22 de novembro de 2021

Se cada pessoa fizer sua parte?

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista

Uma onda festiva, harmoniosa, individualista, cheia de boas intenções e carregada de muita convicção acredita em uma tal revolução da consciência. Revolução cultural gestada de forma espontânea e a partir da autoconsciência. Baseada nas ideias “eu faço a minha parte” e de que a revolução se dará a partir do momento em que cada pessoa “tome consciência” do seu papel no processo civilizatório. Essas ideias preencheram o pensamento dos socialistas utópicos, mas não é coisa do passado, se faz presente no discurso contemporâneo, tanto do senso comum como de concepções mais elaboradas.

Essa tal revolução da consciência tem aconchego tanto na direita como na esquerda e nos ditos e enganosos movimentos livres e independentes. O que caracteriza a grosso modo esse pensamento é uma concepção que não leva em consideração a perspectiva histórica-social e as condições objetivas da sociedade. De feição idealista, ou seja, se acredita que apenas e unicamente as ideias podem fazer a transformação social. É como definir a vitória de um time de futebol sem considerar o time adversário ou escrever um romance épico sem conhecer a história.  

Essa concepção coloca em disputa para a classe trabalhadora caminhos de emancipação humana, onde o seu percurso e chegada se diferem e se antagonizam.  A esquerda enfrenta no seu seio um processo de alastramento e confusão com essas ideias, que tem ganhado capilaridade nos movimentos sociais e enfraquecido a luta da classe trabalhadora pela sua emancipação, a partir de uma compreensão histórica e social, que considera as condições objetivas da sociedade e a relação capital e trabalho, como fatores estruturantes das relações de exploração, opressão e desigualdade social.

Uma esquerda mística e carregada de idealismo pode atrasar a acumulação de forças da classe trabalhadora, como também uma esquerda sectária que não consegue enxergar para além da dimensão de uma Kombi ou que ainda faz análises conjunturais fora do tempo presente.      

A tal “revolução cultural” se encaixa como uma compressão micro de sociedade, como narrativa de grupos e ações isoladas, como um esquartejamento espacial para acomodação de grupos, pois não consegue dar conta de um projeto macro de sociedade com arquitetura e engenharia social de nação que se processa na vida real permeada de condições objetivas e de suas contradições.

Se cada um fizer sua parte não é suficiente, é paliativo, é ilusório insistir nesta tese. A revolução cultural se faz concomitantemente com a inversão das estruturas de poder. O que nos leva a crer que não se faz uma coisa independente da outra. A mudança de consciência faz parte da mudança das relações econômicas de poder, uma interfere na outra de forma dialética.

Organizar-se com a classe trabalhadora para desestruturar o poder, tomá-lo de assalto e ao mesmo tempo perceber a revolução cultural no curso deste processo é abrir alas para a construção de uma sociedade de novo tipo, onde a felicidade não esteja à venda no shopping center e a esperança de construir mudanças na estrutura social  e econômica estejam sempre vinculadas a realidade concreta.

21 de novembro de 2021

Enem 2021: mais de 208 mil candidatos devem fazer prova no Ceará neste domingo, 21

 

Estudantes de todo Brasil terão o primeiro dia de prova do Enem 2021 neste domingo, 2021(FOTO/ Marcello Casal JrAgência Brasil)

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece neste domingo, 21 de novembro. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a edição 2021 do exame teve 3.109.762 pessoas com a inscrição confirmada. No Ceará, são 208.841 estudantes que devem realizar a prova.

Destes, mais de 206 mil farão o exame impresso e apenas 2.457 escolheram o Enem Digital. O número é cerca de 36% menor que o total de inscritos para o Enem 2020 no Estado, quando 322.581 cearenses se inscreveram para versão impressa e 3.026, para a digital.

Neste domingo, o Enem impresso está sendo aplicado em 119 municípios cearenses. Já a versão Digital acontece apenas em Fortaleza, Quixadá e Sobral.

O Inep indica ainda que 56% dos inscritos no Estado são do sexo feminino e 63% se declararam pardos.

Os candidatos farão neste primeiro dia provas de Linguagens, Códigos e suas tecnologias; e de Ciências Humanas e suas Tecnologias; além da redação. No segundo dia de Enem, no próximo domingo, 28 de novembro, haverá provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e de Matemática e suas Tecnologias.

O que levar e o que não levar?

De acordo com o edital do Enem, os itens obrigatórios e permitidos no dia do exame são:

Documento original com foto (são válidos qualquer um dos seguintes: RG, identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros e refugiados, passaporte, Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), entre outros). Não é válida a apresentação de carteirinha de estudante, crachá ou cópia mesmo autenticada de documento original;

Máscara

Caneta preta de tubo transparente

Cartão de confirmação de inscrição

Lanche (permitido)

Álcool em gel (permitido)

Já os itens abaixo são proibidos e alguns podem até resultar na eliminação do candidato:

Telefones celulares e quaisquer equipamentos eletrônicos. Devem ser mantidos desligados e devidamente guardados no envelope porta-objetos. Caso algum som seja emitido dos aparelhos durante a prova, o candidato será eliminado;

Qualquer dispositivo que receba imagens, vídeos ou mensagens;

Óculos escuros, bonés, chapéus, viseiras ou gorros;

Bebidas alcoólicas e/ou drogas ilícitas.

De olho na hora

No primeiro dia, os portões abrem às 12 horas e fecham às 13 horas (horário de Brasília). A duração da prova é de 5 horas e 30 minutos - das 13h30min às 19 horas (horário de Brasília).

Após às 15h30min, os candidatos podem sair do local de provas sem o caderno de questões. Somente após as 18h30min é possível sair com o caderno.

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Com informações do O Povo.

20 de novembro de 2021

Às vésperas do Dia da Consciência Negra, Escola Menezes Pimentel homenageia Tia Simoa e Oliveira Silveira

 

Menezes Pimentel homenageia Tia Simoa e Oliveira Silveira. (FOTO/ Prof. João Lucian).

Por Nicolau Neto, editor

A Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes Pimentel, do município de Potengi, na região do cariri, realizou na noite desta sexta-feira (19), via Google Meet e as véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, um conjunto de atividades oriundas do projeto “Nossos Passos Vêm de Longe - Ensino da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas.”

Com o tema “A Importância da Aplicabilidade das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 nas Escolas”, estudantes se revezaram com poemas, documentários, vídeos, rodas de conversas e debates, além de apresentarem dados estatísticos das populações negras e dos povos nativos (indígenas) na região do cariri, trazendo para o embate a grande distância que há entre os números populacionais, visto que o Brasil é o país mais negro do mundo fora do continente africano, e a representatividade nos espaços de poder.

O evento foi apresentado pelas alunas Vivianne Cruz, do 2º Ano A, e Luiziany Fideles, do 1º Ano C. Segundo elas, “foram séculos de violência física, mental e de extermínio que teve como consequência um racismo estrutural.” Elas trouxeram dados que corroboram com a assertiva. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a chance de um negro ser alfabetizado é cinco vezes menor do que um branco. No nível superior a realidade é praticamente a mesma. Somente uma a cada quatro pessoas formadas é negra. Sem contar os inúmeros casos de discriminação e racismo que crianças e jovens de pele negra sofrem todos os dias nas salas de aulas. Muitos inclusive abandonam as escolas por não serem capazes de superar esse câncer que assola o país desde invasão dos portugueses, apontaram as estudantes.

Nos livros didáticos, negros, negras e povos nativos não se reconhecem. Não conseguem se perceber nele porque nosso currículo ainda é pautado pelo viés europeu”, disseram.

Para o professor de História, Nicolau Neto, “é dentro desse contexto que necessitamos construir uma educação voltada para a diversidade, para a pluralidade e que esteja direcionada a combater cotidianamente o racismo. A nossa educação precisa ser antirracista e um dos caminhos para isso é o debate, a reflexão e promoção de ações que perceba negros, negras e povos nativos não só como contribuidores na formação do país, mas principalmente como produtores de conhecimentos e de saberes, como grandes intelectuais e lideranças da sua própria história. Isso precisa está na mente e nos livros didáticos.”

Personalidades Negras Homenageadas

Tia Simoa e Oliveira Silveira. (FOTO/ Divulgação/ Monstagem/ Blog Negro Nicolau).

Duas personalidades foram homenageadas no evento. Tia Simoa, mulher negra e símbolo de luta contra a escravidão no Ceará. “A Preta Tia Simoa foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a ‘Greve dos Jangadeiros’, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde”, conforme destaca a historiadora e ativista Karla Alves. A biografia de Simoa foi lida pela estudante Keury, do 1º Ano A. Oliveira Silveira foi outro homenageado. Ele é o idealizador do estabelecimento do dia 20 de Novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares em 1695 – como o “Dia Nacional da Consciência Negra”. Sua biografia foi destacada pelo prof. Nicolau Neto.

Por isso”, complementou, “precisamos fazer das palavras da escritora Conceição Evaristo, uma das maiores intelectuais e referência negra do pais, um hino: ‘o que os livros escondem, as palavras ditas libertam.’ “Creio que é por ai que devemos continuar a nos movimentar”, asseverou.

O que nos move?

Contribuir para o cumprimento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e para a descolonização e europeização do currículo, visando trazer para o cerne da discussão a história contada pelo viés do povo que foi escravizado por mais de 300 anos, é que os estudantes se movimentaram a partir de várias intelectuais negras e intelectuais negros do passado e do presente por meio de diversas linguagens. Além de apresentarem obras de literatura afro-brasileiras que podem ser incluídas nas aulas e desmistificaram a famigerada ideia do racismo reverso.

Abaixo as principais atividades desenvolvidas:

Poema “Encontrei Minhas Origens”, de Oliveira Silveira, recitado pela estudante Vivianne (2º A);

Poema “Negro forro”, de Adão Ventura, recitado pelo estudante Yarllei (1º A);

Frases de personalidades negras que nos dão uma dimensão do quão são necessárias a resistência e a luta para construir uma sociedade com equidade, falada pela estudante Alice (1º C);

Biografia de Abidias Nascimento lida pela estudante Maria Alice (2º C);

Dados da população nativa (indígena) no Ceará, apresentado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);

Exibição do vídeo “Tem nome de índio o meu Ceará”, do integrante do Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe, Manoel Leandro, pelo prof. Nicolau Neto;

Biografia da filósofa Djamila Ribeiro, pela estudante Vivianne (2º A);

Poema “Sou Negra Sim”, recitado pela estudante Maria Luiza;

Dança a partir da música “Waka Waka”, pelas estudantes Hesedy, Nicole, Kariny, do 2º Ano A;

Poema “Negro”, de Jorge Posada, recitado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);

Desmitificação do Racismo Reverso, pelas estudantes Ana Letícia e Rayssa Mayra (ambas do 2º A);

Exibição do vídeo “Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri”, construção do Grunec e da Cáritas Diocesana, pelo prof. Nicolau Neto;

Biografia da ativista Rosa Parks, apresentada pela estudante Maria Eduarda (2º C);

Poema “poeta”, de Carolina Maria de Jesus, recitado pela estudante Jhennifer (2º D);

15 obras sobre literatura afro-brasileira e africana que podem ser incluídas nas nossas aulas de literatura, apresentado pelos estudantes Kayky e Naiala (ambos do 2º A);

Poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo, recitado pelo estudante Luiz Gustavo (1º A);

Vídeo contando a histórias de várias mulheres negras, a exemplo de Tereza de Benguela, produzido pelas estudantes Ana Flávia, Maria Eduarda, Eduarda Custódio, Sarah, Mikael, Emilly e Iure (todos do 3º A).

Racismo impõe cegueira mental em face da realidade

 

Professor Henrique Cunha Junior. (FOTO/ Danny Abensur).

Por Henrique Cunha Junior*

Racismo existe pode ser visto e revisto de diversos ângulos e nas suas diversas facetas pelas quais vemos a sociedade brasileira.

Não importa de qual ângulo ou sob qual perspectiva que se aborde a sociedade brasileira e aí temos uma visão do racismo contra a população negra. São visões de todos os ângulos porque é um racismo estrutural a sociedade brasileira. No entanto existem pessoas que não veem e não sentem o racismo.

Portanto, são portadores de uma cegueira mental. Fazem parte da parte da sociedade que não enxerga a realidade e produz uma alienação mental em não ver a realidade. Produz uma doença mental de alienação a realidade. 

Trata-se uma forma do racismo antinegro para não se sentir culpada das condições sociais e das injustiças em que nós população negra vivemos. São parcelas da sociedade que desfrutam dos benefícios da existência do racismo antinegro e, portanto para não se sentirem culpadas e nem injustas desenvolveram uma alienação mental, ficam fora da realidade e negam tudo que veem na realidade. Principalmente o racismo antinegro que elas próprias praticam.

A cegueira mental diante ao racismo antinegro também é uma forma de racismo pela alienação da realidade, não se importam com realidade e não tem ética nenhuma para pensarem em mudar a realidade. Elas estão bem, não importa o restante. São pessoas imbuídas de um profundo individualismo coletivo. Individualismo compartilhado e executado com todo setor da sociedade que comunga da cegueira mental sobre a realidade e a visão do racismo antinegro.

São pessoas que ficam nervosas e agressivas quando alguém afirma diante delas que existe racismo, porque elas  não veem, mas também não poderiam se dizer também surdas. Seria demasiado serem cegas e surdas com relação ao racismo, então investem em silenciar que fala da existência do racismo antinegro.

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* Pesquisador e professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Data que virou referência, Dia da Consciência Negra completa 50 anos

 

O casal de guerreiros Zumbi e Dandara dos Palmares. (FOTO/ Reprodução).

O Dia da Consciência Negra, anualmente celebrado no 20 de novembro, faz referência à data da morte de Zumbi dos Palmares – ocorrida em 1695, após a traição de um ex-companheiro de luta contra a escravização.

Do ponto de vista do Estado, o Dia da Consciência Negra foi inserido no calendário escolar em 2003. Em 2011, foi reconhecido legal no âmbito federal. Ainda assim, o caráter de feriado depende das leis locais. Antes do reconhecimento, a data passou por um longo percurso. Há exato meio século – ou seja, em 1971 – ocorreu a primeira celebração contemporânea do 20 de Novembro.

A ideia de se utilizar o dia da morte de Zumbi dos Palmares para rememorar o legado da escravização e do racismo na formação do Brasil, bem como da resistência de negros e negras, está intimamente ligado ao Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul.

Fundado em julho de 1971, o Grupo funcionou até 1978. Em 20 de agosto daquele ano, lembraram os 89 anos da morte do abolicionista Luiz Gama. Em 20 de novembro, realizariam o primeiro “Dia do Negro” em plena ditadura militar, a partir de uma sugestão de Oliveira Silveira, um dos principais integrantes e intelectuais do Grupo.

A importância de Silveira seria reconhecida em 2011, quando a Biblioteca da Fundação Palmares, ligada ao Governo Federal, foi nomeada em sua homenagem. Já sob o governo Bolsonaro, a direção do órgão tenta modificar o nome do acervo da Fundação.

A primeira celebração do 20 de Novembro ocorreu no Clube Social Negro “Marcílio Dias”, fundado em 1949 em Porto Alegre.

O clima repressivo da ditadura era tal que o Grupo Palmares precisou explicar às autoridades que não tinha ligação com a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), grupo de resistência armada ao regime militar.

A iniciativa do Grupo Palmares se expandiria pelo país principalmente a partir de 1978, quando é fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), em São Paulo.

O MNU surge tendo como um de seus objetivos articular diversas organizações locais já existentes – como o Grupo Palmares – e expandir o movimento negro pelo país. Fundado em julho de 78, o Movimento Negro Unificado decidiria em 4 de novembro daquele mesmo ano definir duas datas para a luta antirracista no Brasil.

A primeira delas seria o tradicional 13 de Maio, dia da Abolição. Por entender que o processo de extinção formal e legal da escravização não incluiu o negro e a negra na sociedade brasileira, o MNU passou a chamar a data de Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo.

O 20 de novembro, nos debates e na decisão do MNU em 1978, passaria a ser chamado de Dia Nacional da Consciência Negra.

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Com informações do Reconte Ai e do Portal Vermelho.

Livro que reúne ensaios de mulheres negras nordestinas é lançado neste sábado (20), Dia da Consciência Negra

(FOTO/ Divulgação).

Com textos escritos no contexto da pandemia da Covid-19, o livro “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas”, da editora Diálogos Insubmissos, reúne nove ensaios de mulheres negras dos estados do Nordeste. A publicação será lançada neste sábado (20), Dia da Consciência Negra. A obra marca a estreia da plataforma Diálogos Insubmissos enquanto editora de livros e é fruto de parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo. 

Organizado por Dayse Sacramento (doutoranda, professora e editora), Manoela Barbosa (doutoranda, pesquisadora e consultora) e Nubia Regina (professora e doutora), “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas” é o primeiro livro a ser lançado pelo projeto no formato impresso. A obra já havia sido publicada em E-Book anteriormente. A distribuição será gratuita e uma cota dos exemplares será doada para organizações de mulheres negras e uma escola pública de cada estado indicada pelas autoras do livro. “Nos interessa, com a publicação, romper com os estereótipos regionais e raciais, trazendo para a cena imagens positivadas de pessoas negras, sobretudo de mulheres negras e suas intelectualidades em movimento”, explica Dayse Sacramento, idealizadora do Diálogos Insubmissos.

O livro traz nove ensaios que foram escritos em 2020, no contexto da pandemia de coronavírus. “As narrativas foram escritas na coexistência entre razão e emoção; objetividade e subjetividade; ativismo e academicismo”, explica Núbia Regina no prefácio.

Entre os ensaios que compõem a publicação estão: “Pandemia de Covid-19: entre vidas negras e a morte”, da baiana Joanice Conceição; “Memória como lugar de origem”, da alagoana Kika Sena; “Mulheres negras: tramando resistências e liberdade no Ceará”, da cearense Francisca Maria Rodrigues Sena; “Filha, diga o que vê. Sopro ancestral e escrita feminina afro-brasileira”, da paraibana Danielle de Luna e Silva; “Nordeste maravilha. Recife: coração cultural do Brasil”, da pernambucana Denise ´Ògún Botelho; “A minha história é talvez igual a sua. Viveres de uma mulher negra no Brasil do tempo presente”, da piauiense Iraneide Soares da Silva; “Mulheres afro-potiguares: uma experiência de aquilombamento”, da potiguar Stéphanie Campos Paiva Moreira; “Tempos de atravessar: eu, mulher negra, movo-me sem cessar”, da sergipana Yérsia Souza de Assis e “Futuro possível é a construção de um passado que garante o presente”, da maranhense Zica Pires. Assinam o texto de apresentação do livro Dayse Sacramento e Manoela Barbosa, e o prefácio é de Núbia Regina Moreira. A obra é bilíngue, traduzida para o espanhol pela tradutora Camila Barros.

O evento de lançamento é para convidades e está marcado para o dia 20 de novembro (sábado), às 16h, no Teatro e no pátio do Goethe-Institut, Corredor da Vitória, Salvador (BA). O acesso dos convidados se dará a partir da entrega de um pacote de absorvente, que será doado para pessoas que menstruam, beneficiárias do Corra pro Abraço, programa que tem como objetivo promover cidadania e garantir direitos de pessoas em contextos de vulnerabilidade social.

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Com informações da Revista Afirmativa.

18 de novembro de 2021

Semipresidencialismo é ideia para agradar elite e ignorar desejo popular, diz cientista política

 

De acordo com a cientista política, o país até pode mudar seu sistema eleitoral, porém há mudanças que só são feitas para acomodar setores específicos no poder. E o semipresidencialismo é um desses casos. (FOTO/ Marcelo Camargo/Agência Brasil).

A adoção do chamado semipresidencialismo como regime de governo voltou à pauta na última quarta-feira (17), após o ex-presidente Michel Temer e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderem a ideia. Para a cientista política Rosemary Segurado, a proposta é um “balão de ensaio” para agradar as elites.

Na avaliação da especialista, colocar a questão em discussão a menos de um ano da próxima eleição presidencial parece uma resposta às pesquisas eleitorais, que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro lugar, em todos os cenários.

Nós já tivemos debates anteriores, e que passaram por esse tema, mas não avançaram. Isso é uma agenda para as elites, não para o eleitor comum. Colocar esse debate agora é um medo do resultado da próxima eleição, uma tentativa de mudar a regra do jogo de última hora”, criticou, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Semipresidencialismo

De acordo com a cientista política e professora da PUC-SP, há mudanças que só são feitas para acomodar setores específicos no poder. E o semipresidencialismo é um desses casos. Em 1997, por exemplo, foi aprovada a emenda que permitia a reeleição em cargos do Executivo. Já 1993, a revisão constitucional reduziu o tempo de mandato do presidente de cinco para quatro anos, época em que Lula também liderava as pesquisas.

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira integra do texto.

17 de novembro de 2021

Feriado municipal em Altaneira no dia da Consciência Negra se torna lei

Professor Nicolau Neto (esq.) e o vereador Deza Soares por ocasião de uma roda de conversa sobre políticas públicas e relações étnico-raciais na educação altaneirense ministrada por Nicolau em 2019. (FOTO/ João Alves).

Por Nicolau Neto, editor

Circulou na edição desta quarta-feira (17/11), do Diário Oficial dos Municípios do Ceará, e sancionada pelo prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), a Lei nº 819 que institui feriado em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.

O texto foi apresentado pelo vereador e presidente da Câmara, Deza Soares (PT) e é fruto do Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade apresentado pelo professor e fundador deste Blog, Nicolau Neto, junto aos poderes executivo e legislativo no mês de maio do ano em curso.

Pela legislação que entra em vigor já este ano, em um sábado, a data deve ser usada, “principalmente, pelos setores públicos do município, para a realização de atividades de reflexão e conscientização, inclusive, eventos culturais e outros, relacionados ao fortalecimento e consolidação da edificação de uma sociedade mais justa e racialmente equitativa.”

O texto representa um marco histórico na legislação municipal e corrobora para contribuir na reflexão e tomada de atitudes que reconheçam e valorizem a população negra que representa mais de 56% do Brasil como contribuidoras para a formação do país, mas principalmente como produtoras de conhecimentos, de saberes em todas as áreas e que isso seja discutido nas escolas.

A legislação que entra em vigor é mais que oportuna também porque fará com as pessoas comecem a se perguntar o porquê do feriado.

Altaneira se torna o primeiro município do Ceará a ter uma legislação nesse sentido, além de ser ainda o primeiro a contar com um Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.