A importância de desconstruir a narrativa sobre a aparência eurocêntrica de Jesus

 


Por Nicolau Neto, editor

A narrativa da ressurreição de Jesus está contida em dois livros da Bíblia. Em Lucas (24) e também em Marcos. Neste último, três mulheres, dentre elas Maria Madalena e Salomé, foram no domingo até o túmulo onde Jesus estava para ungir seu corpo. Quando chegaram no sepulcro notaram que a pedra havia sido removida.

Neste momento, as três se perguntaram quem haveria removido a pedra. Próximo às mulheres, um homem de roupa branca diz que elas estavam procurando Jesus, o Nazareno. Mas que ele não estava ali, pois ressuscitou. O homem ainda pede que elas se dirijam até Pedro e aos demais discípulos, que o verão na Galileia. A passagem está em Marcos, 16.

O que a Bíblia não relata é sobre aparência de Jesus. "Séculos e séculos de eurocentrismo levaram boa parte da humanidade a ter certeza de que Jesus era loiro de olhos azuis. Tal afirmação é geneticamente impossível" (NP, 2019). Várias pesquisas foram feitas e elas demonstram as características físicas de Jesus quando nasceu. Os documentos que datam de 408 a.c a 318 d.c, ressaltaram que a criança era a cor da noite.

"Após anos de pesquisa a historiadora neozelandesa , Joan E. Taylor, também concluiu o óbvio, Jesus tinha a pele escura. Segundo ela, os judeus da época eram biologicamente semelhantes aos judeus iraquianos de hoje, com cabelos castanho-escuros ou pretos, olhos castanhos, pele escura. Um homem típico do Oriente Médio". (NP, 2019).

Cientificamente é impossível afirmar a lógica eurocêntrica, que pinta o Jesus como branco, cabelos loiros e longos e de olhos azuis (presentes em quadros de muitas casa, inclusive na minha). Há comprovações cientificas de que Jesus era negro.

Essa narrativa do Jesus Branco além de não ter sustentação, reforça a ideia presente ainda hoje em muitos espaços, principalmente em templos religiosos cristãos, de que se deve aceitar e promover o sagrado como branco e rejeitar e demonizar o sagrado negro.

A imagem que ilustra esse texto é uma concepção artística do designer gráfico especialista em reconstituição facial forense Cícero Moraes, que mostra que judeus que viviam no Oriente Médio no século 1 tinham a pele, o cabelo e os olhos escuros.

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