Maria Viana. (FOTO | Reprodução | Instagram). |
Por Nicolau Neto, editor
A agricultora Maria Viana Sousa, conhecida popularmente por Linda, residente no município de Assaré, no interior cearense, foi vítima de racismo.
Maria,
mãe de 5 filhos, totalmente consternada, divulgou em suas redes sociais as
palavras que ouviu sobre ela após se manifestar politicamente. No vídeo que foi
publicado na manhã deste domingo, 28, ela inicia pedindo ajuda e destaca que “está passando por um momento triste” e “vergonhoso”. Maria ficou sabendo das
ofensas racistas quando abriu o áudio de, segundo a própria, Aglailson (cometido por este). Nele, a
vítima destaca que está nas redes sociais “como
uma negra sem vergonha; como uma negrinha que merece ir para o tronco; como uma
pessoa que não tem critério nenhum”.
Para
Linda, o que lhe deixa mais triste é saber que essa pessoa “é feita da mesma
matéria que um negro. Isso está me deixando com o psicológico muito afetado.”
Ela conta que está com “trauma de abrir áudio no celular” e relata a reação dos
filhos. “Foi muito horrível a tristeza dos meus filhos olhando pra mim e vendo
o quanto tem pessoas insensatas, insensíveis”, descreve.
Ainda
conforme a vítima, o Aglailson teria afirmado que ela, negra, deveria “ir para o tronco e levar vinte chibatadas”.
Linda
pediu “humildemente” e “urgentemente ajuda” e frisa que isso está lhe matando e
que “está desmoralizada demais”, não tendo “coragem de sair na rua por causa dos áudios”. Mencionou que há
parte ainda pior, a qual não quis relatar.
Maria
gravou outro vídeo e publicou no seu perfil no Instagram onde agradece o apoio
recebido. Clique aqui para assistir.
Repercussão
Após
a divulgação da denúncia de Maria, diversos coletivos e movimentos sociais,
sobretudo negros e feministas, lançaram nota de repúdio.
Confira abaixo a nota:
Nós,
da Assessoria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial e do
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial - Crato - Ceará,
manifestamos nosso veemente repúdio ao crime de racismo recentemente ocorrido
em nossa região, tendo como suspeito Aglailson Vieira.
A
vítima desse ato abominável é uma mulher, mãe de cinco filhos e agricultora,
reconhecida na cidade de Assaré como uma pessoa de bem e de boa índole. Tal
crime atinge não apenas a vítima direta, mas toda a sociedade, uma vez que fere
a dignidade humana e viola os princípios fundamentais da Constituição Federal
de 1988, que assegura a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, e garante a inviolabilidade dos direitos à liberdade, à
igualdade e à segurança.
Destacamos
que o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, conforme previsto no
artigo 5º, inciso XLII, da Constituição Federal, e regulamentado pela Lei nº
7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.
Além disso, a Lei nº 14.532/2023 equipara o crime de injúria racial ao de
racismo, reforçando a necessidade de uma resposta jurídica severa e eficaz
contra essas práticas.
Diante
disso, exigimos que as autoridades competentes adotem, com urgência, as medidas
jurídicas necessárias para a apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização
dos envolvidos. É imprescindível que o Ministério Público atue prontamente na
investigação e oferecimento da denúncia, garantindo que o autor deste crime
seja punido exemplarmente, conforme determina a legislação vigente.
Reiteramos
nosso compromisso com a promoção da igualdade racial e com a construção de uma
sociedade justa e livre de discriminações. Não podemos tolerar qualquer forma
de racismo ou preconceito em nossa comunidade. A justiça deve prevalecer, e os
direitos de todos devem ser respeitados e protegidos.
Crato,
28 de julho de 2024.
Assinam
esta nota:
Assessoria
de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial- Crato
Conselho
Municipal de Promoção da Igualdade Racial- Crato
Grupo
de Valorização do Cariri- GRUNEC
Terreiro
das Pretas
Blog
Negro Nicolau
Projeto Oliveiras
EducaErê
CCDS-Crato
Conselho
Municipal dos Direitos da Mulher Cratense -
CMDMC
Associação
Cristã de Base - ACB
Associação
Nordestina de LGBT
Associação
Cearense de Diversidade e Inclusão.
Frente
de Mulheres do Cariri
UNEGRO
Coletivo
Mulheres do Mutirão
UBM- União Brasileira de Mulheres
Núcleo de História e Cultura Afro
Indígena e Africana (NIAFRO)
Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica
(GEPAFRO)
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