Artefatos de cerâmica indígena são encontrados no Marajó. (FOTO | Helena Lima | Museu Emílio Goeldi). |
Cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) encontraram quatro novos sítios arqueológicos com artefatos de cerâmicas indígenas no município de Anajás, no arquipélago do Marajó (PA). A ação foi realizada por pesquisadores e técnicos do museu, em colaboração com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A ilha do Marajó está entre os mais importantes cenários ecológicos do Brasil. Com cerca de três mil ilhas e ilhotas, a região é o maior arquipélago flúvio-marítimo do planeta. Helena Lima, pesquisadora que liderou a ação, ressalta que os novos achados são importantes para a arqueologia amazônica.
“Encontramos nesta breve visita, um padrão de ocorrência de tesos (aterros construídos pelos povos do Marajó) que aparentemente se replica ao longo do Anajás e outras regiões a leste do Marajó. Talvez aqui estejamos no que foi o início da organização regional de uma sociedade com altíssimo conhecimento do ambiente, que criou e replicou sistemas de assentamentos altamente interconectados. Trata-se de um verdadeiro urbanismo amazônico muito antigo”, enfatiza.
Vale destacar que a cerâmica marajoara sempre esteve no centro dos debates sobre complexidade social na Amazônia. Esse patrimônio tem sido pesquisado desde o século XIX, em especial, na região chamada “Marajó dos Campos”, onde predominam as planícies alagadas.
De acordo com estudiosos, essa área já era habitada há cerca de 3.500 anos por grupos que tinham como principais atividades a caça, a pesca, a coleta e o cultivo da mandioca, entre outras atividades.
O trabalho de “buscas“ foi realizado após as movimentações da comunidade local, que acionou o Ministério Público do Estado (MPPA), e outros órgãos governamentais, para que fosse analisado o estado de conservação dos objetos de cerâmica indígena, que acabaram ficando expostos devido ao processo de erosão e da recente seca na região do Alto Rio Anajás.
Além disso, a equipe que encontrou as peças, ainda precisou registrar o espaço no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), como procedimento da legislação federal.
Entre os recursos utilizados, a tecnologia possibilitou o sensoriamento remoto e a geração de imagens tridimensionais a partir de pulsos de luz no espectro infravermelho, podendo ser utilizada no campo da Arqueologia. Por outro lado, durante a vistoria emergencial, foram identificados riscos associados a fenômenos naturais, como o processo constante de secas e cheias na região, e o impacto de tráfegos intensos de embarcações na área, que acabam contribuindo para processos erosivos.
“O risco hoje é perder as informações que ainda existem nesses sítios devido à dinâmica erosiva do rio intensificada pelas mudanças climáticas. Na curva do rio, um dos cemitérios indígenas está sendo exposto e levado pela força das águas”, disse o arqueólogo Carlos Barbosa, que defende a intensificação dos estudos no local, em entrevista ao G1-Pará.
A descoberta dos objetos só foi possível por consequência da forte seca que atingiu o território amazônico em 2023. Aliás, ela tem relação com o fenômeno meteorológico El Niño, mas também foi muito impactada pelas mudanças climáticas, fruto do aquecimento global causado pela emissão de gases poluentes.
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Com informações do Notícia Preta.
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