12 de abril de 2018

'Não vamos descansar um só momento até que Lula esteja solto', diz presidenciável Guilherme Boulos


Guilherme Boulos disse ser preciso colocar limites, pois os fascistas não farão isso por conta própria.  (Foto: Mídia Ninja).

Na véspera de ir a Curitiba e depois a Portugal, denunciar no exterior as ilegalidades da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos voltou a defender a liberdade do petista e destacar as arbitrariedades de sua detenção.

Não podemos ter receio de dizer que Lula é um preso político”, afirmou, durante ato em homenagem a Nadir Kfouri e Marielle Franco, realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo. Para ele, é evidente o objetivo político de excluir o ex-presidente do pleito eleitoral de outubro.

Nesta quinta-feira, o pré-candidato do Psol à presidência estará em Lisboa, ao lado do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), também pré-candidata à presidência. A Fundação José Saramago (FJS) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) promovem, no Teatro Capitólio, um encontro para debater o futuro das lutas democráticas e em defesa da democracia brasileira.

Além dos convidados brasileiros, participarão do encontro Cristina Narbona (PSOE-Espanha), Pablo Iglesias (Podemos/Espanha), Catarina Martins (Bloco de Esquerda/Portugal) e Ana Catarina Mendes (PS/Portugal). A coordenação do debate ficará a cargo de Boaventura de Sousa Santos (CES) e Pilar Del Rio (FJS). O encontro será aberto ao público.

Sem limites

Quem serão os próximos? Se não botarmos limites, eles não se limitam por si próprios”, alertou Boulos. As divergências entre os partidos políticos do campo progressista, segundo ele, são uma “virtude e não problema”. Porém, afirmou que a gravidade do momento não pode impedir as forças de esquerda de estarem lado a lado para barrar a escalada fascista em curso no Brasil. “Temos que ter grandeza de apresentar um projeto de futuro, junto com o desafio de enfrentar os retrocessos.”

Enfático, Boulos disse que o momento não pode ser de acomodação. “Não vamos descansar um só momento sem honrar a consciência democrática de Nadir Kfouri. Não vamos descansar um só momento sem cobrar a justiça por Marielle. E não vamos descansar um só momento até que Lula esteja solto.”

O ato realizado no Tucarena, anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), teve como objetivo entregar o título de cidadã paulistana pós mortem para Nadir Kfouri, ex-reitora da universidade reconhecida por sua luta contra a ditadura. Planejado em 2017 pelo mandato da vereadora-suplente Isa Penna, e do vereador Toninho Vespoli, ambos do Psol, a homenagem a Nadir Kfouri transformou-se também num ato em memória da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada no último dia 14 de março.

Boulos disse imaginar se a geração da ex-reitora da PUC, que lutou contra a ditadura civil-militar e pela redemocratização, um dia pensou se 30 anos depois ainda haveria assassinato e prisão política no Brasil. “É como se fosse um passado que não passou. O passado precisa de memória e justiça, porque sem isso, os fantasmas sempre voltam.” Para o líder do MTST, é justamente a falta de memória e de justiça no país a licença que permite a Jair Bolsonaro (PSL-RJ) frequentemente elogiar torturadores como Carlos Alberto Brilhante Ulstra.

Olhando para Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, Boulos disse que não permitirá “a segunda morte” da vereadora carioca, se referindo às detrações e notícias falsas que tentam manchar e diminuir sua imagem. “As ideias de Marielle são à prova de bala. Vamos ter que estar à altura dessa responsabilidade histórica.” (Com informações da RBA).

11 de abril de 2018

Vereadores de Altaneira aprovam moção de apoio ao ex-presidente Lula


Vereadores de Altaneira aprovam moção de apoio ao ex-presidente Lula. (Foto: Reprodução/ Câmara de Altaneira).


Por iniciativa do vereador Flávio Correia (SDD) a Câmara de Altaneira aprovou na manhã desta quarta-feira, 11, moção de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no último sábado (7) deixou a pé a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para se entregar a Polícia Federal.

Segundo o autor da Moção 001/2018, ressaltou que a condenação e a prisão de Lula foi um ato político e que não houve provas para tal. Apoiaram o edil nessa proposta os quatro parlamentares que junto com ele formam a base de apoio ao prefeito Dariomar Rodrigues (PT), Cier Bastos, Valmir Brasil e o presidente da casa Antonio Leite - todos do PDT -, além de Silvânia Andrade (PT). O único vereador da oposição que reforçou o apoio a matéria foi Devaldo Nogueira (MDB).

Na defesa de Lula, Devaldo disse que antes do ex-presidente não se via pessoas de pouco recurso econômico em aeroportos e afirmou que esta condenação é parte do golpe idealizado e construído há dois anos. Na mesma linha de raciocínio comentaram os demais favoráveis ao texto.

Apenas os parlamentares Adeiton Silva (PSD) e Zuleide Ferreira (PSDB) se posicionaram contra. Segundo o primeiro, Lula está pagando pelos seus crimes e disse não crer que tudo o que está acontecendo seja parte de uma armação. Já a segunda, se posicionou favorável a prisão do líder petista, pois ele está sendo condenado por atos de corrupção.

A única abstenção veio com a vereadora Alice Gonçalves, com assento na casa pelo PRP. Ela justificou que não votaria a favor da moção por não ter votado no ex-presidente.


“O que guia minhas iniciativas é a obrigação com o Brasil”, disse o presidenciável Ciro Gomes


Ciro sobre Lula: "Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento".
(Foto: Reprodução/ Wikimedia).


Com Lula preso em Curitiba, grupos “protofascistas” passaram a canalizar seu ódio em direção ao presidenciável Ciro Gomes, do PDT. Um dessas organizações ofereceu mil reais a quem dirigisse impropérios ao ex-ministro em um restaurante em São Paulo.

Um youtuber reacionário, responsável por um programa de gosto duvidoso chamado “Mamãe, falei!”, famoso por supostamente confrontar seus entrevistados, espalhou a falsa notícia de que teria sido agredido pelo pedetista, boato rapidamente desmentido pelas cenas do encontro. 

Considero isso tudo um sinal dos tempos”, minimiza o presidenciável.

Sobre as críticas a sua ausência nos atos contrários à prisão de Lula, Ciro Gomes pede “refúgio na história”.  Nos 16 anos em que Lula exerceu o poder, diretamente ou por meio de aliados, afirma, “eu o apoiei”. A detenção do ex-presidente, diz, lhe causa “angústia e aflição”.

Segundo o ex-ministro, engana-se quem espera dele um alinhamento automático e acrítico por afinidade ideológica ou simpatia. “Tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento”.

CartaCapital: Após a prisão do Lula, o senhor parece ter se tornado o novo alvo de movimentos como o MBL e quejandos...

Ciro Gomes: Isso não começou após a prisão do Lula. Está anunciado faz tempo que a tática desses grupos protofascistas é me provocar e tentar insuflar o pessoal contra mim. Vou ser obrigado a tornar mais cuidado daqui para frente. Eu viajava displicentemente, sem segurança, e gostaria de continuar assim, mas percebo que, de agora em diante, até por conta da minha crescente responsabilidade para com o País, terei de me proteger. Continuarei a viajar de avião de carreira, mas tomarei maiores cuidados. Considero isso tudo um sinal dos tempos.

CC: O senhor também foi cobrado, desta vez pelo chamado campo progressista, por supostamente não sair em defesa do ex-presidente de Lula de forma mais contundente. Como responde a essas críticas?

CG:  Tem de ter muita paciência para entender o que o PT e o ex-presidente Lula passam neste momento. Isso tudo me causa muita angústia e aflição. Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento, mas sou candidato à presidência da República, caso, no tempo certo, o PDT aceitar essa candidatura, e tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento. Sobre a minha relação com o Lula, peço refúgio na história. Por 16 anos, Lula, diretamente ou por meio de aliados, exerceu o poder. E neste período, sem faltar nenhum dia, eu o apoiei.

CC: O senhor teme que as eleições não aconteçam?

CG: Não. Acho que elas vão acontecer. Não há força organizada no Brasil para estabelecer uma ruptura da Constituição a ponto de suspender o calendário eleitoral. Por mais que haja impertinências e manifestações de comandantes militares, não vejo senão um profundo profissionalismo nas Forças Armadas. Elas sabem que não é seu papel romper com a Constituição.

CC: O que o senhor espera do Supremo Tribunal Federal em relação às prisões em segunda instância?

CG: O Brasil trava um debate mal sistematizado, mal esclarecido, a respeito da escola do direito em vigor na nossa tradição. No nosso caso, que herdamos a tradição lusitana, vale o que está escrito. E o que está escrito é de uma clareza meridiana: é presumida a inocência de qualquer paciente cujo transito em julgado de sentença condenatória não tenha se consumado. E ainda está escrito que sentença transitado em julgado é aquela contra a qual não se pode mais levantar nenhum recurso. Portanto, se for a escola tradicional, é flagrante que a prisão em segunda instância é um violação.

No direito moderno, consuetudinário, principalmente amparado pelo pensamento anglo-saxão e que parece influenciar uma ala dos ministros do STF, diz que em nenhum país moderno existem quatro graus de jurisdição a um julgamento por crime comum. Todos exaurem a condenação em segunda instância. Só chegam à terceira temas de indagação constitucional ou principiológica, o que não é o caso em questão.

CC: Qual discurso será capaz de alcançar os eleitores em um país tão conflagrado como o nosso?

CG: Escolhi o caminho do equilíbrio e desconsidero toda e qualquer conveniência oportunista, mesmo aquelas que tão somente me beneficiem. Em momentos de insegurança jurídica e política, é preciso apostar na inteligência do povo. A franqueza e a sinceridade são fundamentais. Dizer sem medo se A é A ou B é B, mesmo se isso desagradar os amigos ou favorecer os inimigos. (Com informações de CartaCapital).


Há 40 anos, livro de Abdias Nascimento denunciava violência contra população negra do Brasil



Quarenta anos depois, o livro de Abdias Nascimento – uma obra de referência no debate étnico-racial – é relançado para denunciar a violência contra a população negra no Brasil.

Falecido em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.

Confira nesse vídeo especial do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

         


Em 2018, ‘O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado’, de Abdias Nascimento, completa 40 anos.

Para denunciar a violência contra a população negra, uma marca persistente da sociedade brasileira, Elisa Larkin Nascimento – viúva de Abdias – relança o livro, escrito a partir de pesquisa apresentada na Nigéria em 1977.

Esse texto, que foi banido do Festival Mundial de Arte e Cultura Negras, na Nigéria, falava da democracia racial como um mito e trazia à tona a constatação da situação de genocídio do negro brasileiro”, contou Elisa, diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro), ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

Na ocasião, a fala de Abdias, que questionava a ideia de que o Brasil experimentava uma plena e harmoniosa convivência racial, foi substituída pela palestra do professor Fernando A. A. Mourão, que defendia que o Brasil havia resolvido o problema do racismo, vivendo em uma sociedade de “democracia racial”.

Apesar de ter sido proibido de participar como orador, Abdias não se calou. O seu texto foi publicado em inglês e distribuído aos participantes do colóquio.

O livro, que aborda a violência e abusos contra a população negra, bem como o histórico da escravidão dos descendentes de africanos no Brasil, dialoga com a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), reconhecida pela comunidade internacional como grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos.

Falecido em 2011, aos 97 anos, Abdias deixou um legado de luta contra o racismo na literatura, na política e em muitos aspectos da sociedade brasileira. O ativista – que viveu exilado entre 68 e 81, durante a ditadura militar – foi senador, deputado, escultor, ator e fundador do Teatro Experimental do Negro.

Além da atuação nos palcos, o Teatro Experimental do Negro assumia uma postura política e integrada com as entidades que lutavam pela igualdade.

Toda uma vida dedicada à militância pelos direitos humanos foi lembrada na biografia de Abdias ‘Grandes vultos que honraram o Senado’, escrita por Elisa.

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, com estudo sobre a identidade afrodescendente no Brasil, Elisa destaca que a forma como o racismo se estabelece na sociedade brasileira está diretamente relacionada ao passado escravocrata, que restringiu direitos e oprimiu crenças e concepções da população de ascendência africana.

O Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados – cerca de 5 milhões dos 10 milhões que chegaram ao continente americano – durante os cerca de 350 anos de tráfico transatlântico, entre os séculos 16 e 19. O Brasil também foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888.

Abdias argumentava que não era apenas a matança, mas a extinção dos valores culturais de um povo. Houve uma política de Estado de repressão às religiões de matrizes africanas, que foram o esteio das expressões culturais. Hoje, temos uma situação caracterizada da continuação desse genocídio, a violência continua tendo motivação racista, carrega o ódio racial e reforça estereótipos ligando a população negra à criminalidade”, lamenta a escritora.

Atualmente, no Brasil, 7 em cada 10 pessoas assassinadas são negras. Em cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado. Para conscientizar sobre a violência contra a juventude negra no país, as Nações Unidas criaram, em 2017, a campanha Vidas Negras.

ONU promove cine-debate sobre legado africano

O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) organiza no próximo dia 10 de abril, às 18h, no Rio de Janeiro, um cine-debate para sensibilizar a população sobre o legado da diáspora africana e seus desafios atuais. A iniciativa tem o apoio institucional do Centro Cultural da Justiça Federal, onde será realizado o encontro.

O evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos, lembrado todo 25 de março.

Será exibido o documentário “Rostos Familiares / Lugares Inesperados: uma diáspora africana global”, da Dra. Sheila Walker, diretora-executiva da Afrodiaspora, seguido de um debate sobre o documentário com pesquisadores e representantes da diáspora africana. (Com informações da ONU).

10 de abril de 2018

Impedidos de visitar Lula, governadores do Nordeste deixam carta para ex-presidente


Comitiva de governadores e parlamentares com a carta a ser entregue a Lula. (Foto: Reprodução/ O Povo).


Oito governadores do Nordeste e mais os governadores do Acre e Amapá deixaram carta nesta terça-feira, 8, a ser entregue ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A comitiva, da qual faz parte o governador Camilo Santana (PT), foi à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Eles tentaram visitar o ex-presidente, mas o pedido foi negado.


A carta manuscrita afirma:

"Estimado presidente Lula,

Querido amigo

Em 09/04/2018


Estivemos aqui e sempre estaremos. Ao seu lado, firmes na luta.


Infelizmente, a Lei de Execução Penal não foi cumprida adequadamente e não podemos abraçá-lo pessoalmente.


Mas, por nosso intermédio, milhões de brasileiros e brasileiras estão solidários e sendo a sua voz por um Brasil justo, democrático, soberano e livre.


Lula livre!


Fortes e fraternos abraços".

Assinam a carta os governadores Camilo Santana (PT-Ceará), Renan Filho (MDB-Alagoas), Rui Costa (PT-Bahia), Flávio Dino (PCdoB-Maranhão), Ricardo Coutinho (PSB-Paraíba), Wellington Dias (PT-Piauí), Robinson Faria (PSD-Rio Grande do Norte) e Jackson Barreto (MDB-Sergipe), além de Tião Viana (PT-Acre) e Waldez Góes (PDT-Amapá). Outros políticos, como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), também assinam a mensagem.

O juiz Sergio Moro negou condições especiais para visitas ao ex-presidente. O magistrado determinou que Lula se submeta às mesmas condições de outros condenados, que recebem visitas às quartas-feiras, de familiares e advogados. (Com informações do O Povo).

Martin Luther King vs. Deltan Dallagnol


Luther King e Dallagnol: a única semelhança é a fé batista. (Foto: Reprodução e ABr).


Dois acontecimentos relacionadas à fé evangélica apareceram no noticiário: o jejum do procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, pela prisão do ex-presidente Lula e a memória dos 50 anos do assassinato do pastor evangélico norte-americano Martin Luther King.

Curioso que dois fiéis de tradição batista ocupem o noticiário e as mídias digitais quase ao mesmo tempo. E mais: que estejam colocados em posições tão diferentes no que diz respeito à forma como tornam pública a sua fé.

Luther King era um pastor batista. Vivia no contexto de segregação da população negra no país, com a negação do direito de votar e a instituição de espaços públicos separados dos brancos.

Ele vivia na carne esta segregação. Sua fé no amor de Deus o instigou não à vingança, mas à compreensão de que este amor incondicional é dirigido a todos, sem distinção, de sorte que todos têm direito a ser tratados com dignidade.

Por isto, o pastor foi compelido a denunciar o racismo em seu país e conclamar a reconciliação e a paz entre negros e brancos.

Luther King tornou-se um grande líder do movimento de superação do racismo nos EUA e por direitos civis, com atos, protestos e manifestações públicas não-violentas.

Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964 e no mesmo ano viu o alcance dos direitos concedidos por lei. Ele prosseguiu: liderou a Campanha pelos Pobres, contra a desigualdade econômica, e pregou ardentemente contra a Guerra do Vietnã.

Recebeu também muitas ameaças de morte, mas se manteve firme no compromisso de sua fé no Deus da vida e da dignidade para todos. Em 4 de abril de 1968, foi assassinado com um tiro.

Nesta semana recordamos que, depois de 50 anos, o legado deste evangélico se faz ecoar tanto nas ações contra o racismo quanto na teologia do Evangelho Social, que até hoje inspira cristãos e cristãs a ter uma fé viva, comprometida com atos concretos pela igualdade, justiça, paz e reconciliação.

O jovem procurador, da Igreja Batista de Curitiba, igualmente esteve em evidência. Ganhou notoriedade a partir de 2014, por conta da Lava Jato. Entre suas intervenções políticas, destacam-se as “10 medidas de combate à corrupção”, com assinaturas colhidas em peregrinação em igrejas evangélicas.

A atuação de Dallagnol é divulgada em eventos de igrejas e pelas mídias como vocação cristã. A repercussão acabou por impregnar de um caráter messiânico sua atuação, por conta do punitivismo da força-tarefa. Ela responde a anseios de vingança de parte da população contra alvos da operação, em especial o ex-presidente Lula, vítima de um processo internacionalmente questionado.

Há ainda outras controvérsias em torno do procurador evangélico que comprometem a imagem construída de paladino na luta contra a corrupção. Elas incluem certa ilegalidade de ações, como a prática de escutas telefônicas sem autorização, a apresentação pública de acusações sem provas, que gera a destruição prematura de reputações, a aquisição de apartamentos do Programa Minha Casa Minha Vida como investimento, e o recebimento mensal de verbas públicas para auxílio-moradia (4.377,73 reais), apesar de possuir um imóvel próprio em Curitiba.

Dallagnol voltou às mídias ao tuitar: “4ª feira é o dia D da luta contra a corrupção na #LavaJato. Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”.

Sem considerarmos as premissas de que um procurador não deve tomar partido publicamente sobre esta ou aquela situação em julgamento, e de que o Estado é laico e seus servidores não podem ser guiados nas ações de interesse público por preceitos religiosos, importa avaliar suas palavras com base na própria fé cristã que professa.

Na tradição judaico-cristã, o jejum representa uma prática de devoção, seja em arrependimento por atos praticados incoerentes com a fé, seja em busca do favor de Deus em uma situação pessoal ou em causa coletiva.

Segundo a orientação de Jesus de Nazaré, registrada na Bíblia, não se deve fazer do jejum algo banal ou fonte de autopromoção. A prática deve ser realizada com discrição, na intimidade fiel-Deus, sem demonstrações públicas, classificadas nesse ensino como hipocrisia.

Antes de Jesus, os profetas ensinavam que Deus condena e rejeita o jejum hipócrita e espera mesmo é que seus fiéis realizem a justiça plena, como diz Isaías (cap. 58):

De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se nisso não prestais atenção? É que no dia de vosso jejum, só cuidais de vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz...”

Prossegue o texto: “O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio?, diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. É repartir seu alimento com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante”.

Dallagnol não só praticou o contrário da orientação cristã como relacionou o jejum a uma causa individual (sua insaciável busca de condenação do ex-presidente Lula) transformando-a em causa coletiva, desconsideradas as internacionalmente notórias incongruências em torno do processo.

Busquei mensagens do procurador sobre jejum e oração relacionadas a outras situações de destaque ou causas coletivas em que se espera a aplicação da justiça no País e não encontrei. O jejum acabou instrumentalizado politicamente e Deus usado em um projeto pessoal.

Luther King e Dallagnol: duas formas diferentes de praticar a fé. Uma fé viva e comprometida até a morte, em nome da luta por justiça e paz para que todos sejam tratados com dignidade, face concreta do amor de Deus. A outra, uma fé demonstrada para uma população vingativa e punitivista, por meio de uma religião seletiva de trocas com Deus. Um tem uma herança viva 50 anos depois, o outro... (Por  Magali do Nascimento Cunha, em CartaCapital).


9 de abril de 2018

Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, lança abaixo-assinado para candidatura de Lula ao prêmio


Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, lança abaixo-assinado para candidatura de Lula ao prêmio.
(Foto: Reprodução).

O pintor, escritor e ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980 por combater a ditadura em seu país, iniciou um abaixo-assinado para ser entregue ao comitê do Nobel indicando o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, para o prêmio.

O documento, de acordo com as regras do prêmio, deve ser entregue até setembro. O objetivo é chegar e 150 mil assinaturas. Até a manhã desta segunda-feira (9), o abaixo-assinado já contava com mais de 93.400 assinaturas.


Esta es la carta que presentaré al Comité Nobel Noruego en septiembre de 2018 postulando a Luiz Inácio “Lula” Da Silva al Premio Nobel de la Paz. Te invito a adherir a la campaña #NobelparaLula, para convencer a las personas con posibilidad de postularlo conforme a las normas del Comité Nobel.

(Esta é a carta que apresento ao comitê norueguês do Nobel em setembro de 2018, nomeando Luiz Inácio “Lula” da Silva para o Prêmio Nobel da Paz. Eu convido você a participar da campanha #NobelparaLula, convencendo as pessoas para a possibilidade desta postulação, de acordo com as normas do Comitê Nobel.)

Mais adiante, Esquivel lembra os feitos dos dois governos de Lula no combate à fome e à miséria. “A porcentagem de pessoas que viviam com menos de US $ 3,10 por dia caiu de 11%, em 2003, para cerca de 4%, em 2012, segundo dados do Banco Mundial”.

O texto lembra também que “esses resultados dos programas do governo do PT no Brasil para superar a pobreza e a fome não foram uma política de Estado mantida por outros partidos do governo, mas uma política governamental específica que o Brasil está gradualmente abandonando. Isso é demonstrado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou que, em 2017, o Brasil tinha mais de 3 milhões de novos pobres por causa das políticas do atual governo”.

O texto finaliza: “Por estas razões, com o mesmo senso de esperança que Martin Luther King transmitiu quando disse ‘se o mundo acabar amanhã, ainda plantarei minha macieira’, somos muitos que acreditam que o Prêmio Nobel da Paz para Lula da Silva ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo uma nova aurora para dignificar a árvore da vida”. (Com informações da Revista Fórum).



Lentidão nos trabalhos de construção da estrada Assaré – Altaneira gera desconfiança de moradores


Trecho na altura do Sítio Taboca para a construção da estrada Altaneira - Assaré. (Foto: Raimundo Soares Filho).

Decorridos mais de um mês da data da assinatura da ordem de serviço para pavimentação da CE-388, no trecho Assaré - Altaneira pelo governador Camilo Santana em solenidade realizada em meio as comemorações do aniversário do poeta Patativa do Assaré em 05 de março, mas apenas uma máquina foi enviada pela construtora responsável pela obra.

A obra, mais uma contemplada pelo Programa de Logística e Estradas do Ceará: Ceará de Ponta a Ponta, no total, 20,16 quilômetros receberão as ações de melhoria. O prazo para conclusão dos trabalhos é de 360 dias, envolvendo investimento total de R$ 14.912.152,13, com recursos do Tesouro do Estado e do Banco de Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O trecho receberá serviços de pavimentação, revestimento asfáltico, obras d’artes correntes, drenagem, sinalizações vertical e horizontal, além de proteção ambiental. Os serviços tornarão o acesso aos dois municípios, bem como a outros destinos da região, mais rápido e seguro.

Ao assinar a ordem de serviço o governador Camilo Santana apresentou o proprietário da empresa contratada e exigiu que as máquinas iniciassem os trabalhos em Altaneira pediu aos altaneirense presentes que lhe enviassem fotos dos maquinários pelo WhatsApp.

Apesar do prazo contratual para conclusão dos trabalhos ser de um ano o empreiteiro prometeu que concluiria em seis meses, o governador Camilo Santana pediu para os altaneirense fiscalizassem a obra.

Na tarde do dia seguinte (06/03) chegou ao local uma máquina que foi festejada pelos altaneirense e inclusive o prefeito municipal, Dariomar Rodrigues (PT), lançou um vídeo na rede social Facebook registrando o momento.


Única máquina enviada pela Construtora. (Foto: Raimundo Soares Filho).

Até ontem (08/04) era a única máquina na obra e segundo informações de populares não trabalha todos os dias em virtude de problemas mecânicos e até falta de combustível. Além do serviço de limpeza da área, foi iniciada a construção de uma bueira no sítio Prado.

No final do mês de março o jovem Thiago Romão informou ao governador Camilo Santana a lentidão da obra, este prometeu apurar a situação, mas alegou que o atraso poderia está ligado as chuvas, só que o mês de março foi o menos chuvoso dos últimos 10 anos.

Dezenas de trabalhadores aguardam o início efetivo da obra em virtude da promessa de contratação de mão-de-obra local pelo prefeito Dariomar. A desconfiança é geral da capacidade da empresa contratada em executar os serviços.

Também desconfiado o vereador Flávio Correia (Solidariedade) disse que irá apresentar na Câmara Municipal de Altaneira, pedido de informações sobre a lentidão das obras.

A administração do BA procurou o responsável pela obra, mas nenhum funcionário da empresa se encontrava no local. (Com informações do Blog de Altaneira).