22 de outubro de 2022

Juristas lançam manifesto em defesa da democracia e em apoio a Lula

 

Para os signatários, são muitas as adesões à frente ampla que se formou para defender o voto em Lula e Alckmin e enfrentar a maior ameaça que o Brasil já sofreu desde a redemocratização. (FOTO | Ricardo Stuckert).


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice na chapa à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSB), ganharam mais um apoio formal envolvendo juristas e intelectuais. Desta vez, um manifesto assinado pelos ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto e Sepúlveda Pertence e os ex-presidentes do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Cezar Britto e Felipe Santa Cruz, além da ex-procuradora Deborah Duprat, e os advogados Thiago Campos, Bia Vargas e José Geraldo de Sousa Júnior.

Estes e outros signatários estarão no lançamento do documento, que será lido nesta quinta-feira (20), em ato em um hotel no Rio de Janeiro, a partir das 18h30. O manifesto, que já conta com mais de 8 mil assinaturas, está disponível na internet para novas adesões. Clique aqui para acessar.

A inspiração da Constituição une brasileiras e brasileiros com diferentes visões político-ideológicas, em defesa do Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”, diz trecho do documento.

Manifesto de juristas, profissionais e estudantes do Direito

Nós, juristas, profissionais e estudantes do Direito, declaramos que, no dia 30 de outubro, vamos votar em Lula e Alckmin e para eles pedimos seu voto. A alternativa, representada pelo atual presidente, é o fim da Democracia e dos direitos políticos. Basta de ódio e de ataques à liberdade religiosa, chega de fome, de destruição do meio ambiente, de desintegração dos direitos econômicos e sociais de nossa população.

Reflita sobre a recente tentativa de intimidação e controle do STF, com a ameaça de aumentar o número de ministros. É o ataque do autoritarismo, uma agressão à Justiça, como fez a ditadura militar brasileira.

São muitas as adesões à frente ampla que se formou para enfrentar a maior ameaça que o Brasil já sofreu desde a redemocratização. Vamos juntos com Simone Tebet, Ciro Gomes, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva, ex-ministros do Supremo que já se manifestaram até agora, Nelson Jobim, Sepúlveda Pertence, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Celso de Mello e Carlos Veloso, além de economistas de responsabilidade e grande prestígio e outras muitas figuras públicas de diversos espectros políticos que acreditam na união de nossas forças, para vencer o atraso e colocar o Brasil de volta no trilho do desenvolvimento e do combate à desigualdade social e recuperar seu lugar de destaque na comunidade internacional.

Queremos unir brasileiras e brasileiros, a despeito de diferentes visões político-ideológicas, em torno do que está expresso no preâmbulo da Constituição da República, “um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”.

Recusamos a mentira, as ameaças, a violência. Somos pela democracia, pela justiça e pela vida. Votar em Lula, neste momento, é defender o Estado Democrático de Direito!

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Com informações da RBA.

21 de outubro de 2022

Prêmio Educar homenageia iniciativas antirracistas em escolas durante a pandemia

 

(FOTO | Paulo Benedito dos Santos).

Com 20 anos de trajetória e em sua 8ª edição, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) homenageou 16 professoras com o “Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar”. 

Em 2022, a premiação foi especial, pois teve como finalidade identificar, apoiar e disseminar boas práticas pedagógicas e de gestão escolar antirracistas em todo o Brasil. O prêmio reitera a garantia da concretização do direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens negros, brancos, indígenas, quilombolas e de outros grupos étnico-raciais.

Para Cida Bento, co-fundadora do CEERT, é de grande emoção poder dar um prêmio para professores em uma fase tão complicada relacionada à educação. 

“Tem sido um desafio muito grande, mas é muito emocionante ver professores trazendo práticas interessantes desenvolvidas no período da pandemia muito qualificadas, de um trabalho que envolve toda a comunidade, que envolve a arte para auxiliar as crianças e adolescentes, que precisam avançar no tema da equidade racial. Então a gente está mesmo muito emocionado”, comenta. 

Premiados

Com um total de três finalistas da Bahia, se destaca o projeto "O que há de Améfrica em nós?", da Escola Maria Felipa, iniciativa premiada na categoria “Escola”. A autora, a professora Bárbara Carine Soares Pinheiro, também docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que o projeto vencedor representa a primeira escola afrobrasileira do país registrada em uma secretaria de Educação. 

“A gente sentiu em Salvador esse chamado ancestral de fundarmos a primeira escola afrobrasileira do país e isso não nos coloca em uma posição de pioneirismo porque nosso lema inclusive é ‘nossos passos vêm de longe’, uma frase da Jurema Werneck”, relata. “A gente compreende que na realidade a [Escola] Maria Felipa é hoje a culminância do sonho das nossas ancestrais”, completa. 

O CEERT também premiou docentes e instituições de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Maranhão e Pará. O Espírito Santo emplacou dois projetos de cidades distintas nesta edição do Prêmio Educar. O primeiro é de Vargem Alta, a 136 quilômetros da capital Vitória, intitulado "No Chão da Escola Quilombo: o (re)significar do projeto político pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Pedra Branca - Vargem Alta". 

Já o segundo projeto "Malizeck da Diversidade" vem da Escola UMEF Professor Luiz Malizeck, da cidade de Vila Velha. A professora premiada na categoria “Educação das Infâncias”, Aline de Alcântara Valentini, comenta que foi um longo processo até chegar nesse momento tão importante da premiação. 

“Tudo começa no chão de aldeia, na luta indígena, na luta pelo reconhecimento e valorização dos povos originários. Então, eu dedico esse prêmio ao meu povo, ao povo guarani, graças a ele eu estou aqui”, salienta. 


Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT, e Aline de Alcântara Valentini da UMEF Professor Luiz Malizeck \ Imagem: Paulo Benedito dos Santos

“Não tem democracia com racismo”

O diretor executivo do CEERT, Daniel Teixeira, pontua à Alma Preta Jornalismo que esse momento de Diálogos para uma Educação Antirracista tem um significado maior após dois anos de afastamento social necessário por conta da pandemia de Covid-19. Para ele, o período, no entanto, significou mais: a impotência de observar as faces das desigualdades e do racismo de maneira distante enquanto o assunto em pauta era educação. 

Daniel enfatiza que é importante compreender de qual educação se está falando quando a pauta está em debate. No caso da população negra em geral, essa educação parte do pressuposto do antirracismo.

“Assim como não tem democracia com racismo, não é possível a gente ter uma educação de qualidade sem equidade, ela é fundamento, não recorte. Isso é estratégico para o movimento negro, mas para a sociedade brasileira é fundamental”, explica ao falar da importância do prêmio.

“Então, pensar que educação a gente quer construir que é a partir do antirracismo, e aí, sim, a gente pode ter um caminho no país que seja para todas as pessoas, ressignificando no presente e apontando para o que a gente quer como educação a partir de agora”, finaliza Daniel.

Veja a lista completa de projetos premiados: 

CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO ESCOLA QUILOMBOLA

Janete Vilela de Paschoa
Título: O Chão da Escola Quilombola: O (Re) Significar do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica “Pedra Branca” - Vargem Alta (ES)
Lugar: Secretaria Municipal de Educação SEME/EOMEB "Pedra Branca"- Espírito Santo
Omo Ayo Otunja
Título: Akotirene Kilombo Ciência
Lugar: Comkola Kilombola Epe Layie - Comunidade Kilombola Morada da Paz - Rio Grande do Sul
Rosiete Lessa dos Reis Costa
Título: Educação Antirracista Afrobetizando Alunos para a Construção de Cultura e Identidade
Lugar: EM São Judas Tadeu - Pará
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Aline de Alcantara Valentini
Título: Malizeck da Diversidade
Lugar: UMEF Prof. Luiz Malizeck - Espírito Santo
Danielle Aparecida Barbosa Cardoso
Título: A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experiência de leitura na alfabetização
Lugar: Escola Municipal Florestan Fernandes - Minas Gerais
Fernanda Silva dos Santos
Título: Mulheres negras, símbolo de luta e resistência, uma fonte de inspiração
Lugar: São Paulo
Juliana Borges
Título: Projeto Griôs: Contos e Dengos por uma Formação Identitária e Ancestral Positiva
Lugar: Escola Municipal de Educação Infantil itamarati - Minas Gerais
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Aline Neves Rodrigues Alves
Título: Projeto Intercâmbio Raízes Angola Brasil
Lugar: da Escola Municipal Lídia Angélica (Brasil) e do Instituto Politécnico Edik Ramon (Angola) - Minas Gerais
Jacenilde Cristina Braga Soares
Título: Intercâmbio e Cultura: Uma Análise Entre os Quilombos Damásio e Liberdade - MA
Lugar: IEMA Plena Itaqui Bacanga - Maranhão
 CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Bárbara Carine Soares Pinheiro
Título: O que há de Améfrica em nós?
Lugar: Escola Maria Felipa - Bahia
Conceição Aparecida Pinheiro Cardoso
Título: Promoção da Igualdade Racial
Lugar: EM Anne Frank - Minas Gerais
Francineia Alves da Silva
Título: Projeto e Festival da Valorização da Cultura Afro-brasileira e Indígena: Equidade nas Diferenças
Lugar: CEI 01 de São Sebastião - Distrito Federal
CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Adriana de Paula
Título: Resgatando Identidades: O Dia da Consciência Negra e o Papel do Negro na Construção do Brasil
Lugar: EE Professora Joana de Aguirre Marins Peixoto - São Paulo
Ilca Guimarães da Silva
Título: Núcleo de Empoderamento Linguagem e Tecnologia
Lugar: Colegio Estadual General Dionísio Cerqueira - Bahia
Janaina Silva Mendes
Título: Agenda Antirracista
Lugar: EE Professora Yolanda Conte - São Paulo
Lorena Barbara Santos Costa
Título: Caminhos Afirmativos para uma Educação Antirracista na Educação de Jovens e Adultos
Lugar: Escola Municipal Jacira Fernandes Mendes - Bahia
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Com informações do Alma Preta.

18 de outubro de 2022

Jessika de Oliveira lança livro de contos com protagonistas negras e vai à Flica

 

Jessika Oliveira é escritora, pesquisadora e membro da Academia Internacional da Literatura Brasileira | Foto: Arquivo Pessoal.

Mulher, negra, mãe e escritora, Jessika de Oliveira é membro da Academia Internacional da Literatura Brasileira e natural de Baixa Grande, região no centro-norte da Bahia. No início de novembro, a escritora baiana lança o seu primeiro livro de contos: "Festa de Aniversário". A obra reúne histórias protagonizadas por mulheres negras. A capa da publicação é de autoria de Macis Pierrot.

"Festa de Aniversário é meu primeiro livro de contos e traz o protagonismo de mulheres negras em destaque. As cinco personagens deste livro tem histórias diferentes, mas algo em comum a todas elas", explica a escritora à Alma Preta Jornalismo.

Jessika sempre se interessou em histórias de mulheres que se pareciam com ela. Dentro de casa, as mulheres da família sempre foram a inspiração de Jessika, a começar pela bisavó Silvina de Andrade, que foi a personagem principal na sua compreensão sobre as lutas do feminismo negro, construído no dia-a-dia.

"Desde muito antes, até quando eu ainda não sabia que era escritora, sempre escrevi inspirada nas mulheres. Começando pela minha família, tive o privilégio de conviver com a minha bisavó Silvina de Andrade e a partir dela pude entender sobre o movimento feminista, aquele que muitas vezes não consegue chegar a universidade, mas que transforma a comunidade", conta Jessika.

Mais detalhes sobre a obra poderão ser conferidos na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), na região do Recôncavo Baiano. O livro será lançado na 10ª edição do evento, que retorna de forma presencial a partir do dia 3 de novembro, após dois anos paralisado por causa da pandemia.

Será a primeira vez que a escritora baiana irá participar da Flica, evento que reúne grandes nomes da literatura nacional e que este ano terá como tema "Liberdade, Literatura e Brasis", em menção à diversidade e ao protagonismo da participação popular em diferentes momentos históricos no Brasil.

"Receber o convite da Flica, para mim, foi um misto de sensações. Estar na Flica é uma forma de reconhecimento de toda a minha trajetória dentro da literatura. Estou muito feliz e quero entregar o máximo que puder para suprir as minhas expectativas e de todas as pessoas que me acompanham", comenta a escritora.

Além de Jessika, a Flica irá contar com grandes nomes da literatura brasileira e internacional como o poeta cubano Yamil Díaz Gomez, a escritora brasileira Cidinha da Silva, Aldri Anunciação, Carla Akotirene, além de nomes como MV Bill e Sulivã Bispo.

Sobre as vendas do livro "Festa de Aniversário", a obra será comercializada de forma presencial na Flica e pode ser adquirida de forma remota pelo e-mail:comkescritora@gmail.com.

A programação completa e mais informações sobre a Flica estão disponíveis no site do evento e nas redes sociais.

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Com informações do Alma Preta.

17 de outubro de 2022

IPEC: Lula tem 54% dos votos válidos no segundo turno, Bolsonaro 46%

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro — Foto: Nelson Almeida/AFP

Por Nicolau Neto, editor

Foi divulgado nesta segunda-feira, 17, nova pesquisa do Ipec para a presidência da República. Os dados foram encomendados pela Globo e apresenta o ex-presidente Lula (PT) na frente na disputa com 50% de intenção de votos, enquanto o atual presidente Bolsonaro está com  43,2 %.

Quando considerados somente os votos válidos, se a eleição fosse hoje, Lula venceria 54%. Já o atual presidente aparece com 46%. É importante destacar que para calcular os votos válidos, os brancos, nulos e aqueles eleitores que se declaram indecisos não são considerados. É esse o procedimento que Justiça Eleitoral usa para divulgar o resultado oficial da eleição.

Esses dados foram colhidos entre entre sábado (15) e esta segunda. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

16 de outubro de 2022

Estudantes vão às ruas na terça (18) contra os cortes na educação e a corrupção no governo Bolsonaro

 

Criada no governo Lula, Universidade Federal do ABC (UFAB) se junta às demais, bem como aos institutos federais de ensino técnico e tecnológico, na mobilização que promete tomar as ruas no dia 18.  (FOTO  | Divulgação |UNE).

Estudantes universitários, do ensino médio e da pós-graduação reafirmaram a agenda em defesa da educação e prometem tomar as ruas nesta terça-feira (18)contra o governo de Jair Bolsonaro (PL). A mobilização é motivada pelos sucessivos cortes orçamentários no Ministério da Eduação (MEC) e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que afetam a rede federal com um todo – universidades, institutos de formação profissional e tecnológica e bolsas de pesquisa para estudantes de mestrado e doutorado. E também contra a corrupção no governo, mais visivelmente no MEC.

No início do mês, o governo havia anunciado cortes no MEC da ordem de R$ 2,4 bilhões, com impactos sobre os cofres da rede capazes de inviabilizar o funcionamento de universidades e institutos. Diante da forte repercussão negativa, com anúncio de manifestações estudantis semelhantes ao chamado “Tsunami da Educação“, travado no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), houve recuo.

No último dia 7 o ministro da Educação, Victor Godoy, divulgou vídeo anunciando o desbloqueio de recursos para universidades, institutos federais e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Semana que vem e dia 18 continuam como dias de Mobilização! Não dá para acreditar na fala desse governo, até o momento o desbloqueio nas contas não aconteceu e muito menos o decreto oficializando o desbloqueio!”, disse na ocasião a diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thaís Falone.

Estudantes vão às ruas contra Bolsonaro também por cortes na pesquisa

Nesta quinta-feira (13), entidades divulgaram nota conjunta sobre o desvio de R$ 1,2 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o principal do setor, para pagar despesas de outras pastas do governo federal, deixando importantes programas e projetos do MCTI e agências financiadoras de pesquisa, como a Finep e o CNPq à míngua.

Para isso, o governo Bolsonaro editou três portarias, abrindo espaço no orçamento para os ministérios da Economia, do Desenvolvimento Regional e do Trabalho e Previdência. O governo já havia tentado bloquear os recursos do fundo, como em julho, por meio de um Projeto de Lei do Congresso Nacional 17/22 que abria uma brecha para o bloqueio e a transferência de mais de R$ 2,5 bilhões. Mas na votação do Congresso Nacional o trecho foi rejeitado.

Para a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), “a Ciência e Educação brasileira estão sendo sacrificadas pela determinação do Governo Federal em continuar com o método de destruição do sistema de produção do conhecimento e desenvolvimento científico e tecnológico

Ontem (13), uma comissão da UNE esteve no campus Santo André da Universidade Federal do ABC (UFABC), onde os estudantes, a exemplo de outras universidades, também estão mobilizados. “Estamos aqui na UFABC (Universidade criada pelo Presidente @lulaoficial) e é lindo ver que os estudantes estão mobilizados para derrotar Bolsonaro inimigo nº 1 da educação. Dia 18 vamos ocupar às ruas de todo Brasil”, disse a presidenta da entidade, Bruna Brelaz.

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Com informações da RBA.

15 de outubro de 2022

Bolsonaro corta 97,5% das verbas para construção de creches em 2023

 

Bolsonaro também cortou 95% dos recursos para oferecer infraestrutura às escolas de educação infantil. (FOTO | Altemar Alcantara/Semcom).

Na proposta de Orçamento para 2023, o governo do presidente Jair Bolsonaro cortou 97,5% das verbas para a construção de novas creches. O projeto enviado ao Congresso Nacional prevê apenas R$ 2,5 milhões para “implantação de escolas para educação infantil”, conforme revelou reportagem do jornal O Globo nesta sexta-feira (14). Assim, esse valor é suficiente para construir apenas cinco novas creches em todo o Brasil.

Os cortes de recursos para a construção de unidades de ensino para crianças de zero a 3 anos vem se aprofundando durante a era Bolsonaro. No ano passado, por exemplo, o orçamento federal previa R$ 100 milhões, menos da metade que o previsto em 2020, R$ 220 milhões.

A educação infantil é atribuição dos municípios. Mas cabe à União apoiar financeiramente as prefeituras, sobretudo as mais pobres, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Além disso, no mês passado, Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é dever do Estado garantir vagas em creches e pré-escolas a crianças de até 5 anos.

Desse modo, os cortes inviabilizam as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê que até 2024 metade das crianças de até 3 anos de idade estejam nas creches. Para isso, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), seriam necessários um total de R$ 37,4 bilhões em investimentos, que garantiriam a abertura de mais 2,6 milhões de vagas.

Promessas

A matéria do O Globo mostra, ainda, que, em 2019, o governo federal prometeu entregar mais de 4 mil creches até o fim de 2022. Os recursos seriam aplicados através do Proinfância, programa de ampliação do acesso à educação infantil. No entanto, a atual gestão só entregou cerca de 800 creches em todo o Brasil. Desse total, apenas sete foram iniciadas e concluídas na atual gestão.

O então ministro da Educação Fernando Haddad criou o Proinfância, em 2007, durante o governo Lula. Durante as gestões petistas, até 2015, o governo federal construiu 8.787 creches e pré-escolas, com investimento de R$ 10 bilhões.

Pré-escola

O orçamento federal também prevê o corte de 95% dos recursos para oferecer infraestrutura às escolas de educação infantil, especialmente a pré-escola (para alunos de quatro e cinco anos). A construção de creches e o apoio para pré-escolas são as duas únicas ações orçamentárias voltadas para a educação infantil no Orçamento federal. Com o corte em ambas, o recurso destinado para essa etapa da aprendizagem saiu de R$ 151 milhões neste ano para apenas R$ 5 milhões no ano que vem. Trata-se de uma redução de 96% no total. A educação infantil compreende creche (de 0 a 3 anos) e a pré-escola.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), ex-candidata à Presidência, que agora apoia o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que é preciso lutar para reverter esses cortes no Congresso.

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) classificou como “grave” os cortes promovidos pelo governo Bolsonaro na educação infantil. O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) destacou que os gastos de Bolsonaro no cartão corporativo superam os valores para a construção de novas creches no ano que vem.

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Com informações da RBA.

14 de outubro de 2022

Datafolha: Lula tem 53% dos votos válidos, e Bolsonaro, 47%

 

FOTO | Iruata/Reuters e Washington Alves/Reuters).

Por Nicolau Neto, editor

Foi divulgado nesta sexta-feira, 14, mais uma rodada de pesquisa presidencial. Os números são do Datafolha e foi  encomendada pela Globo e pela "Folha de S.Paulo".

De acordo com os dados, Lula (PT) continua a frente. O ex-presidente aparece com 49% de intenção de votos neste segundo turno. Seu concorrente, o presidente Bolsonaro (PL) vem com 44%.

A pesquisa que foi realizada entre quinta-feira, 13, e hoje (14) mostra ainda que ao se considerar somente os votos válidos, Lula figura com 53% contra 47% do atual mandatário. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Balbúrdia e fascismo: como o governo Bolsonaro sucateou a educação

 

(Ellanah Jorge | Uol).

Em 2016, quando eu era professor de uma escola, fui interpelado por um pai de um aluno, durante uma reunião pedagógica, que me questionou, acintosamente, sobre uma proposta de redação que eu havia solicitado para turma. Eram alunos de ensino médio e propus a eles que refletissem e depois escrevessem sobre a importância de se discutir as questões de gênero na sociedade.

O pai do aluno argumentava que o papel da escola não era ensinar “Ideologia de gênero” e sim matemática e português, e ainda propôs: “por que o senhor não ensina Machado de Assis pra eles, professor? “. Fiquei olhando para aquele sujeito e, logo em seguida, eu respondi que “ensinar Machado” talvez fosse até mais grave para os alunos, de acordo com os critérios dele. Argumentei ainda que tais discussões também estavam de acordo com as diretrizes e propostas do ENEM, e que portanto era importante que os alunos escrevessem sobre temas como gênero, por exemplo. Foi então que este mesmo pai, já imbuído pela conduta do movimento fascista do “escola sem partido” disse, em tom ameaçador: “Professor, ouça bem o que eu vou lhe dizer: nós vamos chegar no MEC e vamos mudar toda essa bagunça esquerdista”. Naquele momento, eu percebi o sentimento fascista começava a ganhar força e os professores passaram a ser vistos como doutrinadores.

A vontade de mexer nas bases da educação e nas instituições vem desde sempre durante a administração bolsonarista. O desmonte e a destruição do ensino é, talvez, o principal projeto do governo Bolsonaro. A tentativa do último bloqueio de verbas para as universidades foi só mais um capítulo trágico da educação brasileira nos últimos anos. O recuo desse bloqueio, dias depois, se deu após reações na internet a das entidades educacionais. Na verdade, desde que o governo Bolsonaro assumiu o ministério da educação vimos uma série de ataques ao ensino, tanto no nível do discurso ideológico, quanto no corte de verbas essenciais para manutenção de itens básicos para manter uma instituição funcionando.

Quem não se lembra de Abraham Weitraub, o então ministro da educação, que prometeu cortar as verbas de universidades que promoviam “Balbúrdias”? “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. Na época, a declaração gerou reações das entidades educacionais.

O fato é que todo esse discurso fascista sobre a educação acaba servindo, na verdade, como uma espécie de cortina de fumaça para justamente encobrir e pôr em prática este projeto de destruição. Pois enquanto se discute a “balburdias” ou “ideologias de gênero”, as verbas vão sendo reduzidas e precarizando a educação.

Nos últimos as universidades e institutos federais têm amargado a redução sistemática de recursos financeiros. O que só confirma que, definitivamente, educar a população brasileira não está nos horizontes do bolsonarismo, muito pelo contrário, estamos diante de um governo que sempre olhou para o setor acadêmico como um inimigo a ser combatido e aniquilado.

Para mim, o que causa mais indignação é saber que, nem com toda a contribuição das universidades públicas durante a tragédia da pandemia, seja no desenvolvimento de pesquisas de vacinas, ou em pesquisas de prevenção, o governo não se sensibilizou com importância da ciência e do conhecimento em momentos tão difíceis e traumáticos pelo que passamos.

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Texto de Jeferson Tenório, originalmente no Uol e replicado no Geledés.