30 de maio de 2017

Um passa a frente. Unicamp aprova implementação de cotas étnico-raciais



Após um longo processo de lutas, com a greve de 3 meses em 2016, nesta terça o Conselho Universitário aprovou a implantação de cotas na Universidade de Campinas. Ocorreram após a greve três audiências públicas e um amplo processo de discussão com a comunidade acadêmica organizado por um Grupo de Trabalho composto por representantes discentes e docentes, bem como por membros da Frente Pró-Cotas e Núcleo de Consciência Negra da Unicamp.

Do Esquerda Diário - A implementação completa da medida não ocorrerá a partir do próximo vestibular pois o edital já está encerrado.

O relatório organizado pelo antigo GT defende 50% de cotas para estudantes de escola pública, sendo a proporção do estado, 37,2%, de cotas raciais, e 37,2% também entre as vagas de ampla concorrência. Um novo Grupo de Trabalho Institucional deve elaborar o projeto e calendário para a implementação das cotas.

Em novembro uma nova sessão do Conselho Universitário deve aprovar a última versão do projeto, que deve ser implementado a partir de 2019.



Bolsonaro sendo ele mesmo. Defende Temer e ataca os pobres



Na semana em que foi citado nas delações da JBS por ter recebido R$ 200 mil da empresa para sua campanha em 2014 e um dia após a grande manifestação popular que ocupou Brasília contra o governo Temer e suas reformas, resistindo à sua brutal repressão, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ), em entrevista nesta quinta-feira (25), não vacilou em defender a permanência do presidente ilegítimo, fortalecendo a sua aliança com quem ataca os pobres.

Por Edgar Fogaça, no EO - Na citada entrevista, referindo-se a uma possível antecipação das eleições, o deputado afirmou: “Não podemos partir para casuísmos agora, não podemos mudar a regra com o jogo em andamento. O Temer, eu acho que dificilmente renunciaria ao seu mandato. Temos o TSE pela frente e se não for no TSE, um possível impedimento. E se não tiver, que continue até o final”. Compara ainda a Constituição Federal a uma “Bíblia para os homens aqui da Terra”.

Para o deputado, só vale mudar as regras do jogo e fazer gol de mão quando é o atacante do seu time.

Bolsonaro tem medo que o povo decida

Estão em debate, nas ruas e no parlamento, as alternativas para a crise política nacional.
A maioria da população e das organizações de esquerda pressiona por eleições diretas, entendendo que este Congresso, onde mais de dois terços estão envolvidos em recentes casos de corrupção, não tem condições de decidir os rumos do país ou votar reformas.

De outro lado, aqueles que defendem eleições indiretas se apoiam na legislação, dizendo que cumprir a regra atual e realizar eleições indiretas é o único meio legal de estabilizar o país. Em verdade, eles estão com medo da força das ruas.

Enquanto o povo pobre não acumula forças para tomar o poder e governar o país, devemos forçar os limites da democracia e utilizar todos os meios legais para barrar os ataques contra o povo.

Eleições indiretas não são a única saída por dentro da lei

Mesmo dentro da ordem estabelecida no chamado estado democrático de direito, havendo vontade política, é possível apresentar uma saída onde o povo possa escolher o presidente e até mesmo mudar todo o Congresso Nacional. Bastaria que os parlamentares de Brasília dessem andamento à proposta de mudança à Constituição (PEC 227/16), determinando eleições diretas para o caso. Esta é uma saída que amplia e fortalece a participação popular, especialmente em meio a esta grave crise de representação, onde o povo não se sente representado pelos políticos tradicionais.

A Constituição Federal (CF/88) apresenta uma ideia em sua base, segundo a qual todo o poder é do povo.

A CF/88 ressalta: Art.1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Portanto, não há nenhuma ilegalidade em defender a realização de eleições diretas. Pelo contrário, reforçaria a ideia que está na base da própria Constituição Federal.

As leis são fruto da vontade dos legisladores e da pressão popular

As leis são fruto da disputa de forças entre os trabalhadores e os ricos. Quando um lado avança, com suas tropas e seus métodos de luta, o lado contrário precisa recuar, e muitas vezes o faz lentamente, para negociar uma saída. Os ricos e poderosos, inteligentes e com muitos recursos, quando precisam recuar, preferem entregar migalhas a aceitar uma revolta popular.

De forma muito simplificada, pode-se dizer que as leis mais favoráveis aos trabalhadores, são arrancadas como concessões, com as quais os ricos buscam frear as lutas dos trabalhadores.

A própria CF/88 é um exemplo disso, tendo sido criada em meio a pressão popular por diretas e pelo fim da ditadura militar, com o povo nas ruas exigindo decidir o futuro do país.

Bolsonaro defende os ricos e ataca os pobres

Em outros artigos, já alertamos para as ações do deputado Bolsonaro, que jamais moveu um dedo em favor dos trabalhadores e odeia aos setores oprimidos.

Ao defender que Temer somente poderia ser retirado por meio de um processo de impedimento ou através da cassação de chapa junto ao TSE (o julgamento está marcado para ser retomado em 06 de junho), afastando a possibilidade de renúncia, o deputado está contra a vontade da população brasileira.

O povo não aguenta mais o governo Temer e este congresso corrupto. Ao defender a manutenção das leis como estão, o deputado, em verdade, está defendendo a continuidade do mandato do presidente ilegítimo e das reformas contra o povo.

Esta é a consequência prática do que defendeu na entrevista e vem repetindo nas redes sociais.

Para o deputado, bandido bom é bandido de terno e gravata

Ainda mais nos surpreende a atitude do deputado, pois esta é contra o que ele sempre defendeu. O deputado é famoso por defender a ditadura, a perseguição aos setores oprimidos, a escravidão e submissão de negros e uma série de outras barbaridades. Ele é um dos deputados que liderou a tentativa de mudança na legislação, buscando diminuir a maioridade penal no país. Estes são apenas alguns exemplos nos quais o deputado defendeu mudar ou passar por cima das leis.

E mais: ele é linha de frente na defesa das reformas de Michel Temer, que atacam conquistas históricas dos trabalhadores e estão sendo feitas passando por cima da vontade popular e de vários procedimentos legais.

Ou seja, quando convêm para a defesa de suas pautas reacionárias ele encaminha as mudanças legais que julga necessárias. Porém, quando está em jogo o pescoço dos seus colegas de parlamento e os interesses dos ricos e poderosos, a sua atitude é diferente.

Segundo o que pensa o deputado, bandido bom, é bandido de terno e gravata!


29 de maio de 2017

Composta para Jango e Edson Luís, Coração de Estudante volta a ser o hino das #DiretasJá. Ouça Milton


Quero falar de uma coisa / Adivinha onde ela anda / Deve estar dentro do peito / Ou caminha pelo ar.


A música Coração de Estudante, composta por Milton Nascimento e Wagner Tiso, ganhou as rádios do País em 1983. E conquistou um fã especial: Tancredo Neves, o político conterrâneo dos compositores mineiros, que dizia ser uma de suas músicas preferidas.

Imagem capturada do vídeo em que Milton Santos canta em Copacabana em ato neste domingo (28).

A canção, no entanto, foi composta originalmente por Tiso para outro líder político. Era um dos temas instrumentais do documentário Jango, do diretor Silvio Tendler, em homenagem a João Goulart, presidente deposto pelo golpe militar em 1964.

Após o filme ganhar as telas de cinema, Milton decidiu pôr a letra, fato incomum em sua carreira.

Baseou-se em Edson Luís, um dos primeiros estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Os versos foram surgindo um a um, naturalmente.

Para batizar, lembrou-se de uma flor muito comum em Minas, a coração-de-estudante.

A novidade foi lançada durante as Diretas-Já, movimento cujo um dos líderes era Tancredo.

Era o momento da campanha das Diretas e ela começou a se tornar um hino da juventude”, recorda Tiso.

A volta das eleições diretas não foi aprovada, mas o político mineiro foi escolhido como o novo presidente, o primeiro civil desde 1964. Porém, morreu antes de tomar posse. Não houve matéria na tevê ou no rádio sobre Tancredo sem a canção como fundo musical, que se encerra com a mistura de tristeza e esperança que permeava o País naquele momento: Alegria e muito sonho / Espalhados no caminho / Verdes, planta e sentimento / Folhas, coração / Juventude e fé.

28 de maio de 2017

100 mil pessoas exigiram saída de Temer e realização de Diretas Já neste domingo (28)



Cerca de 100 mil pessoas foram à praia de Copacabana, no Rio, neste domingo (28) para participar do ato promovido por artistas e movimentos populares para exigir a saída do presidente Michel Temer e a realização de eleições diretas. A estimativa é dos organizadores. A Polícia Militar não divulgou estimativa. O ato-show, que começou por volta das 11h e foi até as 18h30, reuniu intelectuais, músicos, atores, parlamentares, e lideranças sindicais. Destaques para Caetano Veloso, Milton Nascimento, Mano Brown, Rappin'Hood, Milton Nascimento, Mart'nália, Teresa Cristina, Criolo, Cordão da Bola Preta,, Otto, Maria Gadú, BNegão, Elisa Lucinda, os atores Vagner Moura, Gregório Duvivier, Osmar Prado, Antonio Pitanga, Bemvindo Siqueira, dentre outros.

Da RBA - As apresentações musicais foram intercaladas com discursos que terminavam em coros de "Fora, Temer!" e "Diretas Já". Sem a presença ostensiva da força policial, o ato transcorreu o tempo todo de forma pacífica e nenhum incidente foi registrado.

"A gente tem hoje um presidente ilegítimo, impopular e criminoso. E esse Congresso, com maioria investigada por crime de corrupção, não tem moral para eleger um novo presidente, não pode. Só as eleições diretas vão tirar o país desse buraco em que a gente está hoje", defendeu Gregório Duvivier.

Cantora, poeta e atriz, Elisa Lucinda fez um pronunciamento em favor do amadurecimento da cidadania e da democracia brasileiras, e dos direitos dos trabalhadores. "Dirão para eu deixar de ser boba, porque desde Cabral todo mundo rouba. Eu digo que não, esse será meu Carnaval, só com o tempo a gente consegue ser ético e livre, e não admito que tentem tirar minha esperança. Não dá para mudar o começo, mas podemos mudar esse final."

O presidente da CUT, Vagner Freitas, e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, reafirmaram a disposição para a mobilização popular pelo restabelecimento da normalidade democrática no país.

Freitas afirmou que vai chamar greve geral caso as reformas continuem tramitando no Congresso. "Não adianta o 'Fora, Temer!' e manter as reformas. Por que a Globo golpista quer derrotar o Temer? Porque eles acham que o Temer não consegue aprovar as reformas, então eles querem colocar um golpista pior para acabar com nossa aposentadoria. Deixo um comunicado a todo o povo: se as reformas continuarem, já convoco os trabalhadores e trabalhadores a fazer a maior greve geral da história do país".

"Esse grande ato-show pelas 'Diretas Já' vai além dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda. Esse movimento representa os 85% da população brasileira que quer escolher seu presidente. A população sabe que a única saída para a crise política é chamar o povo a decidir. Hoje o grito é em Copacabana, mas esse movimento vai tomar o país nas próximas semanas", afirmou Boulos.

Parlamentares também marcaram presença no ato, incluindo o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Marcelo Freixo (Psol-RJ). "Para aqueles que falam que não existe solução jurídica para fazer diretas, eu digo que isso é falso! Na terça-feira vamos votar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a PEC das Diretas. E já vamos mandar um recado para aquele Congresso: nós não vamos participar de nenhuma eleição indireta! Só o povo pode dar legitimidade a um novo presidente da República!", discursou o senador Lindbergh.

"A gente está onde a gente deveria sempre estar, nas ruas. Chegou a hora de derrotar a cultura do golpe, tem de ter eleições diretas imediatamente", disse o deputado estadual Freixo.

Entre as atrações mais esperadas, Caetano Veloso e Milton Nascimento optaram por não discursar, como fizeram outros artistas. Caetano, que subiu ao trio elétrico por volta das 17h, soltou um "Fora, Temer!", antes de começar sua primeira música, Podres Poderes, que cantou acompanhado por Maria Gadú. Milton apenas cantou "Paula e Bebeto", "Coração de Estudante" e "Nos Bailes da Vida".

O ato-show foi encerrado por B-Negão que lembrou um de seus primeiros sucessos, "A verdadeira dança do patinho", com parte da letra atualizada para o cenário político brasileiro, desde a movimentação pelo impeachment de Dilma Rousseff.


Mesmo com chuva, Copacabana  recebeu grande público para o ato-show por 'Fora, Temer!' e eleições diretas para definir a sucessão. Foto: Mídia Ninja.

27 de maio de 2017

Professor Tolovi entrevista prefeito de Altaneira na Rádio Altaneira FM


O Programa Esperança do Sertão, da Rádio Comunitária Altaneira FM, conversou na manhã deste sábado, 27, com o prefeito Dariomar Soares.

Do Site do Município - Apresentado pelo professor de Filosofia da Universidade Regional do Cariri (URCA), Carlos Alberto Tolovi, Dariomar respondeu a uma série de perguntas que versaram acerca da trajetória de vida, plano de governo e o novo cenário político que vem se desenhando desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Quem é Dariomar”?, indagou inicialmente Tolovi. “Sou uma pessoa simples e que venho de família humilde”, frisou o gestor e, complementou realçando que sua principal característica é ser amigo e que o cargo outorgado pelo voto popular em outubro do ano passado não lhes tirou sua simplicidade e amizade.

Ao responder quando foi que sentiu que podia se candidatar ao cargo majoritário, Dariomar citou o cargo de Secretário de Saúde que ocupou na gestão do ex-prefeito Delvamberto Soares. Conforme citou, foi nessa função que conseguiu maior contato com as pessoas simples e se valendo dessa função pode ajuda-la. Ele frisou que sempre gostou de proteger e prestar assistência aos quem necessita e foi imbuído desse sentimento que percebeu que podia fazer muito mais. “Por isso me candidatei a prefeito e ganhei”, completou. Ainda aqui, o mesmo aproveitou a oportunidade para agradecer ao povo altaneirense e ao seu opositor na campanha, o comerciante Ricardo Arraes – a quem elogiou pelo desempenho durante o período eleitoral – afirmando que irá sentar com ele e ouvir suas propostas para o município.

Em um diálogo que ultrapassou uma hora do programa, o professor quis saber sobre os desafios do prefeito quanto ao seu plano de governo. Para o administrador municipal, o seu principal compromisso é fazer cumprir as ações desenvolvidas junto à comunidade durante o período eleitoral, alertando, porém, para a crise financeira que o país passa, necessitando, pois, elencar prioridades. Dariomar elencou algumas ações que já vem sendo implementadas, como a limpeza na zona urbana e rural e outras que vem aos poucos se tornando realidade – a restauração e alargamento da estrada que liga Altaneira a Nova Olinda e a construção da que liga Altaneira a Assaré. Esta última, segundo ele, contribuirá para que o projeto de urbanização e revitalização da Lagoa Santa Tereza esteja 30% feito, uma vez que a CE irá passar por trás das casas que dão acesso a lagoa.

Nesse cenário, o professor Tolovi elogiou o gestor. Para o apresentador, Dariomar é um dos que mais tem usado seu cargo para fazer com que esse projeto saia do papel e fez um apelo. “Você pode inclusive citar nos seus encontros que já tivemos várias audiências públicas. Isso lhe dará mais argumentos”, frisou.

A conjuntura política também mereceu destaque. Ao falar sobre corrupção no meio político, o gestor argumentou que isso só será sanado quando o candidato, a candidata não aceitar dar benefícios financeiros ou materiais em troca do voto e quando os (as) eleitores (as) também o fizerem.

Prefeito de Altaneira é entrevistado por Carlos Alberto Tolovi durante o programa "Esperança do Sertão". Foto: Divulgação.



26 de maio de 2017

Ontem na História, 25 de Maio de 1963, foi estabelecido pela OUA como o Dia da África


Dia da África é a comemoração anual realizada em 25 de maio de 1963 pela fundação da Organização de Unidade Africana (OUA).

Neste dia, os líderes de 30 dos 32 Estados africanos independentes assinaram uma carta de fundação, em Addis Abeba, na Etiópia.

Em 1991, a OUA estabeleceu a Comunidade Económica Africana, e em 2002, a OUA estabeleceu o seu próprio sucessor, a União Africana .

No entanto, o nome e a data do Dia de África foi mantido como uma celebração da unidade Africana tema do Dia de África 2012 é “África e da Diáspora”.

A celebração de Nova York foi realizada em Nova York em 31 de maio de 2011. Em Nairobi, foi comemorado no Parque Uhuru Recreational Park.

Também deve ser notado que o Dia da África é celebrada como um feriado público em apenas cinco países africanos, Gana, Mali, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.

No entanto, as celebrações são realizadas em alguns países africanos, bem como pelos africanos na diáspora.




Carta a um eleitor de Bolsonaro


Ontem um bombeiro do GDF, chamado C Antonio Silva, fez alguns dos cometários printados na imagem em destaque. Uma legião de seres guturais tomaram conta da caixa de comentários do meu perfil do Facebook.

Do Blog Maria Frô - Comentários celebrando a chacina de trabalhadores rurais, a ditadura militar, a amputação de membros de manifestantes na marcha de ontem, comentários misóginos, fascistas.



Deletei centenas de comentários e bloqueie centenas de usuários e ainda há muito trabalho por fazer. Não tenho tempo para olhar cada perfil, profissão etc. Vi alguns. Todos, sem exceção, falam de deus e exibem fotos carinhosas de suas famílias. No entanto, nos perfis daqueles que eles consideram ‘comunistas’, ‘corruptos’, ‘putas, ‘vacas’, ‘arrombados’ eles destilam todas as suas frustrações. Fazem ameaça, querem exterminar fisicamente o que consideram seus inimigos.

Escolhi um desses eleitores de Bolsonaro, que também tem como heróis Olavo de Carvalho, o juiz Sérgio Moro. A ele dirijo uma carta aberta. Segue.

Prezado C. Antonio Silva

Vejo que você tem uma família. Sua filha sabe ler? O que você acha que ela pensará quando ver o próprio pai escrevendo comentários  do estilo que você escreveu em vários posts de meu perfil? O que ela pensará sobre a forma que você se dirigiu a uma mulher que nunca se dirigiu a você e que sequer saberia de sua existência se você não tivesse expresso em minha caixa de comentários toda a sua misoginia?

Será que se ela for agredida desta maneira por um brutamontes, se um ser machista, autoritário e mal educado chamá-la de ‘puta’ ou à mãe dela (e sua esposa) e mandá-la dar o ‘cu’ ou à mãe dela (e sua esposa) ela achará normal, adequado? Afinal, se ela vê seu próprio pai se expressar desta maneira e publicamente em uma rede com mais de um bilhão de usuários em todo o planeta, ela poderá naturalizar a barbárie. Se o pai é esse modelo de conduta misógina, como ela poderá enfrentar outros misóginos?

Você é militar? Pelo seu perfil parece ser bombeiro. Bombeiros são profissionais admirados socialmente. Bombeiros são treinados para salvar vidas e não para celebrar a violência, fazer ameaças de morte e agredirem mulheres na rede.

Governo se dissolveu: Temer e ministros estão refugiados nos palácios, dizem analistas


Depois dos protestos em Brasília nesta quarta-feira (24), o governo de Michel Temer não tem saída. Isolado, o presidente ainda se apega a tentativas desesperadas de se manter no poder. O símbolo desse desespero foi a edição, no mesmo dia do Ocupa Brasília, do decreto autorizando “o emprego das Forças Armadas para a garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal”. A falta de apoio foi tal que Temer recuou e, menos de 12 horas depois, revogou o decreto. A questão agora é saber o que se pode esperar para os próximos dias e qual a “porta de saída” mais provável pela qual o presidente deixará o “comando” do país.

Da RBA - “O que há fundamentalmente é um governo que se dissolveu, que perdeu o controle”, diz o jurista e professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Pedro Serrano. “Trata-se de um projeto de diminuição do tamanho do Estado que não cabe no Brasil, de redução dos direitos sociais, de um poder 'desconstituinte', para usar expressão do jurista italiano Luigi Ferrajoli. Um poder que tem amesquinhado os direitos fundamentais. O país não tem como viver de forma pacífica com esse grau de agressão aos direitos dos trabalhadores, dos cidadãos em geral.”

Diante da violenta crise econômica com quase 15 milhões de desempregados, não satisfeito, o governo e sua base no Congresso Nacional continuam “produzindo leis que reduzem cada vez mais os direitos de milhões de pessoas”, diz Serrano. “Isso é uma incitação à violência.”

O economista e professor João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta o simbolismo do decreto que colocou Brasília virtualmente sob estado de sítio por algumas poucas horas. “Foi revogado porque tudo o que o governo Temer faz é rejeitado por todos. Essa medida foi rejeitada pelas Forças Armadas, pelo STF, pelo Senado, pela sociedade, pelo governador do Distrito Federal. Temer e seus comparsas não sabem para onde correr, nem ele, nem o Padilha (ministro-chefe da Casa Civil) etc. Estão refugiados dentro do Palácio do Planalto e do Palácio do Jaburu.”

A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), avalia: “Vivemos a expressão da situação a que o Brasil chegou. A classe política está encurralada”.

Temer ainda é “apoiado por uma minoria resistente”, diz Sicsú, cuja expectativa é de que nos próximos dias o país encontre uma saída para a crise política permanente desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff. “Espero que a saída seja apontada pelas ruas e mobilizações da sociedade, e portanto seja feita pela maioria, que rejeita profundamente esse governo e seu projeto de reformas trabalhista e previdenciária, e não uma saída por cima, dirigida pela Globo, com os bancos, as multinacionais e suas marionetes, PSDB, PMDB e penduricalhos menores”, avalia Sicsú. Em sua opinião, as "Diretas Já" seriam a única solução a contemplar de fato a voz das ruas.

O que pode acontecer nos próximos dias ou horas não é possível prever, dada a imprevisibilidade no país. Especulações e informações supostamente de bastidores alimentam as manchetes e em seguida são ultrapassadas por novos fatos.

Nesta quinta, por exemplo, o deputado Carlos Zarattini (SP) e a senadora Gleisi Hoffmann (PR), líderes do PT na Câmara e no Senado, respectivamente, negaram, pelas redes sociais, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja conversando com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney na tentativa de encontrar eventuais saídas para a crise e a substituição de Temer. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Jobim?

Segundo reportagem da revista Piauí, Nelson Jobim, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, frequentemente citado como um dos favoritos a substituir Temer se a solução se der via eleição indireta, teria negado a possibilidade de assumir a tarefa. As justificativas seriam duas, e pouco convincentes: resistência da mulher e eventuais problemas que essa “missão” poderiam causar ao banco no qual Jobim é um dos sócios, o BTG Pactual.

Mas não deixa de ser significativo que a negativa de Jobim teria se dado num almoço em São Paulo com cinco dezenas de membros do mercado financeiro, justamente no dia do Ocupa Brasília.

Se o fim do governo Temer é um fato, não se pode prever se sua saída acontecerá com a cassação no Tribunal Superior Eleitoral, provavelmente no dia 6, ou se ele vai renunciar após um suposto acordo que estaria sendo costurado nos bastidores. “Do ponto de vista político, está resolvido, esse governo não vai continuar. O que não está resolvido é a transição: se será pelo Congresso Nacional comandado pela Globo, ou se será pela vontade das ruas”, diz Sicsú.

Seja como for, Pedro Serrano não vê uma solução para a crise num horizonte próximo. Autor do livro Autoritarismo e golpes na América Latina (editora Alameda Casa Editorial), produto de uma tese de pós-doutorado que apresentou em Lisboa, ele acredita que a crise iniciada com o impeachment inconstitucional de Dilma Rousseff, na realidade, ainda vai se aprofundar. “O que temos é cada vez mais poderes selvagens no Brasil, para usar outra expressão de Farrajoli. É uma ferida institucional difícil de curar. Um projeto de redução de direitos, num momento de crise econômica muito violenta e acusações de corrupção que estarrecem a sociedade. Esse conjunto de fatores está dissolvendo as relações regulares de poder”, avalia.

Com a queda de Temer, acredita, o quadro não vai se amenizar tão rapidamente. “Acho que vem uma sequência autoritária, mesmo com a queda do Temer. Creio que a tendência é ampliar cada vez mais a esfera autoritária, até ela entrar em um ciclo de desestrutura. Daí, o ciclo começa a terminar. As pessoas acham que o autoritário traz a ordem, vão atrás do autoritarismo e do populismo em geral, mas na realidade isso é o caos, como a história mostra.