Militantes
de grupos negros, estudantes, atletas, artistas e representantes de
organizações culturais realizam em São Paulo uma grande manifestação contra o
racismo. Em frente às escadarias do Teatro Municipal, mais de 2 mil pessoas
protestaram indignadas contra episódios recentes de violência contra negros. O
ato foi o marco da criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação
Racial (MNUCDR), depois rebatizado simplesmente de MNU.
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Manifestantes marcham por igualdade racial em frente ao viaduto do Chá, no centro do São Paulo. Foto: Memorial da Democracia. |
Do Memorial da Democracia - Em
maio, a polícia militar assassinara sob tortura Robson Silveira da Luz, um
jovem de 22 anos. Robson havia sido preso, acusado de roubar frutas numa feira
em Guaianazes, na zona leste de São Paulo. À sua mulher grávida, a polícia
disse que ele sofrera um acidente. Em outro acontecimento, quatro jogadores de
vôlei negros foram impedidos de entrar no Clube Tietê por sua cor. O caso de
Robson, a discriminação aos atletas e o assassinato de outro cidadão negro, o
operário Newton Lourenço, morto pela polícia no bairro da Lapa, causaram forte
comoção entre os militantes negros.
Desde
o fim da escravatura os negros brasileiros vinham buscando se organizar em
defesa de seus direitos e no combate à discriminação racial. Entretanto,
durante a ditadura militar, todos os esforços nesse sentido foram reprimidos e
esvaziados pela propaganda do regime, que exaltava a “democracia racial
brasileira” e estigmatizava os ativistas como imitadores dos negros americanos.
A
manifestação histórica do dia 7 de julho rompeu o silêncio do movimento negro.
Foi distribuída no ato uma carta aberta que denunciava as condições de vida dos
negros no Brasil. O protesto teve o apoio de entidades de São Paulo, Bahia,
Minas Gerais, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Prisioneiros da Casa de Detenção
enviaram um documento de apoio ao movimento. Desde então a data entrou para o
calendário das lutas contra a discriminação racial.
O
militante e jornalista Hamilton Bernardes Cardoso narrou os acontecimentos
daqueles meses de 1978 nas páginas da seção afro-latino-América do jornal
“Versus”. Em novembro, o MNUCDR
participaria do 1º Congresso Nacional pela Anistia, denunciando a violência
policial contra os negros no Brasil, as condições subumanas da população carcerária
e as torturas nos presídios.
Depois
da redemocratização, o delegado Alberto Abdalla, responsável pela prisão de
Robson da Luz, foi condenado pela morte do jovem, juntamente com outros
policiais. O delegado, porém, jamais foi punido.
O
MNU tornou-se uma organização nacional e continua sendo um movimento social
atuante em defesa da igualdade racial.
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