Lula rebateu ataques de Bolsonaro e cobrou explicações do presidente sobre compra de imóveis - Reprodução. |
Lula rebateu ataques de Bolsonaro e cobrou explicações do presidente sobre compra de imóveis - Reprodução. |
Grito destaca que não sairá às ruas para provocar bolsonaristas, que desvirtuam a data, mas marcará oposição ao projeto do presidente. (FOTO/ Elineudo Meira). |
Nos
200 anos da Independência do Brasil, o Grito dos Excluídos volta às ruas de
todo o país no próximo 7 de setembro para denunciar as desigualdades sociais. O
movimento protestará também contra a tentativa do governo de plantão de se
apropriar da data para impulsionar seu discurso golpista contra a democracia.
Desse modo, na sua 28ª edição a tradicional manifestação que reúne movimentos
populares de todo o país destacará o verdadeiro sentido de democracia, como o
lema “Vida em primeiro lugar, 200 anos de
independência: Para quem?”
O
mote, escolhido pela Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), faz
referência à situação dos povos negros, LGBTQIA+, mulheres, das comunidades
quilombolas e indígenas, e das populações rurais, periféricas e em situação de
rua. Setores da população que, ao longo de toda a história, foram deixados de
lado pela políticas públicas.
“Estamos pensando na democracia, que está
sendo ameaçada principalmente nesses tempos atuais”, diz dom José Valdeci
Santos Mendes, bispo da diocese de Brejo, no Maranhão. “Tudo isso nos faz refletir, 200 anos de independência para quem?”,
enfatiza o bispo, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (1º). O evento
marcou o lançamento da nova edição do Grito dos Excluídos. Mas também a
oposição do movimento nacional ao projeto bolsonarista que disputa a data
histórica para atos antidemocráticos e de cunho eleitoral.
Grito do coração do povo
Segundo
a organização, as manifestações, que ocorrem desde 1995, estão confirmadas em
todo o país para a próxima quarta-feira. A ideia, contudo, “é não provocar”, de acordo com dom José.
Ainda no início de agosto, as lideranças que encabeçam a campanha Fora
Bolsonaro concordaram em não medir forças com os atos bolsonaristas. E,
diferentemente dos últimos dois anos, eles decidiram passar as manifestações
contra o presidente da República para o dia 10 de setembro.
No
entanto, a organização dos Gritos dos Excluídos destacou que não deixará de
fora sua oposição ao atual governo nestas eleições. “Precisamos ter essa consciência de que esse Brasil que está aqui não é
o que queremos. E o que queremos de fato é que prevaleça a justiça, a
solidariedade e, sobretudo, uma democracia sólida e participativa. Por isso a
vida deve estar realmente em primeiro lugar”, comentou o bispo à imprensa,
ironizando o tratamento dado por Bolsonaro ao coração de Dom Pedro I, ligado
diretamente ao passado de horror da escravidão.
“Nosso grito não vem de alguém que está montado em um cavalo, às margens de um rio. O nosso grito é com os excluídos e excluídas. É o grito também do rio que está sendo aterrado e envenenado. É também o grito das florestas que estão sendo derrubadas, e de tantos irmãos e irmãs que lutam por vida e vida com dignidade. Esse nosso grito vem do nosso coração, que está no nosso corpo. E não, com todo o respeito, a um grito que vem de um coração que vai passando de mão e mão”, afirmou dom José.
Antirracismo nas eleições
As
manifestações já estão confirmadas tanto nas capitais como em cidades do
interior. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Grito sairá, às 9h, do cruzamento
da rua Uruguaiana com a Presidente Vargas, no centro da capital fluminense, em
direção ao Cais do Valongo, ponto de desembarque de milhares de africanos
escravizados entre os séculos 18 e 19. No mesmo horário, os movimentos populares
também estarão em marcha na Praça da Sé, região central de São Paulo, lembrando
também das mais de 683 mil vítimas da covid-19.
Presidenta
nacional da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães
afirma ser simbólico realizar o grito refletindo o projeto escravocrata,
colonial e desigual que funda o Brasil em meio a esse momento que é o mais
grave da história, segundo ela, desde a redemocratização. “Nossa luta por igualdade e respeito às populações negras, indígenas e
mais vulnerabilizadas também é uma tarefa que ainda não se completou”,
adverte a integrante da Frente Nacional Antirracista, Convergência Negra e da
Coalizão Negra por Direitos.
Os
movimentos também defendem a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para
o Palácio do Planalto. De acordo com Ângela, “diferente dos editoriais dos jornalões, estamos às vésperas de uma
eleição em que nunca foi tão fácil escolher”. “Nossa tarefa é reconstruir o Brasil sem deixar ninguém para trás. É
exatamente esse o projeto que o Grito vocaliza e repercute em todo o Brasil e
que está em jogo agora dia 2 de outubro”, destaca a presidenta da Unegro.
A voz indígena
“Os direitos básicos de cidadania precisam
ter a urgência de implementação a partir de 2023. Ninguém sem casa, sem teto, sem
terra, com fome e sem trabalho. E nenhuma criança ou jovem fora da escola e da
universidade. Nenhuma mãe desesperada, chorando porque seus filhos vêm sendo
abatidos pela violência racista das forças de segurança pública. E nenhum pai
trabalhador desesperado porque não tem o levar de comida para a casa”, afirma
Ângela sobre os desafios.
A proposta da 28ª edição do Grito dos Excluídos no 7 de setembro é também levar esperança e resistência a partir de exemplos da luta indígena. Há mais de 500 anos, jamais cederam à dominação dos colonizadores e a projetos que visam cercear os modos de vida dos povos tradicionais. A arte-educadora Márcia Mura, do povo Mura da região do Baixo Madeira, em Rondônia, explica o lema. “Vida em primeiro lugar congrega a interligação com o ambiente inteiro, como as comunidades originárias defendem há séculos.”
“Esse grito de independência é um grito que
ecoa em nossas lutas e existências. E esse ato (do Grito dos Excluídos e
Excluídas) lembra e traz para a gente a aliança dos povos com as florestas, com
a luta indígena, negra e popular. Essa aliança entre povos pela vida em
abundância. Ela já existia, mas foi tirada por esses colonizadores que chegaram
invadindo nosso território e nos impondo uma lógica que não faz parte da nossa percepção
de mundo. E que aos poucos foram transformando nossos territórios em locais de
exploração e mortes. É contra isso que lutamos e resistimos para manter as
florestas, as águas e todos os biomas. Porque um depende da existência do outro”,
alerta Márcia Mura.
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Com informações da RBA.
Centro de Crato-CE (FOTO/ Reprodução/ Prefeitura do Crato-CE.). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Enquanto
caminhava, cantava “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não
atiça o formigueiro”, seguia um percurso coberto pelo sol de setembro, quente,
que fazia franzir os olhos. Bandeiras de todas as cores se transavam no vento,
talvez simbolizando o desejo do abraço, num tempo em que o abraço está proibido
e que as pernas e os braços ainda são poucos. Os desejos são infinitamente
maiores que nossas pernas e nossos braços.
Seguia
cantando, mas o grito ainda era pequeno, como um choro para dentro, onde somente
os mais próximos escutam.
A
cada pisada pelas ruas, entre cantos de contestação e esperança, olhava para
pessoas que não nos seguiam. Elas ficavam paralisadas nos recantos das suas
portas e janelas, os olhos pareciam pintados, como os de bonecas, estáticos e
sem sensibilidade.
Quase
que fiquei angustiado, quase que acreditei que aqueles olhos do recanto das
janelas e portas não faziam parte do formigueiro que cantava.
Do
lado de lá, de verde e amarelo, com bandeiras dos Estados Unidos e de Israel,
roubam a pátria, a esperança e edificam o ódio. Abriram um bingo para vender e
comprar mentiras, nem Jesus foi salvo, teve a sua palavra negociada por fuzis,
enquanto diminuem o feijão.
Pisa ligeiro, pisa ligeiro, para que sejamos um grande formigueiro com feijão, democracia e olhos traquinos de esperança e felicidade.
"Se queremos mudar os rumos do país, voltar a crescer com democracia, com justiça social, a nossa principal tarefa é tirar Bolsonaro", garante o presidente da CUT. (FOTO/ Jorge Leão). |
As
manifestações contra o governo do presidente da República Jair Bolsonaro vão
ocupar as ruas de mais de 160 cidades do Brasil e do exterior nesta terça-feira
(7), feriado do Dia da Independência (a programação está no fim desta nota).
Organizados pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que reúne as frentes Povo
Sem Medo e Brasil Popular, ao lado de partidos políticos, centrais sindicais e
movimentos populares, os atos dão sequência às jornadas de mobilizações,
iniciadas em maio. Na cidade de São Paulo a mobilização se somará ao histórico
Grito dos Excluídos, que chega à sua 27ª edição consecutiva com o lema “Vida em Primeiro Lugar”.
Na
capital paulista, onde os movimentos tiveram de recorrer à Justiça para
garantir o direito à manifestação e derrubar o veto do governador João Doria
(PSDB), o protesto começa às 14h, no Vale do Anhangabaú, na região central.
Também no Centro, mas em frente ao Theatro Municipal, por volta das 13h30, está
marcada a concentração para uma bicicletada.
Em
razão da pandemia de covid-19, os organizadores da Campanha Fora Bolsonaro e do
Grito dos Excluídos pedem à população que compareçam nas manifestações – em São
Paulo e nas demais cidades – seguindo os protocolos sanitários de
distanciamento durante as passeatas, uso de máscaras, de preferência PFF2, e
álcool em gel para higienizar as mãos.
Segurança das manifestações
Além
das centenas de cidades que irão aderir aos atos, até esta sexta-feira (3)
também já estavam confirmadas manifestações pelo “Fora Bolsonaro” em outros quatro países. O coordenador nacional da
Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, destaca que é preciso
estar na ruas em protesto contra as muitas mazelas do atual governo no dia 7 de
setembro. “É o dia da gente denunciar o
aumento do desemprego, da fome, da carestia, do preço altíssimo das tarifas de
energia e da falta de comida no prato. E também para defendermos a democracia,
que está sob ataque. É fundamental que todos e todas se organizem em suas
cidades, movimentos e associações e compareçam de forma organizada e com
segurança”, convoca Bonfim.
O
presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, reforça que é “muito importante que as manifestações sejam grandes” para aumentar a
pressão popular pelo impeachment de Bolsonaro, reprovado por mais da metade dos
brasileiros (63%), segundo pesquisa PoderData recente. “Se queremos mudar os
rumos do país, voltar a crescer com democracia, com justiça social, a nossa
principal tarefa é tirar Bolsonaro”, afirma o presidente da CUT.
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Com informações da RAB. Clique aqui e confira a agenda dos atos já confirmados pelo país.
Bolsonaro. (FOTO/ Reprodução). |
O
Bolsonaro está cada dia mais isolado e acuado. Até o “apaziguador” Rodrigo
Pacheco, presidente do Senado, parece que desistiu da paz com Jair Bolsonaro.
Mais ágil do que o normal, ele negou a abertura do processo impeachment contra
o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, solicitada pelo desesperado
fascista do Planalto.
Diante
da negativa, o derrotado presidente desabafou em entrevista à rádio Jornal
Pernambuco nesta quinta-feira (26) que “nessa briga [contra o STF] eu estou
praticamente sozinho… Os poderes são independentes. Eu entrei com a ação para
que o processo fosse avante… O [Rodrigo] Pacheco entendeu e acolheu uma decisão
da advocacia do Senado”.
O
chororô do fascista, porém, não deve iludir ninguém. Apesar da nova derrota,
ele vai insistir em jogar “fora das quatro linhas da Constituição”, apostando
no caos e na desestabilização política. Como atesta a Folha, “Bolsonaro vem
inflamando seus apoiadores no embate contra o STF, que deve ser um dos
principais alvos do protestos de 7 de setembro”.
Os
sinais são tensos no horizonte. Tanto que “o Supremo Tribunal Federal prepara
esquema especial de segurança para proteger o prédio da Corte, em Brasília, no
feriado de 7 de setembro, quando os bolsonaristas estão convocando
manifestações contra o Judiciário na Esplanada dos Ministérios”, informa o site
Metrópoles.
“O
esquema está sendo organizado por integrantes do Supremo e da PM do Distrito
Federal. Uma das ideias é cercar o prédio da Corte não só com grades de ferro
como com PMs, para evitar invasões e depredações. Fontes do STF ressaltam que,
além do prédio-sede da Corte, localizado na Praça dos Três Poderes, o órgão já
havia reforçado a segurança pessoal de todos os 11 ministros do tribunal há
alguns meses, quando bolsonaristas intensificaram ataques aos magistrados.”
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Com informações do O Cafezinho.
(FOTO/Reprodução/CartaCapital). |