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Quem é quem na Câmara de Altaneira? (Foto: Júnior Carvalho). |
Passados pouco mais de um ano e três meses de atuação da nova composição do
legislativo municipal de Altaneira o que mais tem chamado a atenção de
altaneirenses – tanto dos que aqui residem quanto dos que estão em outros
municípios pertencentes a outros estados da federação -, é a mudança constante
de postura e de posicionamentos dos “legisladores/as e fiscalizadores/as” do
município.
Em
um passado não muito distante era fácil perceber quem era os da base de sustentação
do prefeito e aqueles/as que faziam oposição. Hoje está bem difícil identificá-los, identificá-las.
Os que antes faziam “tempestade em um copo d’água” e denunciavam tudo, mesmo
aqueles fatos que para uma oposição inteligente bastava um diálogo consistente
com o gestor para sanar a situação, o ignorava e iam à rádio e aproveitavam as
sessões ordinárias para expor os fatos. Ainda assim, exerciam seu papel.
Algumas ações inclusive foram dignas de aplausos. Fazer oposição em um regime
democrático é saudável para toda e qualquer gestão.
Ter
também alguém da base de sustentação a administração que executa com destreza
críticas construtivas ao gestor ou gestora, seja prefeito ou secretários/as é
ótimo para a gerência dos recursos públicos. Isso facilita os acertos e dificulta,
quando não diminui drasticamente os erros. Mas essa é uma missão bem mais
difícil, visto a forma como muitos entendem a política partidária, como o
dever de quem é oposição é criticar e apontar erros sem especificar soluções e
a obrigação da situação é elogiar e detalhar as ações executadas e as que serão
feitas sem se preocupar como que os recursos estão sendo gastos.
Mas
me permita voltar ao que me propus analisar. Desde que esse novo retrato da
Câmara passou a atuar que não se consegue mais identificar quem é quem por lá.
Não é possível mensurar com clareza quem é oposição e quem é situação. Isso poderia até
ser um ponto positivo para o município, se nessa seara todos e todas estivessem
a um só tempo a cumprir realmente o que manda o regimento da Câmara e a Lei
Orgânica do Município. Se todos/as a uma só voz estivessem a cumprir seu papel
e a representar de fato e de direito os cidadãos e cidadãs altaneirenses. Mas
tudo por lá está do avesso. Quem falava demais não fala tanto e até se omite em
muitos casos.
Há
inclusive em alguns raríssimos momentos inversão de papeis. Quem é oposição
executa o de situação. O contrário também é verdadeiro. Existe também aqueles
que estão iguais a isopor em água. O caso mais emblemático de inversão de papéis
para a forma tradicional de entendimento de política partidária foi percebido
na sessão ordinária desta quarta-feira, 18.
Flávio
Correia (SDD) fez um discurso firme e consistente que há dois anos atrás seria
realizado por outro parlamentar. “Não
participo mais de reuniões” governamentais, pois só tenho me desgastado. “Gosta de cobrar e o governo não gosta de
cobrança” disse Flávio. O edil que bem recentemente já exerceu o papel de
líder do governo foi categórico. “Não
aceito mentiras e corrupção”, disse e complementou ao afirmar que quando tentou opinar, não era
ouvido.
Mas
mesmo que a angústia de Flávio seja momentânea e que não mais se repita com
essa efervescência toda, o discurso dele na sessão não foi replicado, sequer
comentado pelos pares como em anos anteriores seria. Realmente, pela casa do
povo onde este tem frequentado cada vez menos, está tudo do avesso. O assunto
tratado por um não tem sequência, em termos de debates.
A
Câmara está indo dos discursos e desavenças pessoais de outrora ao despego pelo
debate, pelo bom embate político em prol do crescimento com desenvolvimento do
município. A busca pela renovação no legislativo municipal é cada vez mais
necessária.