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Inscrições abertas para o prêmio "Educar com Equidade Racial e de Gênero"

 

Estudantes do 1° Ano da EEMTI Padre Luís Filgueiras. (FOTO | Lucélia Muniz).

As inscrições para a 9a edição do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar estão abertas até o dia 31 de março.

Prêmio Educar homenageia iniciativas antirracistas em escolas durante a pandemia

 

(FOTO | Paulo Benedito dos Santos).

Com 20 anos de trajetória e em sua 8ª edição, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) homenageou 16 professoras com o “Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar”. 

Em 2022, a premiação foi especial, pois teve como finalidade identificar, apoiar e disseminar boas práticas pedagógicas e de gestão escolar antirracistas em todo o Brasil. O prêmio reitera a garantia da concretização do direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens negros, brancos, indígenas, quilombolas e de outros grupos étnico-raciais.

Para Cida Bento, co-fundadora do CEERT, é de grande emoção poder dar um prêmio para professores em uma fase tão complicada relacionada à educação. 

“Tem sido um desafio muito grande, mas é muito emocionante ver professores trazendo práticas interessantes desenvolvidas no período da pandemia muito qualificadas, de um trabalho que envolve toda a comunidade, que envolve a arte para auxiliar as crianças e adolescentes, que precisam avançar no tema da equidade racial. Então a gente está mesmo muito emocionado”, comenta. 

Premiados

Com um total de três finalistas da Bahia, se destaca o projeto "O que há de Améfrica em nós?", da Escola Maria Felipa, iniciativa premiada na categoria “Escola”. A autora, a professora Bárbara Carine Soares Pinheiro, também docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que o projeto vencedor representa a primeira escola afrobrasileira do país registrada em uma secretaria de Educação. 

“A gente sentiu em Salvador esse chamado ancestral de fundarmos a primeira escola afrobrasileira do país e isso não nos coloca em uma posição de pioneirismo porque nosso lema inclusive é ‘nossos passos vêm de longe’, uma frase da Jurema Werneck”, relata. “A gente compreende que na realidade a [Escola] Maria Felipa é hoje a culminância do sonho das nossas ancestrais”, completa. 

O CEERT também premiou docentes e instituições de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Maranhão e Pará. O Espírito Santo emplacou dois projetos de cidades distintas nesta edição do Prêmio Educar. O primeiro é de Vargem Alta, a 136 quilômetros da capital Vitória, intitulado "No Chão da Escola Quilombo: o (re)significar do projeto político pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Pedra Branca - Vargem Alta". 

Já o segundo projeto "Malizeck da Diversidade" vem da Escola UMEF Professor Luiz Malizeck, da cidade de Vila Velha. A professora premiada na categoria “Educação das Infâncias”, Aline de Alcântara Valentini, comenta que foi um longo processo até chegar nesse momento tão importante da premiação. 

“Tudo começa no chão de aldeia, na luta indígena, na luta pelo reconhecimento e valorização dos povos originários. Então, eu dedico esse prêmio ao meu povo, ao povo guarani, graças a ele eu estou aqui”, salienta. 


Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT, e Aline de Alcântara Valentini da UMEF Professor Luiz Malizeck \ Imagem: Paulo Benedito dos Santos

“Não tem democracia com racismo”

O diretor executivo do CEERT, Daniel Teixeira, pontua à Alma Preta Jornalismo que esse momento de Diálogos para uma Educação Antirracista tem um significado maior após dois anos de afastamento social necessário por conta da pandemia de Covid-19. Para ele, o período, no entanto, significou mais: a impotência de observar as faces das desigualdades e do racismo de maneira distante enquanto o assunto em pauta era educação. 

Daniel enfatiza que é importante compreender de qual educação se está falando quando a pauta está em debate. No caso da população negra em geral, essa educação parte do pressuposto do antirracismo.

“Assim como não tem democracia com racismo, não é possível a gente ter uma educação de qualidade sem equidade, ela é fundamento, não recorte. Isso é estratégico para o movimento negro, mas para a sociedade brasileira é fundamental”, explica ao falar da importância do prêmio.

“Então, pensar que educação a gente quer construir que é a partir do antirracismo, e aí, sim, a gente pode ter um caminho no país que seja para todas as pessoas, ressignificando no presente e apontando para o que a gente quer como educação a partir de agora”, finaliza Daniel.

Veja a lista completa de projetos premiados: 

CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO ESCOLA QUILOMBOLA

Janete Vilela de Paschoa
Título: O Chão da Escola Quilombola: O (Re) Significar do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica “Pedra Branca” - Vargem Alta (ES)
Lugar: Secretaria Municipal de Educação SEME/EOMEB "Pedra Branca"- Espírito Santo
Omo Ayo Otunja
Título: Akotirene Kilombo Ciência
Lugar: Comkola Kilombola Epe Layie - Comunidade Kilombola Morada da Paz - Rio Grande do Sul
Rosiete Lessa dos Reis Costa
Título: Educação Antirracista Afrobetizando Alunos para a Construção de Cultura e Identidade
Lugar: EM São Judas Tadeu - Pará
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Aline de Alcantara Valentini
Título: Malizeck da Diversidade
Lugar: UMEF Prof. Luiz Malizeck - Espírito Santo
Danielle Aparecida Barbosa Cardoso
Título: A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experiência de leitura na alfabetização
Lugar: Escola Municipal Florestan Fernandes - Minas Gerais
Fernanda Silva dos Santos
Título: Mulheres negras, símbolo de luta e resistência, uma fonte de inspiração
Lugar: São Paulo
Juliana Borges
Título: Projeto Griôs: Contos e Dengos por uma Formação Identitária e Ancestral Positiva
Lugar: Escola Municipal de Educação Infantil itamarati - Minas Gerais
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Aline Neves Rodrigues Alves
Título: Projeto Intercâmbio Raízes Angola Brasil
Lugar: da Escola Municipal Lídia Angélica (Brasil) e do Instituto Politécnico Edik Ramon (Angola) - Minas Gerais
Jacenilde Cristina Braga Soares
Título: Intercâmbio e Cultura: Uma Análise Entre os Quilombos Damásio e Liberdade - MA
Lugar: IEMA Plena Itaqui Bacanga - Maranhão
 CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Bárbara Carine Soares Pinheiro
Título: O que há de Améfrica em nós?
Lugar: Escola Maria Felipa - Bahia
Conceição Aparecida Pinheiro Cardoso
Título: Promoção da Igualdade Racial
Lugar: EM Anne Frank - Minas Gerais
Francineia Alves da Silva
Título: Projeto e Festival da Valorização da Cultura Afro-brasileira e Indígena: Equidade nas Diferenças
Lugar: CEI 01 de São Sebastião - Distrito Federal
CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Adriana de Paula
Título: Resgatando Identidades: O Dia da Consciência Negra e o Papel do Negro na Construção do Brasil
Lugar: EE Professora Joana de Aguirre Marins Peixoto - São Paulo
Ilca Guimarães da Silva
Título: Núcleo de Empoderamento Linguagem e Tecnologia
Lugar: Colegio Estadual General Dionísio Cerqueira - Bahia
Janaina Silva Mendes
Título: Agenda Antirracista
Lugar: EE Professora Yolanda Conte - São Paulo
Lorena Barbara Santos Costa
Título: Caminhos Afirmativos para uma Educação Antirracista na Educação de Jovens e Adultos
Lugar: Escola Municipal Jacira Fernandes Mendes - Bahia
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Com informações do Alma Preta.

Prêmio Educar completa 20 anos com novidades!

 

Prêmio Educar completa 20 anos com novidades. (FOTO | CEERT).

A iniciativa busca identificar e valorizar práticas pedagógicas exemplares de professoras/es e gestoras/es da educação básica, com o propósito de construção da equidade racial e de gênero.
Segundo Jucelino Alves, consultor do CEERT, a iniciativa se consolida como uma tradicional premiação que visa concretizar com qualidade o direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens.

Como surgiu

O Prêmio Educar surgiu em 2002, de forma pioneira, a partir de debates promovidos no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a partir de 2000, em parceria com diversos atores do movimento negro e da área da educação.

De acordo com o geógrafo e educador Billy Malachias, o projeto surgiu antes mesmo da implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteram a LDB 9.394/96 para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena, nas escolas de todo o país.

Billy acompanhou o Prêmio desde a sua criação e atualmente é consultor do CEERT, pesquisador do Laboratório de Geografia Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Estudos Periféricos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

“A criação do Prêmio é uma contribuiçao do CEERT para a luta antirracista no Brasil. A educação é um lugar de mobilidade social, mas também sempre foi um espaço de reprodução dos preconceitos. Modificar isso é uma responsabilidade do ativismo negro”, explica.

Ainda de acordo com o educador, o CEERT criou o Prêmio, antes mesmo da lei, para identificar o que os professores faziam de positivo para o enfrentamento do racismo. Depois da criação da Lei, a referência a ela no projeto passa a ser um dos critérios de seleção.

“O Prêmio passou a ser um incentivo à leitura da Lei e uma ação de difusão das diretrizes curriculares. Isso foi de caráter inovador, além de todos aspectos valorativos de reconhecimento para a vida individual de diversos educadores e educadoras.”

Importância histórica

Segundo Maria das Graças Gonçalves, especialista do CEERT e Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o Prêmio é uma marca do CEERT e tem um registro histórico de práticas pedagógicas antirracistas de Norte a Sul do Brasil, promovendo a discussão e reconhecendo e incentivando os projetos.

Todo esse conhecimento resultou em uma importante coleta de dados para o CEERT, apoiando pesquisas na área de educação e fornecendo materiais didáticos e pedagógicos nos setores públicos e privados. A divulgação dos projetos desenvolvidos passou a desempenhar um papel formativo, a partir do debate de relações étnico-raciais. Conheça alguns deles aqui.

O combate ao racismo institucional dentro da escola é o ponto de encontro entre todas as edições - nos materiais de ensino, nos espaços escolares, na epistemologia eurocêntrica e na ausência de história das pessoas negras e indígenas. “Nesta edição, certamente a pandemia irá desnudar o agravamento de diversas questões, como a saúde mental dos educadores e dos alunos, além da desigualdade na educação”, explica a educadora.

Desafios

Na avaliação da equipe do Prêmio Educar 2022, a conjuntura atual está impactada pela pandemia da Covid-19. Foram agravados e escancarados os problemas estruturais do racismo, sexismo, exclusão social e o desigual acesso aos serviços e equipamentos básicos. Como consequência, a população negra e indígena está no topo dos piores índices de contaminação, óbitos e vacinação.

Na esfera da educação, assistimos a maior paralisia do sistema educacional da história moderna. Segundo dados publicados em 2021 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), 99,3% das escolas do país suspenderam as atividades presenciais, revelando também que o país obteve a média de 279 dias sem atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, considerando escolas públicas e privadas. Os/As estudantes negros/as possuem menos acesso a computadores e internet, tendo mais dificuldades para seguir aprendendo.

De acordo com um estudo divulgado pela Fundação Carlos Chaga, pela Unesco, pelo Itaú Social e pelo Instituto Península (2020), 53,8% dos/das professores/as declararam que houve o aumento da ansiedade e depressão dos alunos, além da diminuição da aprendizagem e altos índices (88%) de despreparo dos professores para o ensino remoto, com a ausência de treinamento e de suporte emocional.

Oportunidades

No contrapeso desse contexto, profissionais da educação básica de todo o país criaram estratégias para desenvolver o trabalho, aplicando esforços excepcionais. É por isso que um dos objetivos do Prêmio Educar 2022 é saber mais sobre esse fazer da gestão escolar, assim como o fazer das práticas pedagógicas antirracistas desenvolvidas durante o período mais agudo de isolamento social, com o objetivo de apoiá-las e difundi-las para que se tornem força inspiradora de novas iniciativas!

Quem pode participar

Podem se inscrever professoras/es que estejam em atividade nas diferentes etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos; Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).

Também podem participar gestoras/es de escolas (diretoras/es e coordenadoras/es pedagógicas/os) que estejam em atividade na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos (EJA); Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).

O Prêmio é dividido em duas categorias: Professor e Escola. A categoria Professor é dividida em duas modalidades: práticas pedagógicas executadas – realizadas entre 2019 e 2021 e projetos de práticas pedagógicas ainda não executadas. Já a categoria Escola conta apenas com a modalidade Gestão com Equidade e Antirracista (GEA).

Prêmio

Na Categoria Professor, serão eleitas oito propostas para cada modalidade, totalizando 16. Cada uma levará o prêmio de 7 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.

Na categoria Gestão de Escola, cada uma das oito propostas eleitas na etapa final do processo de seleção receberá equipamentos para a escola, elegíveis numa listagem fornecida pelo CEERT, dentro do valor de 10 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.

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Com informações do CEERT.