|
Patrimônio Histórico. Iphan deve ordenar a retirada do asfalto |
Nos
próximos dias, a Prefeitura de Joinville terá de dar explicações ao Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Tudo porque, na
sexta-feira passada (25) foi realizado, com ordem do Ittran (Instituto de
Trânsito e Transporte de Joinville), o asfaltamento do pátio da Estação da
Memória, com o objetivo de instalar no local uma pista de simulações para a
futura Escola Pública de Trânsito.
Karine
Possamai, chefe do escritório técnico do Iphan em São Francisco do Sul, afirma
que quem ordenou a obra será responsabilizado. “Foi feita sem autorização do
Iphan, ficamos sabendo da pavimentação por denúncias. O caso será encaminhado
para a superintendência do Iphan. É provável que seja ordenada a retirada do
asfalto, já que o local faz parte do imóvel tombado”, garante Karine.
Enquanto
o caso é investigado, na Prefeitura há duas versões diferentes para explicar
como um patrimônio tombado recebeu uma obra sem autorização. De um lado, a
Fundação Cultural, por meio do diretor Joel Gehlen, alega que a obra foi
liberada porque o projeto inicial previa apenas a pintura do pátio e não o
asfaltamento. “Pode ter acontecido que a empresa que executou a obra entendeu
que a pintura não seria suficiente e asfaltou”, supõe Gehlen.
Segundo
ele, aí pode estar o problema, pois mudaram o que seria feito, mas não mudaram
o procedimento, sem que o Ittran consultasse o Iphan. O diretor conta que a
Fundação Cultural pediu a interrupção da obra quando soube que seria colocado
asfalto. “Chegamos a pedir a paralisação, mas já estava no fim”, diz.
Por
outro lado, o presidente do Ittran, Eduardo Hamond Regua, afirma que desde o
começo estava previsto o asfaltamento, porque, de acordo com ele, o piso estava
irregular e precisava ser nivelado para receber a pista da Escola de Trânsito.
“Era para ser assim desde o início, estava quebrado, precisava de uma camada de
asfalto”, conta.
Em
relação à situação do imóvel, o presidente garante que desconhecia o
procedimento necessário, pois acreditava que apenas o prédio fosse tombado.
“Solicitamos a área para a Prefeitura e a empresa fez o revestimento”, conta
Regua. A obra não gerou nenhum custo, pois foi uma doação da empresa Vogelsanger.
“É o mesmo que pavimentar a praia”,
diz historiadora
Com
a interrupção da obra, ficaram faltando os últimos acertos, como sinalização e
pintura no asfalto. Agora, a Fundação Cultural aguarda o parecer do Iphan.
Gehlen garante que se o órgão solicitar a retirada do asfalto, isso será feito.
“A última palavra é deles”, ressalta. No entanto, a FCJ tenta negociar a
continuação do projeto da Escola de Trânsito.
Mas,
para uma das representantes da sociedade civil na Comissão Municipal de
Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Arquelógico e Natural de
Joinville, a doutora em história e professora Sandra Guedes, o asfalto deve ser
retirado. “Essa obra é um absurdo, um crime contra o patrimônio cultural,
jamais poderia ser feito, é a mesa coisa que colocar asfalto na praia”,
lamenta.
A
presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Ilanil Coelho, diz
estar preocupada com a situação, pois a obra descaracteriza o patrimônio. “É
necessário um estudo detalhado, qualquer obra que for feita precisa de consulta
e tudo precisa ser feito de forma legal”, alerta.