6 de novembro de 2017

O Enem e os surdos e o que aprendemos


O Enem resolveu falar de surdez. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 solicitou aos os candidatos escreverem sobre os “desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Obviamente, para nós pessoas com deficiência é um tema conhecido. Sabemos das questões envolvidas, da complexidade, da luta e disputas que envolvem o campo da surdez. Inclusive poderiam os alunos sem deficiência afirmar que tal solicitação diferencia os candidatos, visto que eles, os sem deficiência, estariam menos preparados para discutir o tema? Não, pois seus colégios deveriam prepará-los, afirmaria o MEC, numa batalha judiciária sem fim… E o STF o que diria?

Bem, do jeito que o STF julgou a ação da relação entre direitos humanos e a redação do Enem, podemos esperar tudo.

A respeito disso, aliás, fiquei a imaginar, poderiam propor os candidatos a eliminação dos surdos, uma eugenia estatal? Pelo parecer do STF, sim. Não teriam zero. Medo dos tais liberais do STF.

O campo surdo é um campo enorme. Cerca de 350 mil brasileiros tem surdez profunda, absoluta, e quase um milhão e oitocentos mil tem surdez grave no Brasil. Grande parte deles é usaria da Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS. Uma parte menor usa implante coclear, e passou a ouvir. Uma parte perdeu a audição depois de já alfabetizada, e são usuários de língua portuguesa, e oralizados. Alguns são usuários de línguas de sinais específicas. Há por exemplo a URUBU-KAAPOR – LSKB, a língua de sinais brasileira utilizada pelos índios da tribo Urubu-Kaapor, situada ao sul do estado do Maranhão e com alto índice de surdez. Ela difere das línguas de sinais dos índios americanos, pois esta é uma língua de sinais intratribal, enquanto aquelas são intertribais. Não sabemos quantas línguas indígenas ou intra-cidades para surdos existem, pois fora a etnografia de Everton Luís Pereira, “FAZENDO CENA NA CIDADE DOS MUDOS”, sobre uma língua de sinais numa cidade do Piauí, pouco se escreveu sobre o tema no Brasil.

Além do desconhecimento, a briga pelo campo é enorme. Os surdos são disputados pelos agentes de educação, pelos intérpretes, pelos evangélicos, que os analisam como “povo não alcançado pelo Evangelho”, e por isso talvez a pauta do Enem. MAIS MEDO. Para que alcancem autonomia as LIBRAS precisam ser fortalecidas com grandes vocabulários e glossários, propostas que levantamos em humanas, na ANPOCS.

Os surdos costumam brigar entre si, os implantados, os usuários de Libras, os oralizados, e acredito que essas brigas são construídas pelos agentes do campo que os querem isolados do mundo. Sem poder. Eles precisam se unir.

Seu discurso, de que não são pessoas com deficiência, mas uma forma de diversidade humana, nos mostra como a deficiência é um conceito que desagrada, e precisa ser discutido, ontologicamente.

A presença do tema no Enem fará o Ensino Médio provavelmente prestar atenção em subgrupos da discussão da deficiência, discutindo cegueira, doenças raras, deficiência intelectual, eugenia, autismo, síndromes, acessibilidade, desenho universal, gênero e deficiência, ente outros. Mais que discutir o tema, altamente específico, a proposta revela o despreparo que todos temos em lidar com a questão da diversidade humana. (Por Adriana Dias, na Revista Fórum).

(Foto: Reprodução/ Revista Fórum).

Primeiro dia do Enem tem 273 participantes eliminados


O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 terminou neste domingo, 5, com 273 participantes eliminados, informou o Ministério da Educação (MEC). Em 2016, o exame já registrava 3.942 eliminações ao final do primeiro dia, e outras 4.780 no segundo dia. Foram 93,07% a menos de estudantes eliminados ante ano passado. Os 273 participantes equivalem a 6,92% do resultado registrado em 2016.

De acordo com o MEC, a aplicação, tranquila e sem ocorrências graves, justifica a ampliação e a diversificação da estratégia de segurança adotada a partir desde ano. O Enem 2017 estreou a prova personalizada e o uso de detectores de ponto eletrônico e, segundo o Ministério, teve a maior cobertura de detectores de metal desde que o recurso começou a ser usado: 100 participantes por detector. Do total de eliminados, 264 o foram por descumprimento de regras gerais do edital e nove por porte de objetos proibidos identificados pelo sistema de detecção de metal.

Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, o modelo do Enem aplicado em dois domingos está se mostrando bem interessante, com grande aceitação dos participantes e aprovação geral positiva. “Temos uma clara percepção de satisfação, por parte dos candidatos, sobre a divisão da aplicação do Enem em dois domingos”, afirmou. “Nós continuamos acompanhando e assegurando que a segunda etapa, no próximo domingo, dia 12, vai ocorrer dentro da mesma normalidade e tranquilidade para os estudantes de todo o país.”


Mendonça Filho reforçou que o dia de provas transcorreu de forma calma e tranquila em todo o país. “Foram poucos casos e situações que exigem uma atenção operacional a mais por parte dos consórcios e de todo o Ministério da Educação, que está mobilizado, via Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, autarquia vinculada ao MEC], para a aplicação do Enem 2017. Isso se traduz em mais tranquilidade para os estudantes que estão se submetendo ao exame.” (Com informações O POVO ).

(Foto: Evilázio Bezerra/ O POVO).

5 de novembro de 2017

STF autoriza redação que fere os direitos humanos no Enem



A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu neste sábado (4) autorizar as redações que ferem os direitos humanos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O caso chegou ao STF através de um pedido da procuradoria-geral de República (PGR) e da Advocacia Geral da União (AGU) para suspender a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou recentemente a revogação da regra prevista no edital do exame.

A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por sua vez, atendeu a um pedido da Associação “Escola Sem Partido”, que alegou que a regra atentava contra a liberdade de expressão.

O cumprimento da Constituição da República, impõe, em sua base mesma, pleno respeito aos direitos humanos, contrariados pelo racismo, pelo preconceito, pela intolerância, dentre outras praticas inaceitáveis numa democracia e firmemente adversas ao sistema jurídico vigente. Mas não se combate a intolerância social com maior intolerância estatal. Sensibiliza-se para os direitos humanos com maior solidariedade até com erros humanos e não com mordaça. O que se aposta é o eco dos direitos humanos garantidos, não o silencio de direitos emudecidos”, disse a ministra.

O ENEM começa neste domingo (5) com as provas de redação, português, literatura, língua estrangeira, história, geografia, filosofia e sociologia. Mais de 6,7 milhões de candidatos estão inscritos. (Com informações da Agência Brasil).

(Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil).

4 de novembro de 2017

Com Fábio Carneirinho, Waldonys e espetáculo Ch@furdo, Mostra Sesc traz shows gratuitos para Altaneira


Com idealização do Departamento Regional do Sesc Ceará, a Mostra Sesc Cariri de Culturas chega este ano a sua 19ª edição, tornando a região caririense em um verdadeiro celeiro das mais diversificadas manifestações artísticas e culturais.

No último dia 16 de agosto, o órgão divulgou a relação de artistas e grupos que irão participar do evento entre os dias 10 e 14 de novembro do ano em curso. Segundo a lista, serão mais de 75 trabalhos. Mais de 20 espetáculos de artes cênicas, 11 de audiovisuais, 15 de artes visuais, 10 de literatura e 12 de músicas de artistas de todo o país.

Ainda conforme o Sesc, grupos como “As Bahias e a Cozinha Mineira e Mombojó”. Nomes da música como Céu e Ellen Oléria, Paralamas do Sucesso, o paraibano Chico Pessoa, o cantor e compositor Luiz Fidélis, dentre outros estão entre aquelas (as) que irão atrair grande público.

Segundo informações constantes do site oficial do município de Altaneira, o grupo “Ch@furdo de Dona Zefinha” será um das atrações a animar o público no próximo dia 12. A inclusão do município na programação da mostra é fruto da renovação da parceria entre a prefeitura e o Sesc ocorrida no último dia 10 de outubro.

O espetáculo “Ch@furdo de Dona Zefinha” – que em 2017 completa mais de 20 anos de atuação- ocorrerá partir das 18h30min, na Praça Manoel Pinheiro de Almeida (Calçadão Municipal).

Ainda não há confirmação, mas já ocorre rumores de que o sanfoneiro Fábio Carneirinho e o forrozeiro Waldonys completarão a programação na cidade alta. 

A programação da Mostra Sesc Cariri Cultural é inteiramente gratuita e aberta ao público.

Sanfoneiro Fábio Carneirinho. (Foto: Reprodução/Facebook).



Ex-ministra Nilma Lino lançará livro que conta história do negro brasileiro



A ex-ministra da Igualdade Racial, Nilma Lino, lança às 9:00 do próximo dia 05/11/17, domingo, o livro *“O Movimento Negro Educador’*. A obra discute a presença do movimento negro como importante ator social e político que tem educado e reeducado a sociedade brasileira sobre os direitos da população negra e pressionado o Estado a implementar políticas antirracistas.

O livro é resultado da trajetória acadêmica e política da professora Nilma e apresenta parte das reflexões do seu pós doutorado realizado com o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, em Coimbra.

O evento será realizado na rua Monsenhor Nogueira, 70, bairro Chácara, no Centro de Betim. *A entrada é de graça e quem participar vai receber certificado*. Além de escritora, Nilma Lino é também doutora em Antropologia e ex-reitora da Universidade Federal Unilab-CE .

Durante o encontro a ex-ministra irá fazer uma palestra sobre a atual conjuntura do movimento negro brasileiro. Hoje, a luta contra a discriminação racial e social exige ações rápidas e programas emergenciais que possam contribuir para mudanças e conscientização da sociedade como um todo.

Entre os participantes, representantes da(o): - Cor Brazil (Associação Cultural Afro Brasileira Betim Cor Brazil Zumbi dos Palmares); Arca (Associação de Reintegração da Criança e Adolescente); Centro Cultural Dona Antônia; Educafro Minas. (Por Jésus Lima, em seu Facebook).


3 de novembro de 2017

Movimento negro repudia declarações da ministra Luislinda Valois


Entidades representantes do movimento negro no país divulgaram nota hoje (3) em repúdio a declarações da ministra dos Direitos Humanos do governo Michel Temer, Luislinda Valois. Ontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, a ministra defendeu o direito de receber R$ 61,4 mil por mês, somando dois vencimentos, como desembargadora aposentada e como ministra.

A ministra chegou a dizer que com o salário de R$ 31 mil por mês “é difícil se vestir, se alimentar, calçar e ir ao salão de beleza”. Afirmou também que trabalhar em Brasília sem uma remuneração à altura seria como trabalho escravo. Depois da entrevista, já diante de repercussões negativas, a ministra desistiu do pedido de acumular os vencimentos.

Entendemos que reivindicar privilégios e participar de um governo que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país, é um contra-senso”, afirma a nota do movimento negro.

Confira a nota de repúdio às declarações da ministra

As entidades do movimento negro brasileiro repudiam as declarações da ministra Luislinda Valois, que assim como fez o ministro do STF Gilmar Mendes, ao fazer referência a tragédia da escravidão que submeteu milhares de negros a uma condição perversa e desumana – um crime contra a humanidade, declarado pela ONU – apropriou-se de forma oportuna desse fato histórico trágico para obter benefícios próprios relativos ao seu salário.

Não obstante não nos furtamos em observar que esse ano o Juiz Sérgio Moro percebeu o salário superior ao teto constitucional durante vários meses e a justificativa para tal descalabro são as generosas cestas de auxílios e adicionais eventuais comumente utilizados no expediente do sistema de justiça para burlar o teto constitucional e assim beneficiar milhares de juízes Brasil afora. O que também representa uma violência para a sociedade brasileira como um todo.

Voltando a Ministra Luislinda, entendemos que reivindicar privilégios e participar de um governo que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país é um contra-senso.

A ministra é voz de um governo de privilégios e privilegiados que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial. Além de silenciar-se frente ao racismo religioso e às violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país.

Além de afrontar a dignidade da população negra, a posição da ministra é um atestado cabal da falta de compromisso com o combate ao racismo e com verdadeira cidadania de negros e negras. Não resta dúvida que estamos vivendo um momento em que a violência contra as mulheres, negros, grupos LGBT, quilombolas e índios está se naturalizando e a posição equivocada da ministra é um retrato desses ataques.

A nomeação dessa senhora é reveladora do desapreço que o governo Temer tem pela comunidade negra e o gravíssimo problema do racismo no Brasil.

Também é sintomático o fato de o Presidente Temer olhar para o Brasil e não conseguir enxergar os milhares de homens e mulheres negras com altíssimo nível de comprometimento político com os anseios e demandas da população negra para ocupar qualquer cargo na Esplanada dos Ministérios, ou estaria ele ciente de que a maioria de nós jamais compactuaria com um governo ilegítimo que se instituiu através de opressões, desmandos e violências?

A ministra não representa o povo negro, não representa as mulheres negras e nem aqueles que lutam pelo fim do racismo.

Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo!

#ForaTemer

Assina:

Convergência Negra - Articulação Nacional do Movimento Negro Brasileiro.

Subscrevem:

Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN
Agentes de Pastoral Negros - APNs
Círculo Palmarino
Coletivo de Entidades Negras - CEN
Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN
Quilombação
Rádio Exu - Comunicação Comunitária de Matriz Africana
Movimento Negro Unificado - MNU
Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana - REATA
UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade
Enegrecer - Coletivo Nacional de Juventude Negra
Movimento Consciência Negra de Butia - RS
Setorial de Combate ao Racismo da CUT
Soweto

Com informações da RBA

A ministra disse que com o salário de R$ 31 mil por mês é difícil se vestir, se alimentar, calçar e ir ao salão de beleza.
(Foto: Arquivo/PSDB).

Vítima de perseguição ideológica, Judith Butler recebe apoio de intelectuais



A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) divulgou nota em apoio à vinda da filósofa Judith Butler ao Brasil, bem como ao exercício de sua liberdade de expor seus argumentos, proposições e discussões que não acreditamos poder ser cerceadas. A visita da intelectual estadunidense, com participação confirmada no colóquio Os fins da democracia – estratégias populistas, ceticismo sobre a democracia e a busca por soberania popular sido criticada ferozmente pelo MBL e pelo ator de cinema pornográfico Alexandre Frota.

De acordo com o comunicado da entidade que congrega 111 programas de pós-graduação em Antropologia, Ciência Política, Ciências Sociais e Sociologia em todo o país, “uma mordaça sobre a fala de Butler é uma ameaça para todos e todas nós, cuja vida acadêmica e intelectual não pode prescindir desta liberdade”.

Ainda segundo a nota, "um trabalho intelectual cuja premissa é a liberdade de pensamento, a possibilidade de crítica, e a capacidade de colocar em debate questões relevantes para o conjunto da sociedade, no entanto, está ameaça por grupos que pretendem impedir a vinda de Butler ao Brasil, a realização do seminário e o livre diálogo de ideias."

Em entrevista ao jornal Extra Classe, editado pelo sindicato dos professores da rede privada do Rio Grande do Sul (Sinpro RS), Butler afirmou que os integrantes do MBL e Frota "estão no meio de um pesadelo de sua própria criação".

O evento é promovido pela Universidade da Califórnia em Berkeley e a USP. Está prevista a participação de professores de diversas outras universidades estrangeiras, como Humboldt Universität, Boğaziçi University, Université de Paris VII e de Universidade de Buenos Aires, entre outras.

Doutora em Filosofia pela Universidade de Yale, professora na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde leciona no Departamento de Literatura Comparada e no Programa de Teoria Crítica, Judith Butler é autora de 15 livros, dos quais seis traduzidos no Brasil por diferentes editoras. (Com informações da RBA).

Ao jornal Extra Classe, Butler disse que integrantes do MBL e Frota "estão no meio de um pesadelo 
de sua própria criação". (Foto: Reprodução/ Youtube).

2 de novembro de 2017

A melhor definição de Jair Bolsonaro circula na internet


Em entrevista concedida à jornalista Mariana Godoy, na RedeTV!, Jair Bolsonaro acabou virando piada ao evidenciar seu despreparo em assuntos econômicos e viralizou nas redes sociais. 

Agora, circula na internet o que tem sido classificado por muita gente como a melhor definição sobre Bolsonaro. E ela vem de Mário Sérgio Vaz, trazido à tona por Állef Diego, conforme reprodução do Brasil 247

"Sobre o Bolsonaro: 

'Ele não entende de economia, não entende de educação, não entende de saúde pública, não entende de história do Brasil, ele não entende de segurança pública, mas ele entende que uma grande parcela da população também não entende, e por isso se aproveita do medo, da desorientação, da indignação e do conservadorismo das pessoas pra prometer tudo que elas querem ouvir'.
- Mario Sérgio Vaz"



(Foto: Reprodução/ Brasil 247).