13 de abril de 2018

ABA promoverá III Formação para Comunicadores da Rádio Altaneira FM


Mais de vinte pessoas participaram da II Formação em 2015. (Foto: Arquivo/ Nicolau Neto).


A Associação Beneficente de Altaneira – ABA, entidade mantenedora da Rádio Comunitária Altaneira FM promoverá neste domingo, 15, a III Formação para jovens comunicadores e comunicadoras.

A formação envolverá apenas aqueles que desejam fazer parte da equipe e aqueles que iniciaram de forma recente suas atividades no único veículo radiofônico do município. Ao contrário da última formação há dois anos, esta não terá a certificação, mas visa de igual modo contribuir na capacitação dos formandos e das formandas.

O encontro se dará durante todo o dia 15, na sede da Rádio, e será ministrado por este professor, blogueiro e atualmente vice-presidente da ABA. Temas como os fatores que permitiram o surgimento do rádio e os grupos sociais a que eles estavam ligados; o que permitia ser transmitido ou não; os mecanismos de filtração das informações; os impactos que o rádio provocou na sociedade brasileira; a evolução deste veículo a partir do surgimento da TV; sua popularidade; os fundamentos da comunicação e, claro, um passeio pelo surgimento da emissora radiofônica em Altaneira.


'O mundo precisa saber que Lula é um preso politico', diz Guilherme Boulos em Lisboa


"A luta democrática não tem fronteiras", disse pré-candidato do Psol na capital portuguesa. (Foto: Reprodução).


Em discurso realizado em Lisboa, o pré-candidato pelo Psol à Presidência da República Guilherme Boulos afirmou que é preciso urgentemente construir uma campanha internacional para “quebrar o silêncio da mídia brasileira” sobre  a escalada de violência e graves retrocessos democráticos no Brasil. “O mundo precisa saber que Lula é um preso politico. Tamo junto, porque a luta democrática não tem fronteiras”, disse Boulos no debate O Futuro das Lutas Democráticas: Em defesa da democracia brasileira, organizado pela Fundação Saramago e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Segundo ele, o primeiro desafio a se enfrentar na crise é “construirmos uma ampla frente democrática brasileira e internacional pra resguardar a democracia”.

Um dos coordenadores do debate, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos falou do desmantelamento da democracia brasileira. “Estamos a viver tempos que Antonio Gramsci caracterizou como tempos monstruosos. Quem podia imaginar que a vibrante democracia brasileira estaria a ser desmantelada da forma violenta como está. Que o presidente mais brilhante da história do Brasil, que deixou a Presidência com mais elevada taxa de aceitação, estivesse hoje preso em uma masmorra e ainda por cima ilegalmente?”

Ele lembrou o a violência “da lei e da rua” que vitimou a vereadora Marielle Franco, do Psol, assassinada no dia 14 de março no Rio de Janeiro. “Marielle presente!”, bradou Boaventura.

Em fala emocionante, a deputada Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, afirmou: “O que está a acontecer no Brasil (é a escolha entre) justiça e democracia ou fascismo. Quem pensa que não tem a ver conosco, está muito enganado. A prisão de Lula é mais um passo neste golpe terrível, grotesco, e é por isso tão importante dizer: Lula livre!”.

Segundo Catarina, “quem ficar calado é cumplice do fascismo”. “Solidariedade, democracia, liberdades democráticas, é desta matéria que somos feitos”, concluiu.

O ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro também reforçou o caráter do encarceramento do ex-presidente dizendo que ele “é um preso politico”. Sua prisão foi “engendrada para tirar da disputa eleitoral aquele que é o maior líder da história recente do Brasil”. Segundo Tarso, esse “é um costume da elite oligárquica, atrasada, reacionária do Brasil”. Ele citou os exemplos dos ex-presidentes Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek como vítimas dessa mesma oligarquia no passado.

Tiros e ódio

Boulos disse que o Brasil passa pela crise democrática mais grave desde o período da ditadura (1964-1985) no país. “Ela se expressa com uma escalada de violência política, com tiros, intolerância, ódio sendo destilado no lugar do debate político, que teve como principal expressão o assassinato brutal e covarde da Marielle.”

À plateia que lotou o Teatro Capitólio, na capital portuguesa, Boulos falou sobre a judicialização da politica que hoje toma conta do Brasil, com perseguições a Lula e lideranças de esquerda por parte de juízes e tribunais. “A maior expressão dessa judicialização é a prisão do ex-presidente Lula, que ocorre sem qualquer prova”, acrescentou.

Segundo o ativista, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o sistema se caracteriza pelo “antagonismo”, que encarcera Lula sem provas, mas ignora o presidente Michel Temer, “com provas, malas e gravações”, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), “que ameaçou até de morte um suposto delator” e continua no Senado. “Se (Sérgio) Moro quisesse fazer politica, que fosse ser candidato à presidência da República e encarasse um debate democrático com o povo brasileiro.”

Boulos contou ainda ao público sobre momentos que passou com Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “O que Moro e os juízes que encenaram essa farsa queriam era destruí-lo psicológica e politicamente. E Lula, poucas horas antes de ser preso, mostrou que estava em plena forma.”

"A única coisa que reclamo é o Moro não esperar um dia a mais para eu ver o jogo do Corinthians", disse Lula, segundo Boulos. “O que ele queria era uma foto, indo pelo mundo afora, com Lula preso ao lado de policiais. Mas o que conseguiu foi uma foto do Lula carregado por milhares de pessoas saindo do Sindicato dos Metalúrgicos.”

Nesta quinta-feira, o egípcio Mohamed El-Baradei, Prêmio Nobel da Paz em 2005, em nome da Agência Internacional de Agência Atômica, aderiu à campanha para que Lula receba o Prêmio Nobel da Paz em 2018. A campanha foi iniciada pelo argentino Adolfo Perez Esquivel, Nobel da Paz em 1980. Até o início da noite de hoje, havia mais de 215 mil adesões. (Com informações da RBA).



12 de abril de 2018

A Reforma da Câmara de Altaneira e a instabilidade dos discursos dos vereadores


O projetista Francisco Aldo apresentando Planta da Reforma da Câmara de Altaneira.
(Foto: Reprodução/ Facebook da Câmara).


Não é de hoje que os discursos dos parlamentares de Altaneira estão de difícil entendimento. Para aqueles que não costumam acompanhar regularmente as sessões daquela casa legislativa, parece que tudo caminha na mais absoluta normalidade. A oposição está a exercer o papel que lhe cabe - fiscalizar, cobrar, denunciar – e, aqueles e aquelas edis que compõem a base de sustentação da gestão do prefeito Dariomar Rodrigues (PT) de igual modo também – fiscaliza menos, cobra menos e tece vários elogios.  

Mas não é bem assim que os fatos vêm se desenrolando. A Câmara está mais parecida com uma extensão do paço municipal do que propriamente com uma casa a executar o que lhe cabe regimentalmente. A exceção da moção do ex-presidente Lula aprovada por maioria na última sessão, quase todas as proposições em destaque no ambiente legislativo têm tido poucos debates e raríssimos posicionamentos conflitantes.

Quase tudo lá tem sido aprovado por unanimidade. O que é, no mínimo, incompreensível, ante ao que era testemunhado nos bastidores e nas próprias sessões de tempos não muito distantes. Vale destacar que poucas alterações no quadro foram verificadas na última eleição. O que mudou realmente foram os quantitativos. Se antes o lado oposicionista era maioria, agora não mais.

No entanto, a oposição fervorosa de antes agora está com um discurso mais desanimado e acolhedor. Nada de extravagância e de ir com muita sede ao pote. As vezes testemunha-se que até ficam com sede. A situação, por sua vez, faz o que lhe é cabível fazer.

Mas ultimamente nota-se que o que mais tem marcado os dois lados é a mudança corriqueira de opinião. Os lados estão volúveis demais. Ora são a favor de um tema, ora não. Em sessão se posiciona com muito vigor sobre um assunto, na outra aquela mesma matéria volta à pauta, mas não se percebe os argumentos de quem antes se posicionou – contra ou a favor. O silêncio impera. Muda-se de opinião como se muda de roupa. Essa tem sido a melodia que se escuta na câmara.

Prova disso é a reforma do prédio que segundo dados colhidos na sessão do último dia 04 do mês em curso, está orçada em R$ 120.000 (cento e vinte mil reais). Mesmo sem questionar de fato a necessidade da obra, o líder da oposição, o vereador Adeilton (PSD) criticou o alto valor. O preço da obra, não entanto, foi negado pelo presidente Antonio Leite (PDT).

Discutida na reunião ordinária do dia 04, o tema voltou a ter visibilidade manhã desta quarta-feira, 11, antes, portanto, da sessão. No ensejo, segundo informações postadas na conta da Câmara no Facebook, o projetista Francisco Aldo apresentou aos parlamentares a planta da reforma do prédio. Não foi informado o valor da obra, tão pouco quanto custará aos cofres públicos. Entretanto, nada foi discutido acerca da temática durante a sessão.

A ambiguidade política de Ciro Gomes. Por Luis Felipe Miguel


Ciro no Fórum da Liberdade, onde foi acusado de dar uma "pescotapa" em um membro do MBL, o youtuber Mamãefalei. (Foto: Reprodução/ DCM).


Ciro Gomes tem, sim, algum prestígio eleitoral. Tem uma retórica explosiva que projeta a imagem de “cabra corajoso” e ganha adeptos.

Mas o que quer Ciro Gomes? Sua ambiguidade em relação à perseguição contra o presidente Lula o coloca objetivamente do lado de lá da linha divisória que separa quem defende a democracia e quem compactua com o arbítrio no Brasil.

Ciro é um político experiente e atilado. Sabia perfeitamente o que estava fazendo quando deixou de prestar solidariedade pública a Lula em São Bernardo. “Ah, mas ele estava em Harvard com Anitta”. Pois é. Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo.

Depois ele dá declarações chochas contra a seletividade da Lava Jato e as manobras do STF, mas faz questão de defender a prisão antes do trânsito em julgado e de declarar que não acredita que Lula seja um prisioneiro político. Fica claro que ele não quer fechar as portas para o eleitorado antipetista. Cálculo eleitoral esperto? Talvez. Mas tentar acessar este eleitorado sem enfrentar seus preconceitos é dar curso livre à criminalização da esquerda, que é o ponto de chegada do antipetismo.

Ciro não pôde ir a São Bernardo, mas foi a Porto Alegre. Esteve ontem no Fórum da Liberdade, que é o evento central do esforço de propaganda do ultraliberalismo (em sua versão neofeudal, “libertariana”) no Brasil. A edição deste ano, além de uma sessão especial contra o governo da Bolívia, conta com estrelas do quilate de Leandro Narloch, Rodrigo Constantino, Lya Luft (esqueçam a escritora sentimentaloide, ela é há décadas uma feroz defensora do latifúndio) e ninguém menos que Sérgio Moro. Ciro participou de uma mesa com os candidatos presidenciais da direita – João Amoedo (Novo), Henrique Meirelles (PMDB?), Flávio Rocha (MBL), Marina Silva e Geraldo Alckmin. Jair Bolsonaro, convidado, não foi. O que um candidato que quer ocupar o campo da esquerda foi fazer num evento desses, legitimando-o?

Acho muito improvável que Ciro se disponha a uma conversa séria com a esquerda. Para mim, sua estratégia é apostar nessa ambiguidade e com ela chegar no segundo turno contra alguém como Alckmin ou Bolsonaro, quando o apoio da esquerda virá de graça. Vai dar certo? Não sei. Os planos infalíveis de Ciro Gomes costumam ter o mesmo destino daqueles do Cebolinha.

Torço para que não dê certo porque, francamente, é cilada, Bino. (Com informações do DCM).

'Não vamos descansar um só momento até que Lula esteja solto', diz presidenciável Guilherme Boulos


Guilherme Boulos disse ser preciso colocar limites, pois os fascistas não farão isso por conta própria.  (Foto: Mídia Ninja).

Na véspera de ir a Curitiba e depois a Portugal, denunciar no exterior as ilegalidades da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos voltou a defender a liberdade do petista e destacar as arbitrariedades de sua detenção.

Não podemos ter receio de dizer que Lula é um preso político”, afirmou, durante ato em homenagem a Nadir Kfouri e Marielle Franco, realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo. Para ele, é evidente o objetivo político de excluir o ex-presidente do pleito eleitoral de outubro.

Nesta quinta-feira, o pré-candidato do Psol à presidência estará em Lisboa, ao lado do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), também pré-candidata à presidência. A Fundação José Saramago (FJS) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) promovem, no Teatro Capitólio, um encontro para debater o futuro das lutas democráticas e em defesa da democracia brasileira.

Além dos convidados brasileiros, participarão do encontro Cristina Narbona (PSOE-Espanha), Pablo Iglesias (Podemos/Espanha), Catarina Martins (Bloco de Esquerda/Portugal) e Ana Catarina Mendes (PS/Portugal). A coordenação do debate ficará a cargo de Boaventura de Sousa Santos (CES) e Pilar Del Rio (FJS). O encontro será aberto ao público.

Sem limites

Quem serão os próximos? Se não botarmos limites, eles não se limitam por si próprios”, alertou Boulos. As divergências entre os partidos políticos do campo progressista, segundo ele, são uma “virtude e não problema”. Porém, afirmou que a gravidade do momento não pode impedir as forças de esquerda de estarem lado a lado para barrar a escalada fascista em curso no Brasil. “Temos que ter grandeza de apresentar um projeto de futuro, junto com o desafio de enfrentar os retrocessos.”

Enfático, Boulos disse que o momento não pode ser de acomodação. “Não vamos descansar um só momento sem honrar a consciência democrática de Nadir Kfouri. Não vamos descansar um só momento sem cobrar a justiça por Marielle. E não vamos descansar um só momento até que Lula esteja solto.”

O ato realizado no Tucarena, anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), teve como objetivo entregar o título de cidadã paulistana pós mortem para Nadir Kfouri, ex-reitora da universidade reconhecida por sua luta contra a ditadura. Planejado em 2017 pelo mandato da vereadora-suplente Isa Penna, e do vereador Toninho Vespoli, ambos do Psol, a homenagem a Nadir Kfouri transformou-se também num ato em memória da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada no último dia 14 de março.

Boulos disse imaginar se a geração da ex-reitora da PUC, que lutou contra a ditadura civil-militar e pela redemocratização, um dia pensou se 30 anos depois ainda haveria assassinato e prisão política no Brasil. “É como se fosse um passado que não passou. O passado precisa de memória e justiça, porque sem isso, os fantasmas sempre voltam.” Para o líder do MTST, é justamente a falta de memória e de justiça no país a licença que permite a Jair Bolsonaro (PSL-RJ) frequentemente elogiar torturadores como Carlos Alberto Brilhante Ulstra.

Olhando para Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, Boulos disse que não permitirá “a segunda morte” da vereadora carioca, se referindo às detrações e notícias falsas que tentam manchar e diminuir sua imagem. “As ideias de Marielle são à prova de bala. Vamos ter que estar à altura dessa responsabilidade histórica.” (Com informações da RBA).

11 de abril de 2018

Vereadores de Altaneira aprovam moção de apoio ao ex-presidente Lula


Vereadores de Altaneira aprovam moção de apoio ao ex-presidente Lula. (Foto: Reprodução/ Câmara de Altaneira).


Por iniciativa do vereador Flávio Correia (SDD) a Câmara de Altaneira aprovou na manhã desta quarta-feira, 11, moção de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no último sábado (7) deixou a pé a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para se entregar a Polícia Federal.

Segundo o autor da Moção 001/2018, ressaltou que a condenação e a prisão de Lula foi um ato político e que não houve provas para tal. Apoiaram o edil nessa proposta os quatro parlamentares que junto com ele formam a base de apoio ao prefeito Dariomar Rodrigues (PT), Cier Bastos, Valmir Brasil e o presidente da casa Antonio Leite - todos do PDT -, além de Silvânia Andrade (PT). O único vereador da oposição que reforçou o apoio a matéria foi Devaldo Nogueira (MDB).

Na defesa de Lula, Devaldo disse que antes do ex-presidente não se via pessoas de pouco recurso econômico em aeroportos e afirmou que esta condenação é parte do golpe idealizado e construído há dois anos. Na mesma linha de raciocínio comentaram os demais favoráveis ao texto.

Apenas os parlamentares Adeiton Silva (PSD) e Zuleide Ferreira (PSDB) se posicionaram contra. Segundo o primeiro, Lula está pagando pelos seus crimes e disse não crer que tudo o que está acontecendo seja parte de uma armação. Já a segunda, se posicionou favorável a prisão do líder petista, pois ele está sendo condenado por atos de corrupção.

A única abstenção veio com a vereadora Alice Gonçalves, com assento na casa pelo PRP. Ela justificou que não votaria a favor da moção por não ter votado no ex-presidente.


“O que guia minhas iniciativas é a obrigação com o Brasil”, disse o presidenciável Ciro Gomes


Ciro sobre Lula: "Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento".
(Foto: Reprodução/ Wikimedia).


Com Lula preso em Curitiba, grupos “protofascistas” passaram a canalizar seu ódio em direção ao presidenciável Ciro Gomes, do PDT. Um dessas organizações ofereceu mil reais a quem dirigisse impropérios ao ex-ministro em um restaurante em São Paulo.

Um youtuber reacionário, responsável por um programa de gosto duvidoso chamado “Mamãe, falei!”, famoso por supostamente confrontar seus entrevistados, espalhou a falsa notícia de que teria sido agredido pelo pedetista, boato rapidamente desmentido pelas cenas do encontro. 

Considero isso tudo um sinal dos tempos”, minimiza o presidenciável.

Sobre as críticas a sua ausência nos atos contrários à prisão de Lula, Ciro Gomes pede “refúgio na história”.  Nos 16 anos em que Lula exerceu o poder, diretamente ou por meio de aliados, afirma, “eu o apoiei”. A detenção do ex-presidente, diz, lhe causa “angústia e aflição”.

Segundo o ex-ministro, engana-se quem espera dele um alinhamento automático e acrítico por afinidade ideológica ou simpatia. “Tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento”.

CartaCapital: Após a prisão do Lula, o senhor parece ter se tornado o novo alvo de movimentos como o MBL e quejandos...

Ciro Gomes: Isso não começou após a prisão do Lula. Está anunciado faz tempo que a tática desses grupos protofascistas é me provocar e tentar insuflar o pessoal contra mim. Vou ser obrigado a tornar mais cuidado daqui para frente. Eu viajava displicentemente, sem segurança, e gostaria de continuar assim, mas percebo que, de agora em diante, até por conta da minha crescente responsabilidade para com o País, terei de me proteger. Continuarei a viajar de avião de carreira, mas tomarei maiores cuidados. Considero isso tudo um sinal dos tempos.

CC: O senhor também foi cobrado, desta vez pelo chamado campo progressista, por supostamente não sair em defesa do ex-presidente de Lula de forma mais contundente. Como responde a essas críticas?

CG:  Tem de ter muita paciência para entender o que o PT e o ex-presidente Lula passam neste momento. Isso tudo me causa muita angústia e aflição. Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento, mas sou candidato à presidência da República, caso, no tempo certo, o PDT aceitar essa candidatura, e tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento. Sobre a minha relação com o Lula, peço refúgio na história. Por 16 anos, Lula, diretamente ou por meio de aliados, exerceu o poder. E neste período, sem faltar nenhum dia, eu o apoiei.

CC: O senhor teme que as eleições não aconteçam?

CG: Não. Acho que elas vão acontecer. Não há força organizada no Brasil para estabelecer uma ruptura da Constituição a ponto de suspender o calendário eleitoral. Por mais que haja impertinências e manifestações de comandantes militares, não vejo senão um profundo profissionalismo nas Forças Armadas. Elas sabem que não é seu papel romper com a Constituição.

CC: O que o senhor espera do Supremo Tribunal Federal em relação às prisões em segunda instância?

CG: O Brasil trava um debate mal sistematizado, mal esclarecido, a respeito da escola do direito em vigor na nossa tradição. No nosso caso, que herdamos a tradição lusitana, vale o que está escrito. E o que está escrito é de uma clareza meridiana: é presumida a inocência de qualquer paciente cujo transito em julgado de sentença condenatória não tenha se consumado. E ainda está escrito que sentença transitado em julgado é aquela contra a qual não se pode mais levantar nenhum recurso. Portanto, se for a escola tradicional, é flagrante que a prisão em segunda instância é um violação.

No direito moderno, consuetudinário, principalmente amparado pelo pensamento anglo-saxão e que parece influenciar uma ala dos ministros do STF, diz que em nenhum país moderno existem quatro graus de jurisdição a um julgamento por crime comum. Todos exaurem a condenação em segunda instância. Só chegam à terceira temas de indagação constitucional ou principiológica, o que não é o caso em questão.

CC: Qual discurso será capaz de alcançar os eleitores em um país tão conflagrado como o nosso?

CG: Escolhi o caminho do equilíbrio e desconsidero toda e qualquer conveniência oportunista, mesmo aquelas que tão somente me beneficiem. Em momentos de insegurança jurídica e política, é preciso apostar na inteligência do povo. A franqueza e a sinceridade são fundamentais. Dizer sem medo se A é A ou B é B, mesmo se isso desagradar os amigos ou favorecer os inimigos. (Com informações de CartaCapital).


Há 40 anos, livro de Abdias Nascimento denunciava violência contra população negra do Brasil



Quarenta anos depois, o livro de Abdias Nascimento – uma obra de referência no debate étnico-racial – é relançado para denunciar a violência contra a população negra no Brasil.

Falecido em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.

Confira nesse vídeo especial do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

         


Em 2018, ‘O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado’, de Abdias Nascimento, completa 40 anos.

Para denunciar a violência contra a população negra, uma marca persistente da sociedade brasileira, Elisa Larkin Nascimento – viúva de Abdias – relança o livro, escrito a partir de pesquisa apresentada na Nigéria em 1977.

Esse texto, que foi banido do Festival Mundial de Arte e Cultura Negras, na Nigéria, falava da democracia racial como um mito e trazia à tona a constatação da situação de genocídio do negro brasileiro”, contou Elisa, diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro), ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

Na ocasião, a fala de Abdias, que questionava a ideia de que o Brasil experimentava uma plena e harmoniosa convivência racial, foi substituída pela palestra do professor Fernando A. A. Mourão, que defendia que o Brasil havia resolvido o problema do racismo, vivendo em uma sociedade de “democracia racial”.

Apesar de ter sido proibido de participar como orador, Abdias não se calou. O seu texto foi publicado em inglês e distribuído aos participantes do colóquio.

O livro, que aborda a violência e abusos contra a população negra, bem como o histórico da escravidão dos descendentes de africanos no Brasil, dialoga com a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), reconhecida pela comunidade internacional como grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos.

Falecido em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.

Além da atuação nos palcos, o Teatro Experimental do Negro assumia uma postura política e integrada com as entidades que lutavam pela igualdade.

Toda uma vida dedicada à militância pelos direitos humanos foi lembrada na biografia de Abdias ‘Grandes vultos que honraram o Senado’, escrita por Elisa.

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, com estudo sobre a identidade afrodescendente no Brasil, Elisa destaca que a forma como o racismo se estabelece na sociedade brasileira está diretamente relacionada ao passado escravocrata, que restringiu direitos e oprimiu crenças e concepções da população de ascendência africana.

O Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados – cerca de 5 milhões dos 10 milhões que chegaram ao continente americano – durante os cerca de 350 anos de tráfico transatlântico, entre os séculos 16 e 19. O Brasil também foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888.

Abdias argumentava que não era apenas a matança, mas a extinção dos valores culturais de um povo. Houve uma política de Estado de repressão às religiões de matrizes africanas, que foram o esteio das expressões culturais. Hoje, temos uma situação caracterizada da continuação desse genocídio, a violência continua tendo motivação racista, carrega o ódio racial e reforça estereótipos ligando a população negra à criminalidade”, lamenta a escritora.

Atualmente, no Brasil, 7 em cada 10 pessoas assassinadas são negras. Em cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado. Para conscientizar sobre a violência contra a juventude negra no país, as Nações Unidas criaram, em 2017, a campanha Vidas Negras.

ONU promove cine-debate sobre legado africano

O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) organiza no próximo dia 10 de abril, às 18h, no Rio de Janeiro, um cine-debate para sensibilizar a população sobre o legado da diáspora africana e seus desafios atuais. A iniciativa tem o apoio institucional do Centro Cultural da Justiça Federal, onde será realizado o encontro.

O evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos, lembrado todo 25 de março.

Será exibido o documentário “Rostos Familiares / Lugares Inesperados: uma diáspora africana global”, da Dra. Sheila Walker, diretora-executiva da Afrodiaspora, seguido de um debate sobre o documentário com pesquisadores e representantes da diáspora africana. (Com informações da ONU).