Informação
é uma forma de empoderar uma sociedade - e, principalmente, a parcela negra
desta sociedade - que anseia por mais igualdade racial.
O
Dia da Consciência Negra é um dos poucos no qual a cobertura jornalística se
preocupa em falar do racismo.
É
de se esperar que a categoria — na qual a grande maioria é branca, segundo
dados de 2012 da Federação Nacional dos Jornalistas, e onde só 23% dos
profissionais são negros — só se preocupasse em noticiar questões raciais com
afinco em um único dia do ano, negligenciando outros fatos sobre o tema que
acontecem em todos os outros dias.
Mesmo
assim, recentemente, vemos mais manchetes denunciando situações de racismo.
Infelizmente, pela falta de diversidade racial nas redações, as coberturas, não
raro, são bem repetitivas.
É
cansativo ver o negro virar notícia apenas quando o tema é racismo. Muitas
vezes, em meio à cobertura destes casos, a única coisa que se pensa é: “Quando o racismo vai acabar no Brasil?”. E foi esta a pergunta que fizemos para alguns
especialistas que entrevistamos para este especial da Consciência Negra em
2017. Tivemos algumas respostas:
“Nunca”, crava a dra. Aza Njeri, que nos
falou sobre o papel das pessoas brancas no combate ao problema.
É
possível ter outra resposta. Mesmo que não seja nenhuma.
“É delicado responder esta questão, uma vez
que o racismo se apresenta a partir de um conjunto de eventos que formam uma
estrutura já enraizada nas relações”, afirmou a rapper Yzalú, que nos
indicou algumas músicas fundamentais para entender questões raciais no Brasil.
Mesmo
com o destaque midiático, diz ela, “a
população negra continua sendo a maior afetada quando observamos as taxas de
homicídio dos jovens, as taxas de encarceramento, de desemprego, escolaridade,
etc, sem contar os inúmeros casos de racismo que presenciamos a todo momento no
noticiário”.
“Neste momento, penso tratar-se de uma
questão sem resposta”, finaliza.
O
músico Jairo Pereira, do Aláfia, tem uma opinião um pouco mais otimista, mesmo
sem precisar quando acha que o racismo vai acabar:
“Acredito que uma coisa é importante para o
fim do racismo:precisamos discutir privilégios e branquitude. As pessoas
precisam compreender o lugar que foi posto aos pretos, de forma sistemática. E
para que isso tenha eficácia, voltamos à velha fórmula educação, justiça,
equidade, compaixão, altruísmo e empatia”.
O
dr. Juarez Xavier, da Unesp, acredita que o fim do racismo passa pelo desmonte
do mecanismo repressivo e o ideológico do Estado brasileiro. “Quando o racismo vai acabar? Quando a gente
acabar com esse Estado de coisa que reproduz um processo perverso de massacre,
execução, genocídio e extermínio da população negra com uma máquina ideológica
justificadora desse massacre.”
Além
de tudo isso, o racismo vai acabar quando houver mais informação para a
sociedade. E essa é a arma principal neste especial sobre o Dia da Consciência
Negra, que foi liderado pelos (poucos) jornalistas negros da redação. Em meio a
pesquisa, entrevistas e produção, uma certeza (e também esperança): a
informação é uma forma de empoderar uma sociedade - e, principalmente, a
parcela negra desta sociedade - que anseia por mais igualdade racial.
Acreditamos
que, com mais consciência e conhecimento, o fim do racismo estará cada vez mais
próximo. (Com informações do Catraca Livre).
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Dia Nacional da Consciência Negra. (Foto: Paulo Pinto/ Fotos Públicas). |
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