(FOTO | Reprodução). |
O programa de inclusão racial “Aquilombar é Preciso” foi indicado como um dos finalistas do Prêmio Espírito Público, maior premiação concedida a servidores públicos no país. O projeto começou no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 13ª Região, na Paraíba, com o objetivo de combater o racismo estrutural no Judiciário.
Com
foco na equidade racial, o programa promove diversas ações que estimulam a
formação e a empregabilidade de pessoas negras em situação de vulnerabilidade
social.
Em
um ano de existência, o programa já mudou o perfil do TRT da Paraíba. O número
de pessoas negras em cargos de gestão aumentou de 14 para 17; estagiários
negros passaram de zero para 30; e jovens aprendizes negros, de zero para 37.
O
servidor público Samuelson Wagner Araújo e Silva, gestor do “Aquilombar é Preciso”, conta que a ideia
do programa surgiu após uma avaliação do perfil dos funcionários do tribunal.
“Era muito branco, com presença
majoritariamente masculina e poucas mulheres em cargos de chefia. Um
contrassenso ao se levar em conta que, na Paraíba, 63% das pessoas são negras”,
analisa o gestor da iniciativa.
Agenda 2030
Em
2022, a presidência do TRT da 13ª Região criou uma assessoria de projetos, com
a missão de desenvolver programas alinhados à Agenda 2030 da ONU. O objetivo
era eliminar disparidades de gênero na educação e garantir igualdade de acesso
a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis.
O
nome “Aquilombar” se refere à
criação de espaços coletivos de pertencimento, acolhimento, sociabilidade e
fortalecimento de laços e identidade cultural para a população negra.
O
tribunal também conseguiu resultados expressivos com ações externas. Projetos
como “O Quilombo Vai à Nasa”
envolvem estudantes de comunidades quilombolas em cursos de formação
tecnológica, inovação e resolução de problemas. O “Programa Jovens Desembargadoras” incentiva a liderança e a inserção
de estudantes do Ensino Médio, especialmente meninas negras, por meio da
apresentação da estrutura do Tribunal.
“O tribunal não se limita a julgar processos
e a resolver conflitos trabalhistas. É, sobretudo, prestar assistência às
pessoas em situação de vulnerabilidade. A Justiça atua de forma ampla,
prevenindo conflitos e concedendo direitos às pessoas ao estimular a empregabilidade”,
afirma Samuelson.
Análise de fenótipos
Para
preencher as vagas de estagiários, o tribunal publica um edital específico com
30 vagas destinadas a pessoas negras que cursam o ensino superior. Além das
provas específicas, os candidatos passam por uma identificação de fenótipos e
avaliação da situação de vulnerabilidade.
Além
disso, o programa “Jovem Aprendiz”
conta com 37 vagas para o nível médio, destinadas a pessoas de 14 a 24 anos,
sem limite de idade para aquelas com deficiência.
A
contratação tem duração máxima de dois anos, com 10 vagas contratadas
diretamente pelo tribunal e 27 por meio de parcerias com empresas.
As
37 vagas atuais são distribuídas da seguinte forma: 16 para quilombolas, seis
para pessoas trans, quatro para pessoas com deficiências, quatro para
refugiados, dois para jovens negros da periferia, três para jovens em situação
de acolhimento e dois para indígenas.
“Algumas empresas alegavam que tinham
dificuldade em contratar jovens aprendizes. Algumas por causa de atividades de
alta periculosidade. Conforme a parceria, a empresa contrata, cumprindo assim a
cota legal, e o tribunal concede experiência prática e atua na formação. Assim
é criado um círculo virtuoso”, explica o gestor do programa.
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Com informações da Alma Preta Jornalismo.
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