21 de abril de 2018

“Se as esquerdas se unirem, teremos forças para ganhar a eleição”, diz Zé Dirceu


Dirceu disse ainda que Lula não está proibido de fazer política só porque está preso. (Foto: Reprodução).

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, ex-ministro José Dirceu disse, entre outras coisas, que hoje, no Brasil, o aparato judicial policial se transformou em polícia política. Dirceu pode ser preso a qualquer momento por ordem do juiz Sergio Moro. Seus recursos foram negados na quinta (19) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Ele mesmo afirma que pode entrar na cadeia para não sair nunca mais. “É uma hipótese”, admite. Nas, segundo ele, isto não muda nada. “Preso ou aqui fora, vou fazer tudo o que eu fazia: ler, estudar e fazer política. Eu tenho que cumprir a pena. Eu não posso brigar com a cadeia”.

Dirceu afirmou, otimista, que ninguém consegue desmontar a estrutura social conquistada pelos governos do PT impunemente. Que isto tem consequências. “As forças políticas e sociais vão ganhando consciência. Vão surgindo novas lideranças, novos movimentos”.

Disse que seu candidato continua sendo Lula. Para ele, Lula deve registrar a candidatura até agosto e então ver o que fazer. Para ele, se as esquerdas se unirem, terão forças para ganhar a eleição. “Da prisão você consulta quem quiser. Lula vai transferir de 14% a 18% de votos para o candidato que ele apoiar”, afirmou.

Para ele, a diferença entre 2014 e agora é que a direita, apesar de ter a Globo, o aparato judicial militar e o poder econômico, “está mais desorganizado e enfraquecido do que nós”. “Eu tenho confiança de que o fio da história do Brasil não é o fio das forças da direita. O fio da história do Brasil é o fio que nós representamos”, disse.

Lula

Sobre Lula, Dirceu disse que o pior já havia acontecido a ele que era ser condenado e preso injustamente. Sobre a perspectiva do isolamento, disse que, por enquanto, recebe os advogados e a família uma vez por semana, mas se for levado para um quartel ficará mais isolado ainda. “Ele deve conviver com outras pessoas, pensar o país, pensar no que está acontecendo. Ele não está proibido de fazer política só porque está preso”.

A respeito das acusações que pairam sobre ele, Zé insiste que é inocente. Perguntado sobre os erros do PT durante o governo, Dirceu afirma que ele e o partido estavam “do lado certo e o saldo de tudo o que fizemos é fantástico. O PT cometeu erros? Muitos. Mas tem uma coisa: o lado do PT na história, o nosso lado, é o lado do povo, do Brasil”, disse.

Convivência na cadeia

Na cadeia, Dirceu conta que tomava remedios para dormir, mas parou e foi procurar emprego na biblioteca. “Li cem livros no um ano e nove meses em que fiquei lá”. Sobre a convivência com Eduardo Cunha, Zé Dirceu disse que era normal. Segundo ele, no começo você acha que poderá evitar a relação, mas “depois de três anos percebe que é impossível, pois todos estão na mesma”, disse.

Zé Dirceu revelou que esteve com Antonio Palocci apenas uma vez e ele lhe disse que o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, iria contar que pagou a reforma do tríplex do Guarujá para o Lula. Na ocasião, Dirceu achou que Palocci também iria fazer delação. Ao contar para Cunha e Vaccari, os dois duvidaram de maneira indignada.

Sobre João Santana, Dirceu conta que o marqueteiro desabafou angustiado que não aguentava mais e também faria a delação. De acordo com ele, a sua mulher, Mônica Moura, sofreu tortura psicológica na cadeia. (Com informações da Revista Fórum).

Leia a entrevista completa aqui

20 de abril de 2018

Dez dias que vão abalar o Brasil


(Foto: Reprodução/ Brasil 247).


Entre 6 e 16 de maio, durante viagem de Temer a Tailândia, Singapura e Vietnã, quando a presidente da STF, Cármen Lúcia assumir a presidência da República vamos assistir a dois eventos importantes.

O primeiro é o evento das autoridades que fogem explicitamente do seu dever constitucional. Temer deveria ser substituído, diz a constituição, pelo primeiro na linha sucessória, que é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Mas ele arrumou algum pretexto para passar essa temporada fora do Brasil, às custas dos brasileiros, é claro.

Vai fazer isso porque, se assumir, não poderá concorrer a nada em outubro. Como a lei permite que ele não assuma se estiver em viagem ao exterior, Maia arranjou uma viagem para servir de pretexto e esconder o real motivo: não vai assumir para poder concorrer em outubro a presidente da República, ao menos é o que ele imagina hoje.

O segundo na linha de sucessão, o presidente do Senado, Eunício Oliveira vai usar o mesmo expediente para justificar seu impedimento. The show must go on. E os brasileiros vão pagar mais essa farra parlamentar.

A bomba estourou na mão da Cármen Lúcia, presidente do STF. Não dá para acumular os cargos. No STF, em seu lugar assume o vice, Dias Toffoli, o que pode dar curto circuito, porque eles não seguem a mesma cartilha.

Não é difícil adivinhar que nesse período Tofolli vai sofrer enormes pressões, de um lado e de outro, para colocar em votação ou não a ADC que poderá restabelecer a vigência do artigo 5º, sustada pelo STF desde 2016, em consequência de um apertado placar de 6 a 5.

Ele vai viver o dilema de Hamlet: ou coloca a questão em votação, o que será uma punhalada nas costas de Cármen Lúcia, mas fará bem ao Brasil ou se faz de vice decorativo e engaveta a ADC, o que fará bem a Cármen Lúcia, mas será mais uma punhalada na democracia brasileira. (Por Alex Solnik, no Brasil 247).

19 de abril de 2018

Nobel da Paz e escritor Leonardo Boff tem acesse a Lula negado. ‘Problema dele', diz juíza


Leonardo Boff aguarda autorização para poder visitar Lula na sede da PF em Curitiba.
(Foto: Joka Madruga/ Agência PT)

O escritor e teólogo Leonardo Boff está em Curitiba junto com o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Eles foram à unidade da Polícia Federal onde está preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (19), na tentativa de fazer uma visita de caráter humanitário e religioso. Já há uma decisão negativa de uma juíza de Curitiba para o caráter de inspeção às dependências.

A juíza da 12ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Lebbos, ainda não respondeu a um requerimento anterior a esse, de autorização de visita em caráter pessoal em função da amizade. A advogada Tânia Mandarino, que presta apoio jurídico a Esquivel no Brasil, diz que chama a atenção o fato de que o pedido para a visita pessoal do argentino à Lula ter sido protocolado antes e ainda não ter sido apreciado.

"É preocupante essa conduta, porque Esquivel é apenas a primeira de muitas visitas internacionais que irão ocorrer ao ex-presidente Lula, como estadista. Sem contar o caráter de perversidade". diz a advogada, referindo-se à idade avançada de ambos. Esquivel tem 87 anos e Boff, 79. "Pela sua relação de aconselhamento espiritual com Lula, o Leonardo Boff deveria ter, inclusive, sua entrada franqueada. É lamentável."

A advogada viu componentes de sadismo na conduta da juíza Carolina Lebbos. "Absurdo dos absurdos, quando a juíza apreciou primeiro o pedido que foi posto depois, opusemos embargos de declaração pedindo que antecipasse o pedido de visita. Ela só respondeu sadicamente os embargos e não comentou sobre o pedido de visitas. Disse que não há urgência e, resumindo, 'problema do Esquivel se ele está só de passagem'."

Adolfo Pérez Esquivel viaja amanhã de volta para a Argentina.
(Foto: Joka Madruga/ Agência PT).
Ao conversar diretamente com a Superintendência da PF, o ativista argentino teve o acesso mais vez negado. "Vamos ter de esperar se até amanhã (quando volta à Argentina) para ver se sai a autorização. Espero poder encontra o Lula, abraçá-lo e levar-lhe toda a solidariedade internacional que temos recebido, de Portugal, Alemanha, França, Noruega, vários países. Essa prisão tem causado uma apreensão de dimensão mundial", disse Esquivel.

Eu que sou velho amigo de Lula vim em uma missão espiritual. Como uma lei divina pode ser negada por uma juíza terrena?”, provocou Boff. O teólogo afirmou que o Brasil atual é uma nau sem rumo, e que Lula é o único que "brilha" aos olhos do povo com poder de reverter as "iniquidades" cometidas pelo governo Temer.

"Brasil está como uma nau perdida, um avião sem piloto, voando não sabemos em que direção ou em que montanha vai bater. Não há líder nenhum que aglutine pessoas, não há luz no fim do túnel. Estamos realmente em uma situação que nunca ocorreu em nosso país. A única pessoa que brilha nas estatísticas e no agrado popular é Lula. O portador do poder é o povo, e o povo quer Lula como presidente para desmontar as iniquidades que o governo Temer fez contra os trabalhadores, aposentados, contra a Saúde, a Educação", disse.

O teólogo disse ainda que o golpe para retirar lideranças populares da política não vem sendo aplicado apenas no Brasil, e foi gestado externamente. Essas forças estrangeiras teriam se aliado aqui com o que Boff chama de "elite do atraso, os herdeiros da Casa Grande".

"Esses grupos milionários se aliaram com interesses estrangeiros e deram um golpe. Não mais com baionetas e tanques, mas um golpe de venalidade, comprando literalmente senadores e deputados, pervertendo a Justiça, partes do MP e da PF. Se criou uma coligação de forças que primeiro depôs Dilma, mas ela não era o objeto principal. O principal é Lula, e em segundo lugar é desmontar as políticas sociais que ele fez em função do povo e, se possível, liquidar a base popular do PT e fazer com que desapareça o partido", detalhou o teólogo.

A presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, participou da abertura das atividades da vigília na manhã de hoje aponta para todos os elementos que evidenciam atropelos à Constituição brasileira, configurando um Estado de exceção. "O Supremo Tribunal Federal, corte máxima da Justiça e responsável pelo zelo à ordem constitucional acabou contribuindo para esse Estado de exceção ao permitir a prisão política de um ex-presidente, já que o processo contra ele não tem provas nem consistência", disse Socorro.

Ela afirma que a comunidade internacional está perplexa por essa prisão sem processo transitado e julgado, portanto com cerceamento de defesa e violação do princípio da presunção da inocência. "Trata-se de uma perseguição política, movida a ódio, a preconceito de classe e com objetivo de impedir que Lula esteja livre e possa ser candidato. Todo o mundo está percebendo isso. Temos uma elite empenhada em garantir seus privilégios." Socorro estava acompanhada do senador Ignácio Bernal e da deputada Natália Sanchez, ambos do Congresso espanhol.

Na saída do prédio da Polícia Federal, representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável e do Movimento dos Atingidos por Barragens entregaram duas cartas ao argentino em apoio à indicação de Lula ao Nobel da Paz. (Com informações da RBA).

Ex-prefeito de Altaneira anuncia liberação de recursos para obras paralisadas e construção de areninha


Ex-prefeito de Altaneira, Delvamberto Soares, anuncia liberação de recursos para obras paralisadas durante sua gestão. (Foto: Reprodução/ Facebook).

O ex-prefeito de Altaneira entre os anos de 2013 e 2016, Delvamberto Soares (PDT), anunciou na tarde desta quinta-feira, 19, que esteve reunido com o então Deputado Federal Genecias Noronha (Solidariedade) e seus assessores, João Paulo e Raimundo Soares na capital federal.

Ao usar sua conta na rede social facebook, Delvamberto afirmou que no encontro foram feitas reivindicações no intuito de conseguir a liberação de recursos financeiros para a retomada de algumas obras que ficaram sem serem concluídas em sua gestão. Segundo Delvamberto, Genecias teria marcado “imediatamente” uma reunião com Leandro Cruz, Ministro do Esporte, “onde ficou acordado que as nossas cobranças seriam atendidas o mais rápido possível, como também alocação de mais R$300.000,00 para construção de uma Areninha no Bairro Zé Rael.

O anúncio do ex-prefeito foi bem aceito por internautas que o parabenizaram. O então prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), foi um dos primeiros a comentar. “Parabéns pelo pedido e lembra a ele da ambulância”, frisou o gestor.

Dentre as obras inacabadas deixadas por Delvamberto estão o Estádio Municipal – uma antiga reivindicação de jogadores e ex- atletas -, o Museu e um Centro Esportivo com área destinada a uma piscina, academia, dentre outras modalidades esportivas como capoeira, karatê e danças, localizada junto ao Ginásio Poliesportivo Antonio Robério Carneiro.


Para lideranças indígenas do Ceará, se “vestir de índio” reproduz estereótipos e preconceitos


Crianças da Escola em Tempo Integral Joaquim de Morais, no Distrito do São Romão.
(Foto: Reprodução/ Facebook da Professora Maria Vanuza Gonçalves Moreira).


No dia em que os índios são homenageados no Brasil, é comum que estereótipos e preconceitos sejam reforçados em salas de aula. Crianças são incentivadas a “brincar de índio”, com penas e reproduzindo no corpo pinturas tradicionais feitas de tinta guache. Lideranças indígenas do Ceará criticam essa abordagem e esperam que o ensino e a reflexão sobre sua história e cultura não se limitem ao 19 de abril.

Para quem é índio todos os dias, a “fantasia de índio” reflete desrespeito e desinformação. “Nossos adornos são sagrados, as pinturas têm significado e o cocar não pode ser usado por qualquer um. Então, para nós, isso é uma ofensa”, resume cacique Cauã Pitaguary, diretor da Escola Indígena Chuí, localizada em Maracanaú.

Benício Pitaguary, articulador do Museu Indígena Pitaguary, explica que a abordagem reforça “uma homogeneização dos povos indígenas, que se iniciou na colonização, unindo mais de 300 culturas de etnias diferentes em um único padrão visual”. Ele acredita que isso não estimula as crianças e jovens a buscarem conhecer mais sobre a história e a cultura desses povos.

Além da descaracterização da cultura indígena, o uso de adereços nas escolas também demonstra o desconhecimento da vivência atual dos índios. Marciane Tapeba, vice-coordenadora da Associação de Mulheres Indígenas Tapeba, afirma que ainda se tem uma visão do índio de séculos atrás. “As pessoas acham que o índio é aquele que vive só da terra, que não pode usar um celular ou um relógio, que parou no tempo”, diz.

Índio não é só quem vive pelado no meio da mata. Em todas as sociedades do mundo, a cultura se transforma, e na indígena isso não é diferente. Ninguém é menos ou mais índio do que o outro porque vive mais isolado, sem contato com o branco. Essa é uma visão equivocada, preconceituosa e discriminatória”, completa Weibe Tapeba, vereador de Caucaia e membro da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena.

Eles concordam que a abordagem ideal do ensino da cultura indígena nas escolas deveria incluir a voz desses povos. “Deveriam nos chamar para dar palestras ou vir visitar nossas aldeias”, sugere Marciane. Além disso, eles ressaltam que há materiais de qualidade na internet, como documentários e vídeos, alguns feitos pelos próprios índios, que mostram a cultura de algumas etnias através de músicas, danças e rituais religiosos.

Para Weibe Tapeba, no entanto, isso terá pouco impacto se for restrito ao dia 19 de abril. Ele cita que a Lei 11.645, de 10 de março de 2008, que tornou obrigatório o estudo da história e da cultura indígena nas escolas. “Isso deve ser trabalhado o ano inteiro com os alunos, mas para ser possível são necessárias a formação dos professores e a produção de material didático adequado”, afirma.

Nas escolas indígenas — são mais de 40 em todo o Ceará —, o dia 19 dura uma semana. São realizadas oficinas, contação de histórias, rituais ao redor da fogueira e comidas típicas. Cauã Pitaguary explica, porém, que o ensino da cultura indígena é feito o ano inteiro. “Nós temos uma grade curricular diferente, que dá espaço para o ensino diário da nossa cultura, dos nossos direitos, das leis que nos amparam, por exemplo”, conta.

COMEMORAR SEM REFORÇAR ESTERIÓTIPOS

DEIXE AS FANTASIAS, pinturas e danças de lado. Em vez de “brincar de índio”, você pode estudar a cultura e história indígenas por meio de documentários e vídeos disponíveis na internet. APROVEITE que o Ceará tem povos indígenas que ainda resistem e faça uma visita a uma comunidade. Na Região Metropolitana de Fortaleza, há povos em Maracanaú, Caucaia e Maranguape, por exemplo. DIRETOR OU PROFESSOR de escola, convide representantes indígenas para dar palestras aos alunos. Nada melhor do que conhecer a cultura de um povo sendo narrada por ele mesmo. É SEMPRE TEMPO de conhecer um pouco mais sobre os primeiros habitantes do Brasil. Não precisa esperar o 19 de abril para estudar o assunto. Aproveite também para descobrir o quanto a cultura brasileira é influenciada pela indígena e o que ainda temos de aprender. (Com informações do O Povo).



Quem é quem na Câmara de Altaneira?


Quem é quem na Câmara de Altaneira? (Foto: Júnior Carvalho).


Passados pouco mais de um ano e três meses de atuação da nova composição do legislativo municipal de Altaneira o que mais tem chamado a atenção de altaneirenses – tanto dos que aqui residem quanto dos que estão em outros municípios pertencentes a outros estados da federação -, é a mudança constante de postura e de posicionamentos dos “legisladores/as e fiscalizadores/as” do município.

Em um passado não muito distante era fácil perceber quem era os da base de sustentação do prefeito e aqueles/as que faziam oposição. Hoje está bem difícil identificá-los, identificá-las. Os que antes faziam “tempestade em um copo d’água” e denunciavam tudo, mesmo aqueles fatos que para uma oposição inteligente bastava um diálogo consistente com o gestor para sanar a situação, o ignorava e iam à rádio e aproveitavam as sessões ordinárias para expor os fatos. Ainda assim, exerciam seu papel. Algumas ações inclusive foram dignas de aplausos. Fazer oposição em um regime democrático é saudável para toda e qualquer gestão.

Ter também alguém da base de sustentação a administração que executa com destreza críticas construtivas ao gestor ou gestora, seja prefeito ou secretários/as é ótimo para a gerência dos recursos públicos. Isso facilita os acertos e dificulta, quando não diminui drasticamente os erros. Mas essa é uma missão bem mais difícil, visto a forma como muitos entendem a política partidária, como o dever de quem é oposição é criticar e apontar erros sem especificar soluções e a obrigação da situação é elogiar e detalhar as ações executadas e as que serão feitas sem se preocupar como que os recursos estão sendo gastos.

Mas me permita voltar ao que me propus analisar. Desde que esse novo retrato da Câmara passou a atuar que não se consegue mais identificar quem é quem por lá. Não é possível mensurar com clareza quem é oposição e quem é situação. Isso poderia até ser um ponto positivo para o município, se nessa seara todos e todas estivessem a um só tempo a cumprir realmente o que manda o regimento da Câmara e a Lei Orgânica do Município. Se todos/as a uma só voz estivessem a cumprir seu papel e a representar de fato e de direito os cidadãos e cidadãs altaneirenses. Mas tudo por lá está do avesso. Quem falava demais não fala tanto e até se omite em muitos casos.

Há inclusive em alguns raríssimos momentos inversão de papeis. Quem é oposição executa o de situação. O contrário também é verdadeiro. Existe também aqueles que estão iguais a isopor em água. O caso mais emblemático de inversão de papéis para a forma tradicional de entendimento de política partidária foi percebido na sessão ordinária desta quarta-feira, 18.

Flávio Correia (SDD) fez um discurso firme e consistente que há dois anos atrás seria realizado por outro parlamentar. “Não participo mais de reuniões” governamentais, pois só tenho me desgastado. “Gosta de cobrar e o governo não gosta de cobrança” disse Flávio. O edil que bem recentemente já exerceu o papel de líder do governo foi categórico. “Não aceito mentiras e corrupção”, disse e complementou ao afirmar que quando tentou opinar, não era ouvido.

Mas mesmo que a angústia de Flávio seja momentânea e que não mais se repita com essa efervescência toda, o discurso dele na sessão não foi replicado, sequer comentado pelos pares como em anos anteriores seria. Realmente, pela casa do povo onde este tem frequentado cada vez menos, está tudo do avesso. O assunto tratado por um não tem sequência, em termos de debates.

A Câmara está indo dos discursos e desavenças pessoais de outrora ao despego pelo debate, pelo bom embate político em prol do crescimento com desenvolvimento do município. A busca pela renovação no legislativo municipal é cada vez mais necessária.



Não, Joaquim Barbosa não seria o primeiro presidente negro do Brasil. Já houve um antes


Não, Joaquim Barbosa não seria o primeiro presidente negro do Brasil. Já houve um antes.
(Imagem: Reprodução/ Gazeta do Povo).

No início do século XX, o País já teve um negro na presidência. Mas, inserido em uma sociedade extremamente racista, nem ele se aceitava e tentava esconder sua cor de pele.

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa foi uma das grandes surpresas da mais recente pesquisa do Datafolha de intenção de votos para presidente. Mesmo sem ter anunciado qualquer disposição em se candidatar e com atuação quase inexistente nas redes sociais, o recém filiado do PSB detém entre 8% e 10% das intenções de voto, figurando entre terceiro ou quarto colocado, dependendo quem são seus concorrentes.

Caso sua candidatura se confirme, tudo indica que seu nome tende a crescer na corrida eleitoral. Barbosa entraria para o rol dos poucos candidatos negros que concorreram à presidência do Brasil. Mas se for eleito, não será o primeiro na história do Brasil. Quem detém este título é Nilo Peçanha, que em decorrência da morte do presidente Afonso Pena (de quem era vice), assumiu o comando do país em 1909.

Ele foi o sétimo presidente brasileiro da Primeira República e o primeiro negro a ocupar o cargo. Mas o fato simplesmente posto dessa maneira não revela as circunstâncias em que aconteceu. Peçanha provavelmente não se considerava negro e tentava esconder os traços de sua herança étnica, segundo afirmou o professor de História da PUC-SP Amailton Magno Azevedo.

A sociedade brasileira durante a primeira República era totalmente racista. Nilo Peçanha era chamado de mulato e ridicularizado pela cor de sua pele. Na família, também enfrentou resistência quando sua sogra não aceitou o casamento dele com Anita, sua esposa. O ambiente político, na época, era muito desfavorável aos negros”, contou o professor.

Este cenário levou o político a negar constantemente suas origens africanas através de discursos e maquiagens que escondiam sua pele escura nas fotografias, segundo consta em sua biografia no Museu Afro Brasil. “Por isso essa memória de Nilo Peçanha como primeiro presidente negro do Brasil nunca se consolidou”, explicou Azevedo.

É válido lembrar também que na época em que foi eleito na mesma chapa de Afonso Pena, apenas uma pequena parcela da população tinha direito ao voto: analfabetos não tinham direitos políticos, ou seja, uma grande parcela da população negra do país, descendentes de escravos não votavam. Além disso, conforme lembra Azevedo, havia um debate em curso naqueles tempos sobre a construção de uma raça brasileira sem a presença indígena e de negros — não à toa, havia perseguição a práticas religiosas de matriz africana, à capoeira e ao samba.

A maneira com que ele agiu em relação à sua cor, tentando esconder a herança negra para não sofrer preconceito é o oposto do que agora faz a geração atual, que afirma sua negritude para combater o racismo”.

Mas desde então nenhum outro presidente negro foi eleito no Brasil. O que explica isso, segundo o historiador, é o modo como os partidos políticos se comportam e se comportam em relação à diversidade e à pluralidade dentro de seus grupos — sejam eles de esquerda ou de direita —, além da rejeição à figura do negro no poder, que pode se dar de uma maneira muito velada.

Um exemplo recente foi quando o ministro do STF Luís Roberto Barroso chamou o ex-ministro Barbosa de “negro de primeira linha”, o que depois ele mesmo admitiu ser uma forma de racismo muito sofisticada “com ares de falso elogio, quando na verdade não é”.

Vida

Peçanha nasceu em Campos de Goytacazes em 1867. Se formou em Direito pela Faculdade de Direito de Recife e, de volta ao Rio de Janeiro, exerceu a advocacia e o jornalismo, defendendo causas da abolição e da república.

O primeiro cargo público que ocupou na República foi o de deputado da Assembleia Nacional Constituinte, em 1890. Já no regime democrático, em 1903 foi eleito presidente do Estado do Rio de Janeiro.

Foi eleito, três anos mais tarde, vice-presidente do Brasil na chapa de Afonso Pena. Com a morte do político mineiro, Peçanha assumiu a presidência, cargo que ocupou por 17 meses.

Anos depois, ele tentou a reeleição à presidência, em chapa composta pelo vice José Joaquim Seabra. Sua candidatura protestava contra o imperialismo destas oligarquias e investiu a candidatura de um forte apelo popular, mas não obteve êxito nas urnas e foi derrotada pelo mineiro Arthur Bernardes. Com isso, Nilo Peçanha se afastou definitivamente da cena política do país. Ele faleceu em 1924. (Com informações da Gazeta do Povo).

18 de abril de 2018

Medidas de contenção de gastos anunciadas pelo prefeito de Altaneira é motivo de divergência entre vereadores


Medidas de contenção de gastos anunciados pelo prefeito de Altaneira é motivo de divergência entre vereadores
(Foto: Júnior Carvalho).

Em uma sessão sem nenhuma matéria de autoria dos vereadores e vereadoras para ser apreciada e votada, as discussões desta manhã de quarta-feira, 18, giraram em torno da reunião promovida pelo prefeito Dariomar Rodrigues (PT) com diretores escolares, secretários, o procurador-geral do município e os vereadores na última quinta-feira (12) que anunciou medidas de controle e contenção de gastos em virtude de crise, bem como acerca da eleição para composição da nova mesa diretora da Câmara.

No primeiro item houve divergências entre o presidente da casa, o vereador Antonio Leite (PDT) e o líder da oposição, o parlamentar professor Adeilton (PSD). Ao comentar o tema, Antonio rechaçou as informações veiculadas no Blog de Altaneira (BA) e no Blog Negro Nicolau (BNN) que trouxe à tona declarações do prefeito Dariomar em que este teria atribuído os motivos da crise do município aos ex-gestores. O fato em destaque foi inclusive rebatido pelo ex-prefeito Delvamberto Soares (PDT). “Seria mais prudente o Prefeito assumir que vez gastos desnecessários fora da realidade do Município e deixar de colocar culpa nas gestões passadas”, chegou a frisar Delvamberto.

Segundo informações colhidas junto ao portal oficial da casa, o presidente da Câmara afirmou que durante a reunião Dariomar não teria atribuído a culpa da crise no ex-prefeito Delvamberto, mas tão somente dito que “os prefeitos passados deixaram uma dívida referente ao INSS”.

As palavras do pdtista não foram bem aceitas por Adeilton que as rechaçou. De acordo ele, o prefeito chegou a afirmar sim que o município está em crise por culpa das gestões anteriores e que citou como exemplo o INSS. O vereador destacou que “pela primeira vez” tinha que concordar “com ex-prefeito Delvamberto Soares quando usou as redes sociais para dizer ao atual Prefeito que pare de colocar culpa nas gestões passadas e assuma seus erros”.

Quem também comentou a reunião da semana passada foi o antigo líder do prefeito, o vereador Flávio Correia (SDD). Em um tom mais duro, Flávio argumentou que lamenta o momento difícil pelo qual passa o município, mas que “não participa mais de reuniões”, uma vez que só se desgasta. Segundo ele, “gosta de cobrar e o governo não gosta de cobrança”.

Assumindo um discurso de oposição, embora tenha negado sua saída da base, Flávio mencionou que quando desejava opinar, suas palavras não eram aceitas e ressaltou que “não aceita mentiras e corrupção”. O edil é a favor do corte de gastos, mas que o faça “começando pelas regalias do alto escalão” e solicitou que o prefeito fizesse um corte de 5% no duodécimo da Câmara.

Os demais edis também discursaram, mas suas falas não foram direcionadas para o assunto mais comentado dos últimos dias.

No que tange a eleição para escolha da nova mesa diretora da Câmara, o único a falar foi Flávio. Ele disse que não pretende concorrer ao cargo de presidente, vindo a destacar que “não aceita nenhuma especulação” sobre o assunto e que este só será tratado em dezembro.