(FOTO/ Tomaz Silva/Agência Brasil). |
23 de janeiro de 2022
Especialistas alertam a importância da vacinação infantil diante da variante Ômicron
Ceará já vacinou mais de 13 mil crianças em uma semana
FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.01.2021: Fortaleza iniciou hoje a vacinação de crianças de 11 anos. Cerca de 200 crianças estão agendadas (FOTO/Thais Mesquita/OPOVO)(FOTO/Thais Mesquita) |
Desde
o início da vacinação contra a Covid-19 no Estado, um total de 13.500 crianças
entre 5 a 11 anos foram imunizadas em todo o Ceará. Dado foi divulgado na tarde
deste sábado, 22, pelo governador Camilo Santana em suas redes sociais. Há uma
semana, o uso das doses no público infantil era iniciado.
"Completamos
hoje uma semana no início da vacinação das nossas crianças de 5 a 11 anos, um
novo e importante momento da imunização dos cearenses. Até agora foram mais de
13.500 doses aplicadas, e nossa meta é agilizar essa vacinação para proteger o
quanto antes as crianças do Ceará", comentou o petista nas redes sociais.
Camilo
também reforçou a importância de fazer o cadastro da criança no Saúde Digital.
Para qualquer cearense receber as doses, é necessário estar cadastrado na
plataforma da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). De um total de 904 mil
crianças cearenses, apenas 400 mil cadastros foram confirmados no Estado,
segundo o governador. Em Fortaleza, menos da metade das crianças agendadas
tomou a vacina contra Covid-19. Segundo dados fornecidos pela Prefeitura, do
início da vacinação, no dia 15, até a última quinta-feira, 20, foram realizados
um total de 11.080 agendamentos para esta faixa etária. No mesmo intervalo, o
número de doses aplicadas foi de apenas 5.243, correspondente a apenas 47% do
público esperado.
Capital
inicia neste sábado a vacinação infantil para crianças com comorbidades entre 5
a 11 anos. A vacina aplicada é a da Pfizer, mas há previsão do uso da CoronaVac
no Ceará após autorização da Anvisa para o público infantil. Sesa discutirá uso
do imunizante e distribuição das doses para o Estado até a próxima semana.
Dosagem da CoronaVac seria a mesma aplicada em adultos, medida tida como segura
após análises técnicas.
22 de janeiro de 2022
Leonel Brizola faria hoje faria cem anos
Leonel Brizola faria 100 anos neste sábado (22) - https://blognaopassarao.blogspot.com/ |
Se
estivesse vivo o ex-governador Leonel de Moura Brizola estaria completando cem
anos. Filho de camponeses, Brizola nasceu no distrito de Cruzinha de São Bento,
no interior do município de Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre.
Durante
a campanha de 1989 estive lá refazendo o início da caminhada de Brizola para o
jornal O Globo. Conversei com primos do ex-governador, companheiros de infância
dos tempos em que ele carregava malas na estação ferroviária da cidade enquanto
fazia as primeiras letras. E até com o chefe político da cidade de Colorado
que, na revolução de 1923 havia mandado matar o pai de Brizola.
Todos,
sem exceção, admiravam a trajetória daquele que agora era um dos candidatos a
presidente de República. Brizola foi governador do Rio Grande do Sul e iniciou
um processo de desenvolvimento do Estado cuja visão somente foi retomada no
governo Olívio Dutra 40 anos mais tarde.
Construiu
milhares de escolas, todas de madeira para terem construção rápida, muitas
delas ainda estão de pé cumprindo sua missão de ensinar as crianças gaúchas. No
Rio de Janeiro construiu os CIEPS, escolas de tempo integral. Para ele,
educação era a ferramenta essencial para o processo de conscientização do povo
e a construção do Brasil novo.
Em
1962, atendendo as reivindicações de arrendatários de terras organizados no
Movimento de Agricultores Sem Terra (MASTER), realizou a primeira Reforma
Agrária da história da República brasileira, desapropriando 13 mil hectares no
Banhado do Colégio, em Camaquã, drenando o banhado e construindo um projeto de
canais de irrigação abaixo de uma grande barragem no arroio, onde até hoje,
colonos assentados cultivam arroz e milho irrigados. Para ele a Reforma Agrária
era uma das bases do desenvolvimento econômico trancado há séculos pelo
latifúndio improdutivo.
Criou
empresas para produzir o que era importado pelos gaúchos, a Açúcar Gaúcho S/A
(AGASA) em Santo Antônio da Patrulha, aproveitando cultura de cana do Litoral.
A Salgasa, tentativa da produção de sal entre Cidreira e Tramandaí, introduziu
o cultivo da cebola no Litoral Norte, para substituir a importação de cebolas
argentinas e pernambucanas. Ele entendia que as regiões deveriam produzir tudo
o que pudessem para a sobrevivência e a soberania alimentar de seus povos,
evitando o atrelamento a um sistema de transporte. Tudo isso foi sucateado
pelos militares a serviço dos imperialistas que ajudaram a transformar o Brasil
em uma grande colônia especializando a produção em cada uma das regiões.
Democrata
convicto, organizou a resistência ao golpe em 1961, criando a Rede da
Legalidade através de rádios de todo o Rio Grade do Sul, comandadas dos porões
do Palácio Piratini por ele mesmo ao microfone. Aliás Brizola usou rádio como
poucos, quando governador tinha um programa as sextas-feiras de noite em rede
de rádios que era ouvido pela maioria dos gaúchos. Dialogava diretamente com as
pessoas e ouvia suas reivindicações.
Em
1964 se exilou no Uruguai e de lá comandou movimentos de resistência como o de
Três Passos liderado pelo coronel Jeferson Cardin com os Grupos dos 11 e a
Guerrilha de Caparaó, em Minas Gerais, onde esteve o jornalista Flávio Tavares.
Em 1979 retornou do exílio e refundou o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja
legenda perdeu para a deputada paulista Ivete Vargas, criou então o PDT. Por
este partido elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro e mais tarde
concorreu à Presidência da República, depois concorreu como candidato a
vice-presidente na chapa do PT, liderado por Luís Inácio Lula da Silva.
A
liderança de Brizola hoje está substituída pela força de Luís Inácio Lula da
Silva, que acredita nos mesmos princípios e na mesma politica de alianças que
poderá devolver ao Brasil a democracia e a economia independente que está sendo
destruída pelo atual desgoverno.
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Por Walmaro Paz, originalmente no Brasil de Fato.
“A Voz do Milênio” se cala: morre Elza Soares, aos 91 anos
Elza Soares morreu aos 91 anos, em casa, de causas naturais. (FOTO/ Marcos Hermes). |
A
cantora Elza Soares, 91, morreu na tarde desta quinta-feira (20), em casa, no
Rio de Janeiro, de causas naturais. “É
com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e
compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no
Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz a postagem nas redes sociais da
cantora.
“Ícone da música brasileira, considerada uma
das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio, teve uma
vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”,
continua o texto.
A
assessoria lembrou ainda que Elza se manteve ativa até os últimos dias de vida.
“A amada e eterna Elza descansou, mas
estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares
fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”.
Com
mais de 50 anos de carreira e 34 discos gravados, Elza Soares cantou do samba
ao funk, do jazz à música eletrônica. “Eu
sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”,
dizia ela. Como um capricho do destino, Elza morreu no mesmo dia que seu
ex-marido, o jogador Mané Garrincha, 39 anos depois do seu falecimento.
No
último carnaval, em 2020, Elza foi enredo do samba da Mocidade Independente de
Padre Miguel. Ela desfilou no último carro e teve sua história cantada no
sambódromo, onde ela foi uma das primeiras mulheres a interpretar um samba
enredo. “És a ESTRELA! Seu povo esperou
tanto pra revê-la! E reviu! Reviu o seu amor Independente passar na Avenida da
forma mais linda possível! Você foi uma das maiores deste país. Só podemos
agradecer por tudo. Consternados! Essa é a nossa despedida! Obrigado, Deusa.
NÓS NÃO VAMOS SUCUMBIR NUNCA! ✊🏿😭⭐️💚”,
postou a escola de Padre Miguel, em homenagem à cantora.
___________
Com informações do Noticias Preta.
20 de janeiro de 2022
Desaparecida
Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A
carta estava amarelada, escrita com pressa e força, era possível perceber a
pressão da palavra sobre o papel, escrita grossa e azul. Dobrada várias vezes
em tamanho pequeno, cabia na palma da mão. Papel amassado, cheio de rugas,
sobras de um embrulho para presente, vermelho cintilante.
Fincada
na parede, a carta parecia Cristo crucificado. Acelerado os desaparecimentos, o
aborto das despedidas era um código de sobrevivência. As cartas, às vezes,
compostas de três palavras e o embaraço do aligeiramento, nem chegavam aos seus
destinatários.
Ninguém sabe o que tinha, o tempo esfarelou cada palavra fincada naquele papel crucificado na parede.
18 de janeiro de 2022
Inspirado em Carolina Maria de Jesus, livro reúne histórias de catadoras do Brasil
(Foto/Elizabeth Nader/Prefeitura de Vitória). |
Vulnerabilidade
social, violência doméstica, fome e racismo são alguns dos relatos comuns
compartilhados por 21 catadoras de materiais recicláveis de diferentes cidades
do Brasil, que, assim como a escritora e catadora Carolina Maria de Jesus,
encontraram na escrita uma forma de partilhar as suas dores e tomarem o
protagonismo das suas próprias histórias.
As
histórias estão reunidas nas 243 páginas do livro 'Quarentena da resistência',
publicado pela editora Coopacesso, que conta a história de catadoras de
materiais recicláveis de forma intimista e a busca dessas mulheres, de maioria
negra e chefes de família, por melhores condições de vida e oportunidade. O
livro está disponível para download no site da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), uma das parceiras do projeto.
Durante
sete meses, as trabalhadoras participaram de uma formação virtual com oficinas
de criação literária e escrita através da leitura do livro 'Quarto de Despejo: Diário de uma
favelada', da escritora Carolina Maria de Jesus. Por meio das trocas de
experiências e debates, as catadoras compartilharam sobre as suas realidades.
Cada participante recebeu uma bolsa de estudos mensal com valor de R$ 385 para
os custos de internet e cestas básicas.
"Inspiradas em Carolina Maria de Jesus, as
catadoras, trabalhadoras severamente atingidas pela pandemia, em sua maioria
negras, encontraram um lugar de fortalecimento e luta pela palavra e
compartilhamento das dores e afetos. O potencial trazido pela literatura, a
partir de reflexões sobre trabalho, racismo, gênero e outras questões que
atravessam a vida das catadoras, reflete na organização do grupo e na defesa de
direitos", afirma Elisiane dos Santos, procuradora do Trabalho do
MPT-SP e uma das idealizadoras do projeto.
A
ideia do livro surgiu em meio a pandemia de Covid-19, período em que grupos em
situação de vulnerabilidade sofreram impactos devastadores, sobretudo os
catadores e catadoras de materiais recicláveis, expostos a condições de
trabalho precárias e baixa remuneração.
A
iniciativa é fruto de uma parceria entre a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo, a Festa
Literária das Periferias (FLUP) e a Cooperativa Central do ABC (Coopcent ABC),
com o apoio da Universidade Federal do ABC (UFABC) e os Laboratórios da Palavra
e de Teorias e Práticas Feministas do Programa Avançado de Cultura Contemporânea
da Faculdade de Letras/UFRJ.
'O resgate da história de organização da
categoria profissional, agora em livro, mostra à sociedade a importância
fundamental do trabalho que realizam, ao tempo em que cobra do Poder Público as
condições e políticas públicas para a valorização e reconhecimento do trabalho
de milhares de mulheres e famílias no Brasil, trabalho este do qual depende a
vida das pessoas e do planeta. Essa obra deve ser lida por todos e todas",
ressalta Elisiane.
____________
Com informações do Alma Preta.
17 de janeiro de 2022
Estudantes de história da Ufal lançam calendário em homenagem a personalidades negras de Alagoas
Calendário criado por estudantes de história da Ufal homenageia personalidades negras/(FOTO/ Reprodução: G1). |
A quem interessa pregar a narrativa do “racismo reverso”?
Quando
ouvimos a frase “não consigo respirar” ou algo como “zara zerou” logo vem à
memória casos óbvios e marcantes de racismo, porém não isolados, aumentando a
certeza de que o racismo sufoca, cercea e assassina vidas negras. A ativista
Angela Davis ensina que “numa sociedade racista, não basta não ser racista, é
preciso ser antirracista”. Porém, como num efeito “não olhe para cima”, algumas
pessoas tentam negar o óbvio. Em um artigo publicado, irresponsavelmente, no
site da Folha de São Paulo, neste sábado (15), o escritor e antropólogo baiano
Antônio Risério prega que “racismo de negros contra brancos ganha força com
identitatismo”.
Pois
bem, enquanto nós negros tentamos respirar com joelhos sobre os nossos
pescoços, como fez George Floyd antes de morrer sufocado por um policial branco
em 2020; enquanto lutamos para não ser humilhados ao entrar numa loja de luxo
como a Zara no Brasil; enquanto desviamos para não ser alvejados por 80 tiros
numa tarde corriqueira de domingo, Risério tenta provar a teoria fracassada, e
recharçada pelos estudiosos, do racismo reverso. Mas a quem interessa pregar e
fortalecer essa narrativa?
No
estilo a lá Olavo de Carvalho, Antônio Risério pinça meia dúzia de fatos
isolados, que são muito mais uma crítica à condução ideológica da mídia
norte-americana, reduzindo um assunto que sentencia a vida de bilhões de
pessoas no mundo. Ele compara o racismo, a que ele chama de “racismo branco
antipreto” a cenas isoladas discriminatórias de pretos contra pessoas brancas,
asiáticas e judeus. Alguns casos são levianamente tirados de contexto como por
exemplo o que o autor chama de “o boicote preto a um armazém do Brooklyn, cujos
proprietários eram coreanos”. Talvez ele não saiba que fazer o dinheiro
produzido por pessoas negras circular na comunidade negra já tem nome, e se
chama “black money”.
Tentanto
justificar que os negros “já têm instrumentos de poder para institucionalizar o
racismo antibranco”, Risério diz que “o racismo negro se manifesta por meio de
organizações poderosas como a ‘Nação do Islã’”. Ora, a Nação do Islã é uma
instituição religiosa, de caráter confessional e privado, não é a Suprema Corte
Americana ou o Congresso. Essas instituições, sim, ao invés de garantir
igualdade e justiça, foram vetores de segregação ao promulgar e garantir a
manutenção de uma série de normas racistas como as leis Jim Crow, entre 1877 e
1964, nos EUA. Na África do Sul, o Apartheid, que teve efeitos devastadores
para gerações inteiras, durou de 1948 a 1994.
Ao
menos nos resta dizer, uma vez mais, que não existe racismo reverso, tampouco
um “racismo preto antibranco”, como o autor diz. O negro não pode sustentar um
sistema racista porque o racismo é um mecanismo de opressão que só existe
porque o branco detém o poder. O poder está nas mãos de meia dúzia de homens
brancos, de famílias brancas. O dinheiro é deles. O sistema de justiça é
operado por eles. Eles controlam a mídia. A política está cheia deles.
O
filósofo camaronês, Achille Mbembe, reforça que “o racismo é uma tecnologia de
poder, e que sua função é regular a distribuição da morte e tornar possíveis as
funções assassinas do estado”. Isso fica claro quando olhamos as estatísticas.
Dados do Atlas da Violência 2021 (IPEA, FBSP) mostram que um negro tem 2,6
vezes mais chances de ser assassinado no Brasil. Entre os anos de 2009 e 2019,
623.439 pessoas foram vítimas de homicídio no país. Destas, 53% do total eram adolescentes
e jovens negros.
Racismo
não se trata apenas de uma ofensa ou agressão pessoal por causa da cor da pele
da outra pessoa. Conforme afirma o professor e jurista, Sílvio de Almeida, o
racismo é estrutural, porque rege a estrutura da sociedade. Ele impede que
pessoas negras acessem espaços de poder e de decisão. A falácia do racismo
reverso interessa, tão somente, a quem não quer perder estes espaços de poder.
Além
disso, nunca existiu uma lei impedindo um branco de usar o banheiro do negro.
Nunca existiu uma lei como o Apartheid para os brancos. Nunca existiu uma lei
da “vadiagem” para prender brancos no Brasil. Pessoas brancas não perdem vagas
de emprego apenas por serem brancas. Os brancos não foram escravizados e
tratados como mercadoria por mais de 350 anos. Não foram os corpos dos brancos
lançados no Atlântico, mudando a rota dos tubarões.
É
fato que têm negros que agem com discriminação, e isso é repudiável! Ninguém
deve ser discriminado. Porém, é leviana e desonesta a afirmação de Risério, ao
dizer que “sob a capa do discurso antirracista, esquerda e movimento negro
reproduzem projeto supremacista,
tornando o neorracismo identitário mais norma que exceção”. A verdade é que o
racismo é sobre uma pergunta: onde estão os negros?
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