Independência para quem?


(FOTO | Bênção das bandeiras da Revolução de 1817, óleo sobre tela de Antônio Parreiras | Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

Se você for falar do evento de 1817 que contou com a participação do Crato a partir de Bárbara de Alencar como parte do processo de "Independência do Brasil", lembre de destacar para seus alunos e alunas que ela foi também uma escravocrata.

Lembre de dialogar com eles e elas sobre o protagonismo das mulheres, das mulheres negras e dos povos indígenas que além de querem a separação com Portugal desejam ter de volta sua liberdade.

Reflita com eles/as qual o sentido teve essa "independência" na época e hoje. Traga para o campo do debate o fato de que mesmo oficializada a separação de Portugal em 1822, o território passou a ser administrado de forma monárquica e por um português, filho do rei de Portugal D. João VI, o Pedro de Alcântara (depois passou a ser chamado de D. Pedro I).

Mencione os diversos momentos de lutas, de batalhas e guerras travadas pela independência, desmistificando essa romantização de que o evento foi pacífico e que Pedro foi herói.

Reflita ainda que mesmo após tudo isso, o Brasil continuou mais 66 anos escravizando a população negra. E que o 7 de setembro como data "comemorativa" ignorou o protagonismo da população negra e da população indígena, além de mitificar D. Pedro I.

Mencione ainda que essa data só se tornou oficial a partir do presidente Eurico Gaspar Dutra, o primeiro governo brasileiro após o período ditatorial de Getúlio Vargas com a lei nº 662, de 6 de abril de 1949 e referendada em 2002 durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (lei nº 10.607, de 19 de dezembro).

Por fim, lembre-se de indagar: que sentido teve essa independência? O que vamos mesmo comemorar amanhã?


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