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Pretas Simoa faz balanço da Marcha das mulheres negras 2015




Consideramos que o processo de mobilização e organização para a Marcha das Mulheres Negras 2015 proporcionou uma massiva visibilização, reconhecimento, propagação e comunicação entre as diversas organizações de mulheres negras em todo o Brasil. Tivemos a oportunidade de reconhecermos em nós as especificidades que nos são comuns, MULHERES NEGRAS das Américas.


Além de nossas singularidades percebemos também os desafios que nos são peculiares, como o de superar a preterição por parte do governo, em suas três instâncias. Ao levantar questões sobre as nossas demandas somos condicionadas a voltar à estaca zero contando desde o princípio a história das Mulheres Negras neste país e nas Américas para tentar convencer as autoridades governamentais sobre a legitimidade da nossa luta, passando por constrangimentos e humilhações que denunciam a inferioridade com que o Governo trata as nossas especificidades.

Para que haja um significativo avanço a nossa história precisa se tornar oficial, em se tratando da história propagada nas escolas, universidades, feminismo, movimento negro; as nossas demandas inseridas nas agendas do Governo, seja da direita ou esquerda governista; e o debate sobre essas demandas deve ser amplamente divulgado para que mais pessoas possam ter acesso e reconhecer a política que defendemos com urgência.

Podemos citar como exemplo das nossas diversas pautas a partilha da maternidade das mulheres pobres (em sua maioria mulheres negras) com o governo, propiciando assim, o tempo necessário para que estas mulheres possam se dedicar à sua vida profissional e acadêmica. No Cariri, não temos creche nas universidades e as municipais não atendem às demandas da população; não temos cotas raciais para o ingresso nas Universidades e nem para o acesso às bolsas que podem vir a garantir a permanência da aluna que, quando mãe, precisa garantir o seu próprio sustento e d@(s) seus/suas filh@s.

Reconhecer estas e outras necessidades políticas, sociais, econômicas e afetivas entre nós, MULHERES NEGRAS, foi uma experiência que a Marcha das Mulheres Negras nos permitiu.

Éramos milhares de Mulheres Negras de todo o Brasil ocupando as ruas do Distrito Federal, saudando o sol, o vento e a chuva e, nessa imensa comunhão marchamos JUNTAS: sim, pois, mesmo sem sabermos os nomes de cada Mulher Negra que lá estava ou das organizações políticas que estas representavam, MARCHAMOS JUNTAS; mesmo sem a presença física que por diversos fatores impediram outras milhares de Mulheres Negras de lá estarem, MARCHAMOS JUNTAS; mesmo sem a presença em matéria de nossas majestosas ancestrais que lá estavam em força e espírito, MARCHAMOS JUNTAS; mesmo que antes e depois dali a nossa luta cotidiana siga por caminhos diversos, naquele dia, 18 de novembro de 2015, nós MARCHAMOS JUNTAS.

As Mulheres Negras que lá estavam souberam que cada uma de nós representa milhares de outras. Éramos muitas em cada uma de nós. Eram inúmeros ecos em cada voz. Éramos nós escrevendo a cada passo, a cada gesto, a cada verbo a nossa própria história narrada pelas que antes caminharam para que nós ali estivéssemos, as que seguirão no futuro cada passo ali firmado.

JUNTAS éramos o passado, o presente e o futuro: gerações de guerreiras anônimas que resumimos em nossas veias; espelhos em cada face que nos permitem ter orgulho do nosso próprio reflexo; e armaduras que permitirão às nossas próximas gerações combaterem o racismo, o machismo e a homofobia com dignidade. E tenham passos a seguir com respeito.

PRETAS SIMOA: Grupo de Mulheres Negras do Cariri.


Abolição no Ceará e a ideologia de dominação, por Karla Alves

Karla Alves. Colunista do Blog Negro Nicolau. (FOTO/ Reprodução/ Facebook).


Em 25 de março comemora-se o dia da abolição da escravidão no Ceará como o feito de maior orgulho na história deste estado, já que decretou o fim do trabalho escravo quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea de 1888.

Blog Negro Nicolau celebra 10 anos em encontro virtual com colunistas e colaboradores

 

Blog Negro Nicolau celebra 10 anos em encontro virtua com colunistas e colaboradores. (REGISTRO/ Dayze Vidal).

Por Nicolau Neto, editor

O blog Negro Nicolau (BNN) foi lançado em 27 de abril de 2011 originalmente alcunhado de “Altaneira Infoco” e posteriormente “Informações em Foco” até chegar a esta denominação. São 10 anos de atuação em defesa da promoção de uma sociedade menos desigual e menos intolerante, com equidade racial e de gênero completados nesta terça-feira (27).

Deputados cearenses aprovam projeto que institui o Dia da Preta Tia Simoa e da mulher negra


Deputados cearenses aprovam projeto que institui o Dia da Preta Tia Simoa e da mulher negra. Na imagem, a representação da Preta Tia Simoa em um projeto intitulado "As Simoas" que trouxe depoimentos de mulheres pretas.

Por Nicolau Neto, editor

A Assembleia Legislativa do Ceará aprovou nesta quarta-feira, 1º de setembro, o Projeto de Lei 335/21 de autoria do Deputado Renato Roseno (PSOL) que institui o Dia da Preta Tia Simoa e da mulher negra e a Semana Preta Tia Simoa de combate à discriminação contra as mulheres negras no Estado.

Na justificativa da propositura e divulgada em suas redes sociais, Roseno destaca que assim como outras personalidades negras, a preta Tia Simoa foi invisibilizada na história "oficial", mas que ela teve um “papel central na luta por liberdade para os corpos negros e negras no Ceará do século XIX”.

Ainda segundo o parlamentar do PSOL, “com a proposta, o Ceará passará a ter o dia 25 de julho como Dia Preta Tia Simoa e também deverá realizar a Semana Preta Tia Simoa de Combate à Discriminação Contra Mulheres Negras”. Ele fisou que o objetivo é fortalecer ações contra o racismo, o sexismo e todas as formas de violência contra as mulheres negras; além da preservação da memória e da contribuição dos povos afrodescendentes, em especial das mulheres negras, para a formação social do nosso estado.

O projeto teve o apoio de diversos coletivos negros, como Movimento Negro Unificado, o Fórum Cearense de Ações Afirmativas, o Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, Núcleo de Africanidades Brasileiras (NACE- UFC), Setorial de Negras e Negros PSOL CE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Afro brasilidade, Gênero e Família (Nuafro - UECE), Coletivo Mulheres Negras Resistem, Rede de Mulheres Negras e  Espaço Cultural Preta Tia Simoa.

A Preta Tia Simoa se tornou conhecida do público por meio das pesquisas da historiadora, ativista negra e colunista deste Blog, Karla Alves.

Clique aqui e saiba quem foi a Preta Tia Simoa.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Tia Simoa



Tia Simoa. Cordel biográfico de Jarid Arraes.
(Foto/ Reprodução/ Blog Mônica Aguiar Souza).
A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde. No entanto, apesar de sua importante participação para a mobilização popular que impulsionou os acontecimentos, esta mulher negra teve sua participação invisibilizada na história deste Estado onde, ainda hoje, persiste a falsa premissa da ausência de negr@s.

As mulheres negras cearenses são comumente indagadas sobre sua origem e constantemente remetidas à Bahia, principalmente se não submetem seus cabelos a processos de alisamento. Esta não aceitação de nossa identidade se deve a cruel associação d@ negr@ à condição de escrav@, que no caso do estado do Ceará, teve seu processo diferenciado das principais capitanias importadoras de mão de obra escravizada devido a suas condições climáticas e geográficas, o que não significa dizer que aqui não tiveram escrav@s ou que não existiram negras e negros livres, a exemplo da “Tia Simoa” que, além de liberta lutou pela liberdade de seu povo, evidenciando uma expressiva característica da população negra (escravizada ou liberta) deste período que ultrapassa a visão dicotomizada entre o conformismo e a resistência, pois demonstra “uma experiência construída historicamente pela etnia negra” (FUNES) estabelecida através de sua sociabilidade, engajamento e luta inserida em seu cotidiano.

A ausência desta documentação histórica se repete no tocante as demais lideranças negras que atuaram no restante do país como Luíza Mahin (Ba), Mariana Crioula (Rj), Tereza de Benguela (Mt) dentre tantas outras que poderiam figurar na lista de resistência e resiliência negra feminina mas que são invisíveis na historiografia oficial do país, bem como na história do feminismo brasileiro que desconhece o extenso histórico de enfrentamento político e social da mulher negra no Brasil. A omissão desta representação na história oficial perpetra o imaginário social e destina, controla e manipula a subjetividade desse contingente significativo de mulheres no Ceará, assim como no restante do Brasil que, além de não veem suas demandas específicas inseridas no debate sobre feminismo também não se percebem nos principais embates simbólicos travados no bojo dessa importante organização política.

Atrelando o conceito de gênero ao de “raça”, onde ambos descartam o discurso biologizante das diferenças para se deterem ao campo semântico do conceito abreviado de “mulher negra”, devemos considerar que este é, sobretudo, um conceito determinado pela estrutura da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Dessa forma, conhecer a história de Simoa, mulher negra cuja história está submersa entre os escombros da memória é, pois, estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social historicamente invisibilizado no estado do Ceará. Ao sabermos da influencia que as representações históricas exercem na organização social poderemos compreender de que forma o discurso, inserido no pensamento social, contribui para a construção das relações que se estabelecem neste meio.

Ao eleger os sujeitos de uma representação histórica, estamos exercendo o que Bourdieu chama de “poder simbólico” (2006, p.14), pois estamos nomeando um objeto constituído na enunciação. Compreendendo o discurso como campo de exercício deste poder e, portanto, como instrumento de dominação, ele assim se efetua ao tomar reconhecimento e se concretiza ao tornar-se uma representação social ideologicamente estruturada, vindo a contribuir significativamente para a construção da realidade.

Com isso quero dizer que, ao buscar conhecer a estrutura socioeconômica dos responsáveis pela produção e reprodução deste discurso, podemos entender como se formaram as configurações ideológicas acerca da imagem da população negra no Ceará, sobretudo no discurso do período pós-abolição, onde se elegeu os sujeitos para representarem o movimento abolicionista ao mesmo tempo em que sepultava a memória dos “atores” esquecidos. É por meio do poder simbólico que a historiografia oficial tende a forjar a “não presença” de negras e negros no estado do Ceará e, assim, a naturalizar essa invisibilidade por meio da reprodução deste discurso no âmbito educacional perpetrando o imaginário social.

É, portanto, percorrendo o itinerário oposto que buscamos desvendar os elementos para compor nossa representação histórica a partir do protagonismo de mulheres negras que tiveram sua participação omitida nos discursos sobre a série de ações de resistência e de enfrentamento à escravidão, como no caso do movimento abolicionista no Ceará que resultou em uma abolição pioneira no Brasil e que este mês completa 130 anos, nos levando, mais uma vez, a refletir sobre os desdobramentos deste processo no bojo dos discursos que se sucederam. Da mesma forma, a omissão sobre o protagonismo de mulheres negras ao longo da história do Brasil se reproduz no tocante a história oficial do feminismo brasileiro.

Ao voltar o olhar para o feminismo brasileiro percebemos as profundas desigualdades que se reproduzem em suas contradições internas, principalmente quando visto a partir da dimensão racial, ao desconhecer e desconsiderar o duro processo de aprendizagem em busca da construção da identidade da mulher negra. É necessário, portanto, avançar diante destas e outras contradições específicas através de um denso questionamento da lógica estrutural da sociedade, onde estará presente o racismo.

É neste sentido que buscamos reescrever nossa história, para que possamos nos reconhecer como sujeitos em nosso próprio discurso e, assim, fortalecer os laços de nossa identidade através da organização coletiva. Pouco sabemos sobre a vida da Preta “Tia Simoa”, que de forma quase que despercebida passa as vistas dos historiadores, constando apenas um minúsculo relato sobre sua participação na Greve dos Jangadeiros de janeiro de 1881 (GIRÂO, 1984, p.104), o que demonstra a dívida histórica deste país para conosco.

Contudo, Simoa representa para nós uma visão alternativa de mundo ao mesmo tempo em que propõe para tod@s novas discussões acerca das estruturas sociais tradicionais, nos permitindo a reconfiguração de uma realidade social. Em nome dela, saudamos a todas as negras invisíveis na história e nos fortalecemos no eco de suas vozes silenciadas para dizer que aqui estamos e que daqui, do Ceará, falamos em inúmeras primeiras pessoas e dizemos que ainda há muito que se contar. Nossa história apenas começou. (Texto de Karla Alves, no Blog Pretas Simoa).

Saiba mais sobre a série "Personalidades Negras que Mudaram o Mundo" aqui.

Pretas Simoa realiza roda de conversa sobre a ativista negra nordestina Beatriz Nascimento


O Grupo de Mulheres Negras no Cariri - Pretas Simoa estará  promovendo no dia  15 de novembro, na praça do Giradouro, em Juazeiro do Norte, uma reunião de formação entre os membros do grupo objetivando discutir sobre a ativista negra e nordestina Beatriz Nascimento.

Segundo Karla Alves, uma das líderes do movimento negro, a roda de conversa terá como eixo norteador a obra do professor Alex Ratts - doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, coordenador do Laboratório de Estudos de Gênero, Étnico-Raciais e Espacialidades do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás (LaGENTE/IESA/UFG). O livrro referenciado será  "Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento".

Os interessados na temática podem adquirir o livro a um preço de R$ 9,25, disponível na Amorim Xérox, em Crato, na pasta de mesmo nome do grupo. O  encontro também será aberto ao púlico e está previsto para ter início as 16h00. 

Roda de Conversa, Palestras, Documentários, Danças, Peças e Poesias marcam II Mostra Afro-brasileira


A Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, promoveu durante todo o dia de sexta-feira, 20, em suas dependências, a II Mostra Cultural Afro-brasileira e a I Mostra Cultural Indígena, parte integrante de um conjunto de ações e temáticas trabalhadas durante todo o ano letivo, com destaque para as disciplinas de História, Filosofia, Geografia e Sociologia e que corroboram para a aplicabilidade de forma constante das Leis 10.639/03 e 11.645/08.

Alunos, professores, núcleo gestor e demais membros da comunidade escolar por ocasião da II Mostra Cultural Afro-brasileira e I Mostra Cultural Indígenas na EEEP Wellington Belém de Figueiredo. 
Segundo Nicolau Neto, professor de História e um dos coordenadores do ato, o evento corrobora para a efetivação das Lei nº 10. 639/2003 e nº 11.645/2008 no ambiente escolar, tendo, portanto, a finalidade de quebrar paradigmas e os estereótipos quanto a inserção desses grupos sociais nos livros didáticos, quando são discutidos e, ou lembrados somente nos período colonial, regencial e imperial brasileiro, época em que o pais esteve sob o julgo português. Intenciona-se ainda trabalhar temáticas referentes aos grupos supracitados pelo viés dos que foram oprimidos, além de promover debates junto ao corpo discente e docente sobre as dificuldades em se trabalhar o que já é de cunho obrigatório diante de um processo ensino-aprendizagem que insiste em trilhar pelo caminho europeizante.

Professora Valéria Rodrigues em palestra sobre a importância
da interdisciplinaridade da aplicação da leis 10.639/03 e
11.645/08 no espaço escolar.
“Por isso”, disse ele, “buscamos trazer contribuições não só do nosso quadro de docentes, como a professora de Biologia Valéria Rodrigues que em uma roda de conversa com os alunos e demais membros da comunidade escolar trabalhou de forma didática como as demais disciplinas podem trabalhar temáticas pertinentes às leis supracitadas sem deixar de lado conteúdos que fazem parte de sua essência, mas também outros profissionais do ensino para trocar experiências e contribuir na valorização da cultura africana e indígena há muito relegadas”.

Valéria Rodrigues discorreu acerca da Importância da Interdisciplinaridade na Aplicabilidade dos Conteúdos Referentes a História Africana, Afro-brasileira e Indígena e fez menção ainda ao falso cumprimento das leis, quando os temas são trabalhados apenas esporadicamente e, ou, em momentos específicos – o 19 de abril e o 20 de novembro. 

Professora Maria Firmino fala sobre Intolerância
Religiosa. 
A professora Maria Firmino, do município de Juazeiro do Norte, discutiu sobre “A Intolerância Religiosa contra as Religiões de Matrizes Africanas”, temática recorrente mas que pouco se discute nos espaços escolares e até mesmo nas universidades. Firmino fez um histórico das perseguições sofridas pela Umbanda, Candomblé e suas variantes, inicialmente pelo catolicismo até chegar a atualidade onde não somente este mas também as praticadas pelas linhagens protestantes. Ela fez referência a IV Caminhada Contra a Intolerância Religiosa realizada em Juazeiro do Norte em 2013 sob a coordenação dos povos de terreiros. Para ela “não se pode falar em tolerância religiosa, uma vez que esse termo nos leva para significados como ‘aturar’ e ‘suportar’. Devemos falar em respeito. Respeitar as crenças e as nãos crenças alheias. O meu direito é o seu dever. Cumpra-se", complementou.

Professora Maria Firmino em roda de conversa
com alunos depois da palestra.
A fala de Maria Firmino não acabou no auditório da escola, mas ecoava nos corredores quando diversos alunos a cercavam cheio de indagações e curiosidades. Em comentários nas fotos do evento na rede social facebook ela frisou “momentos ímpares pra todos nós educadores e educandos ... inesquecíveis .. que esse seja o primeiro de muitos. Ainda há muito o que pensar, falar, questionamentos a suscitar ....a semente já está lançada em fértil solo”. E teceu agradecimentos: “parabéns Nicolau Neto, obrigada pelo convite ... e aos grandes educadores que tive o prazer de conhecer na escola profissional de Nova Olinda ... aos alunos, pelos quais me apaixonei, desejo-lhes que continuem protagonizando a história”.

Professora Dayze Vidal, do Pretas Simoa aborda temática
da Identidade Negra.
À tarde, Dayze Vidal, educadora do Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa em uma conversa descontraída trabalhou a temática “Identidade Negra” como uma das principais formas do empoderamento de negros e negras. O cabelo foi um dos principais pontos de discussão enveredando pelo sentimento de pertencimento. “Eu preciso me reconhecer e gostar do meu cabelo”, disse. Porém, sabe-se que essa não é uma tarefa fácil, pois a mídia e a sociedade como um todo coloca um padrão de beleza em que o corpo bonito é o branco; o cabelo bom é o liso. Mas felizmente já há um conglomerado de meninas negras, meninos negros que rompem com esses estereótipos e não mais alisam seus cabelos e reconhecem a beleza escultural dos seus corpos e a escola precisa suscitar isso nos alunos, complementou.

Professor e blogueiro Nicolau Neto (Centro) ao lado do aluno Rodrigo Mourão e das professoras Yane Moura, Maria Firmino
Fabiana Bera Cruz e Valéria Rodrigues. Foto: Matheus.
Um Balanço Histórico das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e os Movimentos Sociais foi tocado pelo professor Nicolau Neto. Aqui foram mencionados pontos como a contradição que existe a partir do quantitativo populacional. O Brasil, segundo dados do IBGE é o país mais negro fora da África, mas é pífia a participação de negros e negras nos espaços de poder, fruto de um racismo velado e estrutural. Para tanto, discorreu tendo como base as indagações “em 12 anos da Lei 10.639 e 07 anos da Lei 11.645 o que mudou? O que permaneceu? Quais as principais dificuldades para a aplicação delas na educação?” Para ele, “o fato das leis não ter ‘pegado’ é reflexo da própria sociedade brasileira, que é, antes de tudo, europeia e racista”.

Dentre uma seleta lista de personalidade negras que foram trabalhadas e expostas aos visitantes pelos alunos, foram homenageados Luisa Mahin e Oliveira Silveira. Suas biografias foram mencionadas também por Nicolau. 

Alunos em encenação do poema "Gritaram-me Negra".
Houve espaço ainda para apresentações artísticas e culturais, além de documentários protagonizados pelo corpo discente em exaustivas pesquisas e entrevistas com alunos, professores e demais pessoas de outros dois municípios – Altaneira e Santana do Cariri. Os alunos do curso Técnico em Finanças, do primeiro ano, encenaram uma peça intitulada “Racismo Reverso”. A intenção deles não era demonstrar que o negro pratica racismo contra os brancos, pois isso não existe, mas permitir que os opressores e racistas sintam na pele o que os oprimidos sofrem cotidianamente, caminhando para o despertar nos alunos do sentimento de ALTERIDADE.

Poesias foram entoadas, com destaque para o “Guerreiro”, de Luiz de Jesus, recitada pela aluna Sheilyany Alves, do Curso Técnico em Edificações (2º Ano) e o discurso de Marthin Luther Kink proferido por Matheus Santos do mesmo curso.

As apresentações foram cercadas de muitas danças acompanhadas de músicas. O poema “Gritaram-me Negra” foi encenado pelos alunos de vários cursos. 


A mostra deu ênfase ainda a capoeira. O mestre Cesar Rodrigues, do grupo CultArt, promoveu junto com seus alunos/instrutores um roda de capoeira com o corpo discente e docente da escola. 

O evento foi organizado e coordenado pelos professores da área de Ciências Humanas - Edisângela Araújo (Geografia), Nicolau Neto (História) e Yane Moura (Sociologia/Filosofia) e contou com o apoio dos demais professores, núcleo gestor e de funcionários da escola.






Universidade Regional do Cariri promove seminário acerca da implantação do sistema de cotas


URCA debate políticas afirmativas: a implantação do sistema de cotas.
Foto:Divulgação.
A Universidade Regional do Cariri (URCA), do campus pimenta, em Crato, realizou durante todo o dia de ontem (terça-feira, 07), o I Seminário de Ações Afirmativas: A Implantação do Sistema de Cotas e contou com a participação de mais de trezentas pessoas que se inscreveram, entre professores, universitários dos mais variados cursos de graduação tanto da própria casa, como também da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e dos movimentos sociais negros do cariri, com destaque para o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e o Grupo de Mulheres Negras do Cariri (Pretas Simoa).

O evento foi aberto pelo vice-reitor da URCA, o professor Francisco do Ó de Lima Júnior que ressaltou a importância histórica desse seminário para a instituição que, em suas palavras é “a mais nordestina de todas”. Francisco de Lima que ao justificar a ausência do professor José Patrício Pereira Melo, que ora responde pela reitoria por que estava participando de uma gravação para a UNESCO, frisou que o momento é mais um dos marcantes que entrará para a história da universidade, pois entende que o ato favorece a inclusão de parcelas da sociedade sempre excluídas.

Fizeram uso ainda da palavra o professor  Egberto Melo, da Pró-reitora de Ensino e Graduação, destacando os trabalhos da Comissão de Cotas que deu todo o suporte para a realização do seminário, inclusive garantindo a participação de universitários como membro e fez questão de lembrar a forte atuação da professora do Departamento de Pedagogia, Cícera Nunes na organização do evento. Esta que ao tomar a palavra fez um balanço de todo o percurso até o presente momento e disse que o seminário buscou garantir a participação de todas as representações dos setores historicamente excluídos – negros, índios e pessoas com os mais variados tipos de deficiência. 

Professor Nicolau Neto fala sobre a luta do movimento social
negro pela superação das desigualdades. Foto: Fran Oliveira.
Com o dia de programação, a manhã teve a realização de uma mesa com o propósito de discutir e debater a temática “Ações Afirmativas e Movimentos Sociais: Lutas pela Superação das Desigualdades”. Este professor, blogueiro e ativista das causas negras pelo GRUNEC apresentou um panorama histórico das lutas dos movimentos sociais negros para a superação das desigualdades associadas a raça, cor e etnia, com enfoque para negros e negras. Nicolau, trouxe à luz do debate, a conceituação de ações afirmativas tendo como suporte a lei 12.288/2010, que versa sobre o Estatuto da Igualdade Racial. Ao citar o inciso VI, do Art. I, ele afirmou que elas compreendem os programas e medidas especiais adotadas pelo estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais, bem como para a promoção da igualdade de oportunidades. Para tanto, disse que a ação da URCA na promoção do seminário é um ato de reconhecimento de que o país é elitista e profundamente racista.

Nicolau ressaltou que as políticas afirmativas são paliativas, mas necessárias que ocorram, pois são formas que permitem a superação de obstáculos históricos, políticos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da diversidade étnica nos espaços de poderes, mas argumentou que as cotas são apenas uma modalidade que coexistem com outras, citando a as leis 10.639/03, 11.645/08 e a 12.990/14. Estas versam sobre a o trabalho da história e cultura africana e afro-brasileira; história e cultura indígena nos currículos escolares e a reserva de vagas aos negros e negras (20%) em concursos públicos na esfera federal. Estas, segundo ele, são importantes e fruto dos movimentos sociais negros, mas que ainda não correm como diz a lei.

O professor disse ainda que tão importante quanto o acesso desse grupo que corresponde a mais de 50% da população na universidade é garantir sua permanência sem que sofram quaisquer atos discriminatórios e racistas, frisando, desta feita, que as ações afirmativas não podem e nem devem ser entendidas tão simplesmente como reservas de vagas, mas fundamentalmente no seu sentido real, qual seja, de reestruturação profunda dos espaços de poder historicamente excludentes e finalizou citando o professor da Faculdade de Economia da Universidade de CoimbraBoaventura de Sousa Santos:

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferente quando nossa igualdade nos descaracteriza. Dai a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”.

A mesa foi formada ainda por Kaio Cardoso – Acadêmico do Curso de Ciências Sociais – URCA; Adão Pedro – Comunidade Quilombola de Vassouras – Porteiras – CE; Ramiro Ferreira – Acadêmico do Curso de Direito – URCA. A Coordenação foi feita pela professora Cicera Nunes – NEGRER/URCA.

Várias intervenções foram realizadas como as de Maria Eliana, Cicero Chagas, Valéria e Verônica Neves (GRUNEC), Dayze Vidal (Pretas Simoa) e do professor João Luís Mota, do curso de Economia da URCA.

Professores da URCA discutem as ações afirmativas no Brasil para negros,
indígenas e pessoas com deficiência. Foto: prof. Nicolau Neto.
O seminário seguiu a tarde com a palestra “Ações afirmativas no Brasil: panorama histórico e experiências”, desenvolvida pelos professores da própria instituição de ensino superior. O professor Ms. Antônio José de Oliveira, do Departamento de História, abordou as questões indígenas; a professora Dr. Maria Telvira da Conceição, do mesmo departamento versou acerca do povo negro e a professora Marla Vieira trouxe discussões concernentes as pessoas com algum tipo de deficiência (surdo, mudo, baixa visão, locomotora....).

À noite, o evento teve prosseguimento com a apresentação de uma proposta da PROGRAD e da Comissão da URCA, intermediada pelo Pró-reitor de Graduação, professor Dr. Egberto Melo, com a coordenação do professor João Luís Mota do Nascimento.

Ficou acordado que na próxima terça-feira, 14, haverá a realização de uma audiência pública com a finalidade de oportunizar mais pessoas a participarem das discussões. 

Julho das Pretas: “a força ancestral nos mostra que é possível sim romper com o que está posto”, diz Livia Nascimento

 

Lívia Nascimento. (FOTO | Acervo Pessoal).

Por Nicolau Neto, editor

O mês de julho é dedicado a celebrar a mulher preta. O dia 25, por exemplo, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, data que teve origem em 1992 no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, sendo instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

II Marcha das Mulheres Negras do Cariri debaterá as diversas forma de discriminação, opressão e aniquilamento


Pelas nossas vidas, pelo bem viver, contra todas as formas de discriminação, opressão e aniquilamento. Aquilombar é preciso". É com esse tema que um conjunto de mulheres do município de Crato e adjacências ligadas a diversos movimentos sociais irão promover a 2ª edição das Marcha das Mulheres Negras do Cariri Cearense.

Em 2015, mais de duas mil pessoas se concentraram em frente a prefeitura do Crato e percorreram algumas ruas até chegarem à Praça da Reffsa. Naquela oportunidade, o movimento foi idealizado pelo Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Cáritas Diocesana e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense para refletirem acerca do combate a violência, o racismo e a desvalorização feminina no mercado de trabalho.

Para esta edição, um dos assuntos a se refletir será os frequentes atentados aos terreiros de religiões de matriz africana e afro-brasileira verificados principalmente em Juazeiro do Norte, além de pontuar os velhos problemas crônicos como a desigualdades racial nas instituições de ensino superior e a exclusão de gênero e raça no seio político e social. 

"As mulheres de terreiros estão também na construção do ato", realçou Valéria Carvalho, do Grunec. 

Ao ser indagada pelo Blog Negro Nicolau acerca da construção de um movimento em um cenário tão adverso onde há todos os dias cortes de diretos, atingindo principalmente negros e negras, Valéria foi taxativa. "Eita. É luta meu filho. Mas é a indignação que nos move". E citou como a mola propulsora a irem as ruas as cotas na Universidade Regional do Cariri (URCA) que não atendeu as demandas debatidas em audiência pública em 14 de fevereiro do ano em curso. "A história das cotas da URCA foi o pingo d'água que faltava. Já tivemos quatro encontros e não está fácil e nem será fácil. Mas nunca nada veio fácil para nós", disse.

Verônica Neves, da Cáritas e do Grunec, também respondeu a indagação e endossou as palavras de sua irmã de sangue e de luta. "O que nos motivou a ir as ruas foi sem dúvida as discussões das cotas". Ela cita que houve uma primeira reunião que agregou 14 mulheres, lideranças de movimentos e associações e de terreiros. "Naquela ocasião", disse, "refletimos um pouco sobre o cenário político e como este cenário tem impactado na vida das mulheres e não nos restou outra alternativa senão a luta incessante pelos direitos cada vez mais violados nesse momento. A gente compreendeu naquele momento que essas questões de terreiro, de genocídio da população negra, dos jovens periféricos, o feminicídio naturalmente impactam violentamente na vida das mulheres e das mulheres pretas."

A ativista também fez questão de mencionar o quantitativo populacional no pais. 

"Somos mais de 50% da população mundial e desse percentual, só no Brasil 25% da população é constituída de mulheres negras. Então a gente continua lutando pela vida em primeiro lugar e pelo bem viver, compreendendo o bem viver como um conceito político, um conceito que nos liga diretamente com a nossa ancestralidade."

A marcha ainda está em formação e de acordo com Verônica, haverá visitas as escolas e outras instituições e que existe várias comissões, cada uma com uma agenda a ser construída. O diálogo com a administração municipal também será feito.  "Amanhã haverá um diálogo com o poder público local no sentido de buscar apoio. Já conversamos com a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social visando o envolvimento dos Cras, naturalmente as mulheres das bases, com algumas escolas, universidade e com sindicatos", realçou.

Acerca da perspectiva, ela mencionou que está bastante animada, mesmo sabendo que é muito trabalho, mas que a luta pelo combate ao racismo e de promoção da igualdade racial são as finalidades maiores do movimento.

O lançamento da II Marcha das Mulheres Negras do Cariri Cearense ocorreu no último dia 28 de setembro na Universidade Regional do Cariri (URCA), durante a realização VIII Artefatos da Cultura Negra e é uma idealização da Cáritas, Grunec, Capoeira Arte e Tradição, Pretas Simoa, Carrapato Cultural, Mulheres de Terreiros, professoras do ensino médio e universidade.

A Cáritas Diocesana de Crato publicou em seu perfil no Facebook um cartaz (ainda em construção) em que há confirmação do dia 20 de novembro para a realização da II Marcha. A concentração se dará na Feira de Economia Solidária (URCA).

Cartaz da II Marcha Regional das Mulheres Negras do Cariri Cearense publicado pela Cáritas Diocesana de Crato, no Facebook. 



#Altaneira60Anos. A força do movimento negro


A força do movimento negro, por Nicolau Neto. (Foto: Cláudio Gonçalves).

Comecemos essa discussão com o poema de Jorge Posada:

" Um negro sempre será um negro,
Chame-se pardo, crioulo, preto, cafuzo, mulato ou moreno-claro
Um negro sempre será um negro:
Na luta que assume pelo direito ao emprego
E contra a discriminação no trabalho
Um negro sempre será um negro:
Afirmando-se como ser humano
Na luta pela vida".

Tem-se aqui uma nítida ideia de que é preciso um senso crítico quanto ao tema em questão. Faz-se necessário então a desconstrução do mito da igualdade racial.

O Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Os negros foram trazidos do continente africano para cá, escravizados e, não se contentando com isso, as elites político-econômicas da época, através de diversas práticas, cuja escravização foi uma delas, fizeram com que negros e negras deixassem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando práticas europeias.

No dia 20 de novembro, data dedicada à consciência negra, é importante destacar que o movimento negro tem por objetivo não deixar esmorecer e resgatar essa cultura afro- brasileira, rebatendo a desigualdade e a separação racial que insiste em permanecer sobre o povo negro. Ressaltemos ainda que ele (o movimento) é uma batalha travada contra o senso comum. Numa sociedade onde se assume que existe preconceito racial é contraditória a afirmação que não há discriminação e racismo pessoal.

Não é novidade que o racismo está presente no cotidiano. As questões aqui são: onde o racismo atrapalha, rouba, diminui, fere, interfere, omite, engana, diferencia a população negra que constitui toda uma nação de outra raça? Aí está a chave. É entra o movimento negro, numa armadura e resistência coletiva de uma raça presente e atuante.

Nunca é demais lembrar, já que ele insiste, apesar dos avanços que já foi efetivado, que o Estado é o personagem responsável em garantir a igualdade. Porém, se o estado age de forma ativamente contrária ou de forma omissa em seus serviços de policiamento, saúde pública, geração de renda e trabalho, educação, o que leva a discriminação racial, então temos algo além de problemas sociais. O Estado passa a alimentar um atraso e constrói um apartheid.

No entanto, o país é composto de edifícios, a saber, as instituições de ensino, Ongs, empresas, templos religiosos e famílias. Porém, muitas dessas organizações não estão afastadas de conceitos errados, uma vez que não romperam com seus dogmas racistas, não tendo em seus quadros representantes de diversas raças e etnias. Isso leva ao fato de que o racismo tem efeito letal e em massa.

Diante desse quadro movimento negro assume seu papel de destaque, não se baseando apenas em probabilidades e teorias, mas em fatos comprovados nos diversos espaços de poder na sociedade. As ações do movimento estão diretamente ligadas às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial, mas também ao machismo e intolerâncias religiosas e culturais.

No Brasil, as referências para essas lutas continuarem são muitas, como por exemplo, Zumbi, Dandara, Beatriz Nascimento, Tia Simoa, Abdias Nascimento, Revolta dos Malês, Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), Grupo de Mulheres Negras Pretas Simoa e tantas representações de luta e resistência do povo negro. Assim, o movimento negro é resultado de uma série de manifestações decorrentes de um processo histórico. A amplitude do movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de inquietações individuais e coletivas.

Conclui-se que o movimento negro precisa expandir suas ações e chegar em outras localidades.



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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

Karla Alves: O genocídio negro tem a função de garantir a boa vida da branquitude. Não seja cúmplice do extermínio


Karla Alves é historiadora e colunista do Blog Negro Nicolau. (FOTO/ Reprodução/ Faccebook).


A vida as vezes parece um pássaro em que estou montada para tentar voar no imenso céu. Meu pássaro é pequeno e voa rápido, as vezes é muito difícil se equilibrar em cima dele para não cair.

Karla Alves e Alex Baoli discutirão literatura de João Antônio em Juazeiro do Norte



Os ativistas das causas negras Karla Alves e Alex Baoli discutirão nesta sexta-feira, 09, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), às 19h00, em Juazeiro do Norte, a literatura do escritor e jornalista João Antônio Ferreira Filho.

Desconhecido do grande público e, inclusive por boa parte da classe docente e discente do pais, o escritor alvo da discussão, passou a figurar no cenário nacional apenas como João Antônio. Seus escritos, porém, foram alvo de várias premiações pelo rigor crítico com o qual retratava pessoas à margem da sociedade.

João Antonio veio de família humilde do subúrbio de São Paulo e teve que aceitar diversos subempregos e ficou conhecido pelo lançamento do seu livro de contos “Malagueta, Perus e Bacanaço”, publicado em 1963.

Ao fazer menção ao evento, Karla, ativista do Grupo de Mulheres Negras do Cariri – Pretas Simoa, usou a metáfora para descrever o autor. “Amanha (09/06) as 19h no CCBNB estaremos discutindo a literatura nada sutil de João Antonio. Quem conhece vem somar. Quem não conhece e gosta de navalha na lingua vem somar tbm... De todo jeito somaê que tá valendo”, realçou.

Já o professor Alex foi um dos primeiros a compartilhar o evento na sua rede social. “Na próxima sexta-feira, no CCBNB”, dizia a legenda que acompanhava o cartaz de divulgação.

Karla Alves e Alex Baoli. Foto: Reprodução/Facebook.