No primeiro dia de desfiles na Sapucaí, Salgueiro homenageou o o povo Yanomami no samba Hutukara. (FOTO | David Normando | Rio Carnaval).
Samba
e política sempre andaram juntos. Na Avenida, essa história também
é longeva. Há registros de escolas que celebraram o fim da
ditadura, como a Império Serrano em 1986. Há escolas que
homenagearam figuras importantes como Marielle Franco, caso da
Mangueira e seu histórico samba enredo em 2019. Também há escolas
que foram censuradas ao levarem temas polêmicos, como a Beija Flor
em 1989, e ganharam um status extremamente político e combativo.
Desde
o começo de janeiro, mais de mil indígenas da etnia Yanomami precisaram ser
deslocados às pressas para postos médicos em Roraima, para receber cuidados de
saúde. Os indígenas sofrem de casos graves de malária e de desnutrição. Segundo
o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Malária
(Sivep-Malária), o povo Yanomami concentrou 10% dos casos da doença registrados
ao longo do ano de 2022, quantidade desproporcional dado que os indígenas da
etnia representam 0,013% da população brasileira. Em 2023, pelo menos seis
mortes de indígenas já foram registradas.
A
tragédia ganhou destaque no noticiário internacional. Era uma crise já há muito
antecipada. Os problemas de saúde dos Yanomami estão diretamente relacionados à
expansão do garimpo ilegal em suas terras. Predatória, essa prática polui rios,
e contamina peixes — usados na alimentação dos indígenas — com metais pesados.
A atividade também cria poços de água parada, onde proliferam mosquitos
transmissores de doenças. “A presença de garimpeiros na terra indígena
Yanomami, em Roraima, é antiga. Desde 2015, observamos o número de garimpeiros
aumentar”, disse Dario Kopenawa, presidente da Hutukara Associação Yanomami
(HAY), à Brasil de Direitos em 2021. “De início, eram7 mil pessoas, subindo e descendo o rio.
Alertamos as autoridades, pedimos ajuda. Nada foi feito”.
Dados
da Hutukara e do Instituto Socioambiental (ISA) sugerem que o problema se
agravou durante o governo Bolsonaro. Um estudo conduzido pelas duas
organizações mostra que a área afetada pelo garimpo na Terra Indígena Yanomami
cresceu 309% entre 2018 e 2022. Hoje, chega a 5 mil ha: algo equivalente a 6
mil campos de futebol.
O
presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, Junior Hekurari,
relatou à Globonews que enviou mais de sessenta pedidos de auxílio ao longo dos
quatro anos de governo Bolsonaro e nunca obteve resposta. Durante esse período,
570 crianças com menos de cinco anos morreram. Dados do jornal Sumaúma mostram
que o número de mortes de crianças Yanomamis aumentou 29% durante esse mesmo
espaço de tempo
Mulheres e crianças yanomami em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
Essa
não é a primeira vez que os Yanomami sofrem com o avanço de garimpeiros. No
início da década de 1990, um ataque de garimpeiros resultou na morte de 16
indígenas, incluindo crianças. O episódio ficou conhecido como o massacre do
Haximu, e foi o primeiro crime ocorrido no Brasil a ser julgado como genocídio.
Habitantes
da porção norte da floresta amazônica, os Yanomami se distribuem em aldeias
espalhadas entre o Brasil e a Venezuela. São regiões de difícil acesso e, em
parte por causa disso, o contato dos Yanomami com não-indígenas é relativamente
recente. No Brasil, esse povo ocupa um território de mais de 96 mil quilômetros
quadrados. Trata-se da maior terra inígena do país, cujo processo de demarcação
foi concluído em 1992.
Diante
do avanço da crise humanitária, Brasil de Direitos reuniu informações sobre a
cultura e a história desse povo.
Quem são osYanomami
Espalhados
entre Brasil e Venezuela, os Yanomami somam cerca de 33 mil pessoas. Trata-se
de uma sociedade que fala diversos dialetos, e que está dividida em mais de 600
comunidades distribuídas pelos dois países.Isso “faz deles um dos maiores grupos ameríndios da Amazônia que
conservam em larga medida seu modo de vida tradicional”, conta o antropólogo
Bruce Albert em “A queda do Céu”, livro escrito em parceria com o xamã Davi
Kopenawa Yanomami.
No
idioma desse povo, “Yanomami” significa “ser-humano”. É um termo que eles usam
para se referir a si mesmos, em oposição aos napë— os “brancos” ou os “inimigos”. Na sua
cosmologia, os Yanomami foram criados por um demiurgo chamado Omama, que dotou
a sociedade de regras. “Omama tinha muita sabedoria”, explica Kopenawa emA Queda do Céu. “ Ele soube criar a floresta,
as montanhas e os rios, o céu e o sol, a noite, a lua e as estrelas. Foi ele
que, no primeiro tempo, nos deu a existência e estabeleceu nossos costumes”.
Os
Yanomamis são caçadores e agricultores que vivem em sociedades onde a vida é
comunitária e onde a divisão das tarefas é feita de acordo com o gênero. Todos
moram em grandes casas circulares chamadas “yanos” ou “shabonos”.
Costumeiramente, as mulheres cultivam a terra, produzindo vegetais que,
estima-se, respondem por 80% da alimentação das comunidades. Já os homens ficam
responsáveis pela caça. De acordo com os hábitos dos yanomami, um caçador não pode
comer o animal que abateu. A carne é compartilhada pelo grupo, e os homens
somente consomem a carne obtida por outro caçador.
Para
esse povo, tudo tem um espírito, sejam pessoas ou montanhas. Segundo suas
crenças, depois de morta, uma pessoa só vai para o céu (ou para “ a
terra-de-cima”) depois de todos os seus pertences serem destruído. Por isso, os
Yanomami cremam seus mortos.
À
morte de um Yanomami, segue-seum longo
ritual para que, tanto a comunidade, quanto aquele que a deixou, possam se
desprender. Por se entenderem como parte não só do mundo material, mas de todas
as dimensões existentes, visíveis ou invisíveis, os rituais podem durar
anos.Esses momentos de luto são
mediados pelos xamãs e imprescindíveis para o estilo de vida dos Yanomamis, uma
vez que é a partir das cerimônias ocorridas depois da cremação que o morto
morre como memória e permite que os vivos sigam suas existências.
O xamã Davi Kopenawa (Foto: Reprodução / Instituto Socioambiental).
Essa
existência é ameaçada pelos brancos, cujas atividades predatórias ameaçam fazer
“o céu cair”.Em um trabalho publicado
em 1995, o antropólogo Albert explica que, de acordo com as crenças Yanomami, a
terra atual surgiu depois que os xamãs ancestrais morreram. Enraivecidos, os
antigos espíritos cortaram o “céu dos primeiros tempos”, que cedeu sob o
próprio peso e caiu. O avanço do garimpo, que ameaça esse povo desde os anos
1980, provocou uma espécie de atualização desse mito. Hoje, os Yanomami
acreditam que, se o garimpo continuar a avançar, seus xamãs morrerão, e o céu
tornará a cair.
Quando todos nós tivermos desaparecido,
quando todos nós, xamãs, tivermos morrido, acho que o céu vai cair. É o que
dizem nossos grandes xamãs. A floresta será destruída e o tempo ficará escuro.
Se não houver mais xamãs para segurar o céu, ele não ficará no lugar. Os brancos
são apenas engenhosos, eles ignoram o xamanismo, não são eles que poderão
segurar o céu (...) Não são só os Yanomami que morrerão, mas todos os brancos
também. Ninguém escapará à queda do céu. Se morrerem os xamãs que o mantêm no
lugar, ele cairá mesmo. É o que dizem nossos anciãos. Nossos grandes xamãs e
nossos anciãos estão morrendo um após outro, isso me desespera. Os brancos
destroem nossa floresta e nossos anciãos morrem todos, pouco a pouco, de
epidemia. Isso me dá raiva.
Depoimento de Davi Kopenawa a Bruce
Albert, disponível em O ouro canibal: a queda do céu e uma crítica xamânica da
economia política.
A história de ataque aos Yanomami
Os
Yanomami viveram em relativo isolamento até o final do século XIX. No Brasil,
seu contato com não-indígenas se tornaria mais intensos por volta dos anos
1940. Foi quando o governo brasileiro criou postos do Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), o órgão indigenista que antecedeu a Funai, na região. Por essa
época, também se tornaram mais comuns as missões religiosas, católicas e
evangélicas, que se estabeleceram no território.
O
quadro se agravaria na década de 1970. Sob o regime militar, o governo federal
criou projetos destinados a ocupar a Amazônia brasileira. Em 1973, o exército
iniciou a construção de uma rodovia que tinha como propósito ligar toda a
região. O projeto fazia parte do chamado Plano de Integração Nacional (PIN).
Para os indígenas, o resultado foi trágico: com a estrada, chegaram epidemias
de sarampo, malária, coqueluche e ISTs que levaram a morte aos povos da região.
Em 1976, o planejamento foi paralisado.
Em
1975, o governo detectou a presença de ouro no território Yanomami. A descoberta
levou a uma corrida para a região: calcula-se que, nos anos 1980, cerca de
40.000 garimpeiros brasileiros invadiram o território Yanomami. Mais de mil
indígenas morreram.
Nos
anos seguintes, a Survival International, ONG britânica ainda sem mobilização
no Brasil, fez denúncias sobre a situação na OEA (Organização dos Estados
Americanos) e na ONU (Organização das Nações Unidas). É nesse período que ganha
destaque o xamã Davi Kopenawa. Porta-voz de seu povo, Kopenawa se tornou um
ferrenho defensor da demarcação da Terra Indígena Yanomami.
Kopenawa
nasceu por volta de 1956, no extremo norte do estado do Amazonas. Em A Queda do
Céu, Albert conta que, na infância, Kopenawa viu todo o seu grupo de origem ser
dizimado por epidemias. Por um tempo, o xamã conviveu com missionários de
organizações religiosas: foram eles que lhe deram o nome “Davi”. Rompeu com os
religiosos no final dos anos 1960, quando uma epidemia de varíola, levada pela
filha de um dos missionários, matou os membros que restaram de sua família. A
invasão garimpeira da década 1980, e a morte de Yanomamis que se seguiu a ela,
trouxeram a ele memórias dolorosas de sua infância. Nos anos 1980 e 1990,
Kopenawa visitou diversos países, denunciando os males do garimpo e o avanço da
destruição no território Yanomami. Em 1989, foi convidado pela ong Survival
International a aceitar, em nome da organização, o prêmio Right Livelihood,
considerado o “Nobel alternativo”.
Áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami vistas em sobrevoo ao longo do rio Mucajaí. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
Em
1992, após uma longa campanha, a Terra Indígena Yanomami foi demarcada. O
território homologado possui 9,6 milhões de hectares, sendo atualmente a maior
Terra Indígena do Brasil.
Um
ano após a vitória, no entanto, um grupo composto por quinze garimpeiros entrou
na aldeia de Haximu e assassinou 16 indígenas Yanomami, que eram majoritariamente
crianças, adolescentes, idosos e até um bebê. Em 1996, cinco homens foram
identificados e condenados por genocídio, o primeiro caso tipificado nesse
crime no Brasil.
Um novo genocídio
A
crise humanitária que os Yanomami vivem atualmente já é, por muitos,
considerada um novo genocídio. Foi assim que o jurista Luciano Mariz Maia,
professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), classificou o quadro em
entrevista à Agência Brasil. Em 1992, Maia foi um dos três procuradores da
república responsáveis por denunciar os garimpeiros que praticaram o massacre
de Haximu.No dia 30 de janeiro, o
Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de um inquérito que deve
investigar se autoridades brasileiras negligenciaram a crise entre os Yanomami,
e se houve tentativa deliberada de exterminar esse grupo étnico.
As
doenças causadas pelo acesso restrito à comida ou sua contaminação devido ao
garimpo na região já tinham sido pauta da UNICEF, em 2019, quando divulgaram
dados preocupantes a respeito do tema no “Seminário
Nacional sobre os Determinantes Sociais da Desnutrição de Crianças Yanomami”.
Nele,
foi apontado que oito em cada dez crianças menores de 5 anos pesquisadas
apresentavam desnutrição crônica e 67,8% estavam anêmicas. Um relatório mais
recente, lançado em 2022 pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), apontou outro
problema: dos 37 Polos Base (unidades básicas de saúde indígena) existentes na
Terra Yanomami, 18 tinham registro de desmatamento causado pela mineração
ilegal.
Bolsonaro elogiou Cavalaria dos Estados Unidos por ter dizimado povos indígenas durante discurso quando era deputado em 1998. Foto: Alan Santos/PR.
Na
manhã de 15 de abril de 1998, o então deputado Jair Bolsonaro (RJ) subiu à
tribuna da Câmara para repercutir a declaração de um general das Forças Armadas
dos Estados Unidos que defendia a intervenção norte-americana na Amazônia.
Bolsonaro aproveitou o gancho para criticar a “Cavalaria brasileira” por não
ter dizimado os indígenas, tal como haviam feito os Estados Unidos.
“Até vale uma observação neste momento:
realmente, a Cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi
a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia
não tem esse problema”, discursou o então deputado do chamado baixo clero,
grupo de parlamentares sem expressão política e apegado a questões mais
corporativas e paroquiais.
O
discurso pode ser encontrado no site da Câmara, tanto no Diário da Câmara
quanto no registro das notas taquigráficas. Mas o áudio, com a voz de
Bolsonaro, desapareceu dos registros da Casa. O pronunciamento está nos
arquivos sonoros, mas o trecho em que o então deputado elogia a cavalaria
norte-americana pelo massacre indígena desapareceu. Foram, ao todo, quatro
parágrafos e meio suprimidos. O corte é claramente perceptível.
Crime premeditado contra os Yanomami, diz Lula durante visita a comunidade. (FOTO/ Ricardo Stuckert).
Um
crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao
sofrimento do povo brasileiro.
Fome,
doenças e mortes. Falta de médicos e medicamentos. Adultos com peso de
crianças, crianças morrendo por desnutrição, malária, diarreia e outras
doenças. Os poucos dados disponíveis apontam que nos últimos quatro anos pelo
menos 570 crianças menores de 5 anos perderam a vida no território Yanomami,
vítimas de doenças que poderiam ser evitadas e tratadas.
Além
do descaso e do abandono por parte do governo anterior, a principal causa do
genocídio é a invasão de 20 mil garimpeiros ilegais, cuja presença foi
incentivada pelo ex-presidente. Os garimpeirosenvenenam os rios com mercúrio, causando destruição e morte. Uma das
lideranças com quem conversei resumiu a tragédia: “O peixe come o mercúrio, a
gente come o peixe, a gente morre”.
Por
isso, quero repetir o que disse durante a campanha eleitoral, e dizer novamente
agora ainda com mais convicção: Não haverá garimpo ilegal em terra indígena.
Na
Casa de Saúde Indígena Yanomami vi pessoas que saem de suas aldeias em busca de
atendimento em Boa Vista e depois não conseguem voltar para suas aldeias.
Conversei com uma senhora que está há seis meses à espera do transporte de
volta, desesperada porque seus filhos ficaram na comunidade. Outro Yanomami,
que trabalha como agente comunitário de saúde, me contou que foi a Boa Vista
receber o salário e não consegue mais voltar, para cuidar da saúde do seu povo.
Isso
precisa e vai acabar. Vamos aumentar o número de voos e melhorar as pistas de
pouso nas comunidades, para que aviões de grande porte consigam pousar,
transportando um número maior de pessoas. Quero também mudar a lógica atual: em
vez das pessoas saírem de suas comunidades para buscar tratamento em Boa Vista,
vamos levar equipes médicas permanentes para cada comunidade Yanomami.
Já
ouvi várias pessoas dizendo que no Brasil tem muita terra para poucos
indígenas, e que os indígenas estão ocupando o território brasileiro. Mas essas
pessoas esquecem que em 1500 os povos originários eram donos de todo o Brasil.
Ou seja: nós é que estamos ocupando o que pertence aos primeiros habitantes do
nosso país.
Não
haverá mais genocídios. A partir de agora, os Yanomami e demais povos indígenas
serão tratados com dignidade, como cidadãos brasileiros de primeira classe.
A
humanidade como um todo, e o Brasil em particular, têm uma dívida histórica
para com os povos indígenas, que preservam o meio ambiente e ajudam a conter os
efeitos dasmudanças climáticas. Essa
dívida será paga, em nome da sobrevivência do planeta Terra e de todas as
criaturas que nele habitam.
___________
Texto publicado pelo presidente Lula em
suas redes sociais.
Comunidade palco de crime brutal foi encontrada queimada e abandonada - Divulgação/Júnior Yanomami.
Um dos capítulos mais cruéis do ataque de garimpeiros ao povo Yanomami, em Roraima, segue sem solução. Depois da denúncia da morte de uma adolescente de 12 anos, vítima de estupro cometido por garimpeiros, 24 indígenas da comunidade Aracaçá permanecem desaparecidos e suas casas foram encontradas queimadas.
A elucidação do caso esbarra no clima de tensão e medo imposto por garimpeiros, que teriam comprado o silêncio das vítimas com ouro. Sem uma base de proteção permanente da Funai, o garimpo se mantém como o principal indutor da violência na região.
A denúncia do estupro seguido de morte foi feita pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. Segundo ele, outra mulher havia sido sequestrada e teve o filho de três anos jogado em um rio.
Corpo carbonizado e "falta de indícios"
O Condisi-YY encaminhou um pedido de investigação a Polícia Federal, ao Ministério Público Federal (MPF), à Funai e ao Ministério da Saúde. Junto com Hekurari, uma força tarefa composta por esses órgãos foi até a comunidade Aracaçá e encontrou os restos das casas incendiadas.
As autoridades logo concluíram que “não foram encontrados indícios da prática dos crimes de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento”, conforme nota da Funai e Polícia Federal. Mesmo assim, afirmaram que vão continuar as investigações.
O Ministério Público Federal (MPF) também comunicou que a apuração segue em andamento. “Mais informações apenas serão divulgadas quando da conclusão dos trabalhos. A partir do término da investigação, o MPF analisará as medidas cabíveis”, escreveu o órgão.
Júnior Yanomami afirma que a explicação para a falta de "indícios" pode estar na prática de rituais de cremação pelos Yanomami. "No segundo dia [de investigação], retornamos às comunidades e percebemos que existe a marcação de queimação de um corpo, possivelmente adolescente”, disse.
Ele atesta que o incêndio às casas também faz parte dos rituais. Disse ainda ter mostrado imagens da comunidade incendiada a lideranças Yanomami. Eles “relataram, conforme costume e tradições, que após morte de um ente querido a comunidade em que residia é queimada e todos evacuam para outro local”, escreveu Júnior.
Ouro em troca do silêncio
Segundo o presidente do Condisi-YY, o clima de terror imposto pelos garimpeiros também dificulta as investigações. “Percebi que as comunidades estavam com muito medo. Percebemos que os Yanomami foram bem orientados pelos garimpeiros para não relatar essa morte da adolescente”, declarou em vídeo enviado ao Brasil de Fato.
Povo Yanomami em cena no documentário "A última floresta", de Luiz Bolognezi. (FOTO/ Pedro J Marquez/Divulgação).
O
músico mineiro Milton Nascimento escolheu o nome de um grupo indígena do norte
brasileiro para uma de suas canções: Yanomami e Nós dá título à música. A
população sobre a qual o artista se refere vive lá na floresta amazônica e se
divide entre o Brasil e a Venezuela. Quer descobrir algumas curiosidades sobre
o povo Yanomami? É só continuar com a gente!
Lar e família
Para
quem vive em apartamentos localizados nas grandes cidades, é difícil imaginar
um cenário em que várias famílias moram juntas. Mas esse jeito funciona muito
bem com o povo Yanomami! Com formato de cone ou retangular, casas coletivas
plurifamiliares abrigam essa população.
Para além da aldeia
O
povo Yanomami tem a integridade de suas terras ameaçada pelo garimpo. Mas não
foi sempre assim. O fenômeno é recente: até o fim do século 19, os Yanomami
conheciam apenas seus vizinhos, também indígenas!
Do início ao fim
No
Espaço do Conhecimento UFMG, são contadas muitas histórias sobre o surgimento
do mundo e da humanidade. Muitas mesmo! Afinal, cada povo tem a sua. Com os
Yanomami, não é diferente. Eles explicam sua origem e morte por meio de
narrativas em que figuram divindades como Omama e Yoasi.
Legal
descobrir tantas coisas sobre o povo Yanomami, né? Mas olha só: para conhecer a
fundo as histórias desse povo, só mesmo atentando para o que eles têm a dizer!
Por isso, o Espaço do Conhecimento UFMG lança, no dia 03 de dezembro, a
exposição Mundos Indígenas, que tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH e BDMG
Cultural e conta com uma curadoria indígena, onde o protagonismo é de quem
realmente entende do assunto.