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Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Mãe Aninha


Eugênia Anna Santos, ou simplesmente Mãe Aninha, é filha de africanos e teve instrução no Candomblé, em Engenho Velho – a casa de mãe Nassô. Este local foi fundado ainda no século XIX, por volta dos anos de 1830, na Bahia, vindo a ser o primeiro regularizado. Foi a partir desse espaço que ela decidiu sair e ter sua nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá – considerado hoje Patrimônio Histórico Nacional.

O Candomblé e seus adeptos no Brasil sempre encontraram em Mãe Aninha uma guerreira e uma lutadora no que tange ao fortalecimento e ao livre exercício dessa denominação religiosa. Ela teve participação direta e indireta ainda no Governo Getúlio Vargas, por intermédio do então ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, na revogação do Decreto Presidencial nº 1202, que proibia os cultos afro-brasileiros em 1934.

Conforme informações disponibilizadas no Portal A Cor da Cultura Negra, Mãe Aninha foi uma personalidade importante, muito respeitada e popular, principalmente nos candomblés do Estado da Bahia. Falecida no ano de 1938, a ialorixá Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e, posteriormente, por Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luiza Bairros


Luiza Helena de Bairros, ou simplesmente Luiza Bairros como passou a figurar no cenário nacional, nasceu na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul. Aqui, graduou-se em Administração Pública e Administração de Empresas pela Universidade Federal Gaúcha. Na Universidade Federal da Bahia fez mestrado em Ciências Sociais e concluiu seu doutorado em Sociologia pela Universidade de Michigan.

Luiza Bairros foi Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, cargo que ocupou desde início do primeiro mandato da presidenta Dilma, em 2011, sendo substituída no dia 02 de janeiro do ano em curso pedagoga Nilma Lino Gomes.

A ex- ministra é militante histórica do movimento negro brasileiro e participou de projetos do PNUD de combate ao racismo. Porém, sua história de luta contrária a discriminação racial tem início ainda no final da década setenta do século XX, tão logo ela conheceu  o Movimento Negro Unificado da Bahia. Desta feita, ela participou de forma ativa das principais iniciativas do movimento em todo Brasil, sendo eleita, em 1991, como primeira Coordenadora Nacional do MNU, onde permaneceu até 1994.

Em seus escritos aparecem temas ligados ao sexismo, ao racismo, assim como também acerca do negro no mercado de trabalho e enfrentamento ao racismo institucional, sendo estes publicados em livros de coletânea e periódicos das Nações Unidas no Brasil e em revistas como Afro-Ásia, Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego.

Luiza Bairros teve atuação também na consultoria do Sistema Nações Unidas no Brasil no processo da III Conferência Mundial contra o Racismo e em projetos de interesse da população afrobrasileira.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luislinda Valois


O Estado da Bahia em meados dos anos 40 do século XX abrigaria uma das mais célebres ativistas contra o racismo. Filha de uma costureira e de um motorneiro, Luislinda Dias de Valois Santos nasceu em 1942 e, aos nove anos já deixava entrever o vigor ativista e de lutadora pelos seus ideias quando teve um embate em sala de aula em face de um professor tê-la desprezado pela simplicidade de seu material escolar. O professor teria afirmado que ela não poderia estar estudando uma vez que não dispunha de recursos financeiros para a compra do material e que seu lugar era cozinhando feijoada para os brancos.

Luislinda Valois se tornou em 1884 a primeira negra a exercer o cargo de magistrado e a primeira a sentenciar, em 1993, tendo como base a Lei do Racismo no Brasil. Conforme apurou o Portal da Fundação Cultural Palmares, Luislinda já foi homenageada e premiada em diversas esferas públicas e entidades no país e no exterior pelos projetos de inclusão e acesso à Justiça que desenvolveu nas comarcas pelas quais passou.

Ela, já consciente de que é parâmetro de sucesso para a raça negra, defende o sistema de cotas, acredita que a Lei contra o Racismo ainda não é muito bem utilizada e afirma que o preconceito existe, sim, no Brasil, apesar de velado e cita como sua pessoa como exemplo ao lembrar que já foi vítima de preconceito no exercício da magistratura, mas afirma que com simplicidade, sinceridade e altivez sempre resolve essas situações.



Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Léa Garcia


O estado do Rio de Janeiro passaria a conhecer a partir da década de 30 do século passado, aos 11 de março de 1933, Léa Lucas Garcia de Aguiar que passou a ser conhecida no cenário atual simplesmente como Léa Garcia. Sua mãe faleceu quando ela tinha ainda 11 anos, passando a ficar sob os cuidados de sua vó materna.

Léa Garcia. Foto: Divulgação.
Foi a partir da relação trabalhista de sua avó que desempenhou ofícios na casa de uma rica e tradicional família que Léa pôde desfrutar de um bom estudo, vindo a aprender nos melhores colégios carioca e, aos 16 anos conheceu o Teatro Experimental do Negro. 

Segundo informações constantes no portal Palmares, para assistir aos espetáculos teatrais, a jovem passou a negligenciar os estudos, o que lhe rendeu uma surra pública dada por seu próprio pai. Com isso, Léa fugiu de casa e passou a viver com Abdias Nascimento, fundador do Teatro, com quem teve dois filhos e adquiriu um espírito militante contra a discriminação racial e de gênero, característica que marcou sua trajetória artística.

Na década de 1950 estreou como atriz na peça “Rapsódia Negra”, o primeiro de dezenas de trabalhos nos palcos. O cinema surgiu na vida de Léa quase que simultaneamente ao teatro. Em 1959, estreou na telona no aclamado “Orfeu Negro”, filme que ganhou o Oscar de melhor obra estrangeira no ano seguinte, e lhe deu a segunda colocação no Festival de Cinema de Cannes. Ela foi a única brasileira escolhida pelo Guilford College dos Estados Unidos como uma das dez mulheres do século XX que mais contribuíram para a luta dos direitos humanos e civis.


Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Enedina Alves Marques



Enedina Alves Marques foi a primeira mulher e primeira negra a graduar-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, em 1945. A engenheira participou da construção da Usina de Parigot de Souza e trabalhou na Secretaria Estadual de Educação, entre outros locais.

Em agosto de 1981, o jornal Diário Popular tinha a matéria de capa que pedira aos infernos. Uma senhora fora encontrada morta em seu apartamento, na Rua Ermelino de Leão, Centro de Curitiba. O porteiro sentira falta da moradora, chamou a polícia e a imprensa veio atrás. A foto da “falecida” saiu sem pudores, na cama, em camisolas, um tratamento dado aos “presuntos”, no jargão da imprensa policial. Houve quem não gostasse, com punhos e coração.

A vítima se chamava Enedina Alves Marques, tinha 68 anos e fora a primeira engenheira negra do Brasil. Morreu de infarte. Indignação. Seus companheiros de ofício fizeram uma grita nas páginas da revista Panorama. O Diário se retratou. Afinal, as vitórias de uma mulher negra e pobre que figurou entre os seletos bacharéis de Engenharia da UFPR, na década de 1940, deveria constar nos anais da República, e não na manchete sanguinolenta de um tabloide.

Deu resultado. Enedina virou placa de rua no Cajuru. Ganhou inscrição de bronze no Memorial à Mulher Pioneira, criado pelas soroptimistas – organização internacional voltada aos direitos humanos, da qual participou. Mereceu biografia assinada por Ildefonso Puppi. Seu túmulo, no Municipal, é mantido com respeito pelo Instituto de Engenheiros do Paraná. Tempos depois, batizou o Instituto Mulheres Negras, de Maringá.

Aos poucos, descansou em paz. Paz até demais. O centenário de nascimento de Enedina, em janeiro deste ano, passou em branco. Poderia ter sido celebrado pari passu com o de sua contemporânea, a poeta Helena Kolody, com quem, suspeita-se, teria estudado. Sim, antes de engenheira foi normalista e civilizou os sertões de Rio Negro e Cerro Azul, saindo das lides de doméstica e de “mãe preta” para a de titular de uma sala de aula.

Eu mesmo, confesso, nunca tinha ouvido falar dela até semana passada, quando meu vizinho, Darcy Rosa, estufou o peito para contar que tinha trabalhado com Enedina na Secretaria de Viação e Obras. Publicamos a declaração. Foi o que bastou: súbito vieram mensagens revelando a catacumba onde se reúnem os cultores dessa mulher.

O cineasta Paulo Munhoz prepara um documentário sobre ela, em parceria com o historiador Sandro Luis Fernandes. A casa de Sandro, no São Braz, virou um pequeno memorial de todo e qualquer documento que traga informações sobre a engenheira. São raros, dispersos e imprecisos. Bem o sabe o estudante baiano Jorge Santana. Há dois anos, ele pinça toda e qualquer pista sobre Enedina para uma monografia no curso de História da UFPR. A pesquisa promete. Há fortes indícios de que Enedina sofreu perseguição racial nos bastidores da universidade.

Formou-se aos 31 anos, sem refresco, depois de uma saga nas madurezas. Vingou-se ao se aposentar, na década de 1960, como procuradora, respeitada por sua contribuição à autonomia elétrica do Paraná. Conheceu o mundo. Morava num apartamento de 500 metros quadrados. Impôs-se entre os ricos por sua cultura, 12 perucas e casacos de pele. Desconhece-se que tenha feito odes feministas ou em prol da igualdade. Ou que fizesse o tipo boazinha para ser aceita. Pelo contrário. Talvez Enedina tenha sido mais admirada que amada. É o que a torna ainda mais intrigante.

As pesquisas de Sandro e de Jorge – ambos negros – já tiraram Enedina do campo dos panegíricos, que se limitam a pintá-la como alguém que venceu pelo próprio esforço. É um discurso bem conveniente, como se sabe. Tudo indica que não se trata de uma biografia isolada, ainda que pareça.

A mulher baixinha, magérrima e durona sabia se impor entre os homens – com os quais gostava de beber cerveja. Enfrentava a lida nas barragens como um deles, armada se preciso fosse. É uma heroína perfeita para um longa-metragem. Nasceu de uma gente humilde do Portão. Era única menina numa casa de dez filhos. A mãe, Virgília, a dona Duca, ganhava uns trocos como lavadeira. O pai, Paulo, está na categoria “saiu para comprar cigarros”.

Mas não é tudo. Enedina teria feito parte de uma rede de resistência da comunidade negra paranaense, pré-Black Power, da qual pouco se ouve falar. As vitórias que teve desmentem a propalada passividade desse grupo diante das migalhas que lhe foram reservadas. O destino dela teria mudado ao cruzar com a família de Domingos Nascimento, negro de posses da Água Verde, e com os Heibel e os Caron, brancos progressistas que acabaram por se tornar os seus.

Nesses redutos não teria encontrado apenas um horário para estudar ao lado do fogão de lenha. Ali, suspeita-se, passou de Dindinha, seu apelido, a Enedina, a primeira engenheira, mas também uma das primeiras negras de fato alforriadas de que se tem notícia. Eis o ponto.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Neusa Maria Alves




Educadora e primeira Desembargadora Negra do Brasil. Também conhecida como Neuza Pioneira e nascida em um cortiço em Salvador, no bairro de Tororó, jamais foi reconhecida pelo pai, a quem viu esporadicamente até os quatro anos de idade. Em toda sua trajetória contou com o apoio e incentivo da mãe, mulher de “poucas letras”. Dentre os muitos obstáculos que precisou superar aquele vivenciado aos 14 anos, destaca-se em sua narrativa, como o episódio que lhe permitiu perceber a exclusão social da qual são vítimas muitas mulheres e homens negros/as: ninguém a escolheu como par na quadrilha da igreja.

Aluna de escolas públicas durante toda sua trajetória escolar, após a conclusão do curso de formação de professores/as - magistério-, onde ingressou ao completar o ginasial, prestou o vestibular para a Universidade Federal da Bahia, tornando-se aluna do curso de Direito, concluído em 1974. Posteriormente fez especialização em Direito Processual, na Fundação Faculdade de Direito do Estado da Bahia e em Direitos Humanos pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB, em convênio com a Escola do Ministério Público do Estado da Bahia.

Durante treze anos exerceu a advocacia: cinco em uma empresa de Consultoria Tributária e mais de oito como advogada da Rede Ferroviária Federal, na Bahia, de onde se desligou após ser aprovada em primeiro lugar, em concurso público realizado em 1988, para o cargo de Juíza do Trabalho. Aqui, entretanto, permaneceu apenas dez meses: aprovada em novo concurso público, tornou-se Juíza Federal, atividade que desempenhou com dignidade por 17 anos.

Além de exercer diversos cargos em sua área, destacou-se também, na Associação dos Juízes Federais do Brasil, seção da Bahia, bem como, no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher – CDDM/BA, onde permaneceu durante dois anos.

A posse no cargo de Desembargadora Federal, tornando-se assim a primeira mulher negra a ocupar tal posto no país, ocorreu em 2004, após ter seu nome escolhido em lista tríplice apresentada ao Presidente da República.

Seu envolvimento e preocupações constantes com as oportunidades e direitos relacionados à construção da plena cidadania feminina e dos afro-descendentes, fazem com que, apesar dos muitos compromissos próprios do cargo quer ocupa, possa ser encontrada proferindo palestras em eventos organizados por entidades sociais.

Em 2008, doutora Neuza recebeu da Câmara de Vereadores da Salvador, a comenda Maria Quitéria, como reconhecimento a sua atuação e pioneirismo, em um país historicamente marcado pela ausência de oportunidades, sobretudo, aquelas oferecidas a mulheres negras e pobres.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Jurema da Silva Batista


Graduada em português e literatura pela Universidade Santa Úrsula, Jurema da Silva Batista teve forte atuação da área da política partidário brasileira. Destacada mulher negra começou a vida nesse campo como presidente da Associação de Moradores do Andaraí no de 1979.

Na década de 80 do século passado participou da criação do Partido dos Trabalhadores – PT, no estado do Rio de Janeiro. Em 2002, como deputada estadual, veio a presidir a Comissão de Combate à Discriminação de Etnia, Religião e Procedência Nacional. Três aos mais tarde foi indicada como uma das 1000 (mil) mulheres do mundo a concorrer o Nobel da paz. No ano de 2007 foi convidada para presidir a Fundação para a Infância e Juventude – FIA do Rio de Janeiro.

Jurema Batista faz parte do Movimento Negro Unificado – MNU, onde atua na função de coordenadora de formação política. Atualmente, ela exerce o cargo de Gerente de Segurança Alimentar na Secretaria de Assistência Social, da qual é funcionária de carreira.

Segundo apurou o portal Palmares, entre seus projetos mais importantes estão a garantia da gratuidade do teste de DNA para famílias pobres, o projeto de lei que cria o Dia de Lembrança do Holocausto, o programa que mantém a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão e o projeto Rio Charme que permite a permanência do baile charme no Viaduto de Madureira. É autora da lei que garante 40% de negros na propaganda oficial do município, bem como, autora do Diploma Zumbi dos Palmares na Alerj e do Disque Discriminação na mesma casa de Lei.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: José Correia Leite


A imprensa negra brasileira ganhava a partir de 1924 um dos mais importantes ativistas. Mas os passos em prol disso começa a se desenhar aos 23 de agosto de 1900 quando nascia em São Paulo, José Correia Leite. Com uma infância humilde, Correia Leite teve que se dedicar ao trabalho ainda muito cedo, vindo a ser lenheiro, cocheiro e entregador de marmitas.

Aos 24 anos, ele junto a Jayme de Aguiar, fundaram o jornal “O Clarim” publicado de 1924 a 1932. Correia exerceu a função de redator, diretor, repórter e gráfico deste emprendimento jornalísico do quela foi o idealizador que durante o período de funcionamento passou a ser conhecido como o feito por negros para a comunidade negra, sendo posteriormente denominado de “O Clarim d’Alvorada”.

Sua atuação não ficou restrita somente a imprensa. Ele foi um dos mais importantes militantes do Movimento Negro Brasileiro, inclusive integrou o Conselho da fundação da Frente Negra. Foi responsável ainda pela fundação do Clube Negro de Cultura Social, do qual foi um dos secretários e orientadores. Nesse mesmo período a Associação dos Negros Brasileiros teve sua valiosa colaboração.

Segundo apurou o portal palmares em 1956 foi inaugurada a fundação da Associação Cultural do Negro, na qual Correia Leite assume a função de presidente do Conselho Deliberativo, até 1965. Ainda em 1960 participou da fundação da revista “Niger”.

Merece ser destacado ainda que além de atuar nos jornais e associações citadas, José Correia Leite escreveu também para outros órgãos da Imprensa Negra.

Colaborou, com seus depoimentos e material bibliográfico, para diversos trabalhos sociológicos. Foi entrevistado para a realização de documentários cinematográficos como “O Negro da Senzala ao Soul”, da RTC, “A Escravidão”, de Zózimo Bulbul, e outros.

Após se aposentar, José Correia Leite dedicou-se à pintura. Faleceu em 27 de fevereiro de 1989, na cidade de São Paulo, aos 88 anos de idade.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Janete Rocha Pietá


Nascida no estado do Rio de Janeiro aos 03 de novembro de 1946, Janete Rocha Pietá graduou-se em História pela Faculdade de Filosofia Ciências Santa Úrsula aos 25 anos de idade. Ainda nesse estado exerceu o ofício de docente até mudar de ares e fixar residência em Belo Horizonte em 1972.

Pietá foi a primeira mulher a se formar pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI em 1977 e dezesseis anos depois licenciou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Guarulhos. 

Suas conquistas não ficaram restritas apenas ao campo educacional. Ela ganhou notoriedade ainda no setor político – partidário. Aqui, ela ostenta o título de primeira parlamentar afrodescendente eleita pelo Partido dos Trabalhadores paulista para a Câmara dos Deputados. Segundo informações colhidas junto ao Portal Palmares, é costumeiro afirmar que sua militância teve início aos cinco anos de idade, quando a família organizava reuniões para discutir problemas dos bairros em Nova Iguaçu (RJ), onde residiam, e ela acompanhava tudo bastante atenta.

É digno de registro ainda que tão logo Pietá coordenou a área social na prefeitura de Guarulhos,  foi eleita para o primeiro mandato de deputada federal em 2006 e teve participação fundamental na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Foi vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e integrou as comissões de Legislação Participativa e de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Givânia Maria da Silva



Quilombola de Conceição das Crioulas, em Salgueiro, Givânia é descendente de mulheres que chegaram ao sertão pernambucano no século XVIII e marcaram a história da região com o trabalho de produção e fiação do algodão. Foi a primeira de sua comunidade a cursar a faculdade, graduando-se em Letras, apesar das dificuldades de morar na zona rural, com pouco dinheiro e enfrentando as mazelas do racismo.

Exemplo de superação, Givânia foi a primeira diretora da Escola Professor José Mendes, criada no quilombo de Conceição das Crioulas. Mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação pela Universidade de Brasília, com concentração na área de relações raciais, ela luta pela visibilidade nacional e internacional na luta pela promoção da igualdade racial.

Uma das fundadoras da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Givânia é uma das principais representantes das comunidades tradicionais de quilombos. Reconhecida pelo Governo do Presidente Lula, assumiu a Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (Subcom), na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), para a qual levou importante contribuição no sentido de gerir a política de promoção da igualdade racial.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Geraldo Filme



Nascido aos 18 de fevereiro de 1927 em São Paulo, tendo como seus genitores Sebastião e Augusta Geralda, o Brasil iria testemunhar uma das maiores referências da cultura negra, de forma particular os paulistanos, em face de suas composições direcionadas a críticas contra a repressão das manifestações culturais afro-brasileiras neste estado.

Apelidado pelas crianças de Tio Gê, ele aprendeu com sua vó os cantos dos negros escravizados, tendo sido muito influenciados por estes, tanto que chegou a participar ainda na fase infantil de rodas de samba e capoeira, manifestações que contribuíram para seus conhecimentos musicais.

Conforme informações veiculados no portal Palmares, Geraldo, aos 10 anos, mostrou personalidade e confiança ao compor seu primeiro samba “Eu Vou Mostrar”, a canção era uma tentativa de convencer seu pai que o samba de São Paulo tinha tanta qualidade quanto o do Rio de Janeiro. Geraldo foi proibido de andar na procissão como anjo, por ser negro. Sua mãe, revoltada com a situação, levou-o ao barracão onde os negros faziam suas festas. Esse episódio foi à inspiração para outra composição: “Batuque de Pirapora”. (Ver vídeo abaixo).

Vale destacar que mesmo com poucos discos gravados (Geraldo não tem registrada toda a sua obra) é considerado referência para o samba e carnaval paulista. Respeitado por todas as agremiações carnavalescas, ele teve uma ligação forte com a Escola de Samba Vai-Vai, que tem a canção “Vai no Bexiga pra Ver” como hino.

                         

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Clementina de Jesus


Clementina de Jesus da Silva nasceu em 07 (sete) de fevereiro de 1901, na comunidade do Carambita, bairro situado na periferia de Valença do Sul, no estado do Rio de Janeiro, vindo a surgir como elo perdido entre a moderna cultura negra do Brasil e a África.

Filha de pais escravizados, ela trabalhou como empregada doméstica por mais de duas décadas até ser “descoberta” pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963. Tinha na voz o respeito pela sua ancestralidade, sendo logo considerada a “rainha do partido alto”. Mas não ficou só neste gênero, gravando também jongos, corimás, cantos de trabalho e outros estilos que tinha como finalidade recuperar a memória da conexão afro-brasileira. A partir da produção de Hermínio Bello de Carvalho, em 1968, registrou o histórico LP “Gente da Antiga” ao lado de Pixinguinha e João da Baiana.

Segundo informações do portal Palmares, Clementina passou a ser conhecida também Conhecida por Rainha Ginga e Quelé – duas maneiras de trata-la com a imponência do título de realeza e com a corruptela carinhosa de seu nome – Clementina fascinou boa parte dos representantes da Música Popular Brasileira. Artistas como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença fizeram questão de registrar sua voz em seus álbuns. Apesar de não registrar grande sucesso em vendagem de discos, a rainha impressionava a todos com suas apresentações nos palcos, onde tinha um contato direto com seu público.



Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Conceição Evaristo


Da mesma forma que Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, nascida aos 29 de dezembro de 1946 em uma favela situada na zona sul de Belo Horizonte, Minas Gerais, matinha um diário onde anotava as dificuldades de um cotidiano sofrido, tendo, portando, crescido em um ambiente rodeado por palavras.

Filha de uma lavadeira, Conceição teve que conciliar os estudos com o trabalho como empregada doméstica. Nesse embalo só veio a concluir o curso normal, em 1971 aos 25 anos. 

No entanto, mesmo com todas as dificuldades, ela se tornou uma das principais referências quando o assunto em pauta é a literatura Brasileira e Afro-brasileira, vindo, inclusive a se tornar também uma escritora negra de projeção internacional, com livros traduzidos em outros idiomas.

Conceição Evaristo teve seu primeiro poema publicado nos anos 90 do século passado, no décimo terceiro volume dos Cadernos Negros, editado pelo grupo Quilombhoje, de São Paulo. A partir dai, as publicações se ampliaram neste caderno, não só de poemas, mas também de contos e romances.

São alvos de seus escritos as profundas reflexões sobre questões referentes a raça e gênero, visando revelar a desigualdade velada no meio social, além desejar recuperar uma memória sofrida da população afro-brasileira em toda sua riqueza e sua potencialidade de ação. Nas suas escritas, se percebe o quanto ela almeja abrir espaços para outras mulheres negras se apresentarem no mundo da literatura.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Cartola


Angenor de Oliveira, ou simplesmente Cartola - apelido que ganhou dos colegas de ofício de servente em virtude de um chapéu-coco que usava para se proteger do cimento que caia – nasceu em 11 de outubro de 1908, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, porém toda a sua infância foi vivida no bairro de Laranjeiras.

A família foi atingida por uma série de dificuldades financeiras e, se viu obrigada a trocar de ares, agora para o morro da Mangueira, onde uma simples favela começava a ser construída. Foi neste ambiente que Cartola aprendeu a tocar cavaquinho e violão com o pai ainda moleque, tomando gosto pela música e pelo samba.

Em conjunto com um grupo de amigos, tão logo criaram o Bloco dos Arengueiros, fundaram a Estação Primeira de Mangueira. Foi Cartola quem sugeriu o nome e as cores verde e rosa, que consagraram a tradicional escola de samba carioca. Ele também foi compositor do primeiro samba-enredo da escola, intitulado “Chega de Demanda”.

Segundo informações do Portal Palmares, Cartola passou anos esquecido e foi dado como morto, até ser encontrado, por acaso, pelo jornalista Sérgio Porto, em 1956, trabalhando como lavador e guardador de carros, em Ipanema. Embora tenha sido muito elogiado por seu círculo de compositores, colegas e admiradores, Cartola só recebeu todos os créditos por sua contribuição à história da música brasileira após sua morte, aos 72 anos, de câncer, quando então já era considerado um dos estetas geniais da música brasileira.

É digno de registro que o compositor ainda é a maior referência para quem quer conhecer a história do samba e compreender muitas das sonoridades presentes no samba contemporâneo.


Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Albert Luthuli


Em 2014 o portal de comunicação Informações em Foco iniciou a primeira fase da série “Personalidades Negras que Mudaram o Mundo”. Foi dito que neste espaço, você encontrará informações sobre algumas das personalidades negras que marcaram a história do Brasil e do mundo. Naquela oportunidade frisou-se que o espaço que estava se constituindo era inacabado e que estaria em contínua construção, porque a luta em favor da cultura negra e contra o racismo produziu e irá produzir, por tempo indeterminado, um grande número de lideranças que precisarão ser resgatadas.

Partindo desse princípio, o Informações em Foco inicia a partir desta quinta-feira, 04 de junho, a segunda fase desta série discorrendo sobre Albert Luthuli, primeiro negro a ostentar o Prêmio Nobel da Paz.

Tendo nascido em 1898 em Rodésia do Sul (atual Zimbabwe), Albert Luthuli foi, desde muito jovem considerado liderança em grupos que iam de familiares a comunitários, chegando à política. Filho de um Adventista do Sétimo Dia , era profundamente religioso, vindo a ser um pregador leigo da paz em um momento em que muitos de seus contemporâneos pediam atitudes militantes contra o Apartheid.

Um dos nortes dos seus discursos foi, não sem razão, a defesa da não-violência, se tornando forte opositor do Apartheid. Lutou de forma incansável por uma África do Sul que pertencesse a todos os que nela habitavam, fossem eles negros ou brancos. Presidiu o Congresso Nacional Africano e, em conjunto com o Congresso Indiano da África do Sul, retomou, nos anos 1950, do século XX, a luta de não violência iniciada por Ghandi.

É digno de registro ainda que ele veio a liderar milhares de pessoas que boicotaram os ônibus onde a diferença racial era a regra, não adquiriam certos produtos agrícolas e desobedeciam as leis racistas. Note-se também que como a maioria que lutava pela igualdade entre os homens, Luthuli foi preso e processado. Em 1959 foi proibido de participar de manifestações populares e obrigado a se exilar de sua terra natal durante 5 anos. Morreu misteriosamente atropelado por um trem em 1967.