16 de julho de 2018

Por que gritamos e defendemos ‘Lula livre’?


(Foto: Francisco Proner).

No dia da prisão de Lula transmitida em rede nacional (sim, a contrarrevolução foi televisionada) tive uma tosse horrível, cheguei a ter febre e vomitei duas vezes. Há anos que meu físico tem esse tipo de reação quando a vida machuca legal: ele bota pra fora tudo aquilo que eu não consigo falar e/ou escrever. Naqueles dois dias: eu só chorei e muito. E confesso pra vocês que essa dor é imensa porque o que a gente viveu nesses últimos cinco anos, desde 2013, é muito violento, muito traumático, muito horrível. Violento, traumático e horrível pelo nível de desumanidade que a direita brasileira e suas frações de classe histéricas são capazes de mobilizar para se manter no poder, transformar o Estado em um grande balcão de negócios e perpetuar as enormes e estruturantes desigualdades brasileiras – a mensagem é clara: o Estado é deles e para eles, e o restante da população deve viver no limite da humanidade para lhes servir como exército de reserva, mão de obra precarizada e subalternos de toda sorte. A punição exemplar de Lula, esse homem imenso, é paradigmática desse processo.

A questão que importa: Lula está preso, mas está longe de estar acabado. Isso porque não se trata apenas do homem, mas como ele mesmo falou no comício antes de ser encarcerado: Lula é uma ideia que nos últimos 13 anos foi transformado em um programa de governo chamado lulismo. O lulismo, nos termos desenvolvido por André Singer, é um projeto de Nação onde todos ganham sem o acirramento dos conflitos. E nós sabemos que durante os governos petistas todos ganharam e não foi pouco. E nós também sabemos que mesmo com o presidencialismo de coalizão: a sociedade brasileira não é mais a mesma. O que também vimos nesses últimos dias em São Paulo é uma sociedade altamente politizada em torno do legado de Lula e do lulismo. Entre as cenas mais tristes transmitidas para o mundo, ao vivo e em tempo real, vimos a cena mais bonita e emocionante: trabalhadores e trabalhadoras se auto organizando para impedir que Lula se entregasse à PF. Ali, na hora, no momento mesmo daquela dor imensa e da luta, que no cotidiano dessas pessoas são as mesmas coisas – quem há de negar a natureza revolucionária desse ato espontâneo?

Isso tem implicações sérias para a esquerda nesse momento, sobretudo para um setor da esquerda que tem esbravejado que o Lulismo morreu com a prisão arbitrária de Lula. O lulismo está mais vivo do que nunca e tornou-se incontornável: para a esquerda e para a direita. Primeiro porque não há um lulismo no Brasil, esse país com enormes assimetrias regionais. Há lulismos: aqui no Nordeste está longe de ser um reformismo fraco. A Revolução Severina, por exemplo, é a prova cabal disso: não se trata de combate à pobreza, mas de combate à histórica desigualdade social. Lembremos do programa mundialmente reconhecido: 1.500.000 cisternas, que fornecem água e combatem à seca nordestina, quebrando o ciclo de gerações e gerações de nordestinos indo para o centro-sul para servir de mão-de-obra precarizada e super explorada.

O lulismo no centro-sul, SP e RJ, é outra coisa. E mesmo assim não é o mesmo para todas as classes sociais. Ele é limitado e aparece como esgotado para um setor da classe média ilustrada dessas regiões, sobretudo para aqueles que se auto qualificam de esquerda autonomistas cujos integrantes nasceram fazendo três refeições diárias, com água abundante, luz elétrica inesgotável, dentição completa e acesso ao mundo amplo e irrestrito. São esses acadêmicos burgueses que não suportam que o povo faça a sua política, no tempo que lhe convém, da forma possível de suportar o insuportável às vezes, com sua própria capacidade de mediar o cotidiano que já luta em si. É esse setor ilustrado da classe média e a elite golpista têm decretado o fim de algo, o lulismo, que o Golpe de 2016 e a prisão de Lula deram um novo fôlego e certamente ganhará um novo capítulo nas eleições de 2018 – mesmo se o golpismo continuar agindo ao arrepio da lei e mantendo Lula preso. A prova cabal de que o lulismo não se restringe ao homem, mas a ideia, é que qualquer pessoa indicada por Lula já sai com 12% das intenções de voto e sem campanha!

O lulismo é múltiplo e está longe de ter se esgotado. Lula é um Titã que foi condenado arbitrariamente por um justiçamento partidarizado e foi arrancado dos braços do povo para se tornar Gramsci no cárcere fascista, como escreveu Wilson Gomes – o liberal favorito da Bahia. Naqueles dias, a direita brasileira e suas frações fascistas e histéricas fizeram renascer o Lula, o PT e o lulismo como ideia, como campo político hegemônico e como projeto de país, respectivamente. Os lulismos tornaram-se incontornáveis para a esquerda e para a direita – que não consegue emplacar um candidato porque o que está em jogo é exatamente o acúmulo de experiência política e o legado dos lulismos. Nada menos do que isso foi o principal recado dos trabalhadores e das trabalhadoras que estavam no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, protestando contra esse golpe nefasto.

Seria interessante que os autonomistas da classe média intelectualizada na carteirada e militantes das redes sociais prestassem atenção no recado deles e aprendessem com eles o que é autonomismo e como fazer a luta política autônoma. Porque a classe trabalhadora sabe de cor e salteado que a prisão não é o fim de nada. É um outro começo no qual todos devemos construir juntos. (Por Patricia Valim, na Revista Fórum).

15 de julho de 2018

Professor Evantuil e poeta Adriano Sousa são empossados na Academia de Letras do Brasil/Araripe-CE


Posse dos Acadêmicos José Evantuil e Adriano Sousa na ALB/Seccional Regional Araripe no auditório da Escola 18 de Dezembro, em Altaneira. (Foto: João Alves).

O auditório da Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro, em Altaneira, foi palco na tarde deste sábado, 14, de sessão solene visando empossar o professor e sindicalista José Evantuil, bem como o poeta e escritor Adriano Sousa na Academia de Letras do Brasil/Araripe-CE.

O evento que contou com a participação de parte dos/as acadêmicos e acadêmicas que compõem a Academia de Letras do Brasil/Seccional Regional Araripe, de professores/as, homenageados e homenageadas, familiares representantes de patronos das cadeiras a serem ocupadas pelos empossados, do prefeito Dariomar Rodrigues (PT) e do Secretário Municipal de Governo, Deza Soares, do ex-prefeito João Ivan Alcântara, do Controlador Geral do Município que ora estava como Mestre de Cerimônia, Antonio de Kaci e da imprensa local, oficializou o assento dos supracitados na academia.

Tanto Evantuil quanto Adriano apresentaram biografia de seus patronos - Fausta Venâncio David e Euclides Nogueira Santana -, respectivamente.

Evantuil por ocasião do discurso de posse
na ALB/Araripe. (Foto: João Alves).
Quanto a primeira, Dona Fausta como figurou no imaginário do povo altaneirense, Evatuil trouxe um balanço da sua trajetória que foi do ambiente educacional até o envolvimento (embora não de forma efetiva e maciça) em grupos políticos do município.

O professor conta que Dona Fausta viveu até os 101 anos. Ela nasceu em 12 de outubro de 1915, em Santana do Cariri e faleceu em 17 de dezembro de 2016 em Altaneira. Por aqui, Fausta fixou residência no pós emancipação política em 1958, montando em sua morada uma mini escola de apenas uma sala que funcionou até os anos 90 do século passado. Evantuil relatou que ela chegou a participar de campanha que culminou na construção da capela de São José, localizada no centro da cidade e que foi assediada para se envolver na política no grupo de Frutuoso José de Oliveira, mas que optou pela área educacional. Ela foi inclusive a primeira professora deste município. Evantuil mencionou que esteve mais presente na vida dela nos anos que antecederam seu falecimento. “Costumava fazer visita-la sempre no dia 12 de outubro, dia do seu aniversário”, finalizou. Para ele, ter Dona Fausta como patrona da cadeira que terá assento é uma das formas de poder render homenagens a esta figura que sempre teve relação estreita de prestação de trabalho aos altaneirenses.

De igual modo, Adriano Sousa trouxe para o auditório da escola que estudou todo o ensino fundamental um escrito biográfico de Euclides Nogueira Santana, ou simplesmente “Seu Quido”. Na sua oratória, o poeta que também é presidente da ALB/Seccional Regional Araripe, mencionou a relação de afinidade de sua família com seu patrono que começou de forma efetiva em Osasco (SP) quando ele estava adoentado e Seu Quido o medicou. A família foi ao Hospital das Clínicas, um dos mais conhecidos do estado e lá o médico de origem japonesa prescreveu a mesma medicação.

Adriano Sousa no seu discurso de posse na ALB/Seccional Regional Araripe. (Foto: João Alves).

Adriano conta também que muito do que sabe de Seu Quido é fruto de sua própria memória ao ouvir conversas de sua família e de familiares do seu patrono, como o do irmão Pedro Delvino. Foi inclusive ao lembrar de relatos do irmão de Seu Quido que pode constatar a vocação deste para a medicina. Na ocasião, Pedro conta que teve um desmaio e Quido colocou folhas em um recipiente com água e fez com que ele bebesse, voltando a ficar consciente.

O poeta destacou a trajetória difícil do patrono até o auge da carreira na política e na área da saúde. Muito do que fora frisado no auditório já tinha sido publicado aqui no Blog Negro Nicolau (BNN) em artigo de sua autoria. Na infância ficou órfão de pai. Fez-se agricultor para auxiliar no sustento dos dois irmãos mais novos. Iniciou a vida no comercio precário como tropeiro vendedor de peles, milho, feijão, amendoim, rapadura e fumo. Anos mais tarde abriu as portas de um comércio varejista no centro da comunidade Santa Teresa. Assim fez-se conhecido de todos os cidadãos do lugarejo.

Em 1958, ingressou no movimento político que culminou com o desligamento do Distrito Altaneira do município de Farias Brito-CE. Escreveu o Hino Municipal de Altaneira e assim deu à mais nova cidade um dos seus primeiros símbolos cívicos.

Elegeu-se vereador para a primeira legislatura da cidade de Altaneira. Esteve ao lado de Altaneira nos momentos mais críticos da vida política daquela gleba.

Enquanto comerciante da cana-de-açúcar, deu renda aos pais de família que lhe prestaram serviços; investido de poderes políticos, fez muito sua terra e sua gente a partir dos tantos projetos que saíram de sua mesa; enquanto farmacêutico, atendeu os altaneirenses nas tardes quentes e nas madrugadas de chuva. Munido apenas de estetoscópio, esfigmomanômetro e muita sabedoria, visitava o paciente e tomava as decisões cabíveis ao momento: medicava com exatidão ou transferia para o Crato-CE.

Ele conclui dizendo que um curso de farmácia o fez farmacêutico, mas o povo de Altaneira o fez médico.

Durante a sessão solene, os músicos Sebastião Amorim, conhecido popularmente por Charles Tocador, Cícero Herlândio – o Cícero Cabeludo -, a rezadeira e mestra da Dança do São Gonçalo, Dona Angelita e Socorro Carneiro, integrante do grupo religiosa vinculado à Igreja Católica, receberam diploma da Academia pelos serviços prestados ao município.

Abaixo outras fotos sob as lente de João Alves:





















14 de julho de 2018

Quinze anos depois, Lei 10.639 ainda esbarra em desconhecimento e resistência


(Foto: Reprodução do kit A Cor da Cultura).


A professora de Geografia da rede municipal de Macaé, município do Rio de Janeiro, Sabrina Luz, foi denunciada pelo pai de um estudante por exibir um filme sobre a cultura negra em sala de aula.

No vídeo que a docente veiculou em suas redes sociais, ela explica o porquê da escolha do filme Besouro, que conta a história do capoeirista baiano Manuel Henrique Pereira, conhecido como ‘Besouro Mangangá’, na década de 20. “O filme mostra a resistência negra [embora a abolição da escravatura tivesse ocorrido décadas antes, os negros continuavam a ser tratados como escravos], a capoeira, a umbanda e o candomblé como parte dessa resistência”, coloca.

Ainda que o teor da denúncia não tenha sido divulgado, a professora acredita que ela tenha sido motivada por intolerância religiosa, ao que complementa. “A escola pública é laica, todos os alunos de todas as religiões cabem dentro dela”. A professora também comenta que 70% dos alunos que seguem as religiões de matriz africana evadem das escolas por preconceito. “O racismo é crime e nós professores temos que ensinar no cotidiano como foi a escravidão, mostrar a resistência do povo negro e a sua história”.

Em nota, a Prefeitura de Macaé informou que não abrirá processo contra a professora. A decisão é pautada pela lei. A prática de Sabrina Luz se ancora na legislação 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos das redes de ensino e na lei 10.645 que trata da obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Sabrina, no entanto, não é a única a esbarrar em dificuldades para cumprir o a lei. Em março deste ano veio à tona um caso envolvendo o Sesi Volta Redonda (RJ), que chegou a abolir da grade de livros didáticos a obra Omo-Oba: Histórias de Princesas, da autora Kiusam de Oliveira, devido ao questionamento de alguns pais quanto ao conteúdo.

A instituição voltou atrás assumindo o “equívoco” e informando que a obra não seria mais substituída depois que alguns familiares protestaram contra a decisão nas redes sociais. A mãe de um aluno, Juliana Pereira de Carvalho, viralizou seu post com mais de 6 mil compartilhamentos: “acredito ser de fundamental importância que a equipe pedagógica esclareça esses pais. Não falo apenas pelos meus filhos negros, mas para além da necessidade imediata da visibilidade afro-descendente, precisamos formar pessoas que se sensibilizem e busquem uma sociedade mais justa”, defendeu.

Raio-X da intolerância

No Rio de Janeiro, os casos de intolerância religiosa trilham uma curva ascendente, como mostram os registros da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI). Os dados apontam um aumento de 56% nos casos em comparação com o primeiro trimestre de 2017 e com o mesmo período deste ano: entre janeiro e abril do ano passado foram 16 denúncias; este ano, no mesmo intervalo de tempo, 25. Somando as denúncias de 2017 até abril deste ano há 112 casos registrados.

O Rio de Janeiro concentra os maiores índices deste tipo de crime, 55%, seguido por Nova Iguaçu, 12,5% e Duque de Caxias, 5,3%. O tipo de violência mais praticada é a discriminação com 32%, depredação de lugares ou imagens 20% e difamação 10,8%. As religiões como Candomblé, Umbanda e outras de matrizes africanas lideram o índice de denúncias: candomblé, 30%, umbanda, 22% e as demais, 15%.

Sensibilização e formação

Embora reconheçam avanços desde o início da Lei 10.639, inclusive no sentido de pautar outros dispositivos sobre a cultura afro-brasileira, especialistas na temática reconhecem barreiras que ainda precisam ser superadas para sua total efetivação.

O sociólogo e professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Leonardo Borges da Cruz, fala em falta de sistematização. “Nas escolas municipais, estaduais e particulares, o cumprimento da Lei ainda fica muito a cargo de um sujeito ou outro que resolve comprar a causa. Muitas vezes o professor se sensibiliza pelo tema ou por ser negro ou por ter tido contato com o tema em algum momento”, avalia o profissional que também é colaborador do projeto educacional ENEMEX.

Ainda assim, nem sempre as práticas em sala de aula são corroboradas pela gestão escolar, como observa a pesquisadora Paola Prandini, co-fundadora da Afroeducação, instituição que pensa estratégias para a equidade racial brasileira. “Ainda são vários os casos de gestores, diretores e coordenadores não  preparados que, dentro de uma lógica de racismo institucional, invalidam ou bloqueiam as possibilidades dos docentes”, conta.

Prandini também cita como ponto nevrálgico da questão as famílias. “Temos um número muito grande de evangélicos neopentecostais que infelizmente entendem que trabalhar a cultura negra é trabalhar somente as religiões de matriz africana, não entendem a religião enquanto componente cultural”, acrescenta.

Por essa razão, os especialistas entendem ser fundamentais estratégias de sensibilização e formação efetivas. Em São Paulo, a rede municipal de ensino aposta na educomunicação. “A ideia é superar a visão tradicional sobre a lei, de uma educação formal ultrapassada. O nosso trabalho é a partir das mídias, com possibilidades de trabalhar o cinema, o rádio, o jornal. Isso tem colaborado para que os professores se sintam mais seguros para a aplicação da lei”, comenta Paola Prandini, que atua como consultora da rede.

No Estado do Rio de Janeiro, a SEDHMI firmou um termo de cooperação técnica com secretaria de educação para inclusão do tema no currículo estadual, com apoio de uma cartilha e um curso a distância para os profissionais das escolas. “É importante para que professores, coordenadores, diretores e familiares entendam o propósito da Lei”, afirma o membro da SEDHMI e presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, Marcio D’Jagun.

Outras narrativas

O trabalho com a cultura e história afro-brasileira traz para as escolas a possibilidade de construir narrativas contra-hegemônicas. “É uma possibilidade para que a população negra, maioria em nosso País, tenha sua autoestima valorizada, sua representatividade legitimada e para que possamos trazer outros lugares de fala que não seja o do homem, branco, heterossexual, rico, cisgênero, que é quem está no poder”, pondera Paola.

Cruz também fala da necessidade de descolonizar o pensamento. “Do ponto de vista da nossa epistemologia, da nossa formação de conhecimento, do auto entendimento, somos muito colonizados. Eu estudei um sociólogo, Alberto Guerreiro Ramos, que tem um texto chamado A Patologia Social do Branco Brasileiro” que diz que o branco brasileiro acha que é o branco europeu, mas só aqui ele é entendido assim, ao sair do País ele é visto como latino. É um problema de auto estimação e é a partir dele que se mantem as hierarquias raciais”, analisa o sociólogo.

É nesse sentido que leis como a 10.639 11.645 contribuem. No sentido de abrir um espaço legítimo no ambiente escolar para que possamos estudar aquilo que não foi até hoje. Nós ainda não sabemos quem somos“. (Com informações de Carta Educação).

"O golpe de 64 me tirou de minas, o de 2016 me devolveu", diz Dilma


(Foto: Reprodução/Brasil 247).

Dilma Vana Rousseff, 70 anos, vítima da ditadura militar quando jovem e, em 2016, afastada da Presidência da República sem ter cometido crime de responsabilidade algum. Apesar dos momentos difíceis que enfrentou na vida, ela parece não se envergar, como deixou explícito na entrevista que concedeu a Aloizio Mercadante, estreando o programa "Brasil Primeiro", que será apresentando pelo ex-ministro. Cantarolando uma canção que expressa toda a sua mineiridade, ela reafirma sua candidatura ao Senado por Minas Gerais e reflete: "o golpe de 64 me tirou de Minas, o de 2016 me devolveu".

Dilma Rousseff, que tem participado de várias palestras e debates no exterior a respeito do golpe de 2016, explica o significado do Estado de exceção seletivo. "Ao aposto do ocorrido na ditadura, onde todas as instituições estavam suspensas, no Brasil de 2016 vivemos um novo tipo de golpe e que, ao contrário de que alguns apontaram, não tem nada de soft (suave)", elucida.

Mentor do golpe: Mercado financeiro

"O golpe de 2016 é fruto do domínio bastante perverso do chamado Mercado, que possui um desenvolvimento econômico extremamente financeirizado. Se no passado a árvore da democracia na ditadura militar era cortada pelo machado, neste novo tipo de golpe ela corroída por parasitas e fungos perigosíssimos", observa Dilma Rousseff.

Executor do golpe: judiciário

A respeito das arbitrariedades que acometem Lula, ela considera que o episódio do habeas corpus negado ao ex-presidente só agrava o Estado de exceção. "Mesmo considerando que o mercado é o grande sujeito, o executor tem sido segmentos do judiciário", aponta a presidente legítima.

Dilma Rousseff afirma que o Estado de exceção se inicia com a blindagem da Operação Lava Jato, que tinha prerrogativas até para grampear Presidentes da República, e que a situação de ilegalidade se agrava. "Um dos princípios fundamentais do Estado democrático de direito, é que todos são iguais perante a lei, diante disso é fundamental que a justiça seja imparcial, ela não pode julgar conforme a cara do freguês", defende.

Referente ao habeas corpus expedido ao ex-presidente Lula pelo desembargador Rogério Favreto e vetado pelos desembargadores do TRF-4 Thompson Flores e Gebran Neto, Dilma Rousseff considera que tentam inverter a situação colocando a culpa em Favreto. "Ele agiu corretamente ao conceder o habeas corpus a Lula. A lei é clara, ao plantonista cabe essa atribuição de competência", ressalta.

E acrescenta: "O judiciário antigamente possuía uma fachada, após o último episódio envolvendo Lula, eles escancaram a perseguição ao ex-presidente para que ele não seja candidato", expõe a presidente legítima.

"Sou candidata ao Senado"

A presidente legítima Dilma Rousseff aceitou o desafio do Partido dos Trabalhadores (PT) e irá se candidatar ao Senado pelo estado de Minas Gerais. Natural de Belo Horizonte, no passado ela teve que sair da sua terra para sobreviver ao período da Ditadura Militar.

Dilma Rousseff afirma que Minas é um Estado estratégico. "Lá se encontram os autores do impeachment, que criaram as condições para que o governo mais corrupto da história governasse o País. Essa aliança entre o PSDB e o MDB é a responsável por toda a destruição que vivemos no Brasil", denuncia.

Ela ressalta que, mesmo tendo passado pelo processo de impeachment ilegítimo e precisar de descanso, não irá interromper suas atividades políticas "enquanto o Brasil não retomar a saúde" e salienta: "Não posso ter um pouco de repouso enquanto o Brasil não retomar o crescimento".

A presidente legítima conclui a entrevista citando a música de Lô Borges que, para ela, resume a sensação de pertencimento ao Estado. "Sou do mundo, sou Minas Gerais" e conclui: "O golpe militar me tirou de Minas, o de 2016 me devolveu, e que esse último golpe tenha um tempo de duração muito curto". (Com informações do Brasil 247).


13 de julho de 2018

Separados por Ciro e Lula, PDT e PT devem se unir por Camilo no Ceará


Ciro Gomes, Lula e Camilo Santana em reunião em São Paulo, no ano passado.
(Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula).

O governador do Ceará Camilo Santana, do PT, deve viver uma situação inusitada nas eleições deste ano. Aliado de longa data do presidenciável Ciro Gomes e de seu irmão, o ex-governador Cid Gomes, ambos do PDT, ele deve ter o apoio da legenda trabalhista para disputar a reeleição. A unidade no palanque estadual contrasta, porém, com a divisão entre pedetistas e petistas no plano nacional. O mandatário estadual provavelmente terá de defender a candidatura presidencial escolhida pelo PT, enquanto seus padrinhos políticos estarão do outro lado da disputa.

Segundo o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE), a eleição a governador em seu estado “está muito perto de ser resolvida, pela multiplicidade de forças”. Ele se refere à virtual ausência de oposição a Camilo, candidato à reeleição.

Hoje em dia não tem oposição [no Ceará]. A oposição veio quase toda para a base do governo”, afirmou. No estado, a base oficial do governo conta com os partidos PP, DEM e MDB. Na Assembleia Legislativa, ainda fazem aliança com o PDT o PRB e o Patriota.

Este último quase foi o partido pelo qual o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) se lançaria à Presidência. De última hora, ele optou pelo PSL em meados de março. “Só o Tasso [Jereissati, ex-governador do estado pelo PSDB] efetivamente faz oposição.”

O que o PDT pedirá em troca do apoio a Camilo deve ser fechado após a convenção estadual do partido, em 20 de agosto. O mais provável é que ele opte por manter alguém do partido como vice-governador na chapa. “Não vamos abrir mão [do vice]”, diz Figueiredo. Segundo o deputado, a indicada pode  até mesmo ser a atual vice, Izolda Cela.

O deputado estadual e presidente do PT no Ceará, Moisés Braz, explica a conjuntura curiosa. “Não temos tido qualquer dificuldade para separar a bancada [na Assembleia] do governador. Há uma unidade muito grande em torno do projeto do estado. A dificuldade é a unidade em nível nacional, que podem ser palanques diferentes.”

Esse é um cenário provável. Se as coisas se mantiverem como estão, o PDT — hoje o partido mais forte no Ceará, com 12 de 46 deputados estaduais — poderá apoiar a candidatura de Camilo Santana ao governo, e a de Ciro Gomes (PDT) à Presidência. Apesar de relatos de que o governador estaria disposto a renunciar ao apoio do ex-presidente Lula (PT) para garantir alianças locais, em meados de maio, Braz garante que ele não terá essa autonomia.

Não aceitamos esse debate aqui no estado do Ceará. Não vamos admitir que tenha outra candidatura que não a do Lula”, explica. “Vamos fazer um encontro no final do mês e definir como vamos autorizar o governador a construir sua chapa majoritária.”

A única definição do PT local, por enquanto, é que não haverá “qualquer dificuldade em relação a legenda para que o Camilo se candidate à reeleição”. “Não tenho nenhuma dúvida de que o PDT será um grande aliado. É todo interesse [do PT] reivindicar nomes [do PDT], mesmo com Ciro concorrendo. Não há nenhuma chance de o PDT não estar na chapa majoritária", promete Braz.

Por outro lado, ele afirmou que “não dá para afirmar se a vice-governadoria continua com o PDT ou com outro partido”.

Amizade

Camilo começou a carreira política no gabinete de Cid Gomes, irmão de Ciro, à época em que ele era governador do estado pelo PSB, em 2007. À época, Camilo já era filiado ao PT havia quatro anos.

O atual governador é assumidamente próximo da família Gomes. Sua indicação para o governo do estado foi uma sugestão do próprio Cid. No entanto, políticos dos dois partidos negam que isso será razão para incômodo ou atrito nas relações partidárias.

As pessoas associam ele [Camilo] a Cid e Ciro porque ele concorria ao Senado [em 2014] e mudou de posição na última hora. Compreendemos [isso]”, disse Bráz. (Com informações de CartaCapital).

12 de julho de 2018

Adelita Monteiro, pré-candidata à Câmara Federal pelo Psol, visita Nova Olinda


Comitiva de Adelita Monteiro em bate-papo político com Nicolau Neto na "Conceito Livraria Café", em Nova Olinda. (Foto: Pablo Luan, estudante de Jornalismo na UFCA).

A artesã, ativista política e pré-candidata à deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Adelita Monteiro, está cumprindo agenda pela região do cariri.

A agenda “Adelita pelo Cariri” começou nesta quarta-feira, 11, e será concluída no domingo, 15, tendo como destino Várzea Alegre, Assaré, Potengi, Crato e Juazeiro do Norte. Segundo o produtor cultural e ativista Técio Nunes, um dos articuladores do movimento, a ideia é construir com a base uma nova forma de fazer política. Ele afirmou que estava programada uma roda de conversa com agricultores familiares de Altaneira, mas que foi adiada.

Na manhã desta quinta-feira, 12, foi a vez do município de Nova Olinda receber Adelita. O grupo constituído de 4 integrantes passou pelo museu do artesão Espedito Seleiro e depois realizou um bate-papo político com este blogueiro, professor e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras. Em uma conversa descontraída no espaço “Conceito Livraria Café”, a pré-candidata à Câmara Federal falou acerca do que a motivou em participar do pleito.  Segundo ela, o Brasil tem o congresso mais conservador da história e o momento não é nada animador. “Precisamos enquanto mulher e mulher do campo da esquerda progressista ocupar esses espaços. Só assim poderemos construir um país com mais equidade”, disse ela se referindo a sub-representação feminina na política brasileira.

Nicolau que foi convidado para a conversa afirmou que o Brasil passa por uma grave crise de representatividade política e que as últimas pesquisas presidenciais tem mostrado que o conservadorismo e o reacionarismo representado pela direita e extrema direta e o campo progressista estão muito próximos. A prova disso é o Lula e o Bolsonaro em primeiro e em segundo lugar nas pesquisas, respectivamente. “Bolsonaro com suas frases feitas cheias de ódio, de misoginia, racismo e homofobia está conseguindo falar de uma forma que a população entende. As pessoas que se identificam com essas ideias preconceituosas lhe entendem, sabem o que ele está dizendo e o acompanha”, disse.

Falar de política para o povo, para as pessoas mais humildes, principalmente nas pequenas cidades do interior, em uma linguagem que eles possam entender, é um dos principais desafios da esquerda. Conseguindo isso, estaremos dando um grande passo para podermos ocupar os espaços de poder. Mas, antes, faz-se necessário ocupar os espaços das periferias e das pequenas cidades dialogando com as bases sem academicismo”, destacou Nicolau.

Técio endossou as palavras de Nicolau, mas ponderou não saber se Bolsonaro faz isso por estratégia ou se por falta de conhecimentos dos principais assuntos.

Na mesma linha de raciocínio, Adelita argumentou que a linguagem utilizada pelos membros do partido é alvo de constante debates e que entende ser esse um dos alicerces de sua pré-campanha. “Por isso, estamos visitando os municípios para conversar com quem realmente deseja mudar o pais para melhor. Nosso maior desafio é discutir política com quem não quer”, frisou. Ela mencionou que essa é a segunda vez que concorre a um cargo político. A primeira vez foi em 2010 disputando um assento na assembleia legislativa do Ceará. “Muitas pessoas perguntam se não seria mais fácil concorrer para deputada estadual. Mas a ideia não é apenas concorrer por concorrer, queremos mudar o congresso nacional. Queremos ser uma voz atuante em defesa dos menos favorecidos na Câmara Federal”, disse.

O chamamento para conversar com você, Nicolau, é porque entendemos ser uma pessoa que pode somar conosco nessa caminhada, principalmente no debate sobre raça, sobre a negritude e as relações étnico-raciais nos espaços políticos. Precisamos nos fortalecer e isso precisa ser feito a partir dos municípios”, disse Técio Nunes.

O bate-papo teve alguns encaminhamentos conforme elencados a seguir:

1 – Formação do Psol em Altaneira (possibilidade);

2 – Formação de um grupo de debates e articulações para a divulgação de temas geradores da campanha de Adelita, assim como para apresentação de sugestões;

3 – Inclusão de Nicolau no grupo/partido visando a implementação das discussões de raça, gênero e relações étnico-raciais;

4 – Ficou acordado encontros para o mês de agosto nos municípios de Altaneira e Nova Olinda.



Há dois anos o Brasil e o movimento negro perdia uma das suas mais importantes intelectuais – Luiza Bairros


Dois anos de saudade: Luiza Bairros e seu legado. (Foto: Alma Preta).

Há dois anos o Brasil perdia uma das suas mais importantes intelectuais; o movimento negro perdia uma das suas mais qualificadas e combativas militantes

Luiza Helena Bairros nasceu na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1953. Filha de uma dona de casa e um militar, a recordação da menina sobre a capital gaúcha da época era a de um município muito segregado, com clubes sociais destinados a brancos e outros, como forma de resistência, a negros.

Os pais, que muito valorizavam a educação e tinham como meta formar os filhos, fizeram tudo o que estava ao alcance para investir na educação de Luiza e seu irmão. Estudante de escola pública, a jovem graduou-se numa das primeiras turmas de Administração Pública e Empresas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Anos mais tarde, em 1979, Luiza mudou-se para Salvador, onde relatou, em entrevista para a Marie Claire, a felicidade de chegar à capital baiana. “Imagine uma pessoa negra, vivendo em uma sociedade como a gaúcha, que se defronta com a Bahia, de maioria negra. Uau! É muito forte. Salvador foi o lugar onde comecei a fazer minhas próprias escolhas. A cidade me ensinou a viver entre pessoas negras”.

Bairros seguiu os estudos e tornou-se mestre em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o projeto “O Negro na Força de Trabalho na Bahia, entre os anos 1950 -1980”. A pesquisa, focada na discriminação racial no mercado de trabalho, aponta para as dificuldades do racismo conforme o negro ascende socialmente. Luiza também se especializou em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em Salvador, a intelectual e ativista participou de maneira muito presente da vida política do município e se tornou um dos grandes nomes do Movimento Negro Unificado (MNU), a principal organização da comunidade negra da segunda metade do século XX. Ela compôs a entidade até o ano de 1994.

Não se trata mais de ficarmos o tempo todo implorando, digamos assim, para que os setores levem em conta nossas questões, que abram espaços para que o negro possa participar. Essa fase efetivamente acabou. Daqui para a frente, vamos construir nossas próprias alternativas e, a partir dessas alternativas, criar para o povo negro como um todo no Brasil uma referência positiva”, disse Luiza Bairros em entrevista ao jornal do Movimento Negro Unificado (MNU).

Ela também compôs a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (SEPROMI) em 2008, na gestão do governador Jaques Wagner. Na região Nordeste, Luiza participou da pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os estados da Bahia e Pernambuco.

Em 2010, ela foi convidada pela presidenta Dilma Rousseff a compor a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e permaneceu no posto até 2014. Luzia se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) em 2011.

Durante o governo federal, foi responsável direta pela criação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), com a proposta de criar instâncias de denúncia de casos de discriminação e com o objetivo de implementar políticas públicas voltadas à comunidade negra.

A ativista também tem a sua trajetória reconhecida a nível internacional. Ela trabalhou nas Nações Unidas na formulação de programas de combate ao racismo entre os anos de 2001 e 2005, e foi fundamental na construção do Grupo Temático da ONU sobre Gênero, Raça e Etnia.

Bairros se formou doutora pela Universidade de Michigan, nos EUA, na área das ciências sociais, e foi uma das representantes brasileiras da Conferência de Durban, África do Sul, evento que ocorreu em 2001, e reuniu representantes de 173 países para discutir medidas contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e outras intolerâncias.

A ativista, tida como um dos grandes nomes do movimento negro brasileiro, recebeu em 2011 a medalha Zumbi dos Palmares, homenagem dada pela Câmara Municipal de Salvador, o título de Cidadã Baiana (2013), concedido pela Assembleia Legislativa da Bahia, e o certificado Bertha Luz (2016), entregue pelo Senado Federal a pessoas com destaque na luta pelo direito das mulheres.

Quando questionada sobre “O que é o racismo”, por Fernando Pompeu, em entrevista publicada no Geledés, a intelectual deu a seguinte resposta. “Eu vejo o racismo como a ideologia em estado puro. É o que informa e o que possibilita desenvolver o preconceito e praticar a discriminação. É o que sustenta. O racismo engloba todas as relações, passa por dentro delas. É uma ideologia baseada na desumanização do outro, no extermínio do outro. O extermínio do outro só é possível porque há grupos que se supõem superiores. Não existe racismo de baixo para cima, pois ele sempre pressupõe a ideia de superioridade. Portanto, o Brasil é um país com um racismo bem desenvolvido. Tão desenvolvido que, durante muito tempo, sua existência pôde ser negada criando uma espécie de racismo invisível. A ponto de acusarem os que falam a palavra racismo de promotores de sua existência. Ou seja: deixa tudo como está, pois assim estamos todos confortáveis”.

Luiza faleceu em 12 de Julho de 2016, na cidade de Porto Alegre, vítima de câncer no pulmão, doença contra a qual lutava há três meses. Faleceu aos 63 anos e deixo um legado de mais de 40 anos de articulação e luta pelo movimento negro brasileiro. (Com informações do Alma Preta).

*

"Há dois anos o Brasil perdia uma das suas mais importantes intelectuais; o movimento negro perdia uma das suas mais qualificadas e combativas militantes e eu perdia também uma amiga de mais de 30 anos.
 Luiza Bairros nos deixou em 12 de julho de 2016 e a sua partida abriu uma lacuna imensa da qual ainda não conseguimos nos recuperar nem do ponto de vista político nem no âmbito pessoal. A sua ausência é sentida sempre que lembramos da sua análise de conjuntura precisa e rigorosa; da sua disciplina militante permanente e radical; de sua surpreendente capacidade de gestão que pensava os grandes problemas do país e apontava com rigor os entraves e desafios centrais para o enfrentamento ao racismo e para promoção da igualdade racial; da militante feminista negra que jamais recuou diante do machismo e do sexismo que persiste entre nós. No entanto, o que fica de mais importante é a saudade do humor inteligente de Luiza compartilhado afetuosamente pelos/as seus amigos/as e familiares; saudade da sua generosidade profunda manifesta repetidamente em favor de dezenas e dezenas de companheiros e companheiras de militância; saudade de uma companheira profundamente humana capaz de atos incríveis na defesa dos seus projetos de justiça e liberdade. A marca de Luiza pode ser encontrada nas mais importantes formulações do movimento negro brasileiro contemporâneo e suas palavras - duras e precisas - estão para sempre inscritas na história e na caminhada de todos e todas nós. Viva Luiza Bairros!
Viva às lindas e belas histórias do movimento negro brasileiro. "

- Luiz Alberto