Mais de vinte pessoas participaram da II Formação em 2015. (Foto: Arquivo/ Nicolau Neto).
A
Associação Beneficente de Altaneira – ABA, entidade mantenedora da Rádio
Comunitária Altaneira FM promoverá neste domingo, 15, a III Formação para jovens
comunicadores e comunicadoras.
A
formação envolverá apenas aqueles que desejam fazer parte da equipe e aqueles
que iniciaram de forma recente suas atividades no único veículo radiofônico do
município. Ao contrário da última formação há dois anos, esta não terá a
certificação, mas visa de igual modo contribuir na capacitação dos formandos e
das formandas.
O
encontro se dará durante todo o dia 15, na sede da Rádio, e será ministrado por
este professor, blogueiro e atualmente vice-presidente da ABA. Temas como os fatores que permitiram o surgimento
do rádio e os grupos sociais a que eles estavam ligados; o que permitia ser
transmitido ou não; os mecanismos de filtração das informações; os impactos que
o rádio provocou na sociedade brasileira; a evolução deste veículo a partir do
surgimento da TV; sua popularidade; os fundamentos da comunicação e, claro, um
passeio pelo surgimento da emissora radiofônica em Altaneira.
"A luta democrática não tem fronteiras", disse pré-candidato do Psol na capital portuguesa. (Foto: Reprodução).
Em
discurso realizado em Lisboa, o pré-candidato pelo Psol à Presidência da
República Guilherme Boulos afirmou que é preciso urgentemente construir uma
campanha internacional para “quebrar o
silêncio da mídia brasileira” sobrea escalada de violência e graves retrocessos democráticos no Brasil. “O mundo precisa saber que Lula é um preso
politico. Tamo junto, porque a luta democrática não tem fronteiras”, disse
Boulos no debate O Futuro das Lutas Democráticas: Em defesa da democracia
brasileira, organizado pela Fundação Saramago e o Centro de Estudos Sociais da
Universidade de Coimbra. Segundo ele, o primeiro desafio a se enfrentar na
crise é “construirmos uma ampla frente
democrática brasileira e internacional pra resguardar a democracia”.
Um
dos coordenadores do debate, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos falou do
desmantelamento da democracia brasileira. “Estamos
a viver tempos que Antonio Gramsci caracterizou como tempos monstruosos. Quem
podia imaginar que a vibrante democracia brasileira estaria a ser desmantelada
da forma violenta como está. Que o presidente mais brilhante da história do
Brasil, que deixou a Presidência com mais elevada taxa de aceitação, estivesse
hoje preso em uma masmorra e ainda por cima ilegalmente?”
Ele
lembrou o a violência “da lei e da rua” que vitimou a vereadora Marielle
Franco, do Psol, assassinada no dia 14 de março no Rio de Janeiro. “Marielle presente!”, bradou Boaventura.
Em
fala emocionante, a deputada Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco
de Esquerda, afirmou: “O que está a
acontecer no Brasil (é a escolha entre) justiça e democracia ou fascismo. Quem
pensa que não tem a ver conosco, está muito enganado. A prisão de Lula é mais
um passo neste golpe terrível, grotesco, e é por isso tão importante dizer:
Lula livre!”.
Segundo
Catarina, “quem ficar calado é cumplice
do fascismo”. “Solidariedade, democracia, liberdades democráticas, é desta
matéria que somos feitos”, concluiu.
O
ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro também reforçou o
caráter do encarceramento do ex-presidente dizendo que ele “é um preso politico”. Sua prisão foi “engendrada para tirar da disputa eleitoral
aquele que é o maior líder da história recente do Brasil”. Segundo Tarso,
esse “é um costume da elite oligárquica,
atrasada, reacionária do Brasil”. Ele citou os exemplos dos ex-presidentes
Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek como vítimas dessa mesma
oligarquia no passado.
Tiros e ódio
Boulos
disse que o Brasil passa pela crise democrática mais grave desde o período da
ditadura (1964-1985) no país. “Ela se
expressa com uma escalada de violência política, com tiros, intolerância, ódio
sendo destilado no lugar do debate político, que teve como principal expressão
o assassinato brutal e covarde da Marielle.”
À
plateia que lotou o Teatro Capitólio, na capital portuguesa, Boulos falou sobre
a judicialização da politica que hoje toma conta do Brasil, com perseguições a
Lula e lideranças de esquerda por parte de juízes e tribunais. “A maior expressão dessa judicialização é a
prisão do ex-presidente Lula, que ocorre sem qualquer prova”, acrescentou.
Segundo
o ativista, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o sistema se
caracteriza pelo “antagonismo”, que
encarcera Lula sem provas, mas ignora o presidente Michel Temer, “com provas, malas e gravações”, e o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), “que
ameaçou até de morte um suposto delator” e continua no Senado. “Se (Sérgio) Moro quisesse fazer politica,
que fosse ser candidato à presidência da República e encarasse um debate
democrático com o povo brasileiro.”
Boulos
contou ainda ao público sobre momentos que passou com Lula no Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “O que Moro e os juízes que encenaram essa farsa queriam era destruí-lo
psicológica e politicamente. E Lula, poucas horas antes de ser preso, mostrou
que estava em plena forma.”
"A única coisa que reclamo é o Moro não
esperar um dia a mais para eu ver o jogo do Corinthians", disse Lula,
segundo Boulos. “O que ele queria era uma
foto, indo pelo mundo afora, com Lula preso ao lado de policiais. Mas o que
conseguiu foi uma foto do Lula carregado por milhares de pessoas saindo do
Sindicato dos Metalúrgicos.”
Nesta
quinta-feira, o egípcio Mohamed El-Baradei, Prêmio Nobel da Paz em 2005, em
nome da Agência Internacional de Agência Atômica, aderiu à campanha para que
Lula receba o Prêmio Nobel da Paz em 2018. A campanha foi iniciada pelo
argentino Adolfo Perez Esquivel, Nobel da Paz em 1980. Até o início da noite de
hoje, havia mais de 215 mil adesões. (Com
informações da RBA).
O projetista Francisco Aldo apresentando Planta da Reforma da Câmara de Altaneira. (Foto: Reprodução/ Facebook da Câmara).
Não
é de hoje que os discursos dos parlamentares de Altaneira estão de difícil
entendimento. Para aqueles que não costumam acompanhar regularmente as sessões
daquela casa legislativa, parece que tudo caminha na mais absoluta normalidade.
A oposição está a exercer o papel que lhe cabe - fiscalizar, cobrar, denunciar
– e, aqueles e aquelas edis que compõem a base de sustentação da gestão do
prefeito Dariomar Rodrigues (PT) de igual modo também – fiscaliza menos, cobra menos
e tece vários elogios.
Mas
não é bem assim que os fatos vêm se desenrolando. A Câmara está mais parecida
com uma extensão do paço municipal do que propriamente com uma casa a executar
o que lhe cabe regimentalmente. A exceção da moção do ex-presidente Lula
aprovada por maioria na última sessão, quase todas as proposições em destaque no ambiente legislativo têm tido poucos debates e raríssimos posicionamentos conflitantes.
Quase
tudo lá tem sido aprovado por unanimidade. O que é, no mínimo, incompreensível,
ante ao que era testemunhado nos bastidores e nas próprias sessões de tempos
não muito distantes. Vale destacar que poucas alterações no quadro foram
verificadas na última eleição. O que mudou realmente foram os quantitativos. Se
antes o lado oposicionista era maioria, agora não mais.
No
entanto, a oposição fervorosa de antes agora está com um discurso mais
desanimado e acolhedor. Nada de extravagância e de ir com muita sede ao pote.
As vezes testemunha-se que até ficam com sede. A situação, por sua vez, faz o que
lhe é cabível fazer.
Mas
ultimamente nota-se que o que mais tem marcado os dois lados é a mudança
corriqueira de opinião. Os lados estão volúveis demais. Ora são a favor de um
tema, ora não. Em sessão se posiciona com muito vigor sobre um assunto, na
outra aquela mesma matéria volta à pauta, mas não se percebe os argumentos de
quem antes se posicionou – contra ou a favor. O silêncio impera. Muda-se de
opinião como se muda de roupa. Essa tem sido a melodia que se escuta na câmara.
Prova
disso é a reforma do prédio que segundo dados colhidos na sessão do último dia
04 do mês em curso, está orçada em R$ 120.000 (cento e vinte mil reais). Mesmo
sem questionar de fato a necessidade da obra, o líder da oposição, o vereador
Adeilton (PSD) criticou o alto valor. O preço da obra, não entanto, foi negado
pelo presidente Antonio Leite (PDT).
Discutida
na reunião ordinária do dia 04, o tema voltou a ter visibilidade manhã desta
quarta-feira, 11, antes, portanto, da sessão. No ensejo, segundo informações
postadas na conta da Câmara no Facebook, o projetista Francisco Aldo apresentou
aos parlamentares a planta da reforma do prédio. Não foi informado o valor da
obra, tão pouco quanto custará aos cofres públicos. Entretanto, nada foi
discutido acerca da temática durante a sessão.
Ciro no Fórum da Liberdade, onde foi acusado de dar uma "pescotapa" em um membro do MBL, o youtuber Mamãefalei. (Foto: Reprodução/ DCM).
Ciro
Gomes tem, sim, algum prestígio eleitoral. Tem uma retórica explosiva que
projeta a imagem de “cabra corajoso”
e ganha adeptos.
Mas
o que quer Ciro Gomes? Sua ambiguidade em relação à perseguição contra o
presidente Lula o coloca objetivamente do lado de lá da linha divisória que
separa quem defende a democracia e quem compactua com o arbítrio no Brasil.
Ciro
é um político experiente e atilado. Sabia perfeitamente o que estava fazendo
quando deixou de prestar solidariedade pública a Lula em São Bernardo. “Ah, mas ele estava em Harvard com Anitta”.
Pois é. Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo.
Depois
ele dá declarações chochas contra a seletividade da Lava Jato e as manobras do
STF, mas faz questão de defender a prisão antes do trânsito em julgado e de
declarar que não acredita que Lula seja um prisioneiro político. Fica claro que
ele não quer fechar as portas para o eleitorado antipetista. Cálculo eleitoral
esperto? Talvez. Mas tentar acessar este eleitorado sem enfrentar seus
preconceitos é dar curso livre à criminalização da esquerda, que é o ponto de
chegada do antipetismo.
Ciro
não pôde ir a São Bernardo, mas foi a Porto Alegre. Esteve ontem no Fórum da
Liberdade, que é o evento central do esforço de propaganda do ultraliberalismo
(em sua versão neofeudal, “libertariana”) no Brasil. A edição deste ano, além
de uma sessão especial contra o governo da Bolívia, conta com estrelas do
quilate de Leandro Narloch, Rodrigo Constantino, Lya Luft (esqueçam a escritora
sentimentaloide, ela é há décadas uma feroz defensora do latifúndio) e ninguém
menos que Sérgio Moro. Ciro participou de uma mesa com os candidatos
presidenciais da direita – João Amoedo (Novo), Henrique Meirelles (PMDB?),
Flávio Rocha (MBL), Marina Silva e Geraldo Alckmin. Jair Bolsonaro, convidado,
não foi. O que um candidato que quer ocupar o campo da esquerda foi fazer num
evento desses, legitimando-o?
Acho
muito improvável que Ciro se disponha a uma conversa séria com a esquerda. Para
mim, sua estratégia é apostar nessa ambiguidade e com ela chegar no segundo
turno contra alguém como Alckmin ou Bolsonaro, quando o apoio da esquerda virá
de graça. Vai dar certo? Não sei. Os planos infalíveis de Ciro Gomes costumam
ter o mesmo destino daqueles do Cebolinha.
Torço
para que não dê certo porque, francamente, é cilada, Bino. (Com informações do DCM).
Guilherme Boulos disse ser preciso colocar limites, pois os fascistas não farão isso por conta própria. (Foto: Mídia Ninja).
Na
véspera de ir a Curitiba e depois a Portugal, denunciar no exterior as
ilegalidades da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos voltou a defender
a liberdade do petista e destacar as arbitrariedades de sua detenção.
“Não podemos ter receio de dizer que Lula é
um preso político”, afirmou, durante ato em homenagem a Nadir Kfouri e
Marielle Franco, realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo. Para ele, é
evidente o objetivo político de excluir o ex-presidente do pleito eleitoral de
outubro.
Nesta
quinta-feira, o pré-candidato do Psol à presidência estará em Lisboa, ao lado
do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e da deputada Manuela
D’Ávila (PCdoB), também pré-candidata à presidência. A Fundação José Saramago
(FJS) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) promovem,
no Teatro Capitólio, um encontro para debater o futuro das lutas democráticas e
em defesa da democracia brasileira.
Além
dos convidados brasileiros, participarão do encontro Cristina Narbona
(PSOE-Espanha), Pablo Iglesias (Podemos/Espanha), Catarina Martins (Bloco de
Esquerda/Portugal) e Ana Catarina Mendes (PS/Portugal). A coordenação do debate
ficará a cargo de Boaventura de Sousa Santos (CES) e Pilar Del Rio (FJS). O encontro
será aberto ao público.
Sem limites
“Quem serão os próximos? Se não botarmos
limites, eles não se limitam por si próprios”, alertou Boulos. As
divergências entre os partidos políticos do campo progressista, segundo ele,
são uma “virtude e não problema”.
Porém, afirmou que a gravidade do momento não pode impedir as forças de
esquerda de estarem lado a lado para barrar a escalada fascista em curso no
Brasil. “Temos que ter grandeza de
apresentar um projeto de futuro, junto com o desafio de enfrentar os
retrocessos.”
Enfático,
Boulos disse que o momento não pode ser de acomodação. “Não vamos descansar um
só momento sem honrar a consciência democrática de Nadir Kfouri. Não vamos
descansar um só momento sem cobrar a justiça por Marielle. E não vamos descansar
um só momento até que Lula esteja solto.”
O
ato realizado no Tucarena, anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP), teve como objetivo entregar o título de cidadã paulistana
pós mortem para Nadir Kfouri, ex-reitora da universidade reconhecida por sua
luta contra a ditadura. Planejado em 2017 pelo mandato da vereadora-suplente
Isa Penna, e do vereador Toninho Vespoli, ambos do Psol, a homenagem a Nadir
Kfouri transformou-se também num ato em memória da vereadora carioca Marielle
Franco, assassinada no último dia 14 de março.
Boulos
disse imaginar se a geração da ex-reitora da PUC, que lutou contra a ditadura
civil-militar e pela redemocratização, um dia pensou se 30 anos depois ainda
haveria assassinato e prisão política no Brasil. “É como se fosse um passado que não passou. O passado precisa de memória
e justiça, porque sem isso, os fantasmas sempre voltam.” Para o líder do
MTST, é justamente a falta de memória e de justiça no país a licença que
permite a Jair Bolsonaro (PSL-RJ) frequentemente elogiar torturadores como
Carlos Alberto Brilhante Ulstra.
Olhando
para Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, Boulos disse que não permitirá
“a segunda morte” da vereadora
carioca, se referindo às detrações e notícias falsas que tentam manchar e
diminuir sua imagem. “As ideias de
Marielle são à prova de bala. Vamos ter que estar à altura dessa
responsabilidade histórica.” (Com informações da RBA).
Vereadores de Altaneira aprovam moção de apoio ao ex-presidente Lula. (Foto: Reprodução/ Câmara de Altaneira).
Por
iniciativa do vereador Flávio Correia (SDD) a Câmara de Altaneira aprovou na
manhã desta quarta-feira, 11, moção de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que no último sábado (7) deixou a pé a sede do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para se entregar a Polícia
Federal.
Segundo
o autor da Moção 001/2018, ressaltou que a condenação e a prisão de Lula foi um
ato político e que não houve provas para tal. Apoiaram o edil nessa proposta os
quatro parlamentares que junto com ele formam a base de apoio ao prefeito
Dariomar Rodrigues (PT), Cier Bastos, Valmir Brasil e o presidente da casa Antonio
Leite - todos do PDT -, além de Silvânia Andrade (PT). O único vereador da
oposição que reforçou o apoio a matéria foi Devaldo Nogueira (MDB).
Na
defesa de Lula, Devaldo disse que antes do ex-presidente não se via pessoas de
pouco recurso econômico em aeroportos e afirmou que esta condenação é parte do
golpe idealizado e construído há dois anos. Na mesma linha de raciocínio
comentaram os demais favoráveis ao texto.
Apenas
os parlamentares Adeiton Silva (PSD) e Zuleide Ferreira (PSDB) se posicionaram
contra. Segundo o primeiro, Lula está pagando pelos seus crimes e disse não
crer que tudo o que está acontecendo seja parte de uma armação. Já a segunda,
se posicionou favorável a prisão do líder petista, pois ele está sendo
condenado por atos de corrupção.
A
única abstenção veio com a vereadora Alice Gonçalves, com assento na casa pelo
PRP. Ela justificou que não votaria a favor da moção por não ter votado no
ex-presidente.
Ciro sobre Lula: "Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento". (Foto: Reprodução/ Wikimedia).
Com
Lula preso em Curitiba, grupos “protofascistas”
passaram a canalizar seu ódio em direção ao presidenciável Ciro Gomes, do PDT.
Um dessas organizações ofereceu mil reais a quem dirigisse impropérios ao
ex-ministro em um restaurante em São Paulo.
Um
youtuber reacionário, responsável por um programa de gosto duvidoso chamado “Mamãe, falei!”, famoso por supostamente
confrontar seus entrevistados, espalhou a falsa notícia de que teria sido
agredido pelo pedetista, boato rapidamente desmentido pelas cenas do
encontro.
“Considero isso tudo um sinal dos tempos”,
minimiza o presidenciável.
Sobre
as críticas a sua ausência nos atos contrários à prisão de Lula, Ciro Gomes
pede “refúgio na história”.Nos 16 anos
em que Lula exerceu o poder, diretamente ou por meio de aliados, afirma, “eu o
apoiei”. A detenção do ex-presidente, diz, lhe causa “angústia e aflição”.
Segundo
o ex-ministro, engana-se quem espera dele um alinhamento automático e acrítico
por afinidade ideológica ou simpatia. “Tenho obrigação com o País. Isso guia
minhas iniciativas e meu comportamento”.
CartaCapital: Após a prisão do Lula,
o senhor parece ter se tornado o novo alvo de movimentos como o MBL e
quejandos...
Ciro Gomes:
Isso não começou após a prisão do Lula. Está anunciado faz tempo que a tática
desses grupos protofascistas é me provocar e tentar insuflar o pessoal contra
mim. Vou ser obrigado a tornar mais cuidado daqui para frente. Eu viajava
displicentemente, sem segurança, e gostaria de continuar assim, mas percebo
que, de agora em diante, até por conta da minha crescente responsabilidade para
com o País, terei de me proteger. Continuarei a viajar de avião de carreira,
mas tomarei maiores cuidados. Considero isso tudo um sinal dos tempos.
CC: O senhor também foi cobrado,
desta vez pelo chamado campo progressista, por supostamente não sair em defesa
do ex-presidente de Lula de forma mais contundente. Como responde a essas
críticas?
CG:Tem de ter muita paciência para entender o
que o PT e o ex-presidente Lula passam neste momento. Isso tudo me causa muita
angústia e aflição. Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar
esse momento, mas sou candidato à presidência da República, caso, no tempo
certo, o PDT aceitar essa candidatura, e tenho obrigação com o País. Isso guia
minhas iniciativas e meu comportamento. Sobre a minha relação com o Lula, peço
refúgio na história. Por 16 anos, Lula, diretamente ou por meio de aliados,
exerceu o poder. E neste período, sem faltar nenhum dia, eu o apoiei.
CC: O senhor teme que as eleições não
aconteçam?
CG: Não. Acho que
elas vão acontecer. Não há força organizada no Brasil para estabelecer uma
ruptura da Constituição a ponto de suspender o calendário eleitoral. Por mais
que haja impertinências e manifestações de comandantes militares, não vejo
senão um profundo profissionalismo nas Forças Armadas. Elas sabem que não é seu
papel romper com a Constituição.
CC: O que o senhor espera do Supremo
Tribunal Federal em relação às prisões em segunda instância?
CG: O Brasil trava
um debate mal sistematizado, mal esclarecido, a respeito da escola do direito
em vigor na nossa tradição. No nosso caso, que herdamos a tradição lusitana,
vale o que está escrito. E o que está escrito é de uma clareza meridiana: é
presumida a inocência de qualquer paciente cujo transito em julgado de sentença
condenatória não tenha se consumado. E ainda está escrito que sentença
transitado em julgado é aquela contra a qual não se pode mais levantar nenhum
recurso. Portanto, se for a escola tradicional, é flagrante que a prisão em
segunda instância é um violação.
No
direito moderno, consuetudinário, principalmente amparado pelo pensamento
anglo-saxão e que parece influenciar uma ala dos ministros do STF, diz que em
nenhum país moderno existem quatro graus de jurisdição a um julgamento por
crime comum. Todos exaurem a condenação em segunda instância. Só chegam à
terceira temas de indagação constitucional ou principiológica, o que não é o
caso em questão.
CC: Qual discurso será capaz de
alcançar os eleitores em um país tão conflagrado como o nosso?
CG: Escolhi o caminho
do equilíbrio e desconsidero toda e qualquer conveniência oportunista, mesmo
aquelas que tão somente me beneficiem. Em momentos de insegurança jurídica e
política, é preciso apostar na inteligência do povo. A franqueza e a
sinceridade são fundamentais. Dizer sem medo se A é A ou B é B, mesmo se isso
desagradar os amigos ou favorecer os inimigos. (Com informações de CartaCapital).
Quarenta
anos depois, o livro de Abdias Nascimento – uma obra de referência no debate
étnico-racial – é relançado para denunciar a violência contra a população negra
no Brasil.
Falecido
em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na
literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O
ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi
senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.
Confira
nesse vídeo especial do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil
(UNIC Rio).
Em
2018, ‘O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado’, de
Abdias Nascimento, completa 40 anos.
Para
denunciar a violência contra a população negra, uma marca persistente da
sociedade brasileira, Elisa Larkin Nascimento – viúva de Abdias – relança o
livro, escrito a partir de pesquisa apresentada na Nigéria em 1977.
“Esse texto, que foi banido do Festival
Mundial de Arte e Cultura Negras, na Nigéria, falava da democracia racial como
um mito e trazia à tona a constatação da situação de genocídio do negro
brasileiro”, contou Elisa, diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos
Afro-brasileiros (Ipeafro), ao Centro de Informação das Nações Unidas para o
Brasil (UNIC Rio).
Na
ocasião, a fala de Abdias, que questionava a ideia de que o Brasil
experimentava uma plena e harmoniosa convivência racial, foi substituída pela
palestra do professor Fernando A. A. Mourão, que defendia que o Brasil havia
resolvido o problema do racismo, vivendo em uma sociedade de “democracia racial”.
Apesar
de ter sido proibido de participar como orador, Abdias não se calou. O seu
texto foi publicado em inglês e distribuído aos participantes do colóquio.
O
livro, que aborda a violência e abusos contra a população negra, bem como o
histórico da escravidão dos descendentes de africanos no Brasil, dialoga com a
Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), reconhecida pela comunidade
internacional como grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser
promovidos e protegidos.
Falecido
em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na
literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O
ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi
senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.
Além
da atuação nos palcos, o Teatro Experimental do Negro assumia uma postura
política e integrada com as entidades que lutavam pela igualdade.
Toda
uma vida dedicada à militância pelos direitos humanos foi lembrada na biografia
de Abdias ‘Grandes vultos que honraram o Senado’, escrita por Elisa.
Doutora
em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São
Paulo, com estudo sobre a identidade afrodescendente no Brasil, Elisa destaca
que a forma como o racismo se estabelece na sociedade brasileira está
diretamente relacionada ao passado escravocrata, que restringiu direitos e oprimiu
crenças e concepções da população de ascendência africana.
O
Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados – cerca de 5 milhões
dos 10 milhões que chegaram ao continente americano – durante os cerca de 350
anos de tráfico transatlântico, entre os séculos 16 e 19. O Brasil também foi o
último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888.
“Abdias argumentava que não era apenas a
matança, mas a extinção dos valores culturais de um povo. Houve uma política de
Estado de repressão às religiões de matrizes africanas, que foram o esteio das
expressões culturais. Hoje, temos uma situação caracterizada da continuação
desse genocídio, a violência continua tendo motivação racista, carrega o ódio
racial e reforça estereótipos ligando a população negra à criminalidade”,
lamenta a escritora.
Atualmente,
no Brasil, 7 em cada 10 pessoas assassinadas são negras. Em cada 23 minutos, um
jovem negro é assassinado. Para conscientizar sobre a violência contra a
juventude negra no país, as Nações Unidas criaram, em 2017, a campanha Vidas
Negras.
ONU promove cine-debate sobre legado
africano
O
Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) organiza no
próximo dia 10 de abril, às 18h, no Rio de Janeiro, um cine-debate para
sensibilizar a população sobre o legado da diáspora africana e seus desafios
atuais. A iniciativa tem o apoio institucional do Centro Cultural da Justiça
Federal, onde será realizado o encontro.
O
evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do
Comércio Transatlântico de Escravos, lembrado todo 25 de março.
Será
exibido o documentário “Rostos Familiares
/ Lugares Inesperados: uma diáspora africana global”, da Dra. Sheila
Walker, diretora-executiva da Afrodiaspora, seguido de um debate sobre o
documentário com pesquisadores e representantes da diáspora africana. (Com informações da ONU).