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(Mirtes – Divulgação). |
Nascida
no quilombo de Angelim, em Conceição da Barra (norte do Estado), e fundadora do
Coletivo Negrada em Vitória, Mirtes dos Santos era figura atuante no movimento
negro capixaba até sua ida para o Niterói (RJ) para cursar Mestrado em Direito
e Sociologia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Nesta semana, ela
apresentou junto a um grupo de colaboradoras o projeto do Clube Pretaria
BlackBooks, o primeiro clube literário especializado em livros voltados para
promoção da igualdade racial e formação antirracista no Brasil.
O
clube vai funcionar por meio de uma assinatura em que os participantes recebem
mensalmente um box que inclui um livro especialmente selecionado por uma equipe
de curadoria, dicas literárias e um brinde especial. O primeiro passo é o
lançamento de uma campanha de financiamento colaborativo para o projeto começar
a caminhar. As pessoas podem colaborar doando pequenas quantias em troca de
brindes, se associar para fazer parte do clube ou divulgar sua marca como forma
de patrocínio com montantes maiores. Mas é tudo ou nada, o clube vai adiante se
atingir a meta mínima, senão o dinheiro dos colaboradores será desenvolvido.
Inicialmente
na curadoria estão intelectuais, artistas e outras mulheres negras do Espírito
Santo, São Paulo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, embora a ideia seja
incluir representantes de todas as regiões do Brasil e também de outros países
da diáspora africana. Representando o Espírito Santo nessa equipe de curadoria
estão a atriz e escritora Suely Bispo, Sarita Faustino, especialista em
Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Escola, a socióloga Eliane
Quintiliano, a professora e pesquisadora de letras e literatura afrolatina Aila
Felício e a estudante, ativista e pesquisadora Arielly dos Santos.
Ainda
que o projeto seja genuinamente criado por mulheres negras, Mirtes diz que
também é aberto à inclusão de curadores homens e escritores não-negros
engajados na luta antirracista. O projeto busca atender a toda família,
disponibilizando tanto box para o público adulto como box de produções focadas
para o público infantil.
A
idealizadora conta que a ideia surgiu para valorizar a produção de autores
negros no Brasil e impulsionar novos autores que ainda não publicaram. Se
inicialmente a proposta era criar uma editora independente, o projeto acabou
focando em promover publicações de outras editoras. “Temos estoques de livros
de autores, escritores e poetas negros que ficam nas prateleiras e muitas vezes
as pessoas desconhecem esse conteúdo que é muito rico e traz debate e
pensamento antirracista de forma muito explícita e muitas vezes muito
educativa, por meio da poesia, da arte e de outros gêneros”, explica a CEO do
Pretaria BlackBooks.
“O
estopim para criar o projeto veio pelo fato de ser ativista quilombola e
estudiosa de questões raciais e receber consultas de muitas pessoas pedindo
indicações de leituras sobre o tema. Essa demanda foi aumentando ao longo de
minha trajetória e percebi que havia uma demanda muito grande de visibilidade
para essas obras”, disse ao Século Diário.
Na
empreitada, Mirtes, que é consultora jurídica e graduada em Direito e Letras,
tem como sócia outra capixaba, Neide Sellin, cientista da computação e criadora
do robô cão-guia Lysa, que lhe rendeu prêmios e reconhecimentos nacionais e
internacionais.
Na
divulgação do Pretaria, duas frases de ativistas consagrados que resumem a
linha do projeto:
“Numa
sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”
(Angela Davis)
“A
educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” (Nelson
Mandela). (Com informações do Século Diário).
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