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Jovens em festa no Sítio Córrego com o Forró do Misturado Foto: João Alves |
Os
jovens de Altaneira sejam eles católicos ou protestantes não lutam por uma
instituição religiosa progressista (não me arriscaria a dizer revolucionária,
pois seria pedir demais e, se assim viesse a ocorrer, acabaria por
extingui-la). Não lutam pelo afastamento
de religiosos envolvidos em pedofilia, assédio sexual ou corrupção. Não
discutem temas que mexem com imaginário local, como o fato de chamar a atenção da igreja que deveria
“permitir” que as mulheres católicas usassem a pílula do dia seguinte.
Assim,
temáticas como a permanência de símbolos religiosos em instituições oficiais,
como o uso de quadros e crucifixos nos legislativos e na sala do judiciário, o
uso de recursos e a forma de adquiri-los para a manutenção das instituições
religiosas, o fim do ensino religioso em escolas públicas nenhum dessas
temáticas são levantadas pela grande maioria da juventude altaneirense. Infelizmente.
Por que será? Diversas são as justificativas e vários são os motivos para tal.
Tem-se uma juventude apática. Aparecem nas discussões meramente por motivos
supérfluos.
Os
festejos da padroeira se aproximam e com ela discussões infantis. Debates vêm e
vão por querem carros de som acompanhando o pau da bandeira, quais bandas irão
tocar no palco, etc. Discutir isso é importante? Claro que é. O problema são as
formas como se dão. Esporadicamente. Quando assuntos mais importantes são
colocados em evidência pouca coisa se constrói, para não dizer quase nada.
Ora,
se não vejamos. A história religiosa de Altaneira é cheia de ações que não representam
nenhuma novidade quando equiparadas nacionalmente e mundialmente. Nos últimos
anos, o líder da igreja católica (tenho sérias dificuldades em atribuir essa
característica a membros desse grupo), está sendo tachado como o intransigente,
intolerante e retrógrado. Quem não se lembra da polêmica envolvendo os membros
da peça Paixão de Cristo? Naquela oportunidade os participantes haviam
solicitado o patamar da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que
foi negado pelo Pároco sem justificativas convincentes.
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Jovens altaneirenses nos festejos de São José. |
Este
ano, nos festejos alusivos a semana de São José realizado na Capela, ele, o
Padre Alberto confundiu mais uma vez o conceito de público e privado. De acordo
com informações publicadas pelo professor Antonio Nonato no seu perfil no
facebook e, em conversa informal, o sacerdote o denunciou na delegacia por ter
colocado em praça pública brinquedos para as diversões das crianças, uma vez
que as peças foram montadas sem a sua autorização.
São
fatos como esses que a juventude precisa discutir. Além de outros notoriamente
importantes. A juventude participa dos festejos, brinca e se diverte, cobra
bandas reconhecidas nacionalmente para vir tocar nas festividades sem ao menos
saber o que há por trás das músicas e, principalmente vão às novenas e cultos
sem ao menos conhecer a trajetória dessas instituições, ou seja, sem saber e
sem procurar saber o que as mantem (o que é mais grave). Tudo isso ocorreu e
ocorre, mas ela não está (na sua maioria) preocupada com os desmandos, com o
autoritarismo do pároco recentemente demonstrada e reforçada nas linhas acima.
Está
na hora da juventude acordar e procurar se inserir nos espaços de poder.
Deixarem de ser coadjuvante. Deixarem de discutir infantilmente. A festa é importante? Participar das escolhas
e sugerir atrações a seu gosto é necessário? Claro que é. E como é. O problema
é que para por ai. Ainda não vi a classe dos jovens entrar nas redes sociais ou
em qualquer outro meio para discutir pontos mais importantes como uma Semana
Cultural com diversas atrações. Acredito que seria muito mais produtivo o
debate. Lutar por uma cultura que venha a surtir efeitos positivos nos altaneirenses
e que tenha constância e não em apenas eventos esporádicos e vinculados apenas
aos aspectos religiosos (Festa da Padroeira e Paixão de Cristo).