Leonel Brizola faria 100 anos neste sábado (22) - https://blognaopassarao.blogspot.com/ |
Se
estivesse vivo o ex-governador Leonel de Moura Brizola estaria completando cem
anos. Filho de camponeses, Brizola nasceu no distrito de Cruzinha de São Bento,
no interior do município de Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre.
Durante
a campanha de 1989 estive lá refazendo o início da caminhada de Brizola para o
jornal O Globo. Conversei com primos do ex-governador, companheiros de infância
dos tempos em que ele carregava malas na estação ferroviária da cidade enquanto
fazia as primeiras letras. E até com o chefe político da cidade de Colorado
que, na revolução de 1923 havia mandado matar o pai de Brizola.
Todos,
sem exceção, admiravam a trajetória daquele que agora era um dos candidatos a
presidente de República. Brizola foi governador do Rio Grande do Sul e iniciou
um processo de desenvolvimento do Estado cuja visão somente foi retomada no
governo Olívio Dutra 40 anos mais tarde.
Construiu
milhares de escolas, todas de madeira para terem construção rápida, muitas
delas ainda estão de pé cumprindo sua missão de ensinar as crianças gaúchas. No
Rio de Janeiro construiu os CIEPS, escolas de tempo integral. Para ele,
educação era a ferramenta essencial para o processo de conscientização do povo
e a construção do Brasil novo.
Em
1962, atendendo as reivindicações de arrendatários de terras organizados no
Movimento de Agricultores Sem Terra (MASTER), realizou a primeira Reforma
Agrária da história da República brasileira, desapropriando 13 mil hectares no
Banhado do Colégio, em Camaquã, drenando o banhado e construindo um projeto de
canais de irrigação abaixo de uma grande barragem no arroio, onde até hoje,
colonos assentados cultivam arroz e milho irrigados. Para ele a Reforma Agrária
era uma das bases do desenvolvimento econômico trancado há séculos pelo
latifúndio improdutivo.
Criou
empresas para produzir o que era importado pelos gaúchos, a Açúcar Gaúcho S/A
(AGASA) em Santo Antônio da Patrulha, aproveitando cultura de cana do Litoral.
A Salgasa, tentativa da produção de sal entre Cidreira e Tramandaí, introduziu
o cultivo da cebola no Litoral Norte, para substituir a importação de cebolas
argentinas e pernambucanas. Ele entendia que as regiões deveriam produzir tudo
o que pudessem para a sobrevivência e a soberania alimentar de seus povos,
evitando o atrelamento a um sistema de transporte. Tudo isso foi sucateado
pelos militares a serviço dos imperialistas que ajudaram a transformar o Brasil
em uma grande colônia especializando a produção em cada uma das regiões.
Democrata
convicto, organizou a resistência ao golpe em 1961, criando a Rede da
Legalidade através de rádios de todo o Rio Grade do Sul, comandadas dos porões
do Palácio Piratini por ele mesmo ao microfone. Aliás Brizola usou rádio como
poucos, quando governador tinha um programa as sextas-feiras de noite em rede
de rádios que era ouvido pela maioria dos gaúchos. Dialogava diretamente com as
pessoas e ouvia suas reivindicações.
Em
1964 se exilou no Uruguai e de lá comandou movimentos de resistência como o de
Três Passos liderado pelo coronel Jeferson Cardin com os Grupos dos 11 e a
Guerrilha de Caparaó, em Minas Gerais, onde esteve o jornalista Flávio Tavares.
Em 1979 retornou do exílio e refundou o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja
legenda perdeu para a deputada paulista Ivete Vargas, criou então o PDT. Por
este partido elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro e mais tarde
concorreu à Presidência da República, depois concorreu como candidato a
vice-presidente na chapa do PT, liderado por Luís Inácio Lula da Silva.
A
liderança de Brizola hoje está substituída pela força de Luís Inácio Lula da
Silva, que acredita nos mesmos princípios e na mesma politica de alianças que
poderá devolver ao Brasil a democracia e a economia independente que está sendo
destruída pelo atual desgoverno.
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Por Walmaro Paz, originalmente no Brasil de Fato.