina Poema, Marina Má


Marina,

sei que fui rude , disse coisas no calor da emoção, te acusei de não ter personalidade própria e peguei pesado.

Justo com você, tão magrinha, tão frágil, delicada, com aquela voz que vai sumindo antes do fim da frase, que meio que irrita, que meio que vai dando uma angústia, que meio que desaparece no vento…

Sei que antes, antigamente, no século passado da última semana, eu não queria te ver nem pintada de verde.

Só que o mundo da voltas. Pelo menos duas. E nesta segunda volta, eu te quero do meu lado.

Fica comigo, Marina.

Que besta que eu era.

Aonde eu tava com a cabeça quando disse aquelas besteiras sobre você? Qual o problema de ter uma amiga banqueira? Nenhum! (Aliás, me apresenta…) Se suas convicções religiosas são ultrapassadas? Jamais! Quem disse? Se for alguém que trabalha comigo, demito amanhã.

Como diria minha vó, religião, futebol, casamento gay e independência do Banco Central são assuntos que a gente não deve discutir. Pra quê? Bobeira, né…

Eu mudei, Marina. Acredite em mim! Sabe aquelas discordâncias todas, aquelas diferenças que eu insistia em jogar na sua cara? Lembra? Hahaha! Não existem mais. Me aproximei muito das suas ideias e ideais desde domingo a noite. Sei lá, me deu um estalo, caiu a ficha, amadureci, me apaixonei.

Vamos fazer uma aliança. Vamos dançar uma dança Pataxó. Sobe no meu palanque, me dá a sua mão, vamos caminhar juntos, lado a lado, até o ponto mais alto do palácio. Na esplanada, o pôr-do-sol é lindo, Marina.

A partir de agora, eu estou 100% fechado com você. Se eu quero algo em troca? Nada. Não acredito em relações que começam a assim. Não sou pelo tomá lá da cá. Agora, se de coração aberto, você vier com 15, 10% da sua força, já me dou por satisfeito, já vai ser um privilégio.

Eu sei, eu sei, você precisa me conhecer melhor. Posso te mandar o meu programa? Eu tenho um - e foi impresso com papel reciclado, viu. Sempre fui uma pessoa sustentável, ecologicamente correta e tenho sangue índio correndo nestas veias europeias.
Má…

Posso te chamar de Má, não é?

O que passou é passado. Disse o que disse da boca pra fora. Foi influência do pessoal do marketing, do pessoal que só pensa em ganhar, ganhar e ganhar. Cansei disso, Má. Só quero sua amizade, ouvir seus conselhos e te dar um ministério importante e vistoso.

Acho até que os meus ataques contra você tinham um fundo psicológico. É que você me lembra muito uma professorinha que eu tive no primário, uma que sofreu pra me ensinar matemática e me colocava de castigo dia sim, dia não. Eu olhava pra você e voltava, imediatamente, para os meus dias de criança. Coisa louca, né…

Vou te contar um segredo: meus amigos te adoram. E eu, eu, me desculpe a ousadia, mas eu te amo! Sempre te amei!

Preciso do seu apoio, do seu carinho, da sua Rede Sustentabilidade balançando na minha varanda.

Sem essa de ficar neutra. Neutralidade é para os fracos. E você, Marina, Marina Morena, Marina Poema, Marina Maravilha, Marina Razão da Minha Vida, Marina Simplesmente Silva, você é uma força da natureza.

A gente não tem muito o que pensar. Outubro passa voando. Diz que está do meu lado, diz agora, diz que aceita o meu pedido de desculpas, diz que gosta de mim, pede para os que gostam de você, gostarem de mim também. Diz agora, diz agora pra não se arrepender por quatro anos.

Má, nem pense em olhar para o outro lado.

Te peço de joelhos.

A outra turma só quer o seu corpo. O povo de lá não liga no dia seguinte. Não sabem nada do amor. Mais amor, por favor!

Marina, você é o meu número. E o meu número você sabe qual é, não é?

Via Yahoo.com.blog

Grupo de Oposição em Altaneira ainda não se manifestou sobre resultado das eleições


O prefeito de Altaneira, Delvamberto Soares (Pros) lançou na última segunda-feira, 06 de outubro em seu perfil da rede social facebook nota em que agradece aos altaneirenses pelo resultado positivo de seus candidatos nessa eleição.

Na nota o prefeito afirma que o fato de seus candidatos a deputados, senador, governador e presidente terem tirado uma “expressiva votação” demonstra que o trabalho desenvolvido frente o município está sendo bem visto pelos munícipes. “Mais uma vez venho agradecer a todos os altaneirenses por mais essa expressiva votação que obtemos em nosso município com vitória de todos os nossos candidatos, isso vem mostrar que estamos no caminho certo, que o povo sabe reconhecer o trabalho de toda essa equipe que faz o Governo Municipal”, disse.


Delvamberto ainda usou a nota para alfinetar o grupo que ora faz oposição ao governo, frisando que não necessita se utilizar de falsas promessas, pregar calúnias ou mudar de postura para atingir os objetivos.  E disse ainda “passou à fase dos demagogos, falsos, caluniadores e dos profissionais que querem fazer da política uma profissão, estamos dando uma cara nova ao nosso município como também criando e dando a oportunidade de surgir novas lideranças, e isso com toda transparência, verdade e mais, realizando uma grande gestão voltada totalmente aos interesses do coletivo...”

Vereadores Zuleide, Adeilton e Genival ao lodo do postulante
ao palácio da abolição Eunício Oliveira (PMDB).
Foto recolhida no facebook.
Até o fechamento desse artigo o grupo de oposição ainda não havia se posicionado sobre as palavras do prefeito e tão pouco se manifestado sobre o resultado das eleições no município.  Esperava-se que isso viesse a ocorrer na terça-feira, 07, quando se deu a realização da sessão ordinária. Mas nada foi publicado no portal da câmara sobre o fato supracitado e, se quer, ouve o tradicional "tema livre", segundo o jurista Raimundo Soares Filho.

Dos candidatos apoiados pelo grupo oposicionista liderado pelo ex-prefeito Antonio Dorival e pelos edis professor Adeilton, Gilson Cruz, Zuleide Ferreira e Genival Ponciano apenas o Júlio Cesar se saiu vitorioso dentre das dependências municipal. 

8 de outubro de 2014

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Ubirajara Fidalgo


Ubirajara Fidalgo da Silva, (São Pedro, Caxias, Maranhão), (22 de Julho de 1949) – Rio de Janeiro, (3 de Julho de 1986), foi um ator, dramaturgo, produtor, empresário, apresentador de TV e diretor de teatro brasileiro.

Foi uma das grandes figuras emblemáticas do Movimento Negro no Brasil nas décadas de 1970 e 1980 e fundador do Teatro Profissional do Negro, o TEPRON, ao lado de sua companheira, Alzira Fidalgo, que aliou a montagem de textos teatrais tradicionais às questões relevantes ao racismo e discriminação no Brasil contemporâneo. Foi pioneiro ao levar aos palcos debates políticos de cunho social com a participação e interatividade do público além de ter sido precursor na inclusão de atores de periferias e favelas em uma cia de teatro profissional, através da promoção de oficinas e workshops profissionalizantes. 

Teatro Profissional do Negro

No ano de 1968 aos 18 anos muda-se para o Rio de Janeiro e no ano de 1970 encena no Teatro Thereza Rachel o espetáculo Otelo de William Shakespeare como diretor e ator principal. Otelo foi a primeira montagem do TEPRON, Teatro Profissional do Negro, cujas encenações posteriores foram os espetáculos "A Boneca da Lapa", a peça infantil Os Gazeteiros, entre outros. A filosofia do TEPRON era a encenação de textos de Fidalgo relacionados às questões políticas e sociais e principalmente à problemática e os conflitos do negro na sociedade brasileira. O TEPRON passa a realizar oficinas de interpretação itinerantes buscando formar uma unidade como grupo pautada na questão social, atuando principalmente com alunos de comunidades carentes e periferias junto com um elenco de atores profissionais. O conceito era profissionalizar pessoas dessas camadas sociais e inseri-las no contexto artístico e político das peças da companhia. No início dos anos 1980, com a primeira montagem do monólogo "Desfulga", Fidalgo amplia ainda mais o leque político de suas encenações ao oferecer, após cada espetáculo, um debate entre ele, ilustres convidados e o público, debates esses que visavam um questionamento mais profundo acerca de assuntos sueridos pelos textos de Fidalgo o que logo chamou a atenção de políticos, artistas, pesquisadores, ativistas sociais e estudantes além de vários grupos do Movimento Negro e de outros grupos minoritários. O racísmo, o preconceito, a homofobia, a misoginia,a desigualde social e a então ditadura militar eram assuntos amplamente abordados nos debates pós-peça que percorreu teatros e ocupações da cidade. Com o TEPRON Fidalgo chegou a encenar ao mesmo tempo três peças, ("Desfulga", "Fala Pra Eles Elisabete" e a infantil "Os Gazeteiros") que ficaram três anos em cartaz.

Militância: 1975 – 1982

Em 1975, Ubirajara Fidalgo, junto com outros, é um dos principais articuladores da fundação, no Rio de Janeiro, do Instituto de Pesquisa e Cultura Negra (IPCN), organização de relevância no quadro do movimento social negro e cuja manutenção devia-se à contribuição de centenas de sócios. Uma das poucas entidades do gênero a ter sede própria, passou a enfrentar problemas financeiros no fim dos anos 1980, tendo de fechar as portas subsequentemente. Posteriormente ao lado do professor, jornalista e pesquisador das raízes históricas brasileiras, Joel Rufino dos Santos, se engaja na criação da ACAAN (Associação Cultural de Apoio as Artes Negras).

Última encenação

Seu último trabalho em vida foi no ano de 1985 com a encenação da peça "Tuti", no Teatro Calouste Gulbenkian, hoje Centro de Artes Calouste Gulbenkian. A peça ficou um ano em cartaz e Fidalgo assumiu as funções de diretor e coprodutor. A peça foi reencenada 13 anos mais tarde no Teatro Sesc Copacabana com os atores Déo Garcez,Jorge Maya, Jalusa Barcellos e Carla Costa e direção de Cyrano Rosalém, tendo sido um dos primeiros projetos culturais a percorrer o circuito das Lonas Culturais no estado do Rio de Janeiro.

Filosofia do Tepron

A filosofia do T.E.P.R.O.N era a encenação de textos relacionados às questões políticas e sociais e principalmente à problemática e os conflitos do negro na sociedade brasileira. O TEPRON foi a primeira companhia teatral afro-brasileira do Rio de Janeiro e a segunda do Brasil, depois do Teatro Experimental do Negro (TEN) fundada por Abdias do Nascimento.

Morte

Ubirajara Fidalgo faleceu aos 37 anos na manhã do dia 3 de julho, no hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, poucos meses após ter recebido um transplante de rins. Vitima de um acidente de carro da infância Fidalgo sofria desde então de insuficiência renal.

Peças de Teatro
1975 - A Boneca da Lapa
1977 - A Superexcitação
1979 - Desfulga
1982 - Os Gazeteiros
1983 - Fala Pra Eles Elisabete
1985 - Tuti
1986 - Bambi's Son


7 de outubro de 2014

Revista Fórum Lança Série de Reportagens Sobre Importância do Nordeste para o país


Em 2010, as manifestações preconceituosas e racistas de Mayara Petruso nas redes sociais chocaram parte da sociedade brasileira. Embora não tenha sido a única a exercer o ódio, ela tornou-se um símbolo de como uma campanha presidencial de baixo nível, baseada mais na desqualificação do outro do que em propostas concretas, pode fazer com que as pessoas se sintam à vontade para expor pensamentos discriminatórios.


À época, as ofensas a nordestinos mobilizaram diversos segmentos sociais. Hoje, mais uma vez o obscurantismo parece retornar. Com a vitória de Dilma Rousseff no Nordeste, uma nova onda de manifestações preconceituosas toma conta das redes. E assusta como figuras políticas importantes, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, engrossam o coro e estimulam esse tipo de pensamento.

Quando um ex-presidente da República diz que um adversário tem votos porque seus eleitores são “menos informados” ou “se apoiam em grotões” presta um desserviço à democracia e ao debate político. Mostra que, mais do que fomentar uma discussão em nível elevado, Fernando Henrique busca apenas a vitória pura e simples de seu colega de partido, não importando que para isso desqualifique quem votou em outra pessoa ou mesmo que acabe incentivando o preconceito em um contexto que já favorece esse tipo de atitude.

Em função desse cenário, lançamos a campanha #MenosODIOmaisNordeste e durante toda a semana traremos reportagens e artigos mostrando o quanto a região significa para o Brasil e como é importante celebrarmos nossa diversidade cultural, ao contrário do que pensam os mercadores do ódio e do preconceito. Acompanhe, participe e divulgue.

Via Revista Fórum

Desafiando a lógica e a racionalidade: Negação do Holocausto


Durante os anos 1930 e, especialmente, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o partido e o Estado nazistas empreenderam um processo de marginalização, perseguição e assassinato em massa de milhões de judeus alemães e europeus.

Esse processo contou com importantes recursos ideológicos e materiais para a sua realização. Em termos ideológicos, os nazistas utilizaram-se de um nacionalismo que unia numa síntese mística o racismo e a eugenia, e definia que apenas os indivíduos de origem “ariana” poderiam integrar a comunidade alemã.

Assim, todos aqueles que não cumpriam esses requisitos raciais foram excluídos e perderam a cidadania alemã. Por outro lado, utilizaram-se de todos os recursos materiais do Estado alemão para realizar o objetivo de resolver definitivamente o “problema judaico”, ou seja, eliminar os judeus da Europa, tais como centenas de campos de concentração e de extermínio, milhares de membros da burocracia e agentes policiais e militares do Estado alemão e da famigerada SS (Schutzstaffel), ferrovias, trens, combustível, bem como grandes recursos financeiros.

Assim, os nazistas colocaram em funcionamento uma gigantesca máquina de explorar, triturar e descartar seres humanos, seja através da morte lenta por fome, doenças e exaustão física, seja através da execução sumária por fuzilamento ou asfixia nas câmaras de gás nos campos de concentração/extermínio.

O auge deste processo aconteceu no período entre 1942 e no final da guerra (1945), durante o qual o genocídio foi realizado em escala industrial e com eficiência logística impressionante. Não devemos nos esquecer também que milhares de judeus, prisioneiros de guerra etc. foram usados como escravos em fábricas e obras públicas na Alemanha, produzindo vultosos lucros aos dirigentes da SS e às grandes empresas alemães, muitas das quais existem até hoje.

Os historiadores, sociólogos e outros especialistas acadêmicos vem pesquisando exaustivamente esse processo e têm divergências em vários pontos, tais como o número exato de vítimas (na casa de milhões de pessoas) e quanto à natureza da decisão do início do processo, isto é, se ele foi intencional (“intencionalistas”) ou se estava inserido na própria dinâmica do regime (“funcionalistas”). No entanto, nenhum pesquisador discute se o Holocausto existiu ou não.

Apesar disso, desde poucos anos após a realização deste crime contra a humanidade, pessoas de diferentes nacionalidades vem se dedicando a resgatar a imagem de Hitler e da Alemanha nazista afirmando que o Holocausto não aconteceu e que este, na verdade, seria o produto de uma calúnia criada e disseminada pelos judeus que a usariam como estratégia para realizar seu objetivo de dominar o mundo.

O Negacionismo do Holocausto surgiu, portanto, logo após a Segunda Guerra Mundial, com os livros dos franceses Maurice Bardèche e de Paul Rassinier e do estadunidense Harry Elmer Barnes; e, a partir de 1978, ampliou sua audiência e passou a integrar o debate político tanto nos Estados Unidos quanto na França. Nos Estados Unidos foi então criado o Institute for Historical Review (IHR), uma instituição que, usando um nome que sugere ser uma respeitável instituição acadêmica de historiadores, se dedica sistematicamente a disseminar o ódio aos judeus (antissemitismo) e a teoria do complô judaico, através da negação do Holocausto. Ainda em 1978, na França, o professor de literatura Robert Faurisson passou a ocupar um cargo acadêmico na Universidade de Lyon e então introduziu o tema do negacionismo no espaço universitário e na mídia francesa.

Assim, partir do final dos anos 1970, esse movimento político/ideológico ampliou-se para além de um pequeno círculo de leitores e simpatizantes do fascismo histórico. Nesse processo, confluíram vários fatores, tais como: a) uma crise econômica e social do capitalismo mundial; b) uma crise política e representativa dos partidos políticos tradicionais, tanto à direita quanto à esquerda; c) uma crise política das esquerdas tradicionais, ampliada pelo fim da URSS e do “socialismo real”; d) uma crise dos paradigmas da modernidade e da própria historiografia; e), sobretudo para o que nos interessa aqui, o surgimento de uma nova extrema-direita e o fortalecimento de um elemento ideológico tradicional no Ocidente, a teoria da conspiração (ou complô), como chave explicativa para se entender a sociedade, especialmente após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, ocorridos nos Estados Unidos. Além da confluência destes fatores surgiu então uma nova ferramenta de disseminação, coordenação e financiamento da extrema-direita e dos Negacionistas: a Internet.

O Negacionismo do Holocausto não é uma corrente historiográfica legítima que se dedique a pesquisar criticamente o Holocausto, mas sim um instrumento da ação ideológica de grupos políticos radicais, em sua grande maioria de extrema-direita. Concordamos, assim, com a já extensa historiografia que usa o termo “Negacionistas do Holocausto” para qualificar os autodenominados “Revisionistas do Holocausto”. Os ideólogos do Negacionismo do Holocausto negam ou minimizam os efeitos do Holocausto, e afirmam que o assassinato sistemático de milhões de judeus, ciganos, eslavos etc. é uma mentira criada e mantida pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial em estreita aliança com os judeus sionistas fundadores do Estado de Israel. O Negacionismo do Holocausto é, portanto, o outro lado da moeda do “complô judaico internacional” difundido desde o início do século XX pelo livro “O Protocolo dos Sábios de Sião”.

O complô judaico é, segundo Girardet (1987, p. 25-34), uma das três grandes narrativas do complô elaboradas entre o final do século XVIII e início do século XX, quando foi editado pela primeira vez o famigerado “Protocolo dos Sábios de Sião”. Esse livro, forjado pela polícia política do regime czarista, foi rapidamente incorporado como arma de propaganda antissoviética e antibolchevique nos anos 1920 e 1930. Os nacional-socialistas alemães transformam-no numa “prova irrefutável” de que os judeus são uma ameaça mundial ao mundo ocidental e a obra ainda hoje é reeditada em várias línguas e utilizada como uma espúria prova da existência de um suposto complô judaico internacional. Esse livro tornou-se, desde então, peça de propaganda do antissemitismo e, após a Segunda Guerra Mundial, também do antissionismo.

No Brasil, foi traduzido pelo ideólogo integralista Gustavo Barroso e editado nos anos 1930. No final do século XX, a Editora Revisão se dedicou a publicar no Brasil livros negacionistas e a fazer propaganda sistemática do assunto. Seu editor foi processado judicialmente e atualmente a editora não tem mais atividades legais em território brasileiro.

Alguns pesquisadores consideram que, a partir do final do século XX, as teorias conspiratórias (ou complôs) ganharam uma dimensão explicativa cada vez mais ampla, ou seja, os complôs passaram a explicar fenômenos de escala mundial, os chamados mega-complôs (TAGUIEFF, 2006) ou super-conspirações (BARKUN, 2003: 6). A crescente importância da cultura conspiracionista aumentou também a demanda por abordagens mistificadoras da história (pseudo-história) que frequentemente estão a serviço de ideologias de extrema-direita.

Desse modo, a nova extrema-direita, a partir do final do século XX, atualiza essa perspectiva conspiracionista de sua visão de mundo ao articular sua filosofia da história maniqueísta com um típico exemplo de pseudo-história: o Negacionismo do Holocausto. O Negacionismo do Holocausto tornou-se um elemento fundamental para a manutenção das forças de atração que mantém unidos os diferentes grupos e famílias ideológicas da extrema-direita contemporânea e ajuda a definir sua identidade.

Por mais que se publiquem artigos e livros que denunciam o caráter falso desse livro os crentes da conspiração judaica internacional se recusam a aceitar os argumentos listados pelos historiadores para denunciar a obra. Da mesma, e seguindo a lógica das teorias da conspiração, os defensores e seguidores do Negacionismo do Holocausto rejeitam qualquer análise proposta pelos historiadores profissionais, acusando-os, entre outras coisas, de estarem a serviço dos judeus. Certamente, isso se deve à lógica das teorias conspiratórias que têm quatro princípios básicos: “nada acontece por acidente”, “nada é o que parece”, “tudo está conectado” e “tudo o que acontece é o resultado de vontades ocultas e malignas” (BARKUN, 4 e TAGUIEFF, 57).

A forma como as teorias da conspiração entendem o mundo rejeita as análises críticas dos cientistas sociais (sociólogos, historiadores, cientistas políticos etc.), preferindo compreendê-lo como o palco da luta eterna entre as forças do bem contra as forças do mal. Os Negacionistas do Holocausto consideram-se, pois, soldados das forças do bem, denunciando o complô judaico para dominar o mundo que estaria sendo ocultado pela “grande mentira” (Holocausto) que, ao culpar os alemães do crime de genocídio etc., facilitaria a realização de seu próprio projeto (oculto) de dominação mundial.
A cultura conspiracionista está presente de forma arraigada na cultura de massas, através de diversos mitos urbanos, livros e filmes, tais como: o livro (2003) e o filme (2006) “O código da Vinci”, a série televisiva (1993 a 2002) e o filme (1998) “Arquivo X”, filmes como “Teoria da Conspiração” (Conspiracy Theory, 1997) e as teorias conspiratórias elaboradas para explicar o atentado ao World Trade Center etc. Essa disseminação certamente colabora para a utilização do conspiracionismo pela extrema-direita como uma estratégia de disseminação de sua mensagem política entre diferentes setores e classes sociais.

Concluindo, consideramos o Negacionismo do Holocausto é um tema que faz parte do horizonte político contemporâneo e certamente deve ser objeto da historiografia do Tempo Presente. Os historiadores comprometidos com uma historiografia atuante na defesa da democracia e dos direitos humanos não podem deixar de incorporar os temas da pseudo-história e das teorias conspiratórias às suas pesquisas e cursos.


Artigo de Ricardo Figueiredo de Castro, Professor Adjunto de História Contemporânea no Instituto de História (IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado originalmente no Café História.