Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A
carta estava amarelada, escrita com pressa e força, era possível perceber a
pressão da palavra sobre o papel, escrita grossa e azul. Dobrada várias vezes
em tamanho pequeno, cabia na palma da mão. Papel amassado, cheio de rugas,
sobras de um embrulho para presente, vermelho cintilante.
Fincada
na parede, a carta parecia Cristo crucificado. Acelerado os desaparecimentos, o
aborto das despedidas era um código de sobrevivência. As cartas, às vezes,
compostas de três palavras e o embaraço do aligeiramento, nem chegavam aos seus
destinatários.
Ninguém sabe o que tinha, o tempo esfarelou cada palavra fincada naquele papel crucificado na parede.
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