19 de março de 2018

Parque do Piauí: um gigante para a ciência, invisível para o Brasil



A pesquisadora franco-brasileira, Niéde Guidon, de 81 anos, participava de uma exposição sobre pinturas rupestres no Museu do Ipiranga (em São Paulo) no início da década de 1970, quando um homem se aproximou e disse:

- Lá na minha cidade tem um monte desses desenhos

Guidon, na época professora da École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, montou então uma missão de pesquisadores rumo a São Raimundo Nonato, um município do no Polígono das Secas no Piauí, um dos Estados mais pobres do Brasil. Chegando lá, foi levada por moradores locais a um abrigo de pedra (similar a uma caverna, mas menos profundo) em cujas paredes estavam gravadas em vermelho imagens de animais e cenas de dança, sexo e caça. Ela decidiu, então, se dedicar à pesquisa no local e nunca mais foi embora.

Em 1979, a pesquisadora conseguiu que a área de 129.000 hectares fosse demarcada para preservação, tornando-se o Parque Nacional da Serra da Capivara. Lá, descobriu com a sua equipe 1.350 sítios arqueológicos com cerca de 750 pinturas rupestres, a maior concentração do continente americano, e começou uma disputa científica que procura demonstrar que a presença do homem na região é muito mais antiga do que se imaginava anteriormente. Os últimos achados na Capivara dão conta de que a chegada à América foi dez mil anos antes do que supunha a teoria predominante, o paradigma de Clovis First. E pode ter começado pela América do Sul e não pela do Norte.
Em uma publicação no periódico científico “Journal of Archaeological Science”, Christelle Lahaye e Eric Boëda, que comandaram a escavação na Toca da Tira Peia, dentro do Parque Nacional, descobriram 113 artefatos de pedras lascadas ou polidas, feitos com uma matéria-prima que não foi achada perto do sítio escavado, o que indicaria a manipulação desses objetos pelos homens. A análise deles mostrou que os mais antigos haviam sido usados há pelo menos 22.000 anos.

Os achados são elementos que fortalecem os indícios contrários à teoria de Clóvis e dão força para a briga que Guidon iniciou ainda na década de 1970, com as primeiras escavações na Serra da Capivara. Para ela, o local foi povoado na verdade há mais de 100.000 anos, uma data considerada “absurda” pelos discípulos de Clóvis.

A teoria de Clóvis First foi proposta por arqueólogos norte-americanos na década de 1930, após a descoberta de pontas de lança feitas com ossos de mamute na cidade de Clóvis, Novo México (EUA). Assim, os pesquisadores norte-americanos afirmam que o homem chegou há 11.500 anos pela Ásia, a pé, durante o Pleistoceno (a Era do Gelo). Só depois de se espalharem pela América do Norte povoaram a do Sul.

Mas as escavações da equipe de Guidon no Piauí começaram a contestar esse modelo já em 1983. Na ocasião, pedaços de carvão encontrados no sítio Paraguaio, o primeiro investigado pela pesquisadora, traziam indícios de que a ocupação ali era de, ao menos, 31.500 anos atrás. Em 1984, uma nova datação, também em pedaços de carvão, marcava 32.160 anos. Os achados foram publicados na revista Nature, em 1986. Com o passar dos anos, no entanto, descobriram-se indícios de 58.000 anos atrás e, em 1991, chegou-se à data que deixava, e muito, Clóvis para trás: os 100.000 anos. “Como o Carbono 14 não funciona para datações tão antigas, aplicamos a termoluminescência, que faz com que o material emita uma luz que permite saber quando o fogo foi aceso”, conta ela.

As análises, consideradas “irrefutáveis” pela pesquisadora foram contestadas por pesquisadores que diziam que o carvão descoberto seria consequência de fogueiras naturais. Guidon e sua equipe afirmavam que as fogueiras não eram naturais, pois as marcas estavam apenas em paredes dentro do abrigo. Próximo a esses locais, foram encontradas evidências de pedras lascadas pelo homem e de pinturas rupestres. A teoria da pesquisadora é de que o homem teria chegado diretamente à América do Sul, vindo da África, na época de uma grande seca no continente africano.

A querela científica, no entanto, perdurou devido ao que alguns pesquisadores chamam de “imperialismo acadêmico” norte-americano. Só que evidências achadas justamente em solo norte-americano passaram a demonstrar nos últimos anos que a teoria de Clovis não se sustentava mais.

Em 2008, em Oregon, pesquisadores descobriram por meio de análises de DNA em ossadas humanas que a ocupação já havia acontecido há 14.000 anos. No Texas, em 2011, descobriram 15.528 artefatos no chamado complexo Buttermilk Creek, datados de um período entre 13.200 a 15.500 anos. E um pesquisador norte-americano chamado Tom Dillehay, na década anterior, já havia conseguido reconhecimento acadêmico para suas descobertas no sítio arqueológico Monte Verde, no Chile, onde objetos encontrados remontavam a 12.500 anos.

No ano passado, com a publicação dos novos achados na Serra da Capivara, a comunidade científica voltou os olhos novamente para o Piauí. Os indícios de pedras lascadas ou polidas de 22.000 anos são menos polêmicos que os pedaços de carvão das fogueiras e, por isso, a tese de Guidon começa a não parecer tão “absurda”.

Dizer que a chegada do homem na América há 100.000 anos é algo absurdo não é uma afirmação muito científica. Em ciência, não se pode dizer, a priori, que algo não aconteceu. Mas é preciso de mais dados [para a tese de Guidon]”, diz Astolfo Araújo, professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

É lógico que falar em 100.000 anos deixa a gente assustado. Mas, por outro lado, a presença do homem na África é de 200.000 anos atrás. Não é impossível que alguém tenha vindo de barco para a América do Sul”, continua ele.

Ele ressalta ainda que uma das possibilidades para o intervalo entre os indícios de 100.000 anos atrás e os de 22.000 anos poderia ser o desaparecimento do primeiro grupo populacional, mais antigo, na América do Sul. “Mapeamentos do genoma descobriram que nós temos muito pouca variabilidade genética. Isso poderia significar que a nossa população quase se extinguiu”, explica ele. Um estudo publicado em 2008 no American Journal Of Human Genetics apontou que há 70.000 anos a população humana pode ter encolhido para apenas 2.000 pessoas por conta do clima extremo. Essa “quase extinção” teria ocorrido justamente na época do intervalo dos achados na América.

Com isso, defende ele, existe a possibilidade de que tenha havido duas entradas de homens na América. Hipótese defendida também pelo professor do Instituto de Biociências da USP Walter Neves, descobridor de um crânio de 11.000 anos na região de Lagoa Santa (Minas Gerais), apelidado de Luiza. Para Neves, no entanto, houve duas ondas migratórias, ambas vindas da Ásia. A primeira, há 14.000 anos, foi de indivíduos parecidos com Luiza, de morfologia semelhante à dos australianos e africanos atuais. Essa espécie não teria deixado descendentes.

A segunda leva, de acordo com ele, chegou há 12.000 anos. Eram indivíduos de tipo físico asiático, semelhante aos índios americanos atuais, explicou, em entrevista à revista da Fapesp. Neves, que foi “inimigo científico” de Guidon por anos, diz que finalmente visitou o parque da Capivara para avaliar a coleção lítica dos sítios e saiu de lá “99,9% convencido de que houve no local uma ocupação anterior a 30.000 anos”. Mas a dúvida que restou ainda é significativa, disse ele na mesma entrevista.

Mas a disputa entre as teses científicas continua. Nesta semana, pesquisadores publicaram um artigo na revista Science descobriram no México um esqueleto de 12.000 anos que, segundo eles, sustenta tese de que as populações que chegaram à América vieram da Ásia pela região do estreito de Bering, posteriormente se espalhando para o sul. Com a descoberta, eles descartam a possibilidade de que tenha havido diversas ondas de povoadores. O crânio da menina de aproximadamente 15 anos, apelidada de Naia, tem a morfologia dos australianos e africanos, mas a análise do DNA mitocondrial extraído dos dentes do esqueleto é semelhante a dos índios atuais. Assim, a Luiza descoberta por Neves teria os mesmos ancestrais de Naia, de acordo com a pesquisa publicada na Nature. A descoberta foi vista com ceticismo por Neves, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

O fato é que a falta de esqueletos antigos que poderiam trazer afirmações mais precisas sobre a questão é um problema na América do Sul. Por isso, sítios como os do Parque Nacional da Serra da Capivara, onde a pesquisa continua, são essenciais para que o enigma chegue perto do fim. No entanto, aos 81 anos, Guidon luta para fazer novos discípulos que possam continuar com seu trabalho para manter o local, que recebe pouca verba e corre o risco de se tornar cada dia mais precário. (Com informações do Brasil El Pais).


Pintura rupestre que é simbolo do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piaui, nordeste do país.
(Foto: Toni Pires).

Aula pública sobre cotas raciais será realizada na Universidade Regional do Cariri



A Universidade Regional do Cariri (URCA), campus Crato, será palco na próxima quarta-feira, 21, de aula pública visando debater Cotas Raciais. O ato é uma idealização dos movimentos sociais, movimentos estudantis e do Grupo de Estudo e Pesquisa de História, Cultura e Ensino Afro-Brasileiro, Americano e Africano (GEPAFRO).

O tema apesar de frequente em discussões, ainda é pouco explorado pela comunidade, o que acaba suscitando dúvidas quanto a sua implementação em concursos públicos, em seleções de vestibulares nas universidades, faculdade e institutos educacionais.  

Em fevereiro de 2017 a URCA promoveu alguns encontros acerca da temática, como o I Seminário e Ações Afirmativas: A Implantação do Sistema de Cotas e de uma Audiência Pública. Ambos os eventos contou a participação de organizações não governamentais, associação de surdos e mudos, movimentos negros do cariri, professores, universitários e demais membros da sociedade civil.

Ao Blog Negro Nicolau (BNN), a professora do Departamento de História desta universidade, Telvira, afirmou que a atividade é uma idealização do GEPAFRO, coordenado por ela, do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), do Sindicato dos Docentes da Universidade (SINDURCA), dos movimentos estudantis da UFCA e tem como objetivo cobrar da instituição um posicionamento. Segundo a professora, "a URCA não tem feito nada em relação a isso". "Na verdade", realçou, "essa aula é para denunciar. A gente já teve um primeiro vestibular com ofertas de vagas para cotas sócio raciais e já tivemos os primeiros constrangimentos de candidatos brancos que se autodeclararam negros e os negros ficaram na fila". 

A ação que será realizada por docentes e discentes da URCA, UFCA, IFCE e também por movimentos sociais, deve debater sobre a realidade que ainda persiste – a pouca presença de negros, negras e indígenas no ensino superior. Ainda segundo Telvira, junto com a aula haverá um ato com o tema "Vidas Negras Importam. Mariella Presente".

A aula pública ocorrerá a partir das 18h30 no pátio da pedagogia.

(Foto: Divulgação).


18 de março de 2018

Nós negros somos resistentes a esse sistema que nos oprime e que tenta nos invisibilizar, diz professor Nicolau



O professor Nicolau Neto, blogueiro e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras, fala sobre movimento negro e suas conquistas, o mito da democracia racial brasileira, a lei 10.639/03, o papel da educação no combate ao preconceito no país e acerca do seu Blog em entrevista cedida ao Blog Recortes Diversos.

Entrevista cedida ao estudante Sávio Marinho e publicada em seu Blog Recortes Diversos.

Recortes Diversos (RD) - O que é Movimento Negro e o que ele busca?

Nicolau Neto (NN) – A própria etimologia das palavras “movimento” e “negro” nos dá uma noção do que ele significa, do que ele representa para a comunidade negra. Movimento Negro enquanto forma de expressão de luta e de resistência de um povo existe desde que se começou o processo de escravidão. No Brasil, essa prática foi visível desde o século XVI e se estendeu até fins do século XIX. Nesse sentido, podemos falar deste movimento como aquilombamento de vários povos e de etnias distintas historicamente marginalizados da sociedade brasileira buscando formas de sobreviverem sem as correntes que aprisionavam seus corpos e as péssimas condições a que eram submetidos nas plantações de cana de açúcar, nos engenhos, nas fazendas, nos cafezais, etc. O Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Os negros foram trazidos do continente africano para cá, escravizados e, não se contentando com isso, as elites político-econômicas da época, através de diversas práticas, cuja escravização inclui-se aqui como a mais clara, fizeram com que eles passassem por um processo de ‘aculturação’, sendo obrigados a deixarem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando práticas europeias. Sendo assim, movimento enquanto ato de mover-se e pretender mover alguém – no caso negras e negros africanos – em busca de liberdade, vem junto com o processo de escravização.

Mas o termo Movimento Negro enquanto entidade nasce oficialmente em 1978. Sendo mais detalhista, em 18 de junho de 1978 quando vários representantes de grupos se reuniram em prol de uma causa, a luta contra a discriminação racial. Na época, quatro garotos do time infantil de voleibol do Clube de Regatas Tietê foram discriminados e Robinson Silveira da Luz, trabalhador, pai de família, foi acusado de roubar frutas numa feira, sendo depois torturado no 44º Distrito Policial de Guaianases, vindo a falecer em consequência das torturas. No dia 7 de julho do mesmo ano, ocorreu a criação e o lançamento oficial do Movimento Negro Unificado agregando representantes de várias entidades das causas negras, como Centro de Cultura e Arte Negra – CECAN, Grupo Afro-Latino América, Associação Cultural Brasil Jovem, Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas – IBEA, além de atletas e artistas negros. Cerca de duas mil pessoas participaram do ato nas escadarias do Teatro Municipal da Cidade de São Paulo, em plena ditatura civil-militar, para combater fortemente a discriminação racial.

O termo “movimento dos negros do Brasil” é correto?

Depende de quem fala. O lugar da fala e quem fala é muito importante em qualquer circunstância. Há frases e expressões que ao invés de ajudar a desconstruir mitos como o da “democracia racial” e preconceitos, no caso o racial, acabam por reforça-los.

O que é racismo?

Há várias maneiras de se responder essa pergunta. No Brasil, quem pratica racismo está sujeito à pena de reclusão. Isso está posto no inciso quarenta e dois, do artigo quinto, da Constituição Federal de 1988. Dentro dessa lógica, significa dizer que o racismo gera injustiças, desconforto, segregação e privilégios. Por isso, há a necessidade de se combatê-lo veementemente todos os dias. Por isso a importância de movimentos – e o movimento negro – não deve ser o único a lutar por esta causa. O racismo é um desvio moral e ético e quem o pratica se vê em posição superior ao outro e a outra, a enxergando como incapaz de ocupar certos cargos. O racismo no Brasil é institucional também. Quantos negros e negras já exerceram o cargo de presidente/a? Quantos/as parlamentares negros/as há no Brasil? E em Altaneira, cidade que residimos, quanto/as diretores/as de escolas há que são ou se consideram negros/as? Quantos/as vereadores/as já tivemos negros/as? Nessa legislatura, quantos/as se declaram negros/as?

Pensar assim evita, por exemplo, que se cometa erro histórico, como do tão falado “racismo reverso”. Ele inexiste. Quantas leis foram criadas no Brasil para proteger ou reparar danos causados a pessoas brancas? Quantas destas já foram paradas nas ruas e confundidas com bandidos/as? Quantas pessoas brancas foram as delegacias fazer denúncias por terem sidos alvo de discriminação ou por terem sido impedidas de terem acesso a estabelecimentos comerciais? Essas perguntas são importantes, porque são elas que atestam o quanto o Brasil deve a nós, negros/as. No Brasil, o costume é presenciar negro sofrendo racismo, não o contrário.

É preciso ser negro para participar do movimento?

Não. Lutar par extirpar a discriminação, por melhores e maiores oportunidade em todos os espaços de poder para o povo negro é um dever de todos. Praticar isso cotidianamente é um exercício de cidadania.

Qual a principal conquista que o movimento já teve?

Poucas foram às conquistas, mas as que conquistamos são provenientes de muita luta e reivindicação dos movimentos negros e demais pessoas, como as leis de cotas em concursos públicos e universidades - mas que precisam ser ampliadas para outros municípios e universidades, inclusive para a URCA. O Estatuto da Igualdade Racial e as Leis 10.639/03 e 11.645/08 que obriga o estudo da cultura africana e afro-brasileira e da cultura indígena, nas escolas, respectivamente, além da instituição do dia nacional da consciência negra e do dia 20 do mesmo mês, mas no âmbito local, que instituiu ponto facultativo nos setores públicos de Altaneira. São poucas, porém, significativas. Precisam de reajustes. Algumas porque estão incompletas e outras porque ainda não surtiu o efeito esperado.

As leis que tornam obrigatório o ensino da cultura africana, afro-brasileira e indígena nas instituições de ensino ainda não vingou mesmo depois de 15 e 10 anos, respectivamente. O ensino brasileiro ainda é pautado e cunhado pelo viés do povo branco, do europeu. E muitas escolas ainda não obedecem a lei, seja por não cumprir, seja por cumprir de forma parcial. Lembro de texto que escrevi para meu blog em novembro de 2015 onde afirmei que cotas raciais ainda é um tabu. Pouco se discute e as pouquíssimas universidades que incluíram esse sistema de seleção nos vestibulares são taxadas de favorecerem a desigualdade e citam inclusive a CF/88 para isso, pois segundo ela todos somos iguais. Quanto a instituição do Dia Nacional da Consciência Negra necessita-se também de uma discussão mais profunda, de forma que se permita a ampliação do foco para além de novembro, com debates, palestras e rodas de conversas o ano inteiro. No nível municipal, o primeiro ano em que a lei entrou em vigor, poucas instituições deram ponto facultativo e as que funcionaram não promoveram reflexões acerca do assunto. O caminho é difícil, mas vamos semeando.

O que seria o mito da democracia racial?

Vamos ter que voltar para a questão do racismo como uma ideologia, como gosta de dizer o antropólogo Kabengele Munanga. Segundo ele, a ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação que nós recebemos é para poder reproduzi-la.

Há negros e negras que em virtude do processo de escravização que gerou o racismo e as desigualdades, acabam por assumirem o discurso de seus algozes e se alienam, achando que são mesmo inferiores e a outros que negam a si mesmo para poderem ser aceitos no “mundo” idealizado e construído pelos brancos. Um exemplo que salta aos olhos é o vereador eleito em São Paulo, Fernado Holiday. Como ele, há muitos em cidades pequenas do interior do Ceará. Isso acaba gerando o mito da democracia racial. Afinal, o brasileiro foi educado para não aceitar que é racista. Mas basta aplicar o teste do pescoço que logo se perceberá que a democracia racial no Brasil está longe de ser atingida.

O que seria “cotas raciais” e qual sua seria sua opinião, contra ou a favor?

Esse tema é gerador de muita discórdia entre setores da sociedade brasileira. Há aqueles que se posicionam contrário e os que são favoráveis a sua aplicação. Os que são contrários se valem da própria constituição ao afirmarem que todos somos iguais e que as cotas, ao serem aplicadas atestam a inferioridade de quem delas usufruem. Então, para eles/as não se deve tratar as pessoas de forma diferenciadas. Outro argumento muito utilizado é a mestiçagem. Somos um país constituídos de várias misturas, europeu, indígena e africano. Logo, identificar quem é negro e negra no país se torna uma tarefa muito difícil.

O que se percebe, é que todos esses argumentos são frágeis e não se sustentam. O Racismo no Brasil existe. Ele é cotidiano. Se todos somos iguais perante a lei, porque negros e negras são os que mais sofrem? Por que somos minorias nos espaços de poderes mesmo sendo maioria da sociedade? Então, a discriminação por si só é chave para se identificar quem é negro/a no Brasil.

As cotas não são apenas um sistema de reservas de vagas em instituições públicas ou privadas para determinados grupos classificados por raça ou etnia, na grande maioria das vezes negros e indígenas. Na verdade, muitas pessoas erram ao atribuir as cotas como sendo feita apenas para negros e negras. No Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, o critério (com raríssimas exceções) é a escola pública e não simplesmente a cor da pele. Nos EUA para ter direito as cotas basta ser negro/a. Aqui a grande maioria das universidades e, a URCA (uma das últimas universidades públicas) usam o critério étnico-racial combinado com as condições socioeconômica. As cotas precisam ser entendidas como uma política de ação afirmativa que visa corrigir uma desvantagem histórica.

Se não for vista por este viés as pessoas vão sempre perceber que elas são desnecessárias. Em novembro de 2016 fui à Câmara de Altaneira e lá demonstrei dados do IBGE confirmando que ainda há, mesmo com as cotas, um abismo muito grande, principalmente em educação, entre negros e brancos. Este mês publiquei um texto no Blog Negro Nicolau em que se constatou que só 10% das mulheres negras do Brasil têm ensino superior. As informações são das pesquisas do IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD e PNAD Contínua). Então, isso comprova a necessidade dessa política afirmativa. Quem é contrário as cotas pensam como se não existisse racismo no pais. Logo, enquanto houve discriminação por cor de pele haverá a necessidade de cotas.

Para as cotas raciais, quem é negro no Brasil?

De certa forma já respondi nas questões anteriores. Mas basta uma autodeclaração. Claro que pode haver algumas falhas, como alguém querendo burlar a lei. Mas isso pode ser facilmente resolvido.

Qual sua característica negra que você mais gosta e lhe marca?

A resistência. Nós negros somos resistentes a esse sistema que nos oprime, que tenta nos invisibilizar.

Para você, qual a melhor forma de lidar com a discriminação racial

Isso vai depender da situação. Há aquelas que necessitam um enfrentamento e um combate mais incisivo e outras que podem ser resolvidas de forma tranquila. Mas todas elas precisam ser discutidas no sentido de construir relações baseadas no respeito as diferenças, de valorização e reconhecimento de cada humano. Você não precisa esperar que alguma situação que coloque em xeque a dignidade das pessoas ocorra. É preciso que cada um de nós, nos mais variados espaços de poder, tenhamos atitudes e provoque debates no sentido de promover a igualdade respeitando as diferenças. Tem uma frase do professor Boaventura de Souza Santos que gosto muito e que aponta um caminho para o que ora se está discutindo. “Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. Então, é nesse sentido que podemos e devemos nos situar.

O que seria a Unegro e como ela vê as conquistas do movimento junto ao governo atual?

A Unegro é a sigla que representa a União nos Negros pela Igualdade. Ela está presente em 24 estados do Brasil, com sua sede na capital de São Paulo e no próximo dia 14 de julho fará três décadas de atuação. Mesmo com sua sede na capital paulista, a Unegro foi fundada em Salvador, na Bahia, em pleno processo de redemocratização do Brasil e busca combater o racismo e toda forma de discriminação e opressão social.

No que pese ao como a entidade percebe as conquistas junto ao governo atual, não seria bem a pessoa mais competente para falar sobre. Mas como ativista das causas negras me vejo no dever de responder. Não vejo nenhuma conquista do movimento negro neste governo. Ao contrário, nós enquanto negros e enquanto movimento só tivemos retrocessos desde que esse governo usurpou o poder com anuência dos setores mais conservadores e retrógrados do pais, como a mídia e também daqueles que deveriam ser os guardiões da constituição, representado pelo STF. Poderia citar aqui a extinção da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), uma das primeiras medidas do Temer.

Em sua opinião a Lei 10.639/03, que obriga o ensino da história e cultura africana está sendo bem aplicada?

Esse ano a lei completou 15 anos. Já é possível perceber mudanças significativas na aplicabilidade dela nas escolas. Já há uma extensa variedade de textos acerca do assunto para se trabalhar com alunos e alunas e o mais importante, sob o viés de negros e negras. Agora, o interessante é buscar refletir sobre o como as instituições de ensino estão buscando se adequar à lei, enveredando sobre o caminho dos avanços e dos desafios quanto a isso. Então, não basta apenas criar leis obrigando o ensino da história africana, mas tão importante quanto é gerar condições para que o processo ensino aprendizagem ocorra com qualidade.

Quando nos propomos a este tipo de questionamento, verificamos que uma conquista do Movimento Negro, hoje a Lei 10.639 ainda não é efetivamente cumprida em função de um conjunto de discriminações e intolerâncias enraizadas na nossa sociedade e de um ensino nas escolas pautado no modelo europeu. O não cumprimento dessa lei acaba reforçando uma série de estereótipo atribuídos aos africanos, o que faz com que não tenhamos referências negras na política, nas ciências, nas artes, na educação, na cultura e em tantas outras áreas do conhecimento registradas nos livros didáticos utilizados nas escolas de ensino fundamental e médio. Felizmente algumas boas ações estão ocorrendo. Quando lecionei (2014 – 2016) na EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, consegui, junto a todos os professores, a gestão e a demais membros/as da comunidade escolar, trabalhar durante todo o ano letivo essas questões e a escola foi referência no Brasil, com destaque no site Portal do Professor, vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

O que lhe motivou a criação do seu Blog Negro Nicolau?

Quando lançamos o Blog em 27 de abril de 2011, o nome não era esse. Começamos com “Altaneira Infoco”, depois mudamos para “Informações em Foco”. Com este permanecemos por quase 5 anos.  Mudamos o endereço na rede mundial de computadores, mas a qualidade nas informações e a preocupação para que esta seja utilizada como um instrumento de poder e transformação social, o blog Informações em Foco agora denominado de “Negro Nicolau” superou todas as expectativas e se tornou a menos de um mês em um dos portais mais acessados do estado do Ceará e do Brasil.

A ideia de mudar o nome se deu em face de poder, através deste veículo de comunicação contribuir a partir das minhas ações de sentimento de pertencimento, para que outras pessoas se sintam representadas/os e empoderadas/os por negras e negros e possam ainda se sentirem como tal, lutando para superar e eliminar um dos maiores cânceres do Brasil – o preconceito e o racismo.

O fato é que o nosso blog sem se apegar ao modismo dos veículos de comunicação hospedados na internet e sem aderir ao elitismo barato e ao sensacionalismo, está desses seis anos de atuação constante na rede mundial de computadores sempre A SERVIÇO DA CIDADANIA e, para tanto, sempre buscamos oportunizar os menos favorecidos, os que por algum motivo não tem voz através da comunicação. Esta (Comunicação) que consideramos uma das principais armas contra a homofobia, misoginia, racismo, conservadorismo, elitismo, enfim... contra as mais diversas formas que corroborem para perpetuar as desigualdades sociais. E é exatamente por pensar assim que além das nossas lutas diárias em vários espaços de poder, seja na escola ou na rádio, resolvemos há seis anos colocar esse portal como mais uma das ferramentas nessa luta de classe onde estamos do lado dos oprimidos na busca permanente por fazer com que cada vez mais pessoas se sintam parte e se sintam principalmente empoderadas/os.

Um livro ou filme que você indica para melhor entendimento do movimento? Porque?

Joel Rufino dos Santos, historiador, professor e escritor brasileiro e um dos nomes de referência sobre o estudo da cultura africana no país, diz que “movimento negro é, antes de mais nada, aquilo que seus protagonistas dizem que é movimento negro”. Então, tomando como base esse pensamento, sugiro como leituras para conhecer um pouco mais profundo o movimento, a obra de Verena Alberti e Amilcar Araújo Pereira intitulada “Histórias do movimento negro no Brasil”; “Orfeu e o Poder: o movimento negro no Rio de Janeiro e São Paulo (1945 – 1988)”, de Michael Hanchard, “O Movimento Negro Educador. Saberes Construídos nas Lutas por Emancipação”, de Nilma Lino Gomes e “Saber do Negro”, do próprio Joel Rufino dos Santos.
 
Nicolau Neto - professor, blogueiro e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras. 
(Foto: Lucélia Muniz).








Altaneirense conquista 1º lugar na 19º Corrida de São José



Cerca de 600 atletas divididos em mais de quarenta categorias, entre masculino e feminino, participaram na manhã desde domingo, 18, em Juazeiro do Norte, da décima nona edição da já tradicional Corrida de São José.

O evento que já ultrapassou o limite do regionalismo e hoje é considerada uma competição que envolve atletas de todo o estado, é uma idealização da equipe “os voluntários” de Juazeiro, tendo o apoio do Serviço Social da Indústria (SESI) e da Secretaria Municipal de Esporte e Juventude (Sejuv).

A prova ofereceu os percursos de 25m, 50m, 100m, 2km, 5km e 10km e a largada ocorreu em frente a sede do Sesi, na rua Delmiro Gouveia. O altaneirense Ravi Timóteo conquistou mais um resultado positivo ao trazer para casa o troféu de campeão na categoria de 16 a 24 anos percorrendo os 10 km.

Ao Blog Negro Nicolau (BNN), seu treinador Tiago Alves falou da importância que este resultado tem para Ravi, principalmente pelas condições de saúde, já que este esteve com uma virose uma semana antes da prova. Tiago ainda realçou que dentre os mais de 600 competidores, o atleta de Altaneira ficou entre os 7 melhores.

Ravi que percorreu algumas das principais ruas do município de Juazeiro do Norte como a avenida Castelo Branco, contou com o patrocínio do governo municipal de Altaneira, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo.

 
Ravi Timóteo conquista primeiro lugar na  19ª Corrida de São José, em Juazeiro do Norte. (Foto: Tiago Alves).


Historiadora lista as influências da cultura africana em Pantera Negra


(Foto: Reprodução/ Amigos do Forum).

Pantera Negra, o mais importante filme feito pela Marvel, segue quebrando tudo nos cinemas, com quase US$ 500 milhões arrecadados mundialmente em menos de uma semana. E se você ficou maravilhado com tanta diversidade e cores, uma historiadora somali chamada Waris Duale resolveu detalhar todas as influências da cultura africana no figurino, maquiagem e cabelo de Pantera Negra.  A informação é do site Amigos do Fórum.

Waris fez uma thread no twitter. Aqui você pode acompanhar as postagens originais.


 A fanpage “Um Filme Me Disse” traduziu os tuites.:




Os pratos de lábios das tribos Mursi e Surma. Os pratos ou discos de lábios são uma forma de modificação cerimonial do corpo. Enquanto muitas culturas os usam, eles são mais conhecidos pelas tribos Surma e Mursi na Etiópia.


Chapéu Zulu. A rainha Ramonda usa uma touca distinta. É uma lembrança dos chapéus Zulu ou "Isicholos". Os chapéus Zulu são tradicionalmente usados por mulheres casadas para celebrações cerimoniais.


Muitos dos trajes têm ornamentação única e futurista, cheios de detalhes. Estes foram feitos homenageando estilos do povo Maasai. O povo Maasai da África Oriental vive no sul do Quênia e norte da Tanzânia.



Máscara Ibo. Em uma cena, Erik Killmonger usa uma máscara. As máscaras, conhecidas como Mgbedike, são distinguidas pelo tamanho grande e traços masculinos realçados. Elas são usados nos rituais dos Igbos e são projetadas para contrastar com as dançarinas mulheres, que levam traços mais femininos.





Anéis de pescoço dos Ndebele. Shuri e a Dora Milaje têm roupas com um colar proeminente. O povo Ndebele do Zimbábue e da África do Sul usam anéis de pescoço como parte de sua vestimenta tradicional e como um sinal de riqueza e status.




Muitos dos trajes têm um tom de terra vermelho distinto. Isto foi feito estudando as cores usadas pelo povo Himba do noroeste da Namíbia. O povo de Himba é conhecido por aplicar uma pasta ocre vermelha, conhecida como "otjize", para sua pele e cabelo.




Forest Whitaker interpreta Shaman Zuri, o líder espiritual de Wakanda. Ele usa mantos ornamentais conhecidos como Agbada. Este é um dos nomes do manto de manga larga usado por homens e mulheres em grande parte da África Ocidental e no Norte da África.




Houve muita inspiração do povo Dogon. Eles vivem na região do planalto central do Mali, na África Ocidental.




Lenço do povo Tuareg. Vários personagens do filme usam lenços grandes cobrindo suas cabeças e rostos. Estes são semelhantes aos usados pelo povo Tuareg, que habita uma área no Norte e no Oeste da África.




Outra tribo que inspirou o filme foi a do povo Turkana, que habita o território do Quênia.




As marcas tribais ritualísticas de Michael B. Jordan, em seu peito e torso, assemelham-se a cicatrizes de tatuagens das tribos Mursi e Surma na Etiópia.




O cachecol Kente de T’Challa. Kente é um tipo de tecido de seda e algodão feito de tiras de pano entrelaçados e é nativo do povo de Akan, de Gana.




Essas são as mulheres negras que passaram meses pesquisando e fazendo Wakanda ganhar vida. Ruth Carter, figurinista, e Hannah Beachler, designer de produção.

17 de março de 2018

Regra que exigia curso e prova teórica para renovação da CHN será anulada pelo governo



O Ministério das Cidades anunciou neste sábado (17) que será revogada a resolução que tornava obrigatória a realização e aprovação em Curso de Aperfeiçoamento para motoristas renovarem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Por meio de nota, a pasta informou que a revogação se dará para “não afetar a rotina dos condutores que precisam renovar suas carteiras de habilitação/CNHs por todo o Brasil”.

O ministério informa ainda que a revogação vai reduzir custos. “Esta ação acontece em conformidade com os objetivos do Governo Federal, de reduzir custos e facilitar a vida do brasileiro”.

A resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelecia que, a partir de junho deste ano, os condutores que fossem renovar a carteira de motorista teriam que passar por um curso teórico com exame para atualizarem seus conhecimentos. Esse curso de reciclagem seria composto por dez aulas e, para que os motoristas renovassem a documentação, deveriam obter um resultado favorável de, pelo menos, 70% da prova.

Ainda segundo a nota divulgada pelo Ministério das Cidades, a revogação acontecerá no próximo dia útil. (Com informações da Agência Brasil).

Hoje, para renovar a CNH nas categorias A e B, é necessário apenas exame médico. (Foto: Mateus Dantas).


Festa de menina branca de 15 anos com escravos negros é criticada



Uma festa de 15 anos com uma temática que remetia ao período colonial provocou uma série de críticas na internet. A má repercussão foi tanta que a cerimonialista precisou divulgar um pedido público de desculpas.

O caso aconteceu em Belém do Pará e a polêmica começou após a divulgação de duas imagens (ver acima) no Instagram Stories — recurso da rede social em que a publicação desaparece após 24 horas no ar. Nas fotos, a aniversariante, branca, é servida por escravos.

Muita gente se espantou com o que viu. “Foi feito uma festa de 15 anos com um tema relacionado a Escravidão. Está no Instagram e eu estou completamente assustada. O rosto da menina foi cortado por ser menor de idade e esse é o perfil da cerimonialista. Sem palavras, completamente”, escreveu uma internauta que repercutiu as imagens.

A cerimonialista Lorena Machado publicou uma nota de esclarecimento. “Diante dos ocorridos, com total humildade, estamos vindo a público nos retratar e pedir PERDÃO”, afirmou.

Pedimos perdão a todos os negros, negras, descendentes, pardos e pardas e a qualquer pessoa que tenha se sentido atingida por nossa publicação. Não foi nossa intenção agredi-los ou ofendê-los, mas admitimos que fizemos”, continuou.

A responsável prosseguiu: “Não quisemos fazer qualquer retratação que levasse a entender que a escravidão foi algo bom em nossa história. Tínhamos a única intenção de retratar o período histórico do Império que, infelizmente, tinha escravidão. Agradecemos os comentários feitos para que pudéssemos identificar e entender onde erramos, foi essencial para que crescêssemos”.

Mais críticas

O pedido de desculpas não foi bem aceito pelos usuários. Nos comentários, as pessoas pedem que o racismo seja denunciado.

Vocês brincam com nossa dor e, depois, vem dizer que foi ‘sem querer’ ou uma ‘homenagem’! Vai se foder!”, publicou uma jovem no Facebook.

Você pensa que já acabou os jeitos das pessoas serem retardadas, mas a criatividade humana vai lá e joga na tua cara que dá pra ser ridículo de infinitas formas”, disse outra.

Algumas pessoas ainda fizeram menção à morte da vereadora do Psol, Marielle Franco, assassinada na noite dessa quarta-feira, 14.

Mulheres pretas morrendo enquanto as brancas brincam de sinhá. #RacistasNãoPassarão”, publicou mais uma internauta. (Com informações do Pragmatismo Político).

(Foto: Reprodução/ Pragmatismo Político).