9 de setembro de 2022

Kabengele Munanga será reconhecido como Doutor Honoris Causa pela UFRB

 

O professor será homenageado pela Universidade baiana – Foto: Divulgação/UFRB.

O professor Kabengele Munanga será homenageado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A proposição do título foi aprovada, por unanimidade, pelo Conselho Universitário (CONSUNI) da instituição, realizada na tarde desta terça-feira (6), na Reitoria, em Cruz das Almas.

A concessão do Título de Doutor Honoris Causa ao Professor Dr. Kabengele Munanga simboliza o reconhecimento por sua inequívoca contribuição ao pensamento social brasileiro da luta por direitos humanos, a luta antirracista e a atualidade de seu método de análise da questão racial no Brasil”, diz trecho do parecer de aprovação.

Educador, ativista da luta antirracista e intelectual negro, Munanga é brasileiro-congolês e ao longo de seis décadas se debruça nos estudos negros e afro-brasileiros, nas áreas de antropologia, direito, artes, sociologia, filosofia e das relações étnico-raciais no Brasil.

O professor é autor de mais de 150 publicações entre livros, capítulos de livros e artigos científicos. Ele foi um dos protagonistas intelectuais no debate nacional em defesa das cotas e tem contribuição direta na consolidação das políticas públicas de promoção da equidade racial, como a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura Afro-Brasileira na educação básica.

Brasileiro por naturalização desde 1985, Munanga nasceu na República Democrática do Congo, onde se graduou em Antropologia Social e Cultural pela Universidade Oficial do Congo (1964-1969). Entre os anos de 1975 a 1977, concluiu seu doutorado na Universidade de São Paulo, (USP), onde se aposentou como professor efetivo.

Na UFRB participou de várias atividades, seminários, como o Fórum 20 de novembro, conferências e aula inaugural. Entre os anos de 2014 e 2019, atuou como professor visitante sênior e como colaborador nos programas de mestrado em Ciências Sociais e em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas. Contribuiu como titular de disciplinas, palestrante, conferencista, orientou e coorientou pesquisas e dialogou com a comunidade acadêmica e o público geral do Recôncavo baiano.

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Com informações do Notícia Preta.

Elizabeth II morre deixando legado de colonialismo e exploração

 

O Império Britânico, governado por Elizabeth II, foi responsável por vários genocídios de povos colonizados por eles na África, Ásia e Caribe. Foto: Reprodução.

Morreu hoje, aos 96 anos, Elizabeth II do Reino Unido. A monarca britânica governou por 70 anos o vasto império colonial que explorou riquezas, escravizou povos e apoiou golpes de estado com todas as partes do mundo.

Quênia, Iêmen, Irlanda do Norte, Egito e África do Sul foram algum dos países que sofreram a opressão, massacre e exploração feita pelo Império Britânico, chefiado por Elizabeth.

Durante seu reinado se deram as lutas de libertação colonial em África e na Ásia. Na África do Sul, o governo da rainha apoiou e financiou o regime do Apartheid, que discriminação e tentava subjugar a população negra. No Quênia, durante a guerra de independência nos anos 60, pessoas eram mutiladas e torturadas com machados por se levantarem contra os britânicos.

Domínio imperialista após a derrota colonial

Com as sucessivas vitórias da luta anti-colonial nas décadas de 50 e 60, o Reino Unido substituiu o Império Britânico pela Commonwealth, ou Comunidade Britânica.

Essa estrutura visa garantir a monarquia inglesa mesmo com países independentes. Por isso que Elizabeth foi rainha de mais 14 países além do Reino Unido. É o caso da Jamaica, Austrália, Canadá e até o pequeno arquipélago de Tuvalu, na Oceania.

O objetivo da Commonwealth é manter o controle do capital financeiro britânico sobre esses países, em especial no Caribe, África e Ásia. Tanto que mesmo países que se tornaram repúblicas, como a Índia ou Barbados (que se tornou república ano passado), continuam na organização.

Escravidão, golpes de estado e simpatias nazistas

Essas estruturas controladas pela monarquia britânica não surgiram com Elizabeth. Sua dinastia governa o Reino Unido desde o século XVIII.

Foi durante os governos de seus antepassados que a Inglaterra assumiu protagonismo no tráfico de escravizados no Atlântico. Foi esta monarquia que dominou 25% dos territórios no mundo suprimindo línguas, perseguindo etnias e prendendo revolucionários que lutavam contra o colonialismo.

Outro ponto que marca a dinastia de Windsor é a simpatia de alguns de seus membros pelo nazismo. O tio da rainha, Eduardo VII (que também foi rei), ficou conhecido por apoiar abertamente o regime nazista de Hitler. A própria rainha foi gravada ainda criança fazendo a saudação nazista.

Outra marca de seu governo foi o apoio a golpes de estado. Aliado de primeira hora da OTAN, o governo de Elizabeth apoiou golpes de estado na América Latina e na África. O caso mais emblemático é o de Gana, onde os ingleses apoiaram um golpe para derrubar o presidente Kwame Nkrumah, em 1966.

Na América Latina, a Marinha Real de Elizabeth não poupou esforços para manter o domínio colonial das Ilhas Malvinas, território internacionalmente reconhecido argentino.

Monarquia britânica é herança medieval e reacionária

Essa história de exploração, guerras, colonização e mortes são hoje escondidas pela grande mídia. Toda cobertura se dá em exaltar o “legado” de Elizabeth.

Nem uma palavra é dada com destaque aos privilégios construídos pela monarquia britânica. Privilégios construídos à base da colonização brutal de povos de todas as partes do mundo.

Não há nada que se lamentar na morte de Elizabeth, a não ser o fato de nunca ter sido julgado, junto a todo governo britânico, pelos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos.

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Com informações do Jornal A Verdade.

8 de setembro de 2022

Frente da Cultura com Elmano

Frente da Cultura com Elmano. (FOTO  | REPRODUÇÃO.

Por Alexandre Lucas, Colunista 

Nos últimos anos vem se consolidando uma política pública estruturante para a cultura no estado do Ceará. Ampliou e descentralizou a quantidade de equipamentos no estado, investiu no fomento, com a ampliação e diversificação da política de editais, criou o Sistema Estadual de Cultura, o que vem possibilitando fortalecer os mecanismos de controle e participação social, planejamento participativo da política pública e ampliação dos recursos. O norte da gestão na Cultura tem sido a promoção dos direitos humanos e culturais, o que tem possibilitado a inclusão, transversalidade e circularidade da economia da cultura. É a continuidade desta política cultural que defendemos com ampliação e como vetor estruturante de uma política de estado com caráter emancipatório.

Ao defender essa continuidade, enquanto perspectiva de projeto político para o cultura no Ceará, se faz necessário afirmar a necessidade de uma frente ampla da cultura que aglutine as/os brincantes, as/os artistas das diversas linguagens, as produtoras e os produtores, as gestoras e os gestores, as pesquisadoras e pesquisadores, as candidaturas a deputados e deputadas estaduais e federais comprometidas com a pauta cultural.  

Essa frente precisa ser mais ampla ainda, e deve ser um chamado para a diversidade religiosa, as/os patriotas, as/os democratas, as representações das associações de moradores e do setor produtivo e os amplas frentes dos movimentos sociais. Os segmentos da cultura e a esquerda sozinha não aglutina força suficiente para derrotar o perigo que amedronta a democracia no país e no nosso estado.  

Um delegado candidato a deputado federal, pelo PL (22), partido de Bolsonaro, neste 7 de setembro, ganhou notoriedade nos veículos de comunicação, ao dar o tom da cultura que está em jogo “Se a gente não ganhar nas urnas, nós vamos ganhar na bala”.

Essa frente da cultura ao defender a candidatura do Elmano, do Partido dos Trabalhadores (PT), se coloca frontalmente contrária à candidatura que representa Bolsonaro no Ceará: Capitão Wagner.

Precisamos derrotar o discurso e a prática do ódio e da violência, as bandeiras da exclusão e antidemocráticas devem ser combatidas. Deus, Pátria, Família é uma fake News contra os princípios humanitários, o desenvolvimento nacional produtivo e a família enquanto espaço de humanidade e de acolhimento. Essas três palavras apregoadas pelos alinhados de Bolsonaro já foram defendidas em outros momentos truculentos da nossa história: a ditadura militar que perseguiu, enlouqueceu, torturou e matou aquelas e aqueles que ousaram defender a democracia e a liberdade.

É contra essa cultura que não fortalece as liberdades democráticas, a diversidade e a pluralidade artística, literária e cultural, que promove o medo, o assistencialismo e amputa a criatividade do nosso povo, a qual demoniza a distribuição da renda, do emprego, da terra e de felicidade que nos colocamos contrário. O projeto que representa o fascismo e o bolsonarismo no Ceará deve ser escanteado e para isso é preciso uma frente ampla e unidade.

Bolsonaro e Capitão Wagner tem já repúdio de amplos setores da cultura, pelo que vem promovendo: ódio, violência e retiradas de direitos. Os Pontos de Cultura do Ceará, por exemplo, demonstram combatividade ao rejeitar em carta aberta os dois inimigos da cultura e da democracia. 

Elmano é a candidatura que representa Camilo Santana e Lula, por conseguinte, os avanços dos índices  sociais dos seus governos. Ele  reúne o conjunto de forças políticas e sociais capaz de consolidar e ampliar uma política de estado estruturante, inclusiva, transversal, inovadora, híbrida, diversa, plural, democrática, desenvolvimentista e emancipatória. O que está em jogo, não é o nome do Elmano, mas a defesa de um projeto de política de cultura e de cultura política em que o povo seja o seu próprio representante.

Rainha Elizabeth II, do Reino Unido, morre aos 96 anos

 

Rainha Elizabeth II, do Reino Unido, morre aos 96 anos. (FOTO  | Reprodução | Wikipedia).

Por Nicolau Neto, editor 

Faleceu nesta quinta-feira, 8 de setembro, a Rainha Elizabeth II. A monarca assumiu o trono em 1952 e completou neste ano 7 décadas de reinado, o mais longo da História para uma mulher.

Nos últimos meses a rainha vinha com problemas de saúde, inclusive com perda de mobilidade, o que fez com ela tivesse seus compromissos oficiais reduzidos. 

Ela morreu aos 96 anos conforme comunicado do Palácio de Buckingham. A última participação oficial da monarca, segundo dados do portal  Metrópole, foi na ultima terça-feira (6/9), quando ela empossou a nova primeira-ministra Liz do Reino Unido, Liz Truss. Ela se encontrava de férias no Castelo de Balmoral, na Escócia. 

A rainha morreu em paz, nesta tarde (8/9), no Palácio de Balmoral. O rei e a rainha consorte vão permanecer em Balmoral e retornam a Londres amanhã”, destaca o comunicado palaciano real.

Com a sua morte, assume automaticamente o trono seu filho, o príncipe Charles.

A Rainha Elizabeth só perdeu pra Luiz XIV, da França, em tempos de reinado. Este ficou 72 anos no poder e ela 70.

Lula responde a Bolsonaro: Nunca usei o Dia da Pátria como instrumento de política eleitoral

 

Lula rebateu ataques de Bolsonaro e cobrou explicações do presidente sobre compra de imóveis - Reprodução.

O ex-presidente e candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu aos ataques feitos por Jair Bolsonaro (PL) em atos realizados neste 7 de Setembro. O petista se manifestou em vídeo divulgado nas redes sociais.

"Quando presidente da República, eu tive a oportunidade de participar de dois 7 de Setembro, em 2006 e 2010, em época eleitoral. Em nenhum momento a gente utilizou o Dia da Pátria, um dia do povo brasileiro, o dia maior do nosso país, por conta da Independência, como instrumento de política eleitoral", disse Lula. 

Ele também criticou a postura de Bolsonaro em não falar a respeito dos problemas do país e cobrou explicações sobre a compra de imóveis feitas pelo cã presidencial. "E o presidente, ao invés de discutir os problemas do Brasil, tentar falar para o povo brasileiro como é que ele vai resolver o problema da educação, da saúde, do desemprego, do arrocho do salário mínimo, tenta falar de campanha política e tenta me atacar. E agora, ele deveria estar explicando para o povo como é que a família juntou 26 milhões em dinheiro vivo para comprar 51 imóveis. É isso que ele tem que explicar."

"O Brasil precisa de melhor sorte", disse ainda o ex-presidente. "O povo resolveu que vai reconquistar a democracia para a gente recuperar o Brasil."

Acusações de abuso de poder contra Bolsonaro

Até o fim da tarde desta quarta-feira (7), as campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de Ciro Gomes (PDT) e de Soraya Thronicke (União Brasil) haviam anunciado que iriam acionar o Judiciário.

"Bolsonaro fez uso indiscutível de um evento oficial para discursar como candidato. Há abuso de poder econômico e político acachapante, com o uso de recursos públicos, de uma grande estrutura pública, para fazer campanha", apontaram os advogados Eugênio Aragão e Cristiano Zanin Martins, representantes da Coligação Brasil da Esperança, de Lula, por meio de nota.
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Com informações do Brasil de Fato.

7 de setembro de 2022

Votar em Lula para derrotar Bolsonaro não é "meio burguês", como disse Ciro

 

(FOTO | Bruno Todeschini | Agencia RBS).

Por Nicolau Neto, editor

Falta menos de um mês para que a população se dirija às urnas. As eleições de 2022 - volto a dizer - são as mais importantes desde a redemocratização. E é exatamente por isso que precisamos ter muita, muita RESPONSABILIDADE DEMOCRÁTICA e não deixar escapar das nossas mãos o poder de tirarmos no voto aquele que tem de pior na política brasileira: o atual presidente.

Não é responsável da nossa parte deixar passar essa oportunidade já no primeiro turno, visto que no segundo é bem mais desgastante. No segundo, Bolsonaro usará toda a estrutura da máquina pública para ter ser projeto de poder autoritário e falacioso por mais 4 anos. Sem falar do grande risco de ruptura democrática como mais uma vez ele deixou transparecer na vexatória "celebração" do 7 de setembro. As palavras de ordem dele, além das de sempre, foi trazer a tona o período mais sangramento e horrível da História do Brasil: a Ditadura Civil-Militar instituída pelo golpe de 1964. A "História pode se repetir", disse. Um vexame sem precedentes, uma vergonha internacional. Fico só a pensar como a imprensa internacional fará para ditatizar a palavra repetida varais vezes pelo presidente: "imbrochável". Que lástima.

O Brasil precisa já em outubro próximo de um novo presidente: mais sensível às causas humanas e digno do cargo. E não é Ciro Gomes. Não é Simone Tebet. Ambos não possuem a mínima possibilidade de chegar ao segundo turno. Cada voto em um dos dois é desperdiçar a chance de fazer com que Lula - a maior liderança política do Brasil contemporâneo - vença no primeiro turno.

Votar em Lula para derrotar Bolsonaro não é "meio burguês" como disse Ciro. (Veja a declaração aqui). Não. De forma nenhuma. É sim um ato de grandeza. É uma atitude que demonstra zelo com a democracia e com as pautas identitárias (lembra Ciro?). É ainda um gesto de não ficar refém de um projeto individual. No meu caso em específico, estou deixando de lado minhas afinidades ideológicas para que o Brasil não volte às amarras da ditadura. Para que não percamos o que temos de mais precioso: a LIBERDADE.

Pedir que Ciro ou Tebet retirem suas candidaturas não surtirá efeito. Seus projetos pessoais são mais importantes que o risco de rompimento com a democracia. Ciro já tinha o desejo de se candidatar a presidência da república desde 2018 quando perdeu as eleições daquele ano. E de lá para cá não conseguiu um único partido para se juntar ao seu projeto de país. E é seu mesmo mesmo, visto que é um livro e não houve, portanto, colaboração da sociedade nele. É um projeto de país individual. Tentativas de agregar pessoas e partido para o lado do Ciro não faltaram. Mas ele não conseguiu. E não foi por causa de suas ideias, como demonstra em suas entrevistas. Falta ao Ciro humildade para reconhecer que não é seu momento e abrir espaços para que a vitória do Lula seja sacramentada já no dia 2 de outubro. Como ele não fará isso, resta que seus eleitores e eleitoras façam. A democracia agradece.

A Simone Tebet nós já falamos sobre. Votou com Bolsonaro praticamente em todas os itens das reformas que prejudicaram o povo, principalmente os mais pobres.

6 de setembro de 2022

Independência para quem?


(FOTO | Bênção das bandeiras da Revolução de 1817, óleo sobre tela de Antônio Parreiras | Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

Se você for falar do evento de 1817 que contou com a participação do Crato a partir de Bárbara de Alencar como parte do processo de "Independência do Brasil", lembre de destacar para seus alunos e alunas que ela foi também uma escravocrata.

Lembre de dialogar com eles e elas sobre o protagonismo das mulheres, das mulheres negras e dos povos indígenas que além de querem a separação com Portugal desejam ter de volta sua liberdade.

Reflita com eles/as qual o sentido teve essa "independência" na época e hoje. Traga para o campo do debate o fato de que mesmo oficializada a separação de Portugal em 1822, o território passou a ser administrado de forma monárquica e por um português, filho do rei de Portugal D. João VI, o Pedro de Alcântara (depois passou a ser chamado de D. Pedro I).

Mencione os diversos momentos de lutas, de batalhas e guerras travadas pela independência, desmistificando essa romantização de que o evento foi pacífico e que Pedro foi herói.

Reflita ainda que mesmo após tudo isso, o Brasil continuou mais 66 anos escravizando a população negra. E que o 7 de setembro como data "comemorativa" ignorou o protagonismo da população negra e da população indígena, além de mitificar D. Pedro I.

Mencione ainda que essa data só se tornou oficial a partir do presidente Eurico Gaspar Dutra, o primeiro governo brasileiro após o período ditatorial de Getúlio Vargas com a lei nº 662, de 6 de abril de 1949 e referendada em 2002 durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (lei nº 10.607, de 19 de dezembro).

Por fim, lembre-se de indagar: que sentido teve essa independência? O que vamos mesmo comemorar amanhã?


5 de setembro de 2022

Terceira via funciona como linha auxiliar de Bolsonaro

Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).(FOTO |Reprodução | Revista Fórum).
 

Por Nicolau Neto, editor

Há três dias escrevi artigo para minha Coluna no site/blog Intelectual Orgânico indagando qual o papel da terceira via nas eleições presidenciais de 2022. No texto, cheguei a conclusão de que ela vem atuando mais como linha auxiliar do atual presidente do que  de fato como uma alternativa frente a polarização que ora se apresenta.

Desenvolvi alguns argumentos que os trago novamente para este Blog. Os dois principais nomes que se arvoram na chamada terceira via, principalmente Ciro Gomes (PDT), vem afirmando categoricamente que Bolsonaro é resultado da crise econômica gerada por governos anteriores e que ele é ainda fruto de um ato de protesto da população contra a classe política. Essa assertiva não é verdadeira. E diria ser, no mínimo, incoerente e antihistorico. Visto que se ele, o Bolsonaro, fez esse discurso contra o PT; os demais candidatos também fizeram. E muitos com propriedade. O que não foi o caso do atual mandatário. Sendo assim, é incoerente e não analisa os fatos como de fato ocorreram. É um caminho tortuoso, pois os leva para o campo do conseguir votos como Bolsonaro conseguiu usando das mesmas ferramentas que ele, no sentido de se passarem como “salvadores/as” da pátria.

E esse discurso é muito perigoso porque ao invés de contribuir para eleições amparadas em propostas e ideias, acaba por dar munição para o Bolsonaro conseguir a reeleição. E isso não é saudável para a democracia. Por último, atribuir a culpa do emergir do Bolsonaro e do bolsonarismo ao PT e a governos anteriores - a exemplo de FHC - é promover um discurso antihistórico. É antihistórico, porque o próprio impeachment de Dilma está ai como uma das provas. Era necessário tirá-la para construir caminhos que permitissem destruir todas as políticas públicas que lembrassem os governos do PT (E olha que nem sou filiado ao PT. Minha afinidade ideológica é outra). Depois, vem a Lava Jato e o caso Lula. Não preciso mencionar aqui tudo o que já foi veiculado. Mas a prova é o Lula solto e concorrendo as eleições. 

Desta feita, é preciso lembrar que Bolsonaro não é uma novidade na política. Não apareceu das contradições de governos passados. Ele vem sendo eleito com suas ideias antidemocráticas e pela via democrática desde 1991. 

Simone Tebet, do MDB, é preciso lembrar que votou para que a única mulher presidente do país em mais de 500 anos, Dilma Rousseff, fosse impedida de continuar seu mandato. E hoje sustenta um discurso pra lá de contraditório de que mulher vota em mulher. Uma falácia. Ela própria negou seu discurso "futuro" so votar pelo impeachment. Além de ter votado em 2014 e 2018 em Aécio Neves (PSDB) e Bolsonaro (hoje PL), respectivamente. Tebet atuou em favor das pautas liberais, apoiou e votou favorável a PEC do Teto de Gastos e da Reforma Trabalhista.

Ciro, por outro lado, vem adotando um discurso arrogante e em certa medida como se fosse o único capaz de tirar o país da marasmo que se meteu desde 2016. Age como se fosse o "salvador da pátria" e em algumas oportunidade tal qual o Bolsonaro ao bater boca com quem lhe faz questionamentos. O ex-ministro de Lula é candidato desde 2018 quando ficou em 3º lugar e em quase quatro anos não conseguiu atrair nenhum partido político para sua candidatura, o que é muito ruim para quem pretende ser presidente do país e necessita dialogar com o congresso nacional de políticos das mais diferentes posturas e ideias. 

Conclui-se, então, que o Bolsonaro e o bolsonarismo são frutos do golpe político-midiático-jurídico de 2016 e do processo eivado de parcialidade da Lava Jato que prendeu Lula para que ele não disputasse as eleições de 2018. Dito isso, as candidaturas chamadas de “terceira via” pelas metodologias que adotaram estão funcionando como via auxiliar de Bolsonaro. Tanto que as novas pesquisas divulgadas demonstram que a diferença entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) tem diminuído. Umas dentro da margem de erro e outras nem a isso chega.  O crescimento da terceira via é considerável em Simome Tibet que já está com 6%, dois a menos que Ciro que nunca conseguiu alcançar os dois dígitos. 

Vejamos os números da BTG| FSB divulgados hoje, 05 de setembro:

Lula: 42%;
Bolsonaro: 34%;
Ciro: 8%;
Simone: 6%.

Os dados quando comparados com a pesquisa anterior do mesmo instituto demonstram que Bolsonaro e Ciro oscilaram para baixo. O primeiro dois pontos e o segundo, um ponto. Lula também oscilou um ponto para baixo. A senadora Simone Tebet, do MDB, foi a única que teve crescimento. No levantamento anterior ele tinha 4%.

Reitero o que já afirmei em outras oportunidade: não se pode correr o risco de jogar tudo para o segundo turno.