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Elizabeth II morre deixando legado de colonialismo e exploração

 

O Império Britânico, governado por Elizabeth II, foi responsável por vários genocídios de povos colonizados por eles na África, Ásia e Caribe. Foto: Reprodução.

Morreu hoje, aos 96 anos, Elizabeth II do Reino Unido. A monarca britânica governou por 70 anos o vasto império colonial que explorou riquezas, escravizou povos e apoiou golpes de estado com todas as partes do mundo.

Quênia, Iêmen, Irlanda do Norte, Egito e África do Sul foram algum dos países que sofreram a opressão, massacre e exploração feita pelo Império Britânico, chefiado por Elizabeth.

Durante seu reinado se deram as lutas de libertação colonial em África e na Ásia. Na África do Sul, o governo da rainha apoiou e financiou o regime do Apartheid, que discriminação e tentava subjugar a população negra. No Quênia, durante a guerra de independência nos anos 60, pessoas eram mutiladas e torturadas com machados por se levantarem contra os britânicos.

Domínio imperialista após a derrota colonial

Com as sucessivas vitórias da luta anti-colonial nas décadas de 50 e 60, o Reino Unido substituiu o Império Britânico pela Commonwealth, ou Comunidade Britânica.

Essa estrutura visa garantir a monarquia inglesa mesmo com países independentes. Por isso que Elizabeth foi rainha de mais 14 países além do Reino Unido. É o caso da Jamaica, Austrália, Canadá e até o pequeno arquipélago de Tuvalu, na Oceania.

O objetivo da Commonwealth é manter o controle do capital financeiro britânico sobre esses países, em especial no Caribe, África e Ásia. Tanto que mesmo países que se tornaram repúblicas, como a Índia ou Barbados (que se tornou república ano passado), continuam na organização.

Escravidão, golpes de estado e simpatias nazistas

Essas estruturas controladas pela monarquia britânica não surgiram com Elizabeth. Sua dinastia governa o Reino Unido desde o século XVIII.

Foi durante os governos de seus antepassados que a Inglaterra assumiu protagonismo no tráfico de escravizados no Atlântico. Foi esta monarquia que dominou 25% dos territórios no mundo suprimindo línguas, perseguindo etnias e prendendo revolucionários que lutavam contra o colonialismo.

Outro ponto que marca a dinastia de Windsor é a simpatia de alguns de seus membros pelo nazismo. O tio da rainha, Eduardo VII (que também foi rei), ficou conhecido por apoiar abertamente o regime nazista de Hitler. A própria rainha foi gravada ainda criança fazendo a saudação nazista.

Outra marca de seu governo foi o apoio a golpes de estado. Aliado de primeira hora da OTAN, o governo de Elizabeth apoiou golpes de estado na América Latina e na África. O caso mais emblemático é o de Gana, onde os ingleses apoiaram um golpe para derrubar o presidente Kwame Nkrumah, em 1966.

Na América Latina, a Marinha Real de Elizabeth não poupou esforços para manter o domínio colonial das Ilhas Malvinas, território internacionalmente reconhecido argentino.

Monarquia britânica é herança medieval e reacionária

Essa história de exploração, guerras, colonização e mortes são hoje escondidas pela grande mídia. Toda cobertura se dá em exaltar o “legado” de Elizabeth.

Nem uma palavra é dada com destaque aos privilégios construídos pela monarquia britânica. Privilégios construídos à base da colonização brutal de povos de todas as partes do mundo.

Não há nada que se lamentar na morte de Elizabeth, a não ser o fato de nunca ter sido julgado, junto a todo governo britânico, pelos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos.

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Com informações do Jornal A Verdade.

Frantz Fanon: um clássico para entender o colonialismo

O psiquiatra e filósofo social Frantz Fanon (1925-1961).CSU ARCHIVES/EVERETT COLLECTION

 

Em 6 de dezembro de 1961, o psiquiatra e intelectual martinicano Ibrahim Frantz Fanon sucumbia a uma impiedosa leucemia que abreviou sua vida no auge da sua produção acadêmica, com apenas 36 anos, e no ano de publicação de sua última obra, o clássico Os condenados da terra. O pensador marcou época a partir de seus escritos e morreu num momento-chave da história africana, o da chegada das independências, época da qual foi testemunha e protagonista ao militar na Frente de Libertação Nacional (FLN) durante a guerra pela emancipação da Argélia (1954-1962). Como psiquiatra, sua vivência foi fundamental para traçar o perfil das pessoas colonizadas, em um livro que se tornou referência obrigatória para os estudos sobre o colonialismo.

Colonialismo e alienação

Ao calor da guerra na Argélia, que já durava sete anos na época da escrita de Os condenados da terra, Fanon escreveu que a colonização sempre é um processo violento e que desumaniza o colonizado, negando-lhe seu passado, sua essência e seus valores. “O colonialismo não é uma máquina de pensar, não é um corpo dotado de razão. É a violência em estado de natureza”, opinava nas primeiras páginas de seu ensaio.

O sistema colonial constrói e perpetua estereótipos. Fanon os denunciou constantemente. Em 1961, argumentava que o opressor foi definido pelo colonizado como inimigo dos valores, desprovido destes, assim como de moral. A desumanização levou ao extremo de comparar o africano aos animais. “A linguagem do colono é uma linguagem zoológica”, acrescentou o psiquiatra.

Essas observações tinham aval no discurso científico da época. Neste campo, na França pré-1954, concluiu-se que o argelino era um criminoso nato, um homicida impulsivo e desumano, que matava por nada, e sempre roubava de modo violento. Inclusive algumas observações similares foram feitas na Tunísia e em Marrocos, com o que se concluiu o estereótipo de um criminoso norte-africano.

Fanon denunciou o conteúdo do ensino francês a respeito dos súditos a partir de teorias metropolitanas que os associavam à inferioridade e à agressividade. Em um destes estudos, o nativo norte-africano aparece como quase desprovido de córtex cerebral ou, em outro, o africano é comparado a um europeu lobotomizado. A conclusão, segundo vários especialistas franceses da época, era que a estrutura mental do africano o predispunha a ser quase um animal.

O autor de Os condenados da terra o definiu, em um marco de certa ambiguidade, como um ser encurralado. Por um lado, temeroso e até hostil ao opressor; por outra parte, o invejando, desejando ocupar seu lugar e até dormir em sua cama, possuindo a sua esposa. A cidade deste estava vedada ao nativo, a separação entre os dois mundos era uma realidade e, por essa distância e pela própria violência inerente do sistema, o colonizado vivia em um estado de tensão permanente.

O autor caribenho pensava nos colonizados como perseguidos que sonhavam em se tornar os perseguidores.

Tal tensão se manifestava no desejo de ultrapassar os limites que eram impostos sob ameaça ou coerção. Por isso, essas tensões eram sublimadas durante o sono: “São sonhos musculares, sonhos de ação, sonhos agressivos. Sonho que salto, que nado, que corro, que pulo. Sonho que rio às gargalhadas (...). Durante a colonização, o colonizado não deixa de se libertar entre as nove da noite e as seis da manhã”, sintetizou. Como o africano não descarregava sua violência contra o europeu, o fazia com seus semelhantes, através de lutas internas, ou da religião. Em estados de transe, esquecia sua condição de submissão, mesmo que por um momento. Não é casual que durante o colonialismo os hospitais estivessem saturados de indivíduos com a psique extremamente alterada.

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Com informações do El País. Leia o texto completo aqui.

Brasil: a herança perversa do colonialismo racista


Brasil: a herança perversa do colonialismo racista. (FOTO/ Reprodução/ Comissão ARNS).

Segundo estudo divulgado em outubro de 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a crônica desigualdade social que marcou todo o curso de nossa história, desde que Cabral aqui aportou no dealbar do século 16, aumentou em 2018. O rendimento médio mensal do 1% mais rico do país foi quase 34 vezes maior do que o da metade mais pobre de toda nossa população.