(FOTO/ Reprodução/ Instituto Búzios). |
Os
cientistas sabem pouco sobre etapas primárias da evolução da escrita nas
civilizações antigas do Oriente Médio, China e América Central, mas o
desenvolvimento de um alfabeto moderno no ocidente africano oferece pistas
sobre as tendências e como outros alfabetos e sistemas de escrita existentes
apareceram.
Segundo
comunicou nesta terça-feira (11) a Universidade da Nova Inglaterra, na
Austrália, um dos seus antropólogos, Piers Kelly, e os do Instituto Max Planck
para a Ciência da História Humana, na Alemanha, realizaram uma análise da
escrita do povo Vai, da Libéria. O sistema foi criado “do zero” provavelmente
em 1834 por oito pessoas “completamente analfabetas que escreviam com tinta
feita de bagas esmagadas”.
Antes
disso, o idioma Vai nunca tinha sido escrito. Durante 171 anos posteriores à
sua criação, suas 200 letras silábicas experimentaram mudanças ano após ano. A
tendência-chave dessa evolução pôde ser descoberta graças a certos métodos que
permitem quantificar a complexidade visual dos símbolos, que com tempo,
acabaram adquirindo uma forma “cada vez mais comprimida”, algo que simplifica
tanto a leitura como a escrita.
“Os inventores originais se inspiraram nos
sonhos para desenhar símbolos individuais para cada sílaba de sua língua. Um
representa uma mulher grávida, outro um escravo acorrentado, outros foram
feitos de emblemas tradicionais”, explica Kelly. “Quando esses símbolos foram aplicados à escrita de sílabas faladas, e
depois ensinados a novas pessoas, eles se tornaram mais simples, mais
sistemáticos e mais semelhantes entre si.”
O
antropólogo relembrou também a hipótese comumente reconhecida que as letras
evoluíram de desenhos para sinais abstratos, tal como ocorreu com alguns
hieróglifos egípcios que acabaram por se tornar símbolos do alfabeto fenício.
No entanto, essa não é a tendência mais geral, já que na escritura precoce se
encontram também muitas formas de letras abstratas.
A
característica comum dos alfabetos em suas fases iniciais seria a sua relativa
complexidade, que se reduz com tempo, à medida que nascem novas gerações de
escritores e leitores. Isso é certo para a língua Vai, mas a equipe acredita
que esta tendência de simplificação e compreensão pode explicar também como se
desenvolvia as línguas escritas do passado.
“A complexidade visual é útil se está criando
um novo sistema de escrita. Gera mais pistas e maiores contrastes entre os
símbolos, o que ajuda aos alunos analfabetos”, admite Kelly. “Mas logo essa complexidade se interpõe no
caminho da leitura e da reprodução eficientes, por isso, desaparece”,
resumiu.
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Com informações do Sputnik e replicado no Instituto Búzios.
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