#Altaneira60Anos. Redução da Maioridade Penal, o que pensar?


Redução da Maioridade Penal, o que pensar?, por Nicolau Neto. (Foto: Flávia Regina).

O Brasil vem aos poucos aumentando o número de prisioneiros. Atualmente já se encontra entre os países com a maior população carcerária. Talvez para um desavisado isto se configure com ações que nos dá mais segurança, ou ainda que o Brasil esteja inibindo as ações violentas. No entanto, é preciso dizer que mais prisão não é, nem de longe, sinônimo de segurança, ao passo que elas vêm significando menos segurança e mais violência. Reduzir a Maioridade é uma afronta à Constituição, ao Estatuto da Criança e do Adolescente e principalmente um desrespeito e uma afronta aos direitos da juventude.

As soluções encontradas pelos governantes, algumas inclusive em análise, não representam passos que visem à completa solução do problema. Este continua a ser tratado pelo velho caminho que, diga- se de passagem, somente amenizam o caso, mas não soluciona. O pior ainda é que este caminho errado trilhado pelas elites governantes somente se dá contra a massa popular e, infelizmente, depois do ato consumado.

Diante deste lastimável cenário e como exemplo do que foi mencionado acima, está tramitando o projeto de lei que tem como finalidade diminuir a idade penal, projeto esse do Senador Aluísio Nunes (PSDB). Nesse mesmo espaço encontram-se algumas propostas de Emenda à Constituição que tramitam na Câmara com o objetivo de reduzir a maioridade para diversas idades, a saber: 16 anos (PEC 272/04), 14 anos (PEC 169/99), bem como também para 12 anos (PEC 345/04). Vale deixar claro aqui que de acordo com a redação da PEC 489/05, esta submete o menor de 18 anos à avaliação psicológica para que o juiz conclua se ele pode ou não ser punido como adulto.

Nesse caso, pode - se dizer que as soluções ainda caminham pelo caminho perigoso da repreensão e punição. A redução da maioridade por exemplo se incluí neste quesito. Assim, o pais continua reprimindo mais e punindo mais. E essa, simplesmente, não representa uma sociedade com dignidade, respeito, solidária e principalmente com justiça para todos, afinal, já é sabido os principais alvos dessa política de exclusão – negros e negras pobres.

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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

Sinto medo de falar de meu pai, diz filha de Lula



Lurian (pronuncia-se Lurián) parece ter aquela notável capacidade das pessoas simples de resistir às piores tragédias. Assim como o pai, Luiz Inácio Lula da Silva, não se deixa consumir pela indignação, o ressentimento ou a desesperança. Segue o jogo, confiante na virada improvável. De pessoa despachada, está agora mais reclusa, “com vontade de ver filmes e ficar com a neta”. Aos 44 anos, é mãe de Beatriz, de 23, e João, de 14. Avó de Analua, de 1 ano e 8 meses, esforça-se como pode para que ela não se esqueça do bisavô, preso há mais de sete meses. Para tanto, recorre a um peso de porta, um Lula de feltro recheado de pedras. Analua segura o boneco nas mãos. No esperanto dos bebês, despacha com o ex-presidente.

LURIAN E O PAI. SE ELA ESTAVA
 SEM DINHEIRO, OUVIA: “MAS VOCÊ
NÃO É FILHA DO LULA?”
Lurian Cordeiro Lula da Silva ficou famosa aos 15 anos. Em 1989, sua mãe, Miriam, apareceu na campanha presidencial de Fernando Collor de Mello a afirmar que Lula “me ofereceu dinheiro para abortar”. Depois do parto, disse, entregou a filha “no colo” dele: “Agora você mata”. Lula perdeu a eleição. O episódio entrou para a história política do País como uma de suas passagens mais deploráveis. “Fui citada como filha bastarda”, diz Lurian. “Que filha bastarda, se o declarante da minha certidão de nascimento era ele?” O episódio é superado entre mãe e filha. Lula nunca mais falou com Miriam Cordeiro.

Jornalista, não chegou a trabalhar em uma grande redação. “Que jornal daria emprego a uma filha do Lula?” Assim como já se disse que o irmão era dono da Friboi, Lurian foi acusada de ser proprietária de uma ONG que teria recebido repasse de 9 milhões de reais do governo Lula. Seria dona, ainda, de uma pioneira fábrica de tomadas de três pinos, motivo pelo qual papai teria mudado o padrão brasileiro. Lurian nunca teve uma ONG. Jamais fabricou tomadas. É assessora da deputada estadual Rosângela Zeidan (PT-RJ) e, desde o ano passado, presidente do PT de Maricá, no Rio de Janeiro.

Maricá é uma merda de lugar”, disse o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), durante conversa com Lula interceptada pela polícia. A cidade da Região dos Lagos parece de fato não gozar de grande cartaz. “Outro dia, uma pessoa disse: ‘Você é filha do Lula, o que está fazendo aqui em Maricá?’ Respondi: ‘Eu moro aqui, uai.’ Ela: ‘Mas então você tem uma irmã que está rica, não?’ ‘Não. Nem rica nem pobre, tampouco irmã, já que só tenho irmãos.’” Lurian recebe salário líquido de cerca de 5 mil reais, mora em um apartamento financiado, e tudo que possui é um Ford Fiesta, cujo ano não faz ideia.

Na segunda-feira 26, Lula foi novamente denunciado, dessa vez por lavagem de dinheiro em negócio na Guiné Equatorial. “O que se pretende é que Lula morra”, comentou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No mesmo dia, Lurian sugeriu “uma delicatessen muito boa” em Niterói para a conversa com Carta Capital. Tratava-se, a bem da verdade, de uma conveniência de posto de gasolina, o que talvez tenha deixado este repórter sugestionado com relação à simplicidade de sua interlocutora. Lurian comeu tapioca e misturou o suco com a faca. Fez questão de pagar a conta, para o que recorreu a um conjunto de notas de 2 reais completamente amassadas em sua carteira. Antes, concedeu a seguinte entrevista.


#Altaneira60Anos. Regimento Interno da Câmara: um erro ou uma falácia?



Meus eleitores não desculpam. Não estão nem aí se o vereador ou vereadora dormiu mal ontem à noite. Não querem nem saber se a cabeça e o pensamento estão em outro lugar que não no seu trabalho frente a câmara. Pouco estão preocupados com as falhas humanas e sequer aceitam que errar, mesmo que constantemente, é humano.

Regimento interno da Câmara: um erro ou
uma falácia?, por Nicolau Neto. (Foto: João Alves).
Outra vez ia com meus pares andando pelas ruas do centro da cidade e nos deparamos com duas pessoas que de forma calorosa discutia os casos da última sessão. Reduzimos os passos para que elas não nos percebessem. Mas só reduzimos de forma que pudéssemos ouvir um pouco da conversa. Cogitamos chegar o mais próximo possível e, quem sabe, participar também, pois o assunto nos dizia respeito. Só cogitamos, pois achamos melhor apenas se aproximar.

Uma delas dizia:

- “Não vou mais perder meu tempo ouvindo aquelas sessões. Não sai nada de futuro. Nada que melhora significativamente a nossa vida. Só falam de casos particulares, de suas desavenças pessoais”.

A outra interrompeu e afirmou com toda segurança e desprezo ao mesmo tempo.

“- E agora entrou na discussão um tal de regimento interno que não sai mais. Que mal pergunte, mais o que isso que eles tanto falam e que é necessário segui-lo”?, perguntou.
- “Ah, o Regimento”..... Disse sua companhia de conversa.  “É um documento onde tem tudo o que pode ou não fazer o vereador, a vereadora. Para exercer com zelo o seu trabalho é muito importante ler e interpretar o regimento”, concluiu.

- “Tipo um livro do professor, da professora?”, perguntou a outra.

E enquanto isso os parlamentares ouvindo tudo.

- “Isso mesmo”, respondeu a outra. “Olhe, aquele regimento se fosse gente ele já tinha dado tanto esparro com a surra que leva. É uma vez por semana, mas a dor é tão grande que vale por um mês de sessão. É tanto parágrafo que lhe acrescenta. É tanta modificação de palavra. Toda semana surge um regimento novo. Rasga o antigo porque o lugar que ocupa não mais interesse ficar lendo e relendo ele. E outra, isso para quem sabe interpretar. Tu sabias que lá tem gente que nunca leu? É o que deduzimos, porque só não tendo lido para cometer tantos erros’.

- “E é?”, perguntou desapontada a outra.

- “E toda semana é isso. E piora quando as picuinhas, quando o lado pessoal fala mais alto. Imagina você que 97% - talvez mais – das sessões só é isso. Tem pessoas lá que não é exemplo para ninguém, mas parece que quando chega na câmara incorpora um personagem ético, que luta pelas causas sociais e que nunca cometeu nenhum erro. Outros e outras ainda que pouco apresentou projetos e requerimentos que beneficiem o povo, mas lá se faz de bom samaritano, de Madre Tereza de Calcutá”.

E os parlamentares só observando.

- “Nesse caso o regimento interno é um erro, né?, porque toda semana eles constroem um?”, perguntou aflita a sua companhia de diálogo que ouviu atentamente a explicação.

- “Não’, respondeu. “Na verdade, ele é uma falácia”.

- “Falácia”?, questionou a outra.

- “Sim. Veja bem”, disse a outra pessoa. O regimento é uma falácia na medida em que os vereadores e vereadoras não o leem. E quando o fazem interpretam-no com um raciocínio errado com uma aparência verdadeira e propositalmente é bom que se diga. Ou seja, eu uso o regimento quando me convêm”.

- “Ah, entendi”, disse.

- “Então, errados e erradas são eles, são elas e não o regimento. Errados e erradas porquê eles e elas independentemente do lado partidário que estão devem se unir e fazer mais, muito mais por quem são seus verdadeiros patrões e que, portanto,  pagam seus salários”.

- “E quem são”? Perguntou a outra pessoa.

- “Nós”, respondeu.

Os parlamentares não quiseram mais ouvir a conversa e retornaram por outro caminho dizendo – Nosso maior erro é continuarmos agindo assim.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).





Conheça Sadé. Em breve, ela será a primeira princesa africana da Disney


(Foto: Disney/Divulgação).

Tiana é a primeira princesa negra da Disney e apareceu em 2009, na animação A Princesa e o Sapo. Lembra-se dela? A novidade é que, agora, a Disney terá sua segunda princesa negra – e primeira princesa africana! A companhia adquiriu os direitos do conto de fadas Sadé e pretende transformá-lo em breve em um filme live-action.

A história acompanha a personagem Sadé, uma jovem princesa cujo reino na África é atacado por uma força misteriosa. Com a ameaça, ela acaba descobrindo que tem poderes mágicos e decide assumir o papel de protetora do seu povo. Com a ajuda de um príncipe, Sadé entra em uma aventura para salvar seu reino.

Segundo fontes da própria Disney, o roteiro será escrito por Ola Shokumbi e Lindsey Reed Palmer. Rick Famuiywa está entre os produtores do filme, mas ainda não divulgaram o nome do diretor.

A Disney ainda não informou se o filme será produzido para ser lançado nos cinemas ou para o serviço de streaming, como aconteceu com a história da Princesa Elena de Avalor. Também ainda não há previsão de data de lançamento nem possíveis nomes de elenco, mas já estamos ansiosas para conhecer a atriz que dará vida à primeira princesa africana nativa das telas da Disney! (Com informações do Capricho).


Hoje na História. Luiz Gonzaga faria 106 anos


Professor Nicolau Neto em visita ao Museu do Gonzagão, em Exu (PE), com a turma do curso de Pedagogia de Araripe (CE). (Foto: Turna do curso de Pedagogia).

O aniversário de Luiz Gonzaga, celebrado nesta quinta-feira (13), está sendo lembrado em mais uma edição do festival ‘Viva Gonzagão’, em Exu, no Sertão de Pernambuco. O evento conta com mais de 20 atrações musicais, que vão se apresentar no Parque Aza Branca e na Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente. O encerramento da festa será com uma missa em ação de graça e shows musicais, no domingo (16). Toda a programação é gratuita.

Professor Nicolau Neto em visita ao Museu do Gonzagão
em Exu (PE). (Foto: Turma de Pedagogia)
Nesta quinta, haverá shows da Banda Cabaçal de Exu, de Zezinho do Exu, Seguidores do Rei, Danilo Pernambucano, Limão com Mel e Kinho Callou. Na sexta-feira (14), as atrações serão Forró das Estrelas, Jorge do Acordeon, Santana e Joãozinho do Exu. As apresentações serão na Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente.

No sábado (15), será a vez de Fulô de Mandacaru, Waldonys, Flávio Leandro, Joquinha Gonzaga, Tarcyo Carvalho e Serginho Gomes se apresentarem no Parque Aza Branca. Já no domingo (16), a partir das 11h, será celebrada uma missa, à sombra de um pé de Juazeiro, em homenagem aos 106 anos do Rei do Baião.

A festa se encerra com os shows de Targino Gondim & Quinteto Sanfônico do Brasil, Marquinhos Café, Rennan Mendes, Gel Barbosa, Sebastian Silva, Dijesus Sanfoneiro, Jota Farias, Os Caba de Gonzaga, Ana Paula Nogueira, Jaiminho de Exu, Diego Alencar, Epitácio Pessoa, Leninho de Bodocó e Elmo Oliveira. Os shows começarão a partir de 21h, no sábado e no domingo. (Com informações doG1).

Título de cidadão cearense a Bolsonaro será arquivado


Ferreira Aragão diz que a decisão contra Bolsonaro foi nacional. (Foto: Assembleia Legislativa).

O título de cidadão cearense que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) iria receber na Assembléia Legislativa (AL-CE) será arquivado. Isto porque dez dos 13 deputados estaduais do PDT retirarão a assinatura de apoio à honraria.

A Casa tem 46 parlamentares e o número mínimo de assinaturas necessárias para este tipo de Projeto ser aprovado é 32. Antes da saída do PDT, a propositura contava com 33 assinaturas. Dessa forma, com o recuo pedetista, o projeto de autoria do deputado Ely Aguiar (DC) será arquivado e só poderá ser votado na próxima legislatura.

O líder do PDT na Assembléia, deputado não reeleito Ferreira Aragão, diz ao Blog Política que a decisão se deu a nível nacional. “(Diretório nacional) exigiu que os deputados tirassem as assinaturas. Eu, na qualidade de líder, transmiti a decisão”.

Embora tenha sido um dos parlamentares que assinaram a propositura, ele diz concordar com a decisão nacional, além de minimizar as demais assinaturas que o PDT deu em favor do título. Aragão fala que  estas homenagens são tradição na Casa e os parlamentares tendem a assinar dentro deste costume. Questionado sobre os três deputados que não assinaram, ele respondeu que estiveram ausentes no dia.

Ainda segundo Aragão, os colegas também entenderam a determinação do partido. PDT forma bloco de oposição capitaneado pelo ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), ao presidente eleito.

Conforme o candidato derrotado ao Governo do Estado, Ailton Lopes (Psol), a decisão é acertada, já que Bolsonaro “nunca fez nada pelo Ceará”, além de já ter manifestado preconceito contra nordestinos. Lopes, inclusive, foi autor de evento no Facebook contra a ideia. (Com informações de Carlos Holanda, do O Povo)


#Altaneira60Anos. Política e Religião se discute sim


Política e religião se discute sim, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Falar de religião não é muito comum. Falar de política partidária também não é. Como assim? Me perguntaria um falador dos temas em esquinas, nas igrejas, na prefeitura ou na Câmara. É o que mais se discute em minha cidade. Não há assunto que mais saia da boca do povo que não seja política e religião.

De fato, respondia se a me fosse realmente feita essa pergunta. Afinal, o que mais se ouve das bocas das pessoas que frequentam templos religiosos é a bíblia, é jesus, o divino.... Mas, o que eu enquanto líder religioso tenho feito para ajudar o próximo? O que eu enquanto fiel tenho feito para praticar a solidariedade? Enquanto líder e fiel eu visito o meu vizinho, a minha vizinha porque sinto vontade de colocar os papos em dias ou o faço simplesmente quanto tenho a intenção de convencê-la a ir à igreja?

Os discursos mais fortes que pregam os representantes do povo é a melhoria da saúde, da educação, do transporte, incentivar a cultura... A palavra que mais se usa é povo, ou melhor, o “em nome do povo”, “pelo povo”. Mas, o que se tem feito para melhorar a vida do povo? Quais projetos sociais que permitam independência financeira do povo foram ou estão sendo construídos? Eu conheço bem a realidade do povo que tanto uso em discursos? Eu realizo visitas rotineiramente nas casas das pessoas ou simplesmente reconheço um vizinho, um amigo de dois em dois anos nos períodos eleitorais?

Política e Religião são o que mais de discute mesmo. Eu falo muito de religião para dizer que a minha é a correta e a do meu semelhante é a errada. Isso quanto é entre um católico e um protestante. O católico diz que a dele é a certa e o protestante da mesma forma afirma que a dele é a correta. Porque quando o assunto são as religiões africanas, Protestantes e Católicos se unem para se desfazer dessa forma de cultuar o divino. A Umbanda e o Candomblé não são aos olhos de católicos e protestantes – na grande maioria - uma religião, mas algo do mal. Mas eu discuto religião. Eu discuto religião. Vejo um incêndio acontecendo e pessoas aflitas com aquilo, mas eu não me sensibilizo e ainda assim promovo uma missa. Porque no meu entender, adorar a deus é mais importante do que ajudar os aflitos em um incêndio. Rezar e Orar são mais importantes do que ajudar uma criança que passa por necessidades. Mas eu discuto religião e discuto na igreja, na rua, na praça... E quanto ao incêndio? E quanto à criança passando por necessidades? Ah, não se preocupe bôbo. Não ligue para isso bôba. Deus está vendo. O importante é irmos à igreja. O importante eu celebrar a missa, o culto.

Quanto à política partidária...... Essa também não sai de moda. Eu falo dela diariamente. Falo quando digo que fulano foi o melhor prefeito, enquanto que cicrano foi um desastre. Falo assim do fulano mesmo sabendo que não corresponde a verdade dos fatos e continua a dizer que cicrano não realizou o que era esperado mesmo sabendo que não é bem assim. Falo de política quando faço parte de um grupo, luto com ele e depois o descarto pelo simples fato de poder político, de cargo público e de quebra eu ainda uso o nome do povo para justificar a minha desavença política, a minha picuinha política, o meu desejo pelo poder. Falo de política ainda quando aquele grupo que eu odiava, hoje eu o adoro.

Diante disso, cabe uma pergunta. O que religião e política têm em comum? Deus e o Povo. Na religião eu uso o nome de deus para justificar as minhas ações, muitas delas que só prejudica o fiel. Você tem que passar por isso porque deus quer, portanto aceite. Não questione. Na política, eu uso o nome do povo para mudar ou permanecer em um grupo político, e na grande maioria das vezes para financiar o meu projeto de poder.

Por isso, falar de religião e de política não é muito comum.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

O retrato de uma cidade para onde nenhum médico brasileiro quer ir


Em Guaribas, 62% dos moradores dependem diretamente do Bolsa Família / Foto: U. Dettmar - Agência Brasil - Reprodução - El País. 

Sem conseguir atrair médicos para substituir cubanos, Guaribas, no Piauí, encaminha pacientes, que enfrentam viagem e estrada de terra para conseguir atendimento.

Uma única estrada chega até a cidade de Guaribas, no extremo sul do Piauí. Pelo menos 50 quilômetros de terra batida separam o município — que estreou o Bolsa Família há 15 anos por ser na época o mais pobre do país — da vizinha Caracol. Com a dificuldade de acesso e a frágil economia interna comum às pequenas cidades do sertão nordestino, as poucas possibilidades de trabalho ali se resumem aos cerca de 400 cargos da prefeitura, ao modesto comércio local e à agricultura de subsistência. É significativa a importância do serviço público de saúde nesta comunidade onde 62% dos moradores dependem diretamente da média de 282 reais que o Governo federal transfere todo mês para cada família cadastrada no Bolsa Família.

Até duas semanas atrás, dois médicos cubanos se revezavam entre os três postos de saúde da cidade para garantir o atendimento a uma população de 4.401 habitantes. Junto com enfermeiros, técnicos e agentes de saúde, eles conseguiram assistir a 82% das 876 famílias que necessitam de acompanhamento periódico pelo Governo por terem crianças de até sete anos ou gestantes, um desempenho considerado "muito bom" no relatório publicado em outubro pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Os dados são positivos, mas a cidade ainda enfrenta uma série de desafios na atenção básica. A taxa de mortalidade infantil média na cidade — de 17 óbitos para 1.000 nascidos vivos — é superior à média nacional (14). Além disso, apenas um terço das casas tem esgotamento sanitário adequado, uma estrutura fundamental para evitar doenças como diarreia, hepatite A e verminoses, geralmente tratadas e prevenidas justamente com a ajuda dos profissionais da atenção básica.

O fim da cooperação de Cuba no programa Mais Médicos em novembro deixou a cidade, que dependia exclusivamente dos médicos cubanos, desassistida. Guaribas é um dos 31 municípios que não despertou o interesse dos profissionais brasileiros. Uma médica ainda chegou a ser selecionada para uma das vagas, mas informou a desistência à prefeitura dias depois da inscrição. A segunda vaga sequer chegou a ser cogitada por outro candidato. Catalogado na condição de extrema pobreza e 650 quilômetros distante da capital Teresina, o município segue com suas duas vagas no primeiro edital do programa, cujas inscrições se encerraram nesta sexta-feira. As condições urbanísticas da cidade não ajudam a atrair os profissionais: segundo o IBGE, as vias públicas não têm estrutura de urbanização mínima adequada, com a presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.

"Aqui não tem mais médico, só enfermeiro. Tiraram os médicos. Por que fizeram isso? Aqui já é tudo tão difícil, aí ainda tiram o pouco que a gente tem", se queixa a aposentada Amélia Alves Rocha, de 67 anos. Ela diz que nas últimas semanas acompanhou o marido Nilho Alves Rocha, de 75 anos, no posto para conseguir o remédio que ele toma para controlar a hipertensão, mas sem médico para dar a receita, não conseguiu a medicação gratuitamente. O casal criou sete filhos graças ao Bolsa Família e hoje vive da aposentadoria e da mandioca que plantam na roça. Com a seca que historicamente assola a região — Guaribas é um dos municípios que decretaram estado de emergência por esse motivo neste mês —nunca houve muita expectativa de melhorar de vida. "Antes ninguém tinha nada aqui, aí Deus preparou esse Bolsa Família. O cartãozinho salvou a gente que tinha muito filho porque a vida aqui sempre foi muito complicada. As coisas são caras, ainda hoje a gente tem que completar o aposento com o pouco que planta na roça", conta.

Amélia conta que a ausência de médicos na cidade é um problema, mas demonstra resiliência ao argumentar tempo pior era aquele em que a família dormia nos colchões que eles mesmos faziam com plásticos recheados do capim colhido na serra. "Perdi uma filha de seis anos e uma neta porque elas brincando tocaram fogo num colchão desses. Morreram as duas queimadas. Ruim mesmo era naquele tempo que a gente tinha que sair por aí no lombo de um jumento atrás de socorro nas outras cidades. Hoje tem até transporte pra levar", conta.

Enquanto as vagas do Mais Médicos não são substituídas, enfermeiros e agentes de saúde das duas equipes de atenção básica prestam um atendimento mínimo à população. "A gente se vira como pode. Tem muita coisa que só o medico pode fazer, mas a gente segue acompanhando as crianças e as gestantes que fazem pré-natal, por exemplo. Nossa sorte é que temos aqui um serviço bem estruturado, então os prejuízos até diminuem, mas é complicado", diz o enfermeiro que coordena a Atenção Básica no município, Francisco Júnior.

Três horas de viagem por um atendimento

Quando esses profissionais identificam serviço de urgência ou situações que não podem solucionar sem a presença do médico, os pacientes são encaminhados para a cidade que é referência para os 20 municípios da região da Serra da Capivara. Eles enfrentam quase três horas de viagem e percorrem mais de 100 quilômetros (a metade deles de estrada carroçal) até chegar ao Hospital Regional ou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Raimundo Nonato. "A situação é a seguinte: a gente já é acostumado. Médico é bom porque a gente se consulta, mas se não tem o jeito é ir pra São Raimundo quando o problema piora. É muito complicado, mas dá pra gente ir vivendo", se conforma Amélia.

Outra opção, dizem moradores de Guaribas, é tentar atendimento em Caracol, cidade mais próxima, a 50 quilômetros do município. No entanto, moradores dizem que a situação lá também não está fácil. "Na região toda a situação tá horrível. Caracol perdeu três médicos, uma cubana e dois brasileiros que se inscreveram no programa e foram pra outras cidades", conta o agricultor Raimundo Ribeiro. O EL PAÍS tentou confirmar os números com a Prefeitura de Caracol, mas não obteve resposta.

O fato é que a dificuldade de preencher as vagas deixadas pelos médicos cubanos e mesmo a migração de profissionais que já atuavam na atenção básica sob um regime de contrato com as prefeituras para outros municípios do programa Mais Médicos já repercute na UPA e no Hospital Regional de São Raimundo Nonato. "A demanda tem aumentado muito com essa dificuldade na atenção básica. Temos recebido muitos casos de gripe e febre que seriam facilmente resolvidos no posto de saúde", afirma a diretora do hospital, Nilvania Nascimento. Na atenção básica, a cidade polo também sofre com a crise do Mais Médicos: teve seis vagas abertas no primeiro edital. (Com informações do El País).

#Altaneira60Anos. Política, politicagem e a indignação seletiva


Política, politicagem e indignação seletiva, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Certa vez na casa situada à rua "povo discutindo tudo”, o casal Dório e Febrôncia estava em um debate sobre política.

- Eu detesto política. Disse dona Febrôncia.

- Deixe de besteira. Respondeu indignado seu Dório. E no mesmo instante perguntou a ela - Você detesta se vestir? Detesta andar descalça? Detesta comer? Quer ver seus filhos passando fome?

- Não! Respondeu prontamente. E com um ar de quem não estava entendendo as provocações de seu esposo, disse: E porque tantas perguntas Dório?

- Como o porquê das perguntas. Ninguém deve odiar o que nos traz comida, roupas e calçados. Ninguém deve odiar de onde se pode trazer melhoria para nossa rua. Nenhuma pessoa deve dizer que não gosta do que pode tirar milhões de pessoas da miséria, Febrôncia.

- Eu sei de tudo isso Dório. Mas, não é a política que permite que esses benefícios aconteçam. Nenhum político está preocupado com o bem-estar do povo. Ao contrário, eles só se preocupam com o bolso deles e de suas famílias. Não adianta votar nesse ou naquele, nessa ou naquela candidata, porque todos são iguais. Olha, o melhor que a gente faz é trocar nosso voto por algum benefício. Sei lá.... um saco de cimento, cerâmica, telhas, tijolos... Sei lá... dinheiro, qualquer coisa. Se fizermos isso, perderemos menos. Afinal, quando ele ou ela chegar na câmara ou na prefeitura, não vão fazer nada em prol do povo mesmo. Disse com fervor a Dona Febrôncia.

- Não, mulher. Não deves pensar assim. Falou com uma voz suave o seu Dório. Quando age assim só irá contribuir para alimentar ainda mais um sistema perverso de corrupção. Você estará favorecendo a entrada no poder público de candidatos que, comprando votos, se sentirão na obrigação de não fazer nada para melhorar a sua cidade. Muitos já fazer isso porque gostam, imagina você ajudando...

- Isso é politicagem. Não gosto, disse ela. Aliás, detesto quando chega época de período eleitoral. Pessoas que nunca andaram em minha rua e agora só porque é candidato/a se acha no direito de bater em minha porta para pedir voto. Antes passava por mim e nem um bom dia dava. Se faltasse dez centavos para completar o dinheiro do quilo de açúcar não vendia e agora vem todo sorridente? Não, comigo não, afirmou ela.

 - Seu Dório, mesmo entendendo que nesse caso sua mulher tinha razão, falou – Você está certa, mas, olhe. Até mesmo na politicagem devemos prestar muita atenção. Ela tem muito a nos ensinar. Por ela, Febrôncia, nós podemos não votar em candidatos com esse currículo que você citou. Isso que você disse mostra que está antenada na política e na politicagem. Demostra ainda que tu estás indignada com o que ocorre em nossa cidade. É muito importante conhecer e investigar a história daquele e daquela candidata/o. Se procurarmos fazer isso com todos eles não iremos cometer o erro de, por exemplo, acreditar em todas as suas promessas e mentiras, pois saberemos que ele e ela quando estiveram no poder nada fizeram. Querem apenas voltar ao poder ou permanecer nele.

- Febrôncia, suspira e diz – Dório, desde quando tu entendes tanto desses assuntos, nunca te via discutir assim?

- Dório, sorri e responde – a vida nos ensina.

- Mas,  e se nessa história de investigar o passado do candidato, da candidata descobrimos que não tem em quem votar?, perguntou ela.

- Podemos anular o voto, disse ele. Essa é uma das formas que temos de manifestar nossa indignação com o estado de coisas que se arrasta de há tanto tempo. E quando você pensa e age assim, demonstra que se estás indignada e revoltada com muitos e não apenas com um ou dois candidatos só porque é desse ou daquele partido.

Mas se ao conhecer a história do candidato, da candidata, resolver votar nele ou nela, é preciso que saiba que sua função não acaba quando o resultado sai. É necessário saber cobrar trabalho daqueles em quem votamos. Porque são eles que irão nos representar para dirigir nossas cidades, nossos estados e nosso país.

São os vereadores, prefeitos, deputados, senadores que ao serem eleitos com o nosso voto irão dirigir nossos destinos. São eles que, uma vez colocados no poder legislativo e executivo, aprovarão leis que podem prejudicar e deixarão de aprovar outras que poderiam nos beneficiar. São eles ainda que irão fazer leis em causa própria, completou seu Dório.

- Então, disse a esposa - a política influi em tudo na nossa vida. Precisamos redobrar as atenções, principalmente quando estiverem eleitos, afinal, lá estarão eles ganhando altos salários e, na grande maioria das vezes desviando recursos. Mas, lá estão também aqueles e aqueles que estão procurando governar com e para o povo.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

Projeto “Escola sem partido” não alcança quórum e será arquivado


Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira, já servem para muita coisa'.
(Foto: LULA MARQUES/PT NA CÂMARA)

O Projeto de Lei (PL) 7.180/14, conhecido como Escola sem Partido, foi arquivado no início da tarde de hoje (11) em comissão especial que analisava a matéria. Após oito reuniões, o presidente da comissão, deputado Marcos Rogério (DEM-RO) encerrou as discussões por falta de quórum, sem votação do parecer do relator.

Não haverá mais reuniões da comissão neste ano. Arquivada, a matéria poderá ser revista pela próxima turma de legisladores que assume o mandato em 1º de fevereiro de 2019. Durante todas as sessões, o número de presentes não superou a 12 deputados 12, e o quórum mínimo para apreciação da matéria é de 16.

A oposição trabalhou durante todas as sessões para tentar impedir a matéria, que prevê censura a professores em temas relacionados a sexualidade e política. Entretanto, Rogério criticou a própria situação: "Se esse projeto não será votado nessa legislatura é por consequência da falta de compromisso dos deputados que são favoráveis à matéria, porque a oposição chega aqui cedo, senta e fica sentada, ouvindo, debatendo e dialogando", disse.

Já PT, PCdoB e Psol comemoram o feito da oposição. "É vitória. Depois de tentarem votar o projeto da escola com mordaça, eles não conseguiram. Nossa obstrução deu resultado e essa matéria não volta a ser votada no ano de 2018. Se quiserem voltar para 2019, terão de votar tudo de novo, do zero. Parabéns aos estudantes, professores, profissionais de educação de todo o Brasil que se mobilizaram contra a mordaça", disse o deputado Glauber Braga (Psol-RJ).

Sempre uma das primeiras a chegar na comissão, a deputada Erika Kokay (PT-DF) também comemorou. "Me sinto muito feliz. Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira já, servem para muita coisa. O mandato foi o instrumento para isso, para nós que estivemos na resistência. Particularmente as mulheres que resistiram. Sofri uma série de ameaças, mas as convicções são grandes. Os parlamentares não deram quórum porque sentiram a pressão da sociedade que favorece as violências que acontecem, inclusive a violência sexual." (Com informações da RBA).