1 de fevereiro de 2023

Nzinga Mbandi: quem é a rainha que terá a vida contada em documentário da Netflix

 

Cena do documentário - Divulgação/Netflix.

Em mais uma grande estreia para os amantes de temas e personagens históricos, a Netflix preparou um lançamento surpreendente para o mês de fevereiro: uma série documental sobre a ascensão da rainha Nzinga, de Angola. A produção retrará a vida de importantes e importantes rainhas africanas.

Através da mistura de dramatização e documentário, 'Rainhas Africanas: Nzinga' narra não só como a rainha chegou ao poder, mas também as traições familiares e rivalidades na vida pública que Nzinga encontrou. Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, a série será lançada no dia 15 de fevereiro.

"Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, chega uma nova série documental que retrata a vida de importantes e icônicas rainhas africanas. A primeira temporada será sobre Jinga, a cativante e destemida rainha guerreira de Dongo e Matamba, hoje Angola. No século 17, ela foi a primeira governante feminina do país. Jinga conquistou sua reputação por misturar habilidades políticas e diplomáticas com conhecimento militar, tornando-se um símbolo de resistência", diz a sinopse da Netflix.

E quem foi Nzinga?

Durante a colonização portuguesa na África, os africanos de língua bantu que viviam em Ndongo tinham mais preocupações, além dos lusitanos que chegavam. Eles tinham de se proteger dos jagas, um povo composto por guerreiros saqueadores.

Nesse meio tempo, o rei Jinga Mbandi criava sua filha, Nzinga Mbandi, para dominar as terras e, quando estivesse pronta, guiar seu povo pelo caminho correto. Em 1617, entretanto, o governante morreu e outra história foi escrita.

No lugar de Nzinga, quem assumiu o trono foi o segundo filho de Jinga, Kia Mbamdi. O novo rei, então, ordenou que o único filho de sua irmã fosse morto. Assim, sua coroa não seria ameaçada pelo concorrente, conforme repercutido pela SuperInteressante em reportagem.

Em 1624, todavia, uma grande crise atingiu o governo de Kia. Desesperado, ele pediu ajuda da irmã, que era uma grande estrategista militar, além de ótima diplomata. Mais do que capacitada, ela viajou para Luanda, a fim de negociar com os portugueses.

Nzinga Mbandi, em ilustração da UNESCO / Crédito:  Pat Masioni

Feitas as negociações, a mulher voltou ao seu povo. Em Ndongo, ela percebeu que a diplomacia não fora de todo eficaz e que seu irmão estava perdendo terreno para os portugueses. Em pouco tempo, durante a mesma crise, Kia foi assassinado.

Assim, Nzinga se tornou rainha de Ndongo, a atual Angola. Em seus anos de trono, a rainha conseguiu superar toda e qualquer oposição, mostrando-se mais do que capaz de governar. Nzinga até garantiu a paz com os jagas, unindo-se a eles em uma inédita e bem-sucedida manobra política.

Diante do avanço da colonização dos portugueses, encarou a guerra e não abaixou a cabeça. A rainha liderou grupos de guerreiros e chamou atenção ao atuar como negociadora e estrategista. Também usou táticas de conflito e espionagem, conforme repercutido pela Fundação Palmares.

Nzinga foi uma das maiores governantes que a África já viu e manteve a independência de seu povo por décadas. Resistente e constante, a rainha morreu pacificamente, de forma natural, em 1663. Ela tinha 81 anos. Tamanha era a influência da rainha que foi apenas depois de sua morte que os portugueses dominaram as terras de Ndongo.

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Com informações do Aventuras na História.

Como funciona e qual a importância da eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados?

 

Deputados eleitos em outubro tomam posse e elegem a nova Mesa Diretora da Câmara - Ilustração Thiago Fagundes/Agência Câmara. 

Os 513 deputados federais eleitos em outubro do ano passado tomaram posse nesta quarta-feira (1º) em sessão realizada às 10 horas, no Plenário Ulysses Guimarães. Mais tarde, às 16h30, elegem o novo presidente e a Mesa Diretora para o biênio 2023/2024.

Os blocos partidários determinam a composição da Mesa. Quanto maior o bloco, maior o número de cargos. Os cargos são distribuídos entre os partidos integrantes de cada bloco. Se preferirem, os partidos podem atuar sozinhos, sem integrar nenhum bloco.

Os blocos valem também para a distribuição das presidências e da composição das comissões pelos quatro anos da legislatura. Já para a eleição da Mesa Diretora, que é feita a cada dois anos, podem ser formados novos blocos.

A Mesa Diretora é formada por 11 integrantes: o presidente da Câmara dos Deputados, dois vice-presidentes e quatro secretários titulares. Além disso, os parlamentares elegem quatro suplentes.

Como funciona a eleição para a Mesa Diretora?

Os 513 deputados federais têm direito a votar em candidatos para todos os cargos em disputa. Os 11 votos são feitos ao mesmo tempo, mas o primeiro cargo a ser definido é o de presidente da Câmara. As eleições para as demais posições não são apuradas até que o ocupante do posto esteja sacramentado.

Para conquistar o cargo em disputa, o deputado deve receber os votos favoráveis de mais da metade da Casa. Caso nenhum postulante consiga maioria, um segundo turno entre os dois mais votados é realizado. Entre estes, aquele que tiver melhor desempenho é eleito.

O que faz cada integrante da Mesa Diretora?

Presidente da Câmara: supervisão dos trabalhos e definição da pauta de votações do plenário;

Vice-presidente da Câmara: análise dos requerimentos de informação a outros órgãos do Poder Público;

Segundo vice-presidente: interação institucional com órgãos do Poder Legislativo nos estados, no Distrito Federal e nos municípios.

Primeiro-secretário: serviços administrativos e ratificação de despesas da Câmara;

Segundo-secretário: relações internacionais da Casa;

Terceiro-secretário: exame de requerimentos de licença e justificativas de falta apresentados por parlamentares;

Quarto-secretário: supervisão do sistema habitacional da Câmara.

Conheça o novo perfil da Câmara

 

Bancadas partidárias da nova legislatura da Câmara dos Deputados / Agência Câmara.


Perfil dos eleitos para a nova legislatura da Câmara dos Deputados / Agência Câmara.

Conheça o site do Negrer

 

Página do site do Negrer.

Por Nicolau Neto, editor

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER), vinculado à Universidade Regional do Cariri (URCA), está presente também por meio do seu site. Esta nova ferramenta irá servirá para armazenamento  e divulgação de informações relacionadas atividades e encontros. O site foi desenvolvido com a plataforma WIX, uma das melhores construtoras desse ramo e líder na atualidade.

O NEGRER que é composto por estudantes e professores/as de graduação e pós-graduação da URCA e de outras instituições, além de professores/as da educação básica e de ativistas de movimentos sociais da região do Cariri, está cadastrado junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e na Rede Nacional de Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, Consórcio NEABs, junto à Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

Segundo informações constantes já no próprio site, o NEGRER tem seis linhas de pesquisas, a saber: Cultura de Base Africana e Educação; História Africana e Afro-brasileira; Gênero, Diversidade, e Relações Étnico-Raciais; Infâncias, Arte e Diversidade Étnico-Racial; Populações Indígenas: História, Cultura e Educação e Educação Quilombola.

Ao acessar o site, leitores podem ser direcionados para páginas que contem os eventos realizados e a serem promovidos; uma biblioteca digital que contém materiais didáticos, artigos, livros, dissertações e teses, além de dossiês e anais.

Clique aqui e conheça o site.

31 de janeiro de 2023

Áudio de Bolsonaro defendendo massacre indígena desaparece na câmara

 

Bolsonaro elogiou Cavalaria dos Estados Unidos por ter dizimado povos indígenas durante discurso quando era deputado em 1998. Foto: Alan Santos/PR. 

Na manhã de 15 de abril de 1998, o então deputado Jair Bolsonaro (RJ) subiu à tribuna da Câmara para repercutir a declaração de um general das Forças Armadas dos Estados Unidos que defendia a intervenção norte-americana na Amazônia. Bolsonaro aproveitou o gancho para criticar a “Cavalaria brasileira” por não ter dizimado os indígenas, tal como haviam feito os Estados Unidos.

Até vale uma observação neste momento: realmente, a Cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema”, discursou o então deputado do chamado baixo clero, grupo de parlamentares sem expressão política e apegado a questões mais corporativas e paroquiais.

O discurso pode ser encontrado no site da Câmara, tanto no Diário da Câmara quanto no registro das notas taquigráficas. Mas o áudio, com a voz de Bolsonaro, desapareceu dos registros da Casa. O pronunciamento está nos arquivos sonoros, mas o trecho em que o então deputado elogia a cavalaria norte-americana pelo massacre indígena desapareceu. Foram, ao todo, quatro parágrafos e meio suprimidos. O corte é claramente perceptível.

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Com informações do Congresso em Foco.

29 de janeiro de 2023

Lula: uma mão pesada contra o golpismo; e outra estendida à esperança

 

Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Autor, entre outros livros, de O fim do império cognitivo (Autêntica) e do recém-lançado Descolonizar – Abrindo a História do Presente (Boitempo).

Dificilmente se encontrará na política internacional um começo tão turbulento de um mandato democrático como o que caracterizou o do presidente Lula.

A democracia esteve por um fio e está salva (por agora), devido a uma combinação contingente de fatores excepcionais: o talento de estadista do presidente, a atuação certa no momento certo de um ministro no lugar certo, Flávio Dino, logo secundado pelo apoio ativo do STF.

As instituições especificamente encarregadas de defender a paz e a ordem pública estiveram ausentes, e algumas delas foram mesmo coniventes com a arruaça depredadora de bens públicos.

Quando uma democracia prevalece nestas condições, dá simultaneamente uma afirmação de força e de fraqueza. Mostra que tem mais ânimo para sobreviver do que para florescer. A verdade é que, a prazo, só sobreviverá se florescer e para isso são necessárias políticas com lógicas diferentes, suscetíveis de criarem conflitos entre si. E tudo tem de ser feito sob pressão. Ou seja, o futuro chegou depressa e com pressa.

O Brasil não volta a ser o que era antes de Jair Bolsonaro, pelo menos durante alguns anos. O Brasil tinha duas feridas históricas mal curadas: o colonialismo português e a ditadura. A ferida do colonialismo estava mal curada, porque nem a questão da terra, nem a do racismo antinegro, anti-indígena e anticigano (as duas heranças malditas) estavam solucionadas. A última só o primeiro governo de Lula começou a enfrentar (ações afirmativas etc.).

A ferida da ditadura estava mal curada devido ao pacto com os militares antidemocráticos na transição democrática de que resultou a não punição dos crimes cometidos pelos militares. Estas duas feridas explodiram com toda a purulência na figura de Jair Bolsonaro.

O pus misturou-se no sangue das relações sociais por via das redes sociais e aí vai ficar por muito tempo por ação de um lúmpen-capitalismo legal e ilegal, racial e sexista, que persiste na base da economia, uma base ressentida em relação ao topo da pirâmide, o capital financeiro, devido à usura deste.

Esta ferida mal curada e agora mais exposta vai envenenar toda política democrática nos próximos anos. A convivência democrática vai ter de viver em paralelo com uma pulsão antidemocrática sob a forma de um golpe de Estado continuado, ora dormente ora ativo. Assim será até 2024, data das eleições norte-americanas, devido ao pacto de sangue entre a extrema direita brasileira e a norte-americana.

A tentativa de golpe de 8 de janeiro alterou profundamente as prioridades do presidente Lula. Dado o agravamento da crise social, a agenda de Lula estava destinada a privilegiar a área social. De repente, a política de segurança impôs-se com total urgência. Prevejo que ela vá continuar a ocupar a atenção do Presidente durante todo o tempo em que o subterrâneo golpista mostrar ter aliados nas Forças Armadas, nas forças de segurança e no capital antiamazônico.

Este capital está apostado na destruição da Amazônia e na solução final dos povos indígenas. A fotos dos Yanomami que circularam no mundo só têm paralelo com as fotos das vítimas do holocausto nazista dos anos de 1940.

Como poderia eu imaginar que, oito anos depois de dar as boas-vindas na Universidade de Coimbra aos líderes indígenas de Roraima (comitiva em que se integrava a agora ministra Sônia Guajajara) e de receber deles o cocar e o bastão da chuva – uma grande honra para mim – assistiria à conversão do seu território, por cuja demarcação lutamos, num campo de concentração, um Auschwitz tropical?

O Brasil precisa da cooperação internacional para obter a condenação internacional por genocídio do ex-presidente e alguns dos seus ex-ministros, nomeadamente Sergio Moro e Damares Alves.

Quando o futuro chega depressa, faz exigências que frequentemente se atropelam.

O drama midiático causado pela tentativa de golpe exige muita atenção e vigilância por parte dos dirigentes. Contudo, visto das populações marginalizadas a viver nas imensas periferias, o drama golpista é muito menor do que:

Não poder dar comida aos filhos

Ser assassinado pela polícia ou pelas milícias

Ser estuprada pelo patrão ou assassinada pelo companheiro

Ver a casa ser levada pela próxima enxurrada

Sentir os tumores a crescer no corpo por excessiva exposição a inseticidas e pesticidas, mundialmente proibidos mas usados livremente no Brasil

Ver a água do rio onde sempre se buscou o alimento contaminada ao ponto de os peixes serem veneno vivo

Saber que o seu jovem filho negro ficará preso por tempo indefinido apesar de nunca ter sido condenado

Temer que o seu assentamento seja amanhã vandalizado por criminosos escoltados pela polícia.

Estes são alguns dos dramas das populações que no futuro próximo, responderão às sondagens sobre a taxa de aprovação do presidente Lula e seu governo. Quanto mais baixa for essa taxa, mais champanhe consumirão os golpistas e lideranças fascistas nacionais e estrangeiras.

Confiemos no gênio político do presidente Lula, que sempre viveu intensamente estes dramas da população vulnerabilizada, para governar com uma mão pesada para conter e punir os golpistas presentes e futuros e para com uma mão solidária, amparar e devolver a esperança ao seu povo de sempre.

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Por Boaventura de Sousa Santos, originalmente em A Terra é Redonda e na RBA.

Ministra dos Povos Indígenas espera demarcação de 14 áreas em 2023

 

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, é a entrevistada do programa A Voz do Brasil.  (FOTO| Agência Brasil)

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou, em entrevista a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que 14 processos de demarcação de terras indígenas estão prontos para homologação pelo governo federal.

São áreas localizadas em oito estados de quase todas as regiões do país. “Temos 14 processos identificados, que estão com os estudos prontos, concluídos, já têm a portaria declaratória. A gente espera que o presidente Lula possa assinar a homologação”, disse.

As terras indígenas prontas para o reconhecimento definitivo ficam no Ceará, Bahia, Paraíba, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Acre, Amazonas e Mato Grosso. O governo anterior, de Jair Bolsonaro, havia paralisado todos os processos de demarcação de terras indígenas e a retomada desses processos foi um compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No fim ano passado, durante a transição de governo, o grupo de trabalho temático sobre questões indígenas já havia incluído, no seu relatório, uma lista das 13 áreas prontas para demarcação. Ao todo, elas somam cerca de 1,5 milhão de hectares.

AMEAÇAS

Primeira indígena a assumir um cargo de ministra no governo federal, Sônia Guajajara foi a entrevistada da edição desta sexta-feira (27) do programa Voz do Brasil, da EBC, em que atualizou a situação de vulnerabilidade de diversos povos.

O tema ganhou evidência nos últimos dias com a eclosão da crise sanitária vivida pelos Yanomamis, em Roraima. Segundo a ministra, este caso é apenas “a ponta do iceberg”.

Tivemos seis anos de muita ausência do poder público. Yanomami é uma pontinha do iceberg”, afirmou Guajajara. A ministra citou os casos dos povos Arariboia e Guajajara, no Maranhão, Uru-eu-wau-wau, em Rondônia, Karipuna, no Acre, e Munduruku, no Pará. “Todas essas áreas estão com situação grave de madeireiro ou de garimpeiro e, com isso, [há] uma insegurança geral de saúde e alimentar”, disse.

A ministra também mencionou a situação dos indígenas Guarani Kaiowá, grupo que já esteve em evidência há alguns anos, mas que segue grave. Eles vivem em área ainda não demarcada e que é disputada por fazendeiros, as chamadas de áreas de retomada, em que há conflito permanente. “Temos recebido demanda do Guarani Kaiowá. Eles vivem em áreas de retomadas e isso dificulta a produção de alimentos. Tem a situação do povo Pataxó, também numa área de retomada. É uma terra indígena que aguarda portaria declaratória do governo federal. [Há também] os Awá Guarani, no Paraná, que têm procurado a gente para dar uma atenção especial”, acrescentou.

Outra fonte de preocupação, de acordo com a ministra, segue sendo a região Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, que concentra o maior número de povos indígenas isolados de todo o país. No ano passado, a região foi notícia mundial com os assassinatos brutais do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

Nas duas últimas semanas foi encontrada uma bomba dentro da casa de um servidor da Funai [no Vale do Javari]. A Polícia Federal foi chamada e conseguiu desarmar a bomba. O Vale do Javari é uma prioridade para garantir proteção”, revelou a ministra.

Com essa afirmação do presidente Lula de que vai retomar a demarcação de terras indígenas, de que vai avançar com esses processos, então [isso] já gera uma certa turbulência, animosidade de quem é contra a demarcação e, com isso, eles tentam formas de intimidar a própria atuação do governo federal”, acrescentou.

AÇÕES PERMANENTES

A ministra do Povos Indígenas ainda falou sobre a necessidade de ações permanentes nos territórios indígenas, para repelir ameaças e evitar novas situações de vulnerabilidade.

Essa ação é muito importante, é a retomada da presença do Estado no território. E é preciso que seja feito um trabalho articulado com vários ministérios. Para isso, instalou-se uma comissão de enfrentamento que vai começar na segunda-feira (30), e a ideia é que o Ministério da Defesa permaneça ali com essa presença de fiscalização, juntamente com Ministério da Justiça, [com] a Polícia Federal”, finalizou.

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Com informações do O Cafezinho e Agência Brasil


28 de janeiro de 2023

Terra Yanomami: garimpo ilegal causou alta de 309% no desmatamento

 

Território Yanomami vive crise humanitária por conta do estímulo à invasão do governo Bolsonaro. (FOTO/ Divulgação/Ministério da Defesa).

No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami aumentou 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Yanomami. Em dezembro de 2022, último mês do governo de Jair Bolsonaro, a área devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no início do monitoramento.

Pelo cálculo do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), as comunidades Yanomami terminaram os anos de 2020 e 2021 com 920 e 1.556 hectares de floresta a menos. A Hutukara, por sua vez, avalia que as perdas foram, respectivamente, de 2.126,64 e 3.272,09 hectares.

Assim o Instituto Socioambiental (ISA) estabeleceu um comparativo com os números coletados pela equipe do MapBiomas, constatando uma curva maior de crescimento no período. A diferença se deve à qualidade dos equipamentos utilizados.

Enquanto o satélite usado pelo MapBiomas, o Landsat, processa dados com inteligência artificial, o sistema da Hutukara tem alta resolução espacial, o que permite maior precisão e a cobertura de perímetros que, por vezes, deixam de ser captados. Outro fator destacado pelo ISA é a alta frequência de visitas à Terra Indígena, por parte da associação representativa dos yanomami, o que influencia no trabalho de acompanhamento e registro.

Fonte: Hutukara Associação Yanomami.


Malária

De acordo com o presidente da Urihi Associação Yanomami, Junior Yanomami, o problema do garimpo ultrapassa a questão ambiental. Para ele, é a raiz de outras consequências, como o bloqueio ao atendimento de saúde. Há algumas semanas, a TI Yanomami tornou-se centro das atenções da imprensa e do governo federal, com a difusão de denúncias sobre a condição de saúde da população local. Fotografias de crianças e adultos yanomami têm inundado as redes sociais e impactado os usuários, devido à magreza dos corpos. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), as imagens mostram a omissão do governo Bolsonaro diante de inúmeros apelos ignorados.

Além da desnutrição infantil, outra contrariedade já bem conhecida dos yanomami é a malária, doença tratável. De acordo com o balanço da Hutukara, somente durante o governo Michel Temer, foram registrados 28.776 casos da doença. Desse total, 9.908 casos correspondem a 2018, e, no ano seguinte, início do governo Bolsonaro, a soma saltou para 18.187. Em 2020, a entidade contabilizou 19.828 casos e, em 2021, 21.883 casos.

Fonte: Hutukara Associação Yanomami.


Para o líder yanomami, autoridades de segurança pública são fundamentais enquanto o cerco de garimpeiros aos indígenas e a profissionais de saúde permanece. “Não adianta a gente mandar médicos. Garimpeiros vão intimidar com fuzil, submetralhadora. Exército, Polícia Federal tem que combater forte, punir, responsabilizar essas pessoas que estão destruindo a vida, o rio”, afirma Junior.

A crise que afeta as comunidades Yanomami levou o governo a decretar estado de emergência para combate à desassistência sanitária na região. No sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado visitaram Roraima para acompanhar a situação dos indígenas.

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Com informações da RBA.

27 de janeiro de 2023

O que está acontecendo na terra dos Ianomâmis é tão grave quanto o que ocorreu em 8 de janeiro

 

Xamã Ianomâmi. (FOTO | Sebastião Salgado).

Por Ailton Krenak, entrevista a O Globo, em 26 de janeiro

É o Brasil tentando se autoimolar. Do mesmo jeito que estão atrás de invasores das sedes dos Três Poderes e de seus financiadores, é preciso ir atrás de invasores de terra indígena e financiadores do garimpo. (...) O território já estava invadido nos anos 1980, mas agora tem mais de 20 mil garimpeiros lá. O governo Bolsonaro abriu a porteira para o garimpo, que dá muito lucro para governadores, senadores e generais. (... Os algozes dos ianomâmis têm nome, e alguns continuam ocupando cargos públicos (...) A terra dos ianomâmis é como um acampamento na escuridão. Só quando um raio cai e produz um clarão, a opinião pública olha para lá e vê os ianomâmis morrendo. Dura o tempo de um relâmpago...