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Nzinga Mbandi: quem é a rainha que terá a vida contada em documentário da Netflix

 

Cena do documentário - Divulgação/Netflix.

Em mais uma grande estreia para os amantes de temas e personagens históricos, a Netflix preparou um lançamento surpreendente para o mês de fevereiro: uma série documental sobre a ascensão da rainha Nzinga, de Angola. A produção retrará a vida de importantes e importantes rainhas africanas.

Através da mistura de dramatização e documentário, 'Rainhas Africanas: Nzinga' narra não só como a rainha chegou ao poder, mas também as traições familiares e rivalidades na vida pública que Nzinga encontrou. Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, a série será lançada no dia 15 de fevereiro.

"Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, chega uma nova série documental que retrata a vida de importantes e icônicas rainhas africanas. A primeira temporada será sobre Jinga, a cativante e destemida rainha guerreira de Dongo e Matamba, hoje Angola. No século 17, ela foi a primeira governante feminina do país. Jinga conquistou sua reputação por misturar habilidades políticas e diplomáticas com conhecimento militar, tornando-se um símbolo de resistência", diz a sinopse da Netflix.

E quem foi Nzinga?

Durante a colonização portuguesa na África, os africanos de língua bantu que viviam em Ndongo tinham mais preocupações, além dos lusitanos que chegavam. Eles tinham de se proteger dos jagas, um povo composto por guerreiros saqueadores.

Nesse meio tempo, o rei Jinga Mbandi criava sua filha, Nzinga Mbandi, para dominar as terras e, quando estivesse pronta, guiar seu povo pelo caminho correto. Em 1617, entretanto, o governante morreu e outra história foi escrita.

No lugar de Nzinga, quem assumiu o trono foi o segundo filho de Jinga, Kia Mbamdi. O novo rei, então, ordenou que o único filho de sua irmã fosse morto. Assim, sua coroa não seria ameaçada pelo concorrente, conforme repercutido pela SuperInteressante em reportagem.

Em 1624, todavia, uma grande crise atingiu o governo de Kia. Desesperado, ele pediu ajuda da irmã, que era uma grande estrategista militar, além de ótima diplomata. Mais do que capacitada, ela viajou para Luanda, a fim de negociar com os portugueses.

Nzinga Mbandi, em ilustração da UNESCO / Crédito:  Pat Masioni

Feitas as negociações, a mulher voltou ao seu povo. Em Ndongo, ela percebeu que a diplomacia não fora de todo eficaz e que seu irmão estava perdendo terreno para os portugueses. Em pouco tempo, durante a mesma crise, Kia foi assassinado.

Assim, Nzinga se tornou rainha de Ndongo, a atual Angola. Em seus anos de trono, a rainha conseguiu superar toda e qualquer oposição, mostrando-se mais do que capaz de governar. Nzinga até garantiu a paz com os jagas, unindo-se a eles em uma inédita e bem-sucedida manobra política.

Diante do avanço da colonização dos portugueses, encarou a guerra e não abaixou a cabeça. A rainha liderou grupos de guerreiros e chamou atenção ao atuar como negociadora e estrategista. Também usou táticas de conflito e espionagem, conforme repercutido pela Fundação Palmares.

Nzinga foi uma das maiores governantes que a África já viu e manteve a independência de seu povo por décadas. Resistente e constante, a rainha morreu pacificamente, de forma natural, em 1663. Ela tinha 81 anos. Tamanha era a influência da rainha que foi apenas depois de sua morte que os portugueses dominaram as terras de Ndongo.

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Com informações do Aventuras na História.

Jesus nasceu em África

 

(FOTO | Reprodução).


Os Evangelhos dizem de maneira explícita que Jesus nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1 cfr. 2, 5.6.8.16), (Lc 2, 4.15), (Jo 7, 40-43).

Nos tempos antigos, incluindo o tempo de Jesus, Belém de Judá era considerado parte de África. Até a construção do Canal de Suez, Israel fazia parte da África. Esta visão haveria de perdurar até 1859, quando o engenheiro francês Ferdinand de Lesseps pôs-se a construir o Canal de Suez. A partir daí, foi a África separada não somente geográfica, mas sobretudo histórica, cultural e antropologicamente do que hoje chamamos Oriente Médio. Aquela milenar extensão da África passa a figurar nos mapas como se fora Ásia.

Jesus tinha presença negra na linhagem familiar. A genealogia de Jesus foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilônia. Nos antepassados de Jesus através de Cam, lado feminino desta mistura, há cinco mulheres mencionadas na genealogia de Jesus Cristo ( Tamar, Raabe, Rute, Bateseba e Maria) (Mateus 1:1-16). As primeiras senhoras mencionadas eram de descendência de Cam. Assim, Jesus pode ser aclamado etnicamente pelos povos semitas e descendentes de Cam.

Jesus era da tribo de Judá, uma das tribos Africanas de Israel. Ancestrais masculinos de Jesus vêm da linha de Sem (miscigenados). No entanto, a genealogia de Jesus foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilônia. O antepassado de Jesus através de Cam é narrado em Gênesis 38: então Tamar, a mulher Cananéia (Negra) fica grávida de Judá, e dá à luz aos gêmeos Zerá e Perez, formando a Tribo de Judá, antepassados do rei Davi e de José e Maria, os pais terreno de Jesus.

Jesus se escondeu entre os Negros. Não foi por acaso que Deus enviou a Maria e José para o Egito com o propósito de esconder o menino Jesus do rei Herodes (Mateus 2:13). Ele não poderia ter sido escondidos no norte da África se fosse um menino branco. Não por proteção militar já que nessa época o Egito era uma província romana sob o controle romano, mas porque o Egito ainda era um país habitado por pessoas negras. Assim, José, Maria e Jesus teriam sido apenas mais uma família negra entre os negros, que tinham fugido para o Egito com a finalidade de esconder Jesus de Herodes, que estava tentando matar o menino. Se Jesus fosse branco, loiro de olhos azuis, teria sido difícil para ele e sua família se esconder entre os egípcios negros sem ser notado. O povo hebreus era muito parecido com povo egípcios, caso contrario teria sido difícil reconhecer uma família hebraica entre os egípcios Negros.

Foi no Egito que o povo de Israel teve seu auge da negritude, Setenta israelitas entraram no Egito e lá ficaram durante 430 anos, trinta anos os israelitas foram hóspedes, e 400 anos cativos no Egito, eles e seus descendentes se casaram com não-israelitas, chegando a mais de 600.000 homens, mulheres e crianças. Saíram do Egito uma multidão misturada. Etnicamente, os seus antepassados eram uma combinação de afro-asiáticos.

Jesus era semelhante pedra de jaspe e de sardônio. Em apocalipse a Bíblia continua mostrando a negritude de Jesus. Ele é chamado o Cordeiro de Deus segundo as Escritura Sagrada, com seu cabelo lanoso, sendo comparado a lã de cordeiro, e os pés com a cor de bronze queimado (Apocalipse 1:15), com uma aparência semelhante pedra de jaspe e de sardônio (Apocalipse 4:3), que são geralmente pedras amarronzadas. As cores de jaspe e sardônio não são únicas e absolutas, são diversas cores.

De @jonathanmarcelino

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Cizinho AfreeKa, Atividades Denuncio, Caroline De Jesus Adesewa, Tago Elewa Dahoma, Paula Rodrigues, José Evaristo Silvério Netto, Juarez Silva Jr. O Alquimista De Chad, Walter Passos, Guellwaar Adún.

Publicado no perfil de Douglas Belchior.

Ativista da Guiné-Bissau que viralizou aconselha Ciro a estudar mais sobre a África

 

Vensam e a camiseta de sua campanha: "África não é um país". (FOTO| Reprodução | Facebook).

O ativista pan-africanista Vensam Iala, nascido na Guiné-Bissau e radicalizado no Brasil há 12 anos, não gostou quando viu o candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, utilizar mais uma vez a expressão “fundão da África” no primeiro debate entre os presidenciáveis. Esta semana, ele viralizou ao postar um vídeo onde critica Ciro pelo uso do termo, atualmente com quase 1 milhão de visualizações no tiktok e outras 250 mil no instagram.

Eu sei que você tem muito apreço pela França, mas da próxima vez que for falar da África, não vá para Paris, vá para a Guiné-Bissau, para o Senegal”, provocou Vensam. “O Monumento da Renascença Africana (em Dakar, no Senegal) tem muito mais a te ensinar.”

Ciro falou em “fundão da África” pelo menos três vezes na campanha até agora. Em entrevista ao G1 em 13 de junho do ano passado, o candidato do PDT falou: “Isso aqui é um país do fundão da África subsaariana, que não tem comida? Não. Nós somos o maior produtor de alimentos do planeta Terra”.

Em 16 de agosto, no Roda Viva, voltou a usar o termo: “Nós não somos um país do fundão da África, que não tem acesso a vacina”. “É preciso ter um programa de renda mínima que erradique a miséria porque o Brasil tem comida, diferente do fundão da África… , disse, no debate da Band/UOL.

Em novembro do ano passado, Ciro já havia feito comentários no mínimo estranhos sobre o continente ao apresentador José Luiz Datena. “Nós somos um país da África? Desorganizado, com bases tribais, com geografia de deserto? Não! Nós somos o país que mais produz comida no planeta Terra”, afirmou.

Antes do guineense Vensam, outros influenciadores brasileiros negros já haviam questionado o candidato no twitter pelo uso da expressão sem significado, como o advogado Thiago Amparo e a poeta Elisa Lucinda.

Em entrevista à jornalista Cynara Menezes, editora do Socialista Morena, Vensam Iala, que se formou em Letras na Unesp e mora em São Paulo, lamenta que haja um “desconhecimento gigantesco” sobre a África no Brasil, inclusive na Universidade. E foi para tentar diminuir esse desconhecimento que criou o projeto Visto África, pensado a partir da principal forma de ignorância sobre o continente africano condensada no slogan: “África não é um país”.

Se isso acontece dentro da academia, imagina fora? Por isso criei esse projeto, para criar outra imagem sobre o continente africano. Muito pouco se fala sobre a África e quando se fala vem carregado de imagens estereotipadas. É muito importante que, nesse momento que estamos vivendo, numa narrativa decolonial, a gente traga pensamentos outros, pensamentos novos.”

Para Vensam, Ciro tem se referido à África com menosprezo. “No debate da Band, acho importante fazer essa ressalva, não tinha nenhuma pessoa negra, e a questão que estava a se falar não era nada voltada à questão racial, ao racismo. Não tem nenhum pretexto que encaminhasse para uma fala em que a África fosse mencionada dessa forma pejorativa. Existe essa carga de menosprezo, de não consideração aos africanos, à África de maneira geral. Ele fala em ‘fundão’. O que é esse ‘fundão’? O tom que carrega… Nós não somos ignorantes ou inocentes, nós sabemos em que contexto foi usado”, disse.

Não é uma fala de hoje, é uma fala muito recorrente desde a invasão colonial, essa visão da África como um lugar restringido à miséria, à pobreza. Nunca a África serve de modelo econômico, por exemplo. Nós sabemos que há vários países da África com economia melhor que o Brasil”, continua. “Se o Ciro gosta de economia, de trabalhar com números, poderia por exemplo trazer o Carlos Lopes, um dos maiores economistas do continente africano, que tem livros publicados sobre o modelo de desenvolvimento da África e que pode servir para o Brasil inclusive. Mas não, interessa para ele trazer essa imagem que já está muito viciada, parece que é um discurso decorado ele falar desse ‘fundão’.”

Em uma das entrevistas onde fala em “fundão da África”, ao G1, Ciro é mais específico ao citar a “África subsaariana” como sendo a região à qual se refere. O problema é que a “África subsaariana”, antigamente chamada de “África negra”, ocupa mais de dois terços do continente abaixo do Egito, da Argélia, da Líbia, da Tunísia e de Marrocos (países da África do Norte). Todos os demais países são o que Ciro chama de ‘”fundão da África”, inclusive a África do Sul…

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Com informações do Socialista Morena. Clique aqui e leia na integra.

OMS afirma que vacinas contra a covid-19 oferecem ‘proteção robusta’ por até seis meses

 

Continente africano registra crescimento abrupto de número de casos, mas internações e óbitos permanecem baixos. (FOTO/ Reprodução/ OMS).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quinta-feira (9) que a imunidade das vacinas contra a covid-19 se estende por até seis meses após a segunda dose aplicada, ou a dose única, no caso do imunizante da Jansenn. Nesse período, o risco de doença grave, internação ou morte diminui drasticamente, afirmou a diretora do Departamento de Imunização, Kate O’Bryan.

A médica explicou que, após esse período, a proteção induzida pelos imunizantes “não desaparece completamente”. Mas há um declínio da eficácia, principalmente em idosos e pacientes com comorbidades. As declarações foram feitas após análise de dados realizada pela OMS nos últimos dois dias.

O presidente do grupo de peritos que assessora o órgão, Alejandro Cravioto, ressaltou que as conclusões desses estudos apontam que as vacinas contra a covid-19 aprovadas pela própria OMS, bem como pela maioria dos órgãos reguladores, oferecem “uma proteção robusta pelo menos durante seis meses contra formas graves da doença”.

O grupo, no entanto, destacou que ainda é muito cedo para se manifestar sobre a variante ômicron. Nesse sentido, também ainda não é possível aferir a resposta das vacinas à nova cepa do vírus.

“Duas velocidades”

Kate disse também que a pandemia de covid-19 tem avançado em duas velocidades diferentes: entre os vacinados e os não vacinados. Para os primeiros, embora permaneça o risco de serem infectados, desenvolverão um quadro “moderado” da doença, na maioria dos casos. Contudo, “isso não deve ser interpretado de forma alguma como falta de eficácia das vacinas”, destacou a especialista. Por outro lado, os não vacinados representam entre 80% e 90% dos pacientes com infecções graves, internações e óbitos.

À medida que a cobertura da vacinação aumenta, entre os novos casos haverá uma maior proporção que corresponde a pessoas vacinadas. Não é surpreendente que, havendo mais pessoas vacinadas, vejamos um número maior de infeções”, explicou.

A diretora da OMS chamou ainda atenção para o fato de a variante ômicron causar uma nova corrida por imunizantes nos países ricos. Dessa maneira, o esforço global para a contenção da doença não funcionará, “a menos que as vacinas contra a covid-19 cheguem a todos os países onde a transmissão continua, justamente em áreas onde estão a surgir variantes”.

África

No continente no qual a ômicron foi identificada pela primeira vez, o número de casos confirmados de covid-19 duplicou na última semana, também de acordo com a OMS. A região responde por 46% dos confirmados da nova variante em todo o mundo. No entanto, o número de mortes caiu 13% no mesmo período na região, totalizando 498 óbitos. Nesse sentido, a entidade afirmou que “há sinais de esperança”, já que o número de hospitalizações, na região, também vem se mantendo baixo.

Especificamente na África do Sul, primeiro país a registrar a nova variante, o número de pessoas diagnosticadas com covid-19 aumentou 255%. Contudo, o índice de hospitalização no país está em em 6,3%, “o que é muito baixo comparado com o período, quando o país enfrentava o pico da variante delta, em julho”, disse a OMS. Esses dados preliminares indicam, segundo a organização, que a ômicron pode causar “uma doença menos severa”, mas ainda é cedo para garantir.

Covid no Brasil

Hoje, o Brasil registrou mais 206 mortes pela covid-19. O total de óbitos chegou a 616.457 desde o início do surto da doença no país, em março de 2020. Foram registrados mais 9.278 casos confirmados nas últimas 24 horas, de acordo com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Até o momento, 65% da população brasileira está totalmente imunizada, com duas doses ou dose única.

No entanto, de acordo com a epidemiologista Alexandra Boing, do Observatório Covid-19BR, é preciso pressionar o governo federal para que apresente cronograma de vacinação das crianças de 5 a 11 anos. Ela destacou que a Europa, por exemplo, tem registrado um recrudescimento do número de infecções nas crianças em idade escolar. Por outro lado, nos Estados Unidos, que já contam com 5 milhões de crianças vacinadas, não foi reportado nenhum caso de miocardite, principal risco apresentado na utilização dos imunizantes para essa faixa etária, o que demonstra que as vacinas são seguras, de acordo com a especialista.

Além disso, o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, alertou que a Plataforma Integrada de Vigilância Integrada, do Ministério da Saúde, responsável pela testagem de vírus respiratórios, está sem atualização há quatro semanas. “Torcer muito para não termos nova onda, pois só saberemos caso tenhamos aumento de hospitalizações”, lamentou.

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Com informações da RBA.

A Afrika para os brasileiros… e para o resto do mundo!

 

Infográfico produzido por Alexandre Jubran e Luiz Iria.

Estima-se que o Brasil tenha a maior população negra fora da África. Em números absolutos, se comparado ao restante do mundo, o país só perde para a Nigéria,  que conta com uma população estimada de oitenta e cinco milhões, sendo o único país do mundo com uma população negra maior que a do Brasil.

A despeito dessa realidade, o brasileiro de maneira geral pouco ou nada conhece sobre a África. Nem mesmo sobre os irmãos por laços da língua portuguesa, como os de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, os brasileiros conhecem alguma coisa. Ignora-se aqui – pois escrevo do Brasil – até mesmo a formação étnica desses países, suas capitais, localização geográfica dentro do continente, entre tantas outras coisas.

Não se admira, portanto, que no Brasil foi promulgada uma lei obrigando o ensino da História e da Cultura dos africanos e seus descendentes. Editada em 2003, a Lei Federal 10639 tornou obrigatório esse ensino em todo o currículo escolar. A letra da lei logo se deparou com uma realidade: como ensinar aquilo que se desconhece.

Aproveitando o surgimento do debate, editoras e empresas produziram materiais (livros, cursos, documentários, materiais didáticos) para subsidiar os docentes para o ensino do que ficou conhecido como Educação para as relações étnico-raciais. Esses materiais, a despeito de uma possível boa intenção, trouxeram aquilo que estava presente no senso comum: os africanos contribuíram com a cultura por meio da dança, da música, da culinária e da religiosidade. Infelizmente, tal ideia reforça apenas o preconceito de que na África não se desenvolveu conhecimentos e saberes que pudessem se comparar aos produzidos por outros povos, sobretudo europeus.

Enquanto estudamos o Teorema de Pitágoras – que é importante, sem dúvida – desconhecemos que esse filósofo grego, segundo a tradição, inspirou-se na grande pirâmide do Egito (África) para desenvolver seus cálculos. Enquanto isso, poucos conhecem o arquiteto Imhotep, responsável pelo projeto arquitetônico da construção da pirâmide. Possivelmente, Imhotep deve ter utilizado dos cálculos “redescobertos” por Pitágoras. Ironicamente, alguém há de lembrar o nome de Imhotep como o vilão redivivo no filme “A Múmia”, escrito e dirigido por Stephen Sommers e lançado em 1999.

No entanto, desde fevereiro de 2018, a jornalista Sandra Quiala, conhecida como Mwana Afrika, apresenta na TV Pública de Angola o quadro do projeto “Mwana Afrika – Oficina Cultural” que difunde informações variadas sobre o continente: saberes, filosofia, conhecimentos, História, cultura, ciência, arte, religiosidade, etnias. Nas palavras de Mwana Afrika, “a África é o berço da humanidade, então, sendo o berço da humanidade, o berço das civilizações, o berço da ciência, eis a necessidade de todos os continentes, de todas as pessoas do mundo conhecerem a sua essência, África”.

O excelso trabalho de Mwana Afrika permite a desconstrução de estereótipos e a apreensão de conhecimentos que, no caso do Brasil, podem contribuir para uma educação antirracista e para a eliminação de preconceitos.

Nascida e criada no Brasil, Sandra Quiala é de origem angolana e pertence à etnia congo. Atualmente, divide o seu tempo entre Portugal e Angola. Criadora e apresentadora dessa série documental, Mwana Afrika procura abordar os diversos e complexos lados do continente africano. O quadro é apresentado em Angola pela TV Pública, no Brasil pelo canal Trace Brazuca, canal 624 na NET e Claro Brasil e canal 630 na Vivo, além do Youtube.

De acordo com a apresentadora, Mwana Afrika significa filho ou filha de África. O cantor e compositor brasileiro Chico César já cantou a “Mama África”. Sendo a África a nossa mãe e, em consequência, nós, independentemente de nossa cor de pele, os seus filhos, é salutar que queiramos saber das nossas origens. Afinal, alguém disse um dia: “Não se vai a lugar algum sem antes saber quem você é”. E Mwana Afrika tem nos ensinado isso.

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Texto de Carlos Carvalho Cavalheiro, originalmente no Geledés.

A África não se resume a pobreza, por Ngozi Adichie no DCM


O problema com estereótipos não é que eles sejam falsos, mas sim que eles são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história”, diz Chimamanda Ngozi Adichie em sua palestra no TED Talks, The danger of a single story. Nessa palestra, a escritora nigeriana fala sobre a recepção dos seus romances e a surpresa de alguns leitores ao se depararem com a diversidade multicultural e multiétnica na Nigéria e na África em geral: a África não se resume apenas a miséria e pobreza. Chimamanda escreve sobre sua realidade, aliás, as diversas realidades presentes na Nigéria, suas tribos, tradições, hábitos e costumes. Pessoas ricas e pobres, boas e más, pessoas solidárias e pessoas que lucram com a guerra.


Ngozi Adichie.
Meio Sol Amarelo, segundo romance da autora, tem como pano de fundo a guerra civil da Nigéria: alguns anos após a sua independência, em 1960, a região do sudeste da Nigéria, dominada pela etnia igbo, clamou pela separação do seu território, instaurando, em 1967, a República de Biafra. Lembremos que o território da Nigéria foi colonizado e “desenhado” de maneira arbitrária pelos europeus, de modo que as diversas tribos etnicamente diferentes que ali viviam (yorubás, hauçás, igbos etc) passaram a fazer parte de um mesmo país, juntamente com os seus conflitos culturais e religiosos – conflitos estes, aliás, instigados pelos britânicos.
Voltando ao perigo da história única, neste romance vemos a mesma história na perspectiva de três personagens: Olanna, nigeriana de etnia igbo, tendo crescido em um lar abastado, fez sua graduação na Inglaterra e resolve se mudar para o sul do país, Nsukka, e lecionar sociologia na universidade, ao lado de seu companheiro revolucionário Odenigbo. Ugwu, rapaz vindo do vilarejo, de origem humilde, trabalha como empregado de Odenigbo e começa a ter uma visão diferente das coisas, numa casa visitada por intelectuais, onde reinam os debates sobre o desenvolvimento e a secessão de Biafra. Richard, jornalista inglês, decide ir para a Nigéria para escrever um romance. Lá, se apaixona por Kainene, irmã gêmea não-idêntica de Olanna, de personalidade forte e que frequenta os altos círculos sociais de Lagos.

Através do eixo Olanna-Ugwu-Richard, observamos as mudanças na Nigéria ao longo de uma década, desde a sua independência até o fim da República de Biafra. E vemos, sim, miséria, fome e guerras, mas também temáticas tão comuns a nós, americanos e europeus: conflitos familiares, discórdias e traições. Um primeiro aspecto que me chamou a atenção foi a relação de Olanna e Kainene que, apesar de irmãs gêmeas, possuem personalidades tão diferentes e uma relação marcada por desavenças, rivalidades e silêncio. Diante das atrocidades da guerra, uma das irmãs chega a afirmar, ao final da narrativa: “Há certas coisas que são tão imperdoáveis que tornam outras facilmente desculpáveis”. Outro ponto interessante no romance é o olhar de Richard, europeu deslocado, que se sente finalmente em casa quando a República de Biafra é instaurada em 1967: ele é cidadão biafrense desde o início, como um recomeço. Há cena marcante em que ele demonstra seu orgulho, a europeus como ele, de ser um cidadão biafrense e de dominar o idioma igbo. O livro ainda discute o racismo – que será aprofundado no romance seguinte de Chimamanda -, especialmente num belo trecho em que Odenigbo e seus colegas discutem o fato de o homem branco ter rotulado e dividido os negros africanos.

A escrita de Chimamanda é clara e direta, mas também bastante poética. Além do ponto de vista destes três personagens, a narrativa é fragmentada, indo e vindo entre o início e o final da década de 1960. Meio Sol Amarelo foi publicado em 2006 e ganhou os prêmios Baileys Women’s Prize for Fiction, um dos prêmios mais prestigiados de literatura na Inglaterra, o Anisfield-Wolf Book Awarde PEN Open Book Award. O título se refere ao meio sol desenhado na bandeira da República de Biafra. O romance foi adaptado para os cinemas em 2013 e conta com a participação do astro de Doze anos de escravidão, Chiwetel Ejiofor, no papel de Odenigbo. O filme também traz cenas reais da época da guerra e do presidente de Biafra, Ojukwu.

Chimamanda Adichie tem ainda dois outros romances publicados, Hibisco Roxo(2003) e Americanah (2013), que também está sendo adaptado para o cinema, e um livro de contos, The thing around your neck (2009), ainda não publicado em português. Ela também declarou seu feminismo em uma outra palestra no TED, We should all be feminists. Alguns trechos desse discurso estão presentes na música Flawless, de Beyoncé, o que tem dado a Chimamanda uma certa notoriedade na América. We should all be feminists virou um pequeno livro, cujo e-book você poderá ler gratuitamente em português aqui.

O que a mídia não mostra para você sobre a África


Uma criança negra e raquítica pedindo esmolas com um olhar perdido em uma paisagem árida e suja. Esse é o arquétipo que a mídia por anos vendeu sobre o “infeliz povo africano”. Embora a miséria seja uma realidade no continente, a narrativa de que tudo é fome, miséria e tragédia nunca esteve perto da verdade.


Trabalhar com a pobreza explícita também  tem sido a tática de comunicação de algumas ONGs que usam a miséria para angariar fundos. A tática pode até ser eficaz em aumentar os lucros, mas carimba a imagem de todo um continente que definitivamente tem muito a mostrar para o mundo.

Chimamanda Ngozi Adichie é uma romancista nigeriana que veio de uma família de classe média. O pai é professor e a mãe administradora.  Adichie foi estudar em uma universidade americana aos 19 anos de idade e em uma palestra proferida para o TED  , ela conta sobre sua experiência, de como sua companheira de quarto ficou chocada ao descobrir que ela podia falar Inglês (o inglês é a língua oficial da Nigéria) , que sabia como usar um fogão e que ouvia Mariah Carey em vez de “música tribal”.

Ela sentia pena de mim antes mesmo de me conhecer.  Ela conhecia apenas uma única narrativa sobre a África. Sua ideia em relação a mim enquanto africana, era uma espécie de piedade paternalista bem-intencionada.   Era uma única narrativa de catástrofe. Nesta única narrativa, não havia nenhuma possibilidade dos africanos serem semelhantes a ela. Nenhuma possibilidade de sentimentos mais complexos que a piedade. Nenhuma possibilidade de uma relação entre humanos iguais.”

Em resposta à esta simplificação da identidade Africana, e contra a narrativa única que apenas vende a miséria e o sofrimento, os africanos foram para as mídias sociais  mostrar a diversidade do continente. A estudante somali-americana, Diana Salah , 22, criou uma campanha no Twitter com a hashtag #TheAfricaTheMediaNeverShowsYou . Desde de que começou, há uma semana, a hashtag já foi usado mais de 54.000 vezes.

É certo que o continente possui grandes bolsões de pobreza, assim como ocorre em muitos lugares do mundo, incluindo o Brasil. Mas a narrativa sobre as histórias de felicidade, de talento e de sucesso dificilmente chegam até nós.  Aqui estão alguns tweets que irão fazer coçar os pés do povo da mochila:











A Tribo Africana Himba: Organização Social, Economia , Crenças e Beleza Feminina

Himba é uma tribo Africana, com uma população entre 20.000 e 50.000 pessoas que habitam diversas áreas no norte da Namíbia. Nos últimos anos, eles ocasionalmente têm permitido que outras pessoas entrem no seu mundo. Uma das coisas que atrai os visitantes é a beleza surpreendente das mulheres Himba.

Os Himbas são na verdade semi-nômades que vivem na área do deserto quase completamente estéril, em condições de escassez aguda de água. Eles preferem viver dessa forma de vida, utilizando apenas o necessário para sobrevivência.

Economia

Os Himbas estão engajados na criação de gado, cabras e ovelhas. Na prática, as mulheres parecem responsáveis pelas vacas leiteiras. Além de cuidar de crianças, uma mulher pode cuidar de outras crianças da tribo. Muitas vezes elas fazem mais trabalho do que os homens: trazer água para a aldeia e construção das casas

Habitação 

As casas dos Himbas têm uma forma cônica e é construída com árvores jovens, que são depois cobertas com lama e esterco. 

Crenças
São preservadas as suas crenças tradicionais, incluindo o culto dos ancestrais e os rituais associados com o fogo sagrado (okoruvo), que é considerado um importante elo entre o mundo dos vivos e o mundo inferior. Quando um Himba morre, seu lar é destruído e o fogo é apagado. Sua família faz o ritual das danças na noite. Antes de seu funeral todos dizem: «Karepo nawa», que pode ser traduzido como: "Não te atormentes".

Roupa

Para essas pessoas, roupa, cabelo e ornamentos têm menor importância na sua cultura tradicional.

Mesmo recém-nascidos são adornados com colares de pérolas e crianças mais velhas usam pulseiras de cobre, decorado com conchas. As mulheres usam saias de pele de cabra, decorado com conchas e jóias de cobre. Tanto homens como mulheres cobrem seus corpos com uma mistura de cinza e gordura para proteger sua pele do sol. Muitas vezes nesta pasta adiciona resina aromática. A mistura dá na pele um tom avermelhado que simboliza o sangue, e simboliza a vida. As mulheres tem cabelos trançados também coberto com esta mistura

Confiram outras fotos que demonstram com riqueza de detalhes a cultura dessa tribo



Com informações de História e Cultura Afro-brasileira