'Não me calarei diante dos ataques', diz primeira presidente negra da UNE

 

(FOTO/ UNE/ Divulgação).

A estudante de Direito Bruna Brelaz é uma mulher negra de 26 anos, que foi eleita presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade que teve papel importante na campanha das 'Diretas Já' e no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. No entanto, a primeira presidente negra, nascida em Manaus (AM), da UNE tem enfrentado ataques racistas e machistas que tentam silenciar suas pautas de luta, que incluem uma agenda antirracista e de defesa da Amazônia.

Em entrevista exclusiva para a Alma Preta Jornalismo, Bruna Brelaz falou sobre as políticas afirmativas, a continuidade da lei de cotas nas universidades federais e a situação da educação no Brasil. “É preciso que os estudantes tenham condições de estudar, com políticas públicas que ofereçam alimentação, moradia e transporte”, afirma.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com a presidente da UNE, que recentemente foi alvo de ataques por defender uma frente ampla em favor do impeachment do presidente Bolsonaro (sem partido).

____________

Com informações do Alma Preta. Clique aqui e leia a entrevista.

Dia da Consciência Negra será feriado municipal em Leopoldina

(FOTO | Reprodução | TV Globo).

O dia 20 de novembro será feriado municipal em Leopoldina em comemoração do Dia das Religiões de Matrizes Africanas, Afro-Brasileiras e Consciência Negra. A lei foi sancionada e publicada nesta semana pelo prefeito Pedro Augusto Junqueira (PL).

No final do mês de setembro, o g1 mostrou que o Projeto de Lei, de autoria do vereador Ivan Nogueira (PP), que tratava sobre o tema, foi aprovado por unanimidade após receber pareceres favoráveis das comissões permanentes e uma emenda do vereador Rogério Campos Machado (PSC).

Na justificativa do projeto, o vereador destacou ainda que a aprovação do projeto "contribuirá para que Leopoldina entre na vanguarda das medidas já tomadas por outros municípios e estados de reparação histórica, promoção da igualdade racial, educação para o respeito à diversidade, valorização da cultura e respeito à dignidade humana da população negra".

O novo feriado municipal deverá ser acatado por repartições públicas, indústria e comércio do município. A data representa as questões sobre o racismo, discriminação, igualdade social, inclusão dos negros e busca também valorizar a cultura afro-brasileira.

O autor do projeto destacou ainda que a data deve ser utilizada para a realização de atividades de reflexão e de conscientização, além de eventos culturais com o intuito de consolidar a edificação de uma cidade mais justa, fraterna, solidária, social e racialmente equitativa.

_____________

Com informações do G1.

As distintas formas de nossa tragédia social

 

(FOTO/ Reprodução/ Boitempo).

Conheci o autor de Sub-humanos: o capitalismo e a metamorfose da escravidão, livro de enorme força crítica, quando pude acompanhar sua corajosa atuação, como procurador do Trabalho, na Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho. Foi exercendo intensamente essa vivência que Tiago Muniz Cavalcanti pôde mergulhar nos grotões do país onde proliferam as mais distintas formas de escravidão que ainda hoje maculam e singularizam nossa tragédia social. Foi essa atuação prática, adensada por uma rigorosa pesquisa acadêmica, que resultou nesta obra, uma viva radiografia dos tantos vilipêndios que talham o solo social brasileiro, o qual parece incapaz de se desvencilhar da escravidão.

Vale recordar que tivemos uma exceção a essa chaga: as comunidades indígenas pré-coloniais. Nelas, havia o exercício de um trabalho comunal e autônomo em que se trabalhava para viver (e não se vivia para trabalhar, como no capitalismo). A vida dos povos originários objetivava a fruição e a felicidade comum e não a exploração, a escravidão e a riqueza privada. Foi o mundo europeu (e eurocêntrico), nos inícios da acumulação primitiva, que nos impôs uma “nova civilização” cujo leitmotiv não era outro senão saquear nossas riquezas e alavancar uma produção de mercadorias visando ao enriquecimento privado da burguesia mercantil nascente, a qual não teve escrúpulos em recorrer ao trabalho escravizado para incrementar os próprios lucros.

Desenvolveu-se, no seio de nossa sociedade ainda juvenil, a modalidade mais aviltada e abjeta de trabalho que conhecemos e que, desde então, vem criando novas formas de escravidão. Basta recordar que os homens e as mulheres negras, após a abolição, foram excluídos das principais atividades assalariadas urbano-industriais e relegados aos porões da escravidão doméstica e de outras tantas atividades subterrâneas.

Tiago Muniz Cavalcanti, em Sub-humanos, com rara felicidade, consegue atar os fios dessas perversas engrenagens econômico-sociais, que principiaram com a escravização colonial e teimam em se perpetuar contemporaneamente. Articulando com maestria o ontem e o hoje, desvenda o que denominou taxonomia da escravidão, com suas expressões aberrantes, como: o escravo pela força, o escravo precoce, o escravo sexual, o escravo pela exaustão, o escravo pela degradância e o escravo pela servidão.

Ao proceder assim, o autor desnuda essa miríade quase interminável de “modalidades multifacetadas de trabalhos sub-humanos”, presente no escravismo colonial (“propriedades com alma”), passando pelo neocolonialismo e chegando até o capitalismo atual, com sua “subcivilização e sub-humanidade”. Para enfeixar os laços da dominação pela aberração, Cavalcanti realiza uma contundente crítica ao direito, cujo papel principal tem sido o de legitimar as tantas sujeições. Na última parte de Sub-humanos – “O amanhã” –, o autor oferece suas pistas sobre como adentrar no difícil e polêmico desafio: como começar a confrontar, para superar, o capitalismo atual.

Estamos diante de uma obra que será um importante marco para os estudos críticos e o combate à escravidão contemporânea.

Escravidão, servidão e outras formas de trabalho compulsório são parte da história de sociedades antigas e pré-modernas. Mas como explicar a permanência desse tipo de opressão e violência na contemporaneidade? Em Sub-humanos, o procurador do trabalho Tiago Cavalcanti faz uma impactante reflexão sobre as várias faces da exploração do trabalho em diferentes conformações sociais, com destaque para a sociedade capitalista atual. Indo além da análise jurídica, o livro propõe um olhar crítico à trajetória histórica do trabalho humano e busca alternativas que possibilitem uma vida digna e realmente livre para todos.

Na primeira das três seções que compõem a obra, Cavalcanti examina a ausência de liberdade e a negação da humanidade nas sociedades pré-capitalistas. A segunda seção se dedica à análise da exploração do trabalho nas sociedades contemporâneas. Aqui, o autor empreende uma classificação da classe trabalhadora em duas categorias, os semilivres e os sub-humanos, de acordo com os níveis de liberdade e humanidade presentes nas relações de trabalho atuais, investigando as metamorfoses que conferiram um novo feitio social às escravidões de outrora.

Na terceira seção, a reflexão aponta para o futuro. Sem a pretensão de propor soluções fechadas e milagrosas, a obra abre uma janela para a criação de um amanhã de liberdade e humanidade e a garantia de uma existência digna para a toda a comunidade global.

Este é um dos livros mais notáveis de sociologia e de teoria crítica do direito que li em tempos recentes. Tiago Cavalcanti permite-nos restituir uma nova credibilidade ao estudo e ao uso emancipador do direito como uma das formas ou dos campos de luta a que se deve recorrer para conquistar os objetivos da autodeterminação dos povos e da justiça social – justiça não só nas relações entre seres humanos, mas também nas relações entre seres humanos e a restante vida do planeta. Por todas essas razões, não poderia recomendar mais vivamente este magnífico trabalho.” – BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS

O livro de Tiago Muniz Cavalcanti tem prefácio de Boaventura de Sousa Santos, texto de orelha de Ricardo Antunes e capa de Antonio Kehl (sobre montagem com foto de Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo). Sub-humanos faz parte da coleção Mundo do trabalho, coordenada por Ricardo Antunes.

__________

Por Ricardo Antunes, originalmente na Boitempo.

Projeto de estudantes da Escola Menezes Pimentel (Potengi) vira destaque na imprensa regional e estadual

 

Projeto de estudantes da Escola Menezes Pimentel (Potengi) vira destaque na imprensa regional e estadual. Aedes aegypti também é responsável pelas doenças: zika e chikungunya. (FOTO/ Divulgação)

Por Nicolau Neto, editor

Um projeto desenvolvido por dois estudantes da Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes Pimentel, do município de Potengi, na região do cariri, virou destaque nas imprensas regional e estadual. O Projeto intitulado “Armel” tem como finalidade atrair e matar mosquitos transmissores da dengue usando suor humano e teve a orientação do professor de Física, Rosemberg de Sousa.

O projeto “Armel” usa armadilha visando atrair e matar os mosquitos e de acordo com Francisco Caíque (2º Ano A), em entrevista a Rádio CBN Cariri, o combate aos mosquitos ocorre tendo como base os comportamentos físicos e bioquímicos das espécies sugadoras de sangue pertencentes à família Culicidae, a exemplo do aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

A "Armel" aproveita também o circuito metálico da raquete que mata mosquitos e outros materiais que atraem os insetos. Essa foi a explicação dada também a Rádio CBN Cariri, desta feita pela aluna Elizabeth Nunes (2ª Ano A). Segundo ela, é aqui que o suor humano pode contribuir. “A gente utilizou o ácido lático contido no suor humano, que foi retirado de voluntários e destilado. Também utilizamos comprimidos efervescentes com água na temperatura de 12ºC. Nosso projeto tem ainda a coloração preta que acaba atraindo esses mosquitos”, relatou Elizabeth.

O projeto, conforme pontuaram Caique e Nunes, foi idealizado a partir de informações circuladas nos veículos de comunicação. O Jornal O Povo, por exemplo, chegou a informar que somente este ano houve um amento de 50% dos casos de dengue.

Além da Rádio CBN Cariri, a "Armel" da Menezes Pimentel, foi veiculada nos sites Miséria, Gazeta do Cariri e no O Povo.

Em contado com a redação deste Blog, o professor orientador desta ação asseverou que já está pensando nos próximos projetos.

A "Armel" será apresentada este mês durante o Ceará Científico, um evento da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc – CE).

Brasil vive nova epidemia de fome

 

(FOTO/ Luiz Carlos Gomes/Oxfam Brasil).

A data do Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, foi escolhida em 1945 para celebrar a criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). “Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem estar, principalmente quanto à alimentação.”. Este é o início do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Desde a década de 1940 existe um debate mundial sobre a segurança alimentar e houve apenas um único momento na história do Brasil em que o Estado se comprometeu e foi capaz de assegurar esse direito, entre 2004 e 2013, quando políticas públicas de combate à miséria resultaram na exclusão do Brasil do Mapa da Fome da FAO.

No país, quem determina o conceito de segurança alimentar e nutricional é a Lei orgânica de segurança alimentar e nutricional (LOSAN) de 2006, que diz o seguinte: “Realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.”

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, criado em 2004 e extinto em 2019, realizou um estudo técnico no qual criou-se o principal indicador da insegurança alimentar no país: A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), através da qual dividiu-se o fenômeno nos níveis leve, moderado e grave. A escala seria capaz de medir a experiência física e psicológica da população com fome.

A fome provoca o adoecimento físico e psicológico, é um fenômeno tanto individual quanto coletivo (familiar) e social (comunitário), ligado diretamente à renda. Ele se instala quando a falta do alimento sai de uma preocupação individual e chega ao âmbito coletivo. Por exemplo, a preocupação com a alimentação atinge primeiramente os adultos de uma família, que reduzem suas refeições para que a comida renda e as crianças possam se alimentar por mais tempo e se agrava quando as crianças não comem por dias.

_____________

Com informações do Alma Preta. Leia o texto completo aqui.

Comunidade do Gesso: Qual é a revolução?

 

(FOTO/ Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista.

A gente anda só e a revolução não se faz de forma isolada, esse provavelmente seja o entendimento para compreender que as transformações são fruto da luta organizada. A compreensão de coletividade, as condições objetivas e o poder político é o que faz a revolução. Na comunidade do Gesso, no Crato, existe uma revolução em curso?

É preciso entender com profundidade o que vem acontecendo na comunidade na última década, não é um simples movimento, mas um conjunto de forças e uma engenharia social que enxerga a dimensão transversal da luta pelo direito à cidade e suas interrelações entre o local e o global.     

Entender o significado do processo histórico de ocupação espacial e simbólica da comunidade é um caminho para compreender o que vem ocorrendo nesta última década. A estratificação social e espacial da Comunidade do Gesso, demarcada pelas linhas férreas e pelo preconceito de classe e a estigmatização social são elementos essenciais para apontar os danos estruturais na urbanização e no acesso à cidade, bem como na autoestima coletiva e no sentimento de unidade comunitária.

Não é o discurso da “melhoria” que vem dando visibilidade e impulso às mudanças na comunidade, é para além. O discurso da “melhoria” é justo e previsível, mas ao mesmo tempo pode ser pequeno e insignificante. É outra perspectiva, baseada na necessidade de desconstruir as relações de submissão e coitadismo e ao mesmo tempo da construção de pontes e capilaridades para o protagonismo social.

A comunidade do Gesso precisa ser percebida a partir do seu Território. É atuação em rede e a dimensão territorial que vem redimensionando a capacidade política e a construção de uma narrativa positiva de organização popular.

Em 2015, o Coletivo Camaradas idealizou e articulou uma série de organizações da sociedade civil e do poder público para constituir o Território Criativo do Gesso, uma experiência necessária, inovadora e dinâmica que compreende cinco bairros da cidade do Crato, onde está inserida a comunidade. Essa dimensão de Território coloca em outro lugar a comunidade do Gesso, ou seja, no lugar da aproximação entre sociedade civil e poder público, do imaginário transformador de organização popular, do reconhecimento de potencialidades e desafios e evidencia uma radiografia mais próxima da realidade, onde são expostos os conflitos, diálogos possíveis e as construções coletivas.

Dentro do Território é possível mapear Pontos de Cultura, coletivos artísticos, grupos da tradição popular, Ongs, grupos esportivos, museu comunitário, escolas, universidade, grupos religiosos, unidades de saúde e de assistência social, além de outros órgãos da gestão pública, o que torna esse conjunto de organizações uma potência territorial.   É numa costura de rede que a comunidade e o Território Criativo do Gesso vão ganhando força e visibilidade.   

De forma isolada, as organizações da sociedade civil perdem força, mas quando atuam em rede conseguem ampliar ações, reivindicações e conquistas, é o que vem acontecendo na comunidade do Gesso e no Território. É nesta atmosfera que o lugar e o Território vão se conectando a outras visões de mundo e ganhando novas dimensões e articulações.         

Além das ações realizadas em parcerias e das reivindicações constantes, alinhasse a essa questão a produção de conteúdo para construção de uma narrativa territorial e de lugar. São vídeos, fotografias, cartazes, textos para imprensa, etc., que vão dando nomes e identidades para as organizações e os sujeitos, ou seja, que vão promovendo o protagonismo popular. Essa visibilidade significa também ocupação dos micros espaços políticos de poder, tão necessários para o enfrentamento e o diálogo com o poder constituído.

Um exemplo de conquista e de como a micropolítica se entrelaça a macropolítica e vice-versa, é a Lei Aldir Blanc, fruto da luta dos movimentos sociais, de gestores públicos e de parlamentares de diversos campos políticos, em especial da esquerda que proporcionou ao país reduzir os impactos da pandemia na economia da cultura descentralizando recursos públicos para estados e municípios brasileiros. A Lei Aldir Blanc teve impacto direto na comunidade do Gesso, no Território Criativo do Gesso e na sua interligação com o país.

Atividades formativas, produções de documentários, apresentações artísticas, diálogos com artistas, pesquisadores e gestores culturais de diversos estados do país, estruturação com aquisição de equipamentos para diversas organizações que atuam no Território Criativo do Gesso e o envolvimento da sociedade civil e do poder público em diversos eventos demonstra a atuação em rede do Coletivo Camaradas proporcionado pela Lei Aldir Blanc.

Com foco na luta pelo direito à cidade, a Lei Aldir Blanc também proporcionou a comunidade do Gesso, através do Coletivo Camaradas uma série de intervenções urbanísticas e paisagísticas que impactam diretamente na cultura, no cuidado coletivo, na economia local e no protagonismo das organizações e dos moradores. O projeto urbanístico e paisagístico reforça a existência e a continuidade do Sítio Urbano do Gesso, uma conquista comunitária que visa promover a agricultura urbana, o Sítio Urbano é reconhecido por lei municipal. A ação consta de construção de calçadas, escadarias, corrimão, ampliação de canteiros, terreiros culturais e oratório e de uma série de intervenções artísticas. Essa intervenção abre novos olhares para pensar a interface entre direito à cidade e a cultura. É possível pensar urbanização, paisagismo, meio ambiente e cultura de forma interligada e tendo os sujeitos e suas organizações como protagonistas? Sim, o exemplo da Comunidade do Gesso, demonstra que é possível inverter o holofote e promover a qualidade de vida.         

É impossível andar pela comunidade do Gesso e não perceber que existe algum tipo de revolução. 

Clássico que definiu o conceito de racismo institucional é lançado no Brasil

 

Capa da obra 'Black Power – A Política de Libertação nos Estados Unidos' (2021). (FOTO/ Divulgação / Jandaíra/ Aventuras na História).

Recém-lançada pela Editora Jandaíra, a obra "Black Power – A Política de Libertação nos Estados Unidos", de Charles V. Hamilton e Kwame Ture (antes conhecido como Stokely Carmichael) foi o primeiro livro a definir o conceito de racismo institucional.

Publicada originalmente em 1967, a obra foi fundamental para a luta do movimento negro, ao denunciar o preconceito racial.

Escrita no auge da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, a obra discute o enfrentamento à supremacia branca e denuncia a opressão cometida pela branquitude.

Este livro se mantém como um símbolo da juventude e da autoconfiança do movimento Black Power, que elevou a luta por direitos civis nos Estados Unidos e inspirou movimentos de libertação em todo o mundo. No fim dos anos 1960 e 1970, os ativistas do Black Power impulsionaram uma nova consciência coletiva que unia lutas globais por meio de visões anticoloniais, anti-imperialistas e pan-africanas. O Black Power acentuou o orgulho de se ter a pele mais escura e o cabelo natural como uma celebração estética da beleza negra”, escreveu Bokar Biro Ture, filho de Kwame Ture, no prefácio.

De acordo com a ativista do Movimento Negro desde a década de 1960, Elida Monteiro Damazio, a obra reconhece, ainda, a importância das mulheres negras na luta contra o racismo.

As referências acadêmicas e o tom de manifesto revolucionário não lhe tiram a verve de um romance arrebatador e nos provocam a mesma emoção de assistir a um filme de Ava DuVernay ou de Spike Lee”.

Disponível na Amazon em formato Kindle e edição física, "Black Power – A Política de Libertação nos Estados Unidos", ainda hoje, é uma obra fundamental para entender conceitos fundamentais da luta do movimento negro.

____________

Com informações do Aventuras na História.

Bolsonaro perde metade de sua base eleitoral, mostra pesquisa

 

Enquanto Bolsonaro perde quase metade do seu eleitorado, Lula retém a grande maioria dos votos de Haddad e recebe o apoio daqueles que apoiaram Bolsonaro. (FOTO/ Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr).

O presidente Jair Bolsonaro perdeu metade de sua base eleitoral, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (15) pela Genial/Quaest. “Os dados mostram que apenas 52% daqueles que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018 votariam outra vez no presidente”, afirma o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Dos votos que Bolsonaro perdeu, 21% migraram para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a pesquisa. Ciro Gomes recebe 8%; Doria, 7%; e os brancos e nulos ficam com 12%.

Entre quem votou em Fernando Haddad no segundo turno de 2018, 79% votariam em Lula e só 1% diz que votaria em Bolsonaro. “Ou seja, enquanto Bolsonaro perde quase metade do seu eleitorado, Lula retém a grande maioria dos votos de Haddad e recebe o apoio daqueles que apoiaram Bolsonaro”, afirma Nunes em sua conta no Twitter.

Se no primeiro turno das eleições de 2018 Jair Bolsonaro teve 46% dos votos válidos, a 4º rodada da pesquisa mostra que seu desempenho hoje seria bem pior. Bolsonaro não passaria dos 30% de votos válidos”, observa ainda o cientista político.

A quarta rodada da pesquisa foi feita entre 30 de setembro e 3 de outubro, com 2.048 pessoas em entrevistas presenciais domiciliares. A margem de erro da pesquisa é de 2.2 pontos.

________

Com informações da RBA.

Especial Dia do/a Professor/a: o papel fundamental do/a professor/a na luta antirracista

 

Especial Dia do/a Professor/a: o papel fundamental do/a professor/a na luta antirracista. Na foto, o professor Nicolau Neto durante conversa com estudantes da Escola 18 de Dezembro, em Altaneira, sobre a falsa abolição da escravatura.  

Quais são as principais alegrias e os principais desafios da carreira das professoras e dos professores brasileiros? E qual é a importância da promoção da educação antirracista? Fizemos essas perguntas a quatro educadores participantes do Edital Equidade Racial na Educação Básica, que tem como propósito fortalecer coletivos de pesquisa nessa temática e mapear oportunidades estratégicas de atuação.

O Edital é uma iniciativa  do Itaú Social com realização do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), em parceria com o Instituto Unibanco, a Fundação Tide Setubal e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Conheça abaixo um pouco mais sobre os projetos e professores representantes de cada etapa de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio:

Professora Neli Edite dos Santos - Educação Infantil

          

“Ingressei no magistério com 18 anos de idade. Hoje, passados 38 anos, posso dizer que tenho marcas inscritas em mim por engajamentos, curiosidades, inquietações, estudos, parcerias, comprometimentos políticos, indignações, descobertas, somas, sonhos e transgressões poéticas. Em cada escola onde trabalhei, transpus muros, arrisquei. Semeei desobediências inventivas entre estudantes, famílias, comunidade e com colegas que toparam riscos.

Desde os primeiros anos de atuação como alfabetizadora, passando pelas redes públicas estadual e municipal, até ingressar no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia, em 2010, tenho sido inquieta, afetada por aquilo que tem me constituído e atravessado. Cada escola tem seu jeito, seu ritmo, suas riquezas, suas dificuldades, suas mazelas e potencialidades. Em cada uma delas, afetei e fui afetada pelos coletivos: colegas, estudantes, famílias e vizinhança. Em cada uma delas, busquei parcerias e encontrei conflitos produtivos e improdutivos. Muitas geraram bons afetos e frutos. Algumas deram em nada. Outras, dissabores e amarguras. Por isso, talvez, minha principal alegria em continuar sendo professora é a disposição para arriscar, principalmente quando o risco se confunde com travessura, travessias e atravessamentos.

O papel de professores e professoras no enfrentamento ao racismo depende de vários elementos. Posso citar, por exemplo, seu reconhecimento étnico-racial, de gênero e classe. Para enfrentar o racismo e contribuir para uma educação antirracista, professores brancos precisam enfrentar o espelho, a historicidade da branquitude em suas relações desumanizadas e desumanizantes com povos não brancos: negros, indígenas, indianos, ciganos – entre outros.

Se for uma pessoa negra e se for uma pessoa que pretende contribuir com a justiça, com a igualdade de fato, com a democracia, ela poderá ser atravessada pelo reconhecimento da sua condição de negritude e somará, assim, no enfrentamento ao racismo. Uso o termo poderá, e não deverá.  Isso porque, ao reconhecer-se e, mais ainda, assumir-se negra, a pessoa é arremetida ao confronto com uma sociedade forjada e mantida pelo racismo estrutural. Conhecer-se nessa arquitetura pode ser vivido como algo extremamente pesado, sufocante e, a depender das circunstâncias, fatal.

É comum a expectativa de que pessoas negras se posicionem em relação ao racismo, denunciando-o, falando sobre ele, tendo-o como objeto de estudo. É comum também que pessoas não negras, não indígenas, não indianas, não ciganas (entre outros povos não brancos) considerem exageradas as denúncias de racismo, sobretudo quando são praticantes dele (em geral, sem intenção de ofender).

Com essa breve reflexão, quero dizer que o papel do(a) professor(a) no enfrentamento ao racismo depende de vários elementos. A começar pela relação que ele/a tenha com sua imagem nos espelhos da sua história, da história de seu país e da história da humanidade”.

A professora Neli Edite dos Santos é coordenadora geral do projeto ‘Construindo uma escola antirracista: ingresso e permanência de cotistas na educação básica’, realizado na Escola de Educação Básica, um colégio de aplicação da Universidade Federal de Uberlândia, que oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental Regular e na Modalidade Educação de Jovens e Adultos.

Givânia Maria da Silva - Ensino Fundamental I


          

“A lista dos desafios de ser professor é grande, principalmente em uma sociedade marcada pelo racismo e por um ensino que deixa tantas lacunas na nossa formação inicial. A formação continuada também não dá conta de nos ajudar a superar determinados déficits. No caso das comunidades quilombolas, as novas tecnologias também se tornaram desafios, pois são desconhecidas por muitas pessoas.

Precisamos lidar com estruturas tão hierarquizadas dos estados e municípios, onde os gestores não pautam a questão racial como fundamental e a gente sabe o quanto isso é importante. Muitos quilombos não têm acesso à internet. Falta investimento na compra de equipamentos, na formação dos profissionais e nas escolas quilombolas. Tudo isso prejudica o trabalho do professor e a aprendizagem dos alunos.

Mas temos também as nossas alegrias. Sabemos que nada será feito sem nós. Somos peças fundamentais no processo educacional. Mesmo com a tecnologia,  o professor ainda é uma peça muito importante e nunca vai deixar de ser. Precisamos avançar e construir comunidades de aprendizados.

Também sentimos profunda alegria quando vemos que inspiramos outras pessoas. Somos um instrumento da luta e da resistência para uma educação antirracista. Por isso seremos sempre um instrumento de transformação e emancipação, apesar do modelo social. Devemos ocupar o lugar de instrumento e ferramenta da luta antirracista, seja na sala de aula ou no cotidiano.”

A professora Givânia é coordenadora do projeto Quilimbos e Educação: Políticas Públicas e Práticas Pedagógicas, com foco na análise dos dados do Censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira para identificar os desafios da educação quilombola enfrenta e em estudos de casos em duas comunidades quilombolas: Povoado de Mesquita, em Cidade Ocidental (GO) e Quilombo de Conceição das Crioulas, em Salgueiro (PE).

Erisvaldo Pereira dos Santos - Ensino Fundamental II

         
          

“O principal desafio de ser professor está relacionado com o lugar social da profissão docente em nossa sociedade. Embora todos as outras profissões dependam do trabalho docente, há uma falta de compromisso político com a valorização desse profissional em nossa sociedade em termos de remuneração. A principal alegria de ser professor é a de saber que sem o seu trabalho as transformações no mundo em prol da justiça social e do bem-estar não acontecerão. Mesmo porque, todo(a) professor(a) está investido de uma autoridade comprometida com o curso do mundo na ordem do bem viver social. Por isso Paulo Freire afirma que educar é uma prática política.

O desafio principal do (a) professor (a) diante do enfrentamento ao racismo é o de não naturalizar esse fenômeno que estrutura nossas relações sociais. Ao naturalizar o racismo, o(a) professor(a) contribui para que não haja mudanças nas relações sociais e raciais. Para não cair na armadilha da naturalização, seu trabalho docente carece, portanto, de uma sólida formação teórica e de uma postura ética de acolhimento e valorização da alteridade.

A partir daí, ele(a) não enfrentará apenas o racismo, sendo uma pessoa antirracista, mas também enfrentará todas as mazelas que envolvem os sujeitos subalternizados e discriminados. A interseccionalidade entre raça, gênero e classe é a base que organiza essa prática. Dessa maneira, o (a) docente contribuirá para a formação de um sujeito autônomo, crítico e ético.”

Erisvaldo é coordenador do projeto Epistemologias Antirracistas e Projeto Político Pedagógico: Uma Pesquisa Aplicada no Âmbito da Secretaria de Educação de Contagem (MG). O objetivo do projeto foi oferecer aportes epistemológicos do feminismo negro e antirracista, afim de contribuir para a reflexão sobre a fundamentação de Projetos Políticos Pedagógicos (PPP’s), na perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Gerson Alves dos Santos - Ensino Médio


           

“O grande desafio de ser professor é atuar em um ambiente cada vez mais precarizado e deixado de lado pelas políticas públicas. O tempo todo enfrentamos uma realidade desestimuladora e que acaba por consumir nossas esperanças e anseios quanto ao desejo de construir uma educação de fato transformadora.

Gestores e colegas professores, em grande medida não se preocupam ou desconhecem a importância da autonomia no processo de ensino. Algo que cria um ambiente pouco politizado e pouco aberto a pautas que vão além de um conjunto de ações e entendimento, preso a institucionalização burocratizada.

Já a grande alegria é ouvir os alunos e suas experiências transformadoras no ambiente escolar. É saber que alguns transformam sua realidade a partir do que discutimos em sala. Isso reforça a esperança e refloresta a crença na educação como um espaço de transformação de uma realidade tão adversa.

Penso que o professor tem que ser protagonista, principalmente nesse contexto político em que estamos vivendo. As políticas que garantem o ensino da história, cultura afro-brasileira e indígena é uma realidade do ponto de vista institucional, mas, ainda está longe do ideal quando se pensa o ambiente escolar e um conjunto de práticas cotidianas que viabilizem um ensino antirracista.

Temos de sair do plano institucional, isto é, da data enquanto momento folclórico e por vezes romantizado. Algo muito comum entre nós brasileiros, sociedade em que a lei por vezes acaba em si mesmo e não se transforma em realidade cotidiana. No caso, o professor, sabedor dessa realidade, precisa se colocar enquanto agente transformador, alguém capaz de questionar e instigar no ambiente escolar a discussão sobre o racismo brasileiro e seu caráter estrutural. Alguém capaz de ser protagonista nesse processo de questionamento das subjetividades reprodutoras desse racismo estrutural que tende a desumanizar a população negra.”

Gerson é coordenador do projeto “O quilombo na escola: práticas pedagógicas, identidade étnica e ancestralidade”, que tem como objetivo atuar na formação de professores das escolas estaduais (Ensino Fundamental e Médio) de uma comunidade quilombola na cidade de Moreilândia, Estado do Tocantins.

A ideia é que a história da comunidade possa fazer parte do currículo de modo a ser incorporada na realidade dessas escolas, fazendo com que a realidades dos quilombolas e dos moradores da cidade possam fazer parte do cotidiano escolar, potencializando, assim, uma educação inclusiva e antirracista.

__________________

Com Informações do CEERT


Biblioteca Caminho do Conhecimento, no Sitio Latão, será inaugurada em dezembro

 

(FOTO/Divulgação/ Biblioteca Caminho do Conhecimento).

Por Nicolau Neto, editor

Fruto de uma mobilização voluntária de cinco moradores/as do Sítio Latão, em Santa do Cariri (CE),  imbuídos no desejo de transformar essa comunidade através da educação e da cultura, nasceu o projeto social BibliotecaCaminho do Conhecimento”.

O projeto que partiu da professora Renata Lino, Marcia Lino, Luiz Reginaldo, José Reginaldo e Francisco Martins, conhecido popularmente por “Chichico” se configura como uma ação não governamental e já está em processo de organização de acervo bibliográfico, inclusive com pretensão de tombamento.

Segundo Renata Lino, o espaço onde funcionará a biblioteca tem como proprietário o Chichico e passou por reforma. Ela destaca ainda que quem desejar fazer doações é só entrar em contato com os/as idealizadores ou encaminhar mensagens para a página do projeto literário no Facebook.

A Biblioteca já conta com alguns acervos, tanto didáticos como paradidáticos e a inauguração deve acontecer em dezembro, contanto com todos os cuidados que a pandemia exige. O equipamento vai oferecer consulta de acervo e empréstimo de livros.

Clique aqui para conhecer.